19
Jaemin
— Por que todos os seus livros estão em latim? — Jaemin pergunta enquanto folheia as páginas aleatórias de um livro com capa de couro enquanto está sentado no chão.
— Meu pai me ensinou latim desde muito jovem. Ele sentiu que era a melhor maneira de se comunicar comigo, considerando que ninguém por aqui entende — Explica Jeno, folheando o décimo livro sozinho na primeira prateleira.
— Seu pai parece uma pessoa muito secreta — Diz Jaemin. — Ele é paranóico?
— Mais ou menos — Jeno murmura enquanto termina mais um livro com um grunhido irritado. Ele a fecha com força e a joga cuidadosamente em uma pilha bagunçada à sua esquerda.
— Ele... Sabe de mim? — Jaemin pergunta em voz baixa, fazendo Jeno congelar no momento em que ele pegou outro livro.
— Uh... Sim... — Jeno responde fracamente. — Ele... Ele acha que você é perigoso.
— Eu? Perigoso? — Jaemin praticamente gargalha. — Acho que alguém concordaria que você é muito mais perigoso do que eu.
— Não posso discordar, mas também não posso concordar — Diz Jeno em um sussurro, enquanto coloca o novo livro no pódio.
— O que isso deveria significar? — Jaemin questiona com atitude defensiva presente em seu tom.
— É uma longa história — Murmura Jeno, tentando evitar.
— Você também não é paranóico, não é? — Jaemin pergunta com uma sobrancelha levantada.
— Não, na verdade não, apenas... Não sei dizer se posso confiar em você ainda. Quero... Realmente, mas ainda não posso — Diz Jeno.
Jaemin fecha o livro e coloca-o gentilmente ao lado dele. Ele se levanta e caminha até Jeno, que tem o nariz profundamente no livro. Jaemin coloca os cotovelos no pódio, logo acima do livro. Jeno olha para ele através de seus cílios.
— O que posso fazer para que você confie em mim, então? — ele pergunta.
— Eu não sei... Sacrificar um dos seus professores para Satanás? Atear fogo na cidade? Vender drogas? — Jeno sugere.
— Cale a boca — Jaemin ri levemente enquanto bate no braço do Jeno, mas tudo o que ele faz é apenas sorrir fracamente para ele. — Não, sério.
— Você pode se mudar para que eu possa ler meu livro. Isso é um começo — diz Jeno, e Jaemin mostra a língua para ele. Jeno faz o mesmo e retorna à posição depois que Jaemin se afasta.
— Você parecia muito confortável comigo ontem — aponta Jaemin.
— Eu estava sendo legal — retruca Jeno.
— Então, por que os anéis? — Jaemin cantarola.
— Eles custam vinte e cinco ingressos cada, então eu apenas aceitei isso. E não queria ficar com os dois — murmura Jeno.
— E o urso? — Jaemin pressiona.
— Eu poderia dizer que você realmente queria. E não vi nada que quisesse, então por que não? — Jeno responde.
Jaemin faz beicinho com as respostas de Jeno. Eles não eram o que ele queria, mas eram o que ele deveria ter esperado. Ainda não tira a vaga decepção que enche seu peito.
— Então o que você está me dizendo é que não conseguiu anéis de amizade ontem? — ele pergunta.
— Sim — confirma Jeno.
Jaemin solta um 'hmph' descontente enquanto cruza os braços amargamente.
— Por quê? Você me considera um amigo? — Jeno pergunta enquanto vira mais uma página.
— Talvez — Jaemin resmunga.
— Então você é muito confiante — Jeno murmura.
— Vou fazer você admitir que somos amigos um dia. Juro por isso — promete Jaemin.
De repente, Jeno congela no lugar e abaixa a cabeça. Ele solta um suspiro profundo, depois assente lentamente.
— Talvez um dia — diz ele em um sussurro baixo.
Um som alto assobia vem da porta. Os dois rapazes procuram encontrar um dos gatos de Jeno virado para Jaemin.
— Desaparece! — Jeno grita: — Eu ainda estou chateado com você por ontem!
O gato mia para Jeno, depois se afasta.
— O que foi aquilo? — Jaemin pergunta.
— Xiao me desobedeceu ontem à noite. E agora ele acha que é bom sibilar para você. Está me irritando neste momento — explica Jeno.
— O que ele fez? — Jaemin pergunta, mas Jeno apenas balança a cabeça e fecha o livro. Ele joga o livro na pilha de descarte e pega outro. — O que exatamente você está procurando, afinal?
— Eu não sei — Jeno suspira exasperado. Ele deixa o livro cair no pódio com um baque alto e passa a mão estressadamente pelos cabelos.
— Por que você não faz uma pausa? — Jaemin sugere.
— Não tenho tempo — lamenta Jeno.
— Por favor, você está colocando muito estresse em si mesmo agora. Relaxe um pouco. Só enquanto estou aqui — implora Jaemin.
Jeno olha para ele com uma carranca profunda gravada no rosto. Ele exala profundamente pelo nariz.
— Que tal eu te levar para casa? — Jeno oferece.
— Eu esperava que pudéssemos passar um pouco mais de tempo juntos antes disso, mas-
— Eu sei, eu sei. E sinto muito. Acho que estou muito mais ocupado do que eu esperava estar agora — ele suspira.
— Está tudo bem. Eu tenho dever de casa de qualquer maneira — Jaemin tenta dizer para fazer Jeno se sentir melhor. — Melhor irmos indo.
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