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Jeno

— Seu filho da puta de merda! — Jeno berra ao irromper em direção a Xuxi e Xiao; ambos levantaram os olhos de um livro que estavam examinando. 

— O que? — Xiao pergunta inocentemente. 

— Que porra você disse a ele? — Jeno grita. 

— Oh, você está falando sobre como eu disse a ele que moro aqui? Como seu pai me ama? Como você tem uma cama muito... confortável? — Xiao ronrona: — Porque eu só estava contando a verdade para ele. Não é como se eu pudesse dizer a ele que é porque sou seu gato.

— Seu idiota! Você não tinha a porra do direito! — Jeno grita com raiva para o homem de aparência presunçosa. 

— Oh não... seu pequeno humano pensa que você está namorando outra pessoa? Alguém muito mais bonito e apreciado por seu pai? — Xiao pergunta com um beicinho fingido. 

— Xiao, você não fez isso — Xuxi engasga levemente, para o qual o outro apenas sorri. 

Jeno envolve a mão em volta da garganta de Xiao e o levanta no ar. Seus olhos começam a brilhar em um vermelho vibrante e ele aperta seu aperto. Xiao tenta lutar para respirar. 

— Jeno! O pacto de sangue! Você não pode matá-lo! — Xuxi grita enquanto estende a mão e agarra o antebraço de Jeno. 

Jeno solta um rosnado alto e distorcido antes de jogar Xiao do outro lado da sala.  Suas costas atingem a parede e ele consegue quebrá-la. Ele fica sentado ali, preso com o corpo dobrado e metade dele atravessando a parede. Xuxi imediatamente corre para o resgate e ajuda a puxar Xiao para fora.

— Você tem sorte de eu não poder te matar — Jeno sibila — mas saiba que todas as apostas estão fora da mesa quando isso acabar. É melhor você torcer para que eu mostre misericórdia.

Jeno estala os dedos e sua máscara facial aparece em sua mão em uma pequena nuvem de fumaça preta. Ele estala os dedos mais uma vez e seu pulôver preto com capuz aparece sobre seu antebraço.  Ele o coloca apressadamente e foge para a porta. 

— Onde você está indo? Precisamos partir logo! — Xuxi exclama em pânico.  

— Vou tentar consertar a bagunça que ele fez — Jeno resmunga antes de sair da sala. 

 ****

Jeno aparece algumas casas abaixo da de Jaemin. Ele avista um garoto magro tropeçando com as mãos firmemente enroladas em seu torso. A camisa que ele usa está rasgada na gola e ele está descalço. 

Ele estava realmente com tanta pressa de deixá-lo? 

Jeno de repente percebe que está chegando perigosamente perto da zona que ele não pode passar, e um choque de pânico o percorre. Ele corre em direção ao menino na velocidade mais rápida que suas pernas podem levá-lo. 

O menino pode ouvi-lo claramente porque ele olha casualmente por cima do ombro, provavelmente presumindo que seja um corredor dando uma última corrida antes do pôr do sol.  

— Jaemin! Espere! — Jeno grita e o menino congela. Ele consegue alcançar o menino e agarra seu ombro com força enquanto respira fundo algumas vezes.  

— Ow! Você está me machucado —  Jaemin lamenta, e Jeno o solta abruptamente. — O que você quer?

— Quero esclarecer as coisas. Não poderia sair antes de contar a verdade — responde Jeno.

Jaemin olha em seus olhos, e Jeno se concentra muito em tentar manipular suas emoções. Ele não tinha certeza se era necessário, mas sabia que aliviar a raiva e tristeza de Jaemin tornaria a situação mais fácil de abordar. Mas depois de apenas um segundo olhar, Jaemin desvia o olhar para seus pés descalços.  

— Ouça, Xiaojun é apenas alguém que trabalha para meu pai, assim como Lucas. Ele está lá para fazer muitos negócios, e eu só o aturo, ultimamente. Juro que ele não é nada mais do que isso — insiste Jeno. 

Jaemin acena lentamente.  

Jeno assume sua aparência ao fazer isso.  Ele está muito pálido e tremendo. Seus lábios estão ficando azuis enquanto a ponta do nariz está polvilhada com um tom rosa. Ele estava pálido, frágil e frio.  Como ele poderia se importar tão pouco consigo mesmo?  

— Tudo bem… — ele murmura.  

Ele está mentindo para mim.  Eu sei isso. Ele está mentindo o tempo todo. 

— Jaemin, por favor, juro que estou dizendo a verdade — insiste Jeno. 

— Então por que o seu gato tem o nome dele? Para onde vocês dois estão fugindo? — Jaemin pergunta em um murmúrio fraco. 

— Meu pai deu um nome aos meus gatos e estamos saindo com Lucas para encontrar uma joia que Xiaojun perdeu. Era da minha mãe, e ele deveria pegá-la para mim dos meus avós. Ele fez uma caminhada antes de voltar e o perdeu em algum lugar ao longo do caminho — Jeno colocou uma mentira prolixa.

— Essa é uma tarefa muito pessoal que você enviou para ele — murmura Jaemin.  

— O que você quer que eu diga? — Jeno questiona com um ar de exasperação.  

Diga que significa algo para você.  

— Hã? — Jeno acidentalmente deixa escapar.  

— Nada. Apenas esqueça — Jaemin responde.  

— Não faça isso. Diga-me algo, qualquer coisa. O que posso fazer para que você acredite em mim? — Jeno praticamente implora.  

Eu gosto de você... tanto... 

Por favor... 

Diga que você sente algo também... 

Jeno franze a testa profundamente enquanto o mais jovem o encara com olhos solenes. Jeno pode ouvir o que Jaemin quer que ele diga e sabe que a maneira mais fácil de conseguir o que deseja é dizer exatamente isso, mas ele não pode. 

Ele não pode.

Assim não. 

— Estou com frio, Jeno — Jaemin afirma fracamente. 

— Então... então você provavelmente deveria entrar… — Jeno responde baixinho, — Me desculpe…

Jaemin funga levemente, então dá um passo para o lado de Jeno em direção a sua casa. Jeno observa o menino com o coração pesado até que ele entre em segurança em sua casa.  

Por que ele não podia simplesmente mentir para ele?

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