Jeno

Jeno invade seu quarto e se senta com dificuldade em sua cadeira de jogos, sem se importar nem um pouco com o som áspero do som que vem dele. Ele empurra o teclado para longe e bate o tomo que ele havia tirado de seu estudo antes. Ele folheia as páginas rapidamente, examinando o latim para encontrar o que está procurando.

— Você permitiu que aquele garoto fosse libertado? — uma voz atrás de Jeno pergunta.

— Oh, seu pai não vai gostar disso — outro diz quase num sussurro.

Jeno solta um suspiro irritado enquanto faz uma pausa na busca e olha para o monitor em branco do computador.

— O que ele não sabe não o machucará — resmunga Jeno.

— Mas poderia, mestre. — insiste a primeira voz.

— Não vai. Fim da discussão. E se algum de vocês disser a ele, certamente vou fazer vocês sofrerem — Jeno rosna em advertência.

— Mas você não nos machucaria. Você ama demais seus gatos. — a segunda voz retruca.

Jeno levanta da cadeira e se vira para seus dois gatos sentados na porta com os olhos verdes brilhando enquanto o observam.

— Eu posso facilmente transformar vocês de novo nos animais que são e esfolá-los vivos apenas para regenerá-los e esfolá-los novamente. E novamente. E novamente. E-

— Sim, mestre. Entendemos. — o primeiro interrompe rapidamente com uma risada nervosa. 

— Sim, sim, não há necessidade de nos prejudicar. — o segundo fala com o mesmo tom.

— Nós nunca trairíamos você. — assegura o primeiro.

A sala fica em silêncio enquanto Jeno contempla se algum deles notou algo particularmente estranho em Jaemin. Ele pretendia perguntar antes, mas os gritos de Jaemin interromperam sua busca por eles. 

— O que vocês notaram no Jaemin? — ele pergunta com uma voz muito mais calma.

— Ele tinha uma aura estranha, mestre. — diz o segundo.

— Aura estranha? — Jeno repete com uma sobrancelha levantada. — O que você quer dizer com isso, Xuxi?

— O menino tinha um brilho estranho. — explica o segundo gato.

— Brilhante. — acrescenta o primeiro.

— Um brilho brilhante? — Jeno murmura enquanto contempla isso. — Ele tinha um tipo de energia que conflitava com a minha. Estava fodendo com minhas habilidades a noite toda.

— Precisamente — Xuxi ronrona, e Jeno está de volta em sua própria cabeça. Ele jura que o pai lhe contou sobre pessoas que emitiram uma energia brilhante como essa, mas isso foi há muito tempo.  Ele não conseguia identificar o que eles chamavam.  Pessoas assim não eram sua principal prioridade.  Ainda não, pelo menos.

— Ele seria um bom sacrifício para seu pai, você sabe. — afirma Xiao.

— Eu não sei... eu meio que gosto da criança. — Jeno responde com um murmúrio irracional.

— Mas você deve sacrificá-lo, mestre — Xiao pede. 

— E por que eu deveria? — Jeno se encaixa com um sorriso de escárnio.

— Porque...

— Ele é a semente dos anjos.