Jaemin sente alguém batendo levemente em seu ombro. Seus olhos se abrem para a visão de um homem muito alto, de óculos escuros, vestindo uma jaqueta preta volumosa com um capuz embaixo.  Jaemin questiona brevemente por que tantas pessoas estão subitamente usando óculos de sol em momentos inadequados.  Foi algum tipo de nova tendência? Ele não sabia, mas era extremamente estranho, na opinião dele.  

— Desculpe, eu estava-

— Cansado? — o homem pergunta com um sorriso: — Eu posso dizer. Você se importa se eu sentar com você?

— Sim, não, com certeza — Jaemin divaga, e o homem desliza para a cabine à sua frente. 

— Então, por que você está dormindo no meio de uma cafeteria a essa hora? — o homem pergunta. 

— Eu estava... eu esqueci a chave da minha casa — Jaemin mente.  

— Isso é péssimo. Eu vou assumir que você não sabe como abrir fechaduras, então — o homem ri, e Jaemin balança a cabeça: — Bem, para sua sorte, eu sei exatamente como abrir fechaduras. O nome é Chanyeol, seletor de fechadura profissional. 

O homem estende a mão para Jaemin.  Jaemin olha para ele por um momento antes de hesitar estendendo a própria mão e a aperta. O aperto de Chanyeol é firme. Muito firme. É apenas um pouco mais relaxado do que um aperto mortal, e Jaemin tem que fazer um esforço consciente para não mostrar seu desconforto no rosto. Mas além disso, sua mão está quente. É como se ele estivesse aproximando sua mão de um fogo invisível que ele estava perigosamente perto de tocar. Como esse homem foi capaz de usar roupas tão grossas quando estava queimando? Talvez ele esteja doente.  Talvez seja por isso que ele esteja usando óculos escuros. Ele deve estar doente e ter uma enxaqueca horrível. 

— Agradeço a oferta, senhor, mas eu só esperaria até a manhã para-

— Por que esperar? Não é melhor dormir profundamente na sua cama do que em uma cabine? — Chanyeol argumenta enquanto ele tira a mão e bate três vezes contra a mesa. 

Jaemin inclina a cabeça levemente para o lado. Ele não conseguia entender a persistência do homem, mas sabia em seu coração que tinha que simplesmente estar cansado de um garoto perambulando sozinho à noite. 

— Não, você está certo, eu… — Jaemin morde o lábio inferior, ansioso, enquanto contempla uma mentira para tirá-lo de sua situação atual. — Acho que vou apenas ir para a casa do meu amigo.

Chanyeol continua a sorrir para Jaemin, apesar da rejeição de sua oferta. Ele assente um pouco. 

— Você acha que vai chegar lá com segurança? — ele pergunta. 

— S-sim... obrigado — Jaemin responde enquanto ele lentamente desliza para fora de sua cadeira, — Foi bom conversar com você, mas... eu realmente devo ir.

— Esteja seguro — Chanyeol o aconselha, e Jaemin assente antes de correr para a saída. 

**** 

Jaemin caminha rapidamente por uma nova rua, segurando-se enquanto caminha e tremendo de frio intenso. Deus deseja que não tivesse esquecido uma jaqueta.

Um assobio distinto faz Jaemin congelar em suas trilhas. Era algum tipo de música de três notas que fazia sua pele se arrepiar com o som. Ele se vira e imediatamente vê uma silhueta em pé no meio da calçada atrás dele. Jaemin olha de soslaio para a figura, tentando reunir qualquer tipo de detalhe que puder.  Infelizmente, ele não pode. Está escondido nas sombras. 

De repente, a figura começa a correr diretamente em direção a Jaemin a uma velocidade que era quase desumana.  Jaemin sente seu coração pular na garganta e ele instantaneamente decola tão rápido quanto suas pernas são capazes de carregá-lo. Ainda assim, não importava a rapidez com que ele corresse para se afastar do que o perseguia, ele podia ouvir rapidamente se aproximando dele.  

Algo então agarra a camisa de Jaemin e o puxa de volta. O som do tecido rasgando mal podia ser ouvido pelos gritos de Jaemin. 

Ele cai no gramado da frente de uma casa ao lado de um pequeno lago de carpas, a vários metros da calçada. Ele sente os dedos ossudos agarrarem seu ombro e o virarem para que ele se deite de costas.  Contra a fraca luz das luzes da rua, ele conseguia distinguir vagamente os detalhes da figura. 

Era o homem da cafeteria. 

Jaemin estende os braços, tentando fazer Chanyeol recuar, mas tudo o que ele consegue fazer é tirar os óculos de sol. O homem sorri maliciosamente enquanto seus olhos brilham em um vermelho vibrante. Jaemin grita no topo de seus pulmões, mas ele é instantaneamente silenciado por Chanyeol passando a mão sobre a boca. 

— Salve Satanás — ele sussurra em um rosnado distorcido antes de puxar Jaemin para mais perto da lagoa. A mão de Chanyeol então aperta com força o pescoço de Jaemin e o empurra para baixo, submergindo a cabeça sob a água. 

Jaemin tenta agarrar a mão que o segura, mas dificilmente faz bem a ele. Ele grita na água, bolhas escapando dele, mas nenhum som sai. Em sua luta, ele acidentalmente inala água. Ele começa a mexer os braços e as pernas quando começa a engasgar. Mais água entra em sua boca e entra nos pulmões, e a necessidade de respirar estava se tornando cada vez mais terrível.  

Ele aperta os olhos com a maior força possível. Ele solta um último grito e chuta com todas as suas forças. 

De repente, a pressão de ser pressionada desaparece. 

Jaemin rapidamente se senta e olha em volta para ver onde Chanyeol estava. Mas ele não estava à vista. 

Era como se ele tivesse desaparecido.  Jaemin rola de joelhos e mãos e tosse violentamente. Ele rasteja fracamente para frente até chegar à calçada. Ele consegue se levantar e tropeça enquanto continua a tossir. Ele aperta a cabeça, sentindo como se alguém estivesse batendo nela com um taco de beisebol. 

Ele não sabe por quanto tempo anda, nem para onde estava indo, mas no segundo em que uma casa familiar aparece, ele se dirige diretamente para a porta da frente.  

Cada vez mais fraco, ele acha uma luta intensa subir os poucos degraus da varanda da frente. Ele estende a mão para bater na porta, mas antes que ele possa fazê-lo, ele cai no chão.