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13

Jeno

— Algo não está certo — Jeno murmura enquanto seu corpo inteiro fica tenso. — Algo realmente não está certo. — Ele sai do quarto e vai direto para o escritório. Ele se aproxima de sua estante e examina os olhos sobre a coluna de cada livro, procurando uma específica com uma cor cereja profunda.

Ao localizar o livro adequado, Jeno o puxa e o bate no pódio. Ele a abre e começa a folhear as páginas o mais rápido possível, ficando inquieto a cada segundo.

— Foda-se! Eu não tenho tempo para isso! — Jeno assobia enquanto acena a mão sobre o livro. As páginas começam a virar rapidamente por conta própria até parar em uma página específica. Jeno coloca o dedo indicador na página amarelada e o traça ao longo das linhas enquanto lê.

— Por que toda essa confusão, mestre? — Xuxi pergunta quando entra no escritório com o corpo balançando de um lado para o outro enquanto caminha.

— Consigo sentir alguma coisa — murmura Jeno, enquanto tenta continuar lendo. — Senti os pêlos do meu pescoço arrepiarem e havia uma sensação de afundamento no estômago. — Ele se afasta do pódio e sai para o corredor. Xuxi segue logo atrás, perambulando rapidamente.

— Está tudo bem? — Xuxi pergunta enquanto Jeno volta para seu quarto.

— Não, não está tudo bem — Jeno murmura, abrindo a porta do armário apressadamente e passando por ela em busca de roupas adequadas que não sejam apenas o capuz e o jeans. Ele pega um casaco preto e o veste rapidamente.

— Aonde você vai, mestre? — Xuxi pergunta.

— Eu não sei — responde Jeno, enquanto localiza um par de sapatos pretos. — Posso sentir uma direção geral, mas não sei exatamente onde é.

— Onde está o quê? — Xuxi segue enquanto observa Jeno calçar os sapatos.

— Eu não sei exatamente — responde Jeno mais uma vez: — Fique de olho em Xiao para mim. Volto em breve.

Com isso, Jeno acena com a mão em um movimento giratório para cima e uma nuvem de fumaça lentamente o envolve de seus pés para cima. Quando se dissipa, ele desaparece.

Jeno aparece no meio de uma rua pouco iluminada de uma maneira muito semelhante à de como ele saiu de casa. Ele vira a cabeça, procurando algum sinal de algo fora do lugar. Mas ele não precisa procurar por muito tempo.

Jeno ouve o som de um pé batendo forte contra o concreto de algum lugar atrás dele. Ele gira nos calcanhares e percebe um garoto correndo pela vida ao longo da calçada. O garoto para bruscamente ao ver Jeno e fica olhando por um longo período de tempo, quase como se não tivesse certeza se seus olhos estavam lhe pregando peças.

— Jeno? — ele fala com respiração rápida, aproximando-se lentamente dele. — C-como você-

— Não faça perguntas, Jaemin. Vá para sua casa e não olhe para trás — instrui Jeno. 

— M-mas-

— Vá! Agora!

Jaemin se encolhe levemente com o tom severo de Jeno, e sem ter que ser avisado novamente, ele faz o que lhe fora mandado.

Jeno caminha cautelosamente na direção de onde Jaemin veio. Ele quase instantaneamente vê uma figura dardo atrás de uma cerca branca e carrega diretamente em sua direção.

Quando ele entra no quintal, ele vê um homem escondido nas sombras. Jeno se aproxima do homem e agarra cruelmente o pescoço em uma das mãos. No momento em que o homem olha para Jeno com olhos vermelhos brilhantes, Jeno gira a mão livre em um movimento ascendente.

Ambos são consumidos por uma nuvem de fumaça e, quando reaparecem, estão em uma sala à luz de velas com um pentagrama desenhado com tinta branca no chão. Jeno bate o homem de costas no meio do pentagrama e estala os dedos. Naquele momento, trepadeiras grossas e espinhosas brotam das tábuas do chão e envolvem-se nos pulsos, tornozelos e torso do homem.

Jeno estende o braço e uma faca longa e de aspecto perverso voa para sua mão. Sem hesitar, ele coloca a lâmina contra a garganta do homem.

— Como você escapou? — Jeno rosna.

— Não sei do que você está falando — o homem ri condescendente.

— Não vou perguntar de novo — sussurra Jeno. — A menos que você tenha sido convocado por alguém ou enviado para cá, você não tem nenhum negócio em estar aqui. E a última vez que verifiquei, Park Jeongsu foi muito explícito ao me deixar saber que odiava demônios.

O homem sorri para Jeno.

— Fui convocado aqui — ele responde.

— Quem te chamou? — Jeno interroga.

— Você fez — responde Jeongsu, fazendo com que Jeno afunde a faca mais profundamente em seu pescoço.

— Por que você estava seguindo aquele garoto? — Jeno pergunta, ganhando uma risada em resposta.

— Porque Na Jaemin deve morrer.

Jeno aperta mais a faca enquanto um fogo ardente queima no peito, espalhando-se por todo o corpo.

— Volte para os poços do inferno de onde você veio — rosna Jeno antes de colocar a mão livre no peito de Jeongsu e cantar palavras em latim. Mas tudo o que vem é o homem soltando uma gargalhada profunda e gutural.

— Você não pode se livrar de mim. A alma de Jeongsu reside no purgatório agora. Só eu permaneço — ele ri. — Seu corpo não é senão um vaso para mim.

— É bom saber. Agora eu definitivamente não vou me sentir mal com isso — ele rosna antes de levantar a faca no ar e mergulhá-la no ombro direito do homem.

Quase como se algo se encaixe dentro dele, Jeno puxa a faca e começa a esfaqueá-lo repetidamente em lugares não vitais, enquanto Jeongsu grita em agonia.

Ele pausa sua brutalidade animalesca e se inclina para o ouvido do homem enquanto ele passa por cima dele.

— Salve Satanás — ele sussurra com a lâmina da faca pressionando o pescoço de Jeongsu. Jeno então enrosca os dedos nos cabelos e começa a cortar seu pescoço. Ele ouve um borbulhar vindo da boca do homem antes de completo silêncio. Ainda assim, ele continua a vê-lo até que ele é deixado para arrancar a cabeça do resto do caminho.

Jeno levanta a cabeça na frente do rosto e sorri.  Ele começa a cantar algo novo enquanto abaixa a cabeça de volta para o resto do corpo. Ao final, o que antes era o corpo do Parque Jeongsu não passava de uma grande poça de sangue. Jeno assiste com total diversão e satisfação enquanto o sangue ferve e penetra nas tábuas do assoalho, desaparecendo sem deixar rasto.

Ou seja, exceto pelo sangue sobre ele e sua faca.

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