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01

Jaemin

Jaemin desloca o peso do pé esquerdo para o direito, enquanto olha para a casa diante dele com uma vontade avassaladora de correr. A casa não é "assustadora" por qualquer meio. É uma casa normal, como qualquer outra. Dois andares com tinta acinzentada, um alpendre com uma cadeira de balanço de madeira singular para ocupá-lo e um gramado bem aparado com belas roseiras cobrindo a cerca. Era uma bela casa. Uma casa linda, mas não foi a própria casa que assustou Jaemin.

Era o que vivia dentro.

- Tu vais entrar ou vais ficar parado? - Um garoto atrás dele pergunta enquanto empurra o ombro de Jaemin. - Porque terei o prazer de receber seu dinheiro por superar o desafio.

Jaemin engole em seco, achando incrivelmente difícil de engolir devido a um nó na garganta. Ele não estava prestes a chorar. Não, ele não era um bebê, mas a torção e reviravolta de seu estômago enjoado faz todo o corpo parecer que está tendo algum tipo de complicação.

- Quero ganhar o dobro se vencer. - Anuncia Jaemin.

- De jeito nenhum! Eu não concordei com isso. - o garoto objeta descontroladamente.

- Estou potencialmente arriscando minha vida, Renjun! - Jaemin lamenta.

- Eu ainda não concordei com esses termos, babaca. - Renjun assobia.

Jaemin geme alto quando envolve os braços em volta do tronco.

- Você não vai morrer, seu idiota - comenta o garoto, exasperado. - Você honestamente não acredita nos boatos, não é?

Jaemin permanece em silêncio.

Ele não tinha certeza se acreditava neles. Ele sempre foi fascinado por filmes de terror e pela idéia de demônios, posses, fantasmas e criaturas perversas que espreitam na noite, mas certamente esse tipo de coisa não existia no mundo real.

Certo?

- Não era assim que eu queria passar meu Dia das Bruxas, Renjun. - ele afirma, evitando responder à pergunta. - Deveríamos nos vestir, sair e assistir filmes de terror. Por que você está me fazendo visitar esta casa?

- É assustador. E eu sou mais do que positivo, toda a conversa é apenas besteira. As pessoas nesta cidade são apenas um bando de valentões. - afirma Renjun.

- Como tu. - Jaemin interrompe, ganhando um olhar penetrante do outro.

- De repente, eu não tenho simpatia por ti. - resmunga Renjun - Basta tocar a campainha estúpida. Aceito dar-te o dobro, se conseguires fazer um amigo com isso.

Jaemin deixa escapar um gemido prolongado, imaginando se o dinheiro valeria a pena. Em sua mente, ele sabe que não, mas, para seu infortúnio, gastou mais de um mês em dinheiro para almoçar em um novo videogame; se sua tia descobrisse, ele certamente estaria tão morto como se quisesse entrar na casa há frente dele.

- Tudo bem. Tanto faz. - Jaemin concorda de má vontade.

- Tudo bem, então. Anda, anda. Não há tempo a perder - diz Renjun enquanto empurra o mais jovem em direção à passarela.

Jaemin faz uma breve pausa enquanto examina a casa mais uma vez. Ele respira fundo e se prepara mentalmente para o que estiver além desse ponto. Ele acena para si mesmo e caminha pela passarela.

Ele tenta manter a mente vazia, temendo que pensar demais no que ele está prestes a fazer o faça desistir. E ele não podia se dar ao luxo de fazer isso. Literalmente.

Ao chegar ao último degrau da varanda, Jaemin faz uma pausa e se vira para verificar se Renjun ainda está lá. Renjun descruzou os braços e colocou as mãos em volta da boca.

- Apresse-se e toque a campainha, perdedor! - ele chama. Jaemin retém o desejo de sacudi-lo e sobe com cautela os dois degraus da varanda.

A madeira abaixo de seus pés range ligeiramente, fazendo Jaemin sentir seu estômago revirar com o som. Percebendo que se assustou, ele solta uma risada leve e nervosa e se aproxima da porta. Ele olha em volta para encontrar uma campainha, mas tudo o que parece é uma batida estranha na porta. Parece feita de metal e pintada de preto, e a alça é redonda com duas serpentes enroladas em ambos os lados. Suas bocas estão abertas como se estivessem assobiando e se preparando para atacar suas presas afortunadas. Jaemin se inclina para examiná-lo e questionar quem compraria uma coisa dessas, em vez de uma campainha hoje em dia, a porta se abre abruptamente, assustando-o.

Jaemin engasga quando um olho espia pela fresta da porta. Ele não pode ver muito mais devido à escuridão e falta de luz vinda de dentro da casa.

- Quem és tu? - uma voz masculina pergunta.

Jaemin limpa a garganta e se endireita um pouco.

- Eu sou Na Jaemin. Eu moro algumas ruas daqui. - ele se apresenta educadamente, esperando que o som vacilante de sua voz não denuncie o fato de estar totalmente aterrorizado.

- Vai embora - a voz grunhe antes de fechar a porta.

- Espere! - Jaemin exclama - Eu-eu ... eu vim conversar.

O garoto nervoso fica em silêncio na varanda enquanto o ar frio de outubro o arrepia. Alguns momentos se passam antes que a porta se abra de repente. Os olhos de Jaemin se arregalam quando seu corpo fica tenso. Ele não se atreve a se mover na presença do garoto parado na porta diante dele.

Ele sempre ouvira rumores desde sempre sobre o garoto que morava na casa no final da rua, mas nunca o conhecera pessoalmente. Eles sempre o descreveram como tendo cabelos pretos negros com um olhar penetrante que poderia fazer você se sentir como se o fim estivesse próximo. Muito possivelmente o seu fim.

Mas nada que lhe dissessem poderia ser igual à visão legítima do garoto à sua frente.

Seu cabelo parece macio e preto como meia-noite. Sua camiseta preta se ajusta ao corpo e mostra os músculos do braço. Seu jeans skinny preto parece perfeitamente ajustado a ele. Os olhos de Jaemin encontram os dele e descobre que eles são tão escuros e atraentes quanto o resto de sua aparência.

Ninguém nunca mencionou como ele... era bonito?

- Ouve, as únicas pessoas que vêm aqui para conversar são pessoas que querem um show e cultistas loucos. Vá. Vá embora. - ele manda.

- M-mas eu não sou nenhum desses! - Jaemin insiste.

- Então, quem é seu amigo esperando por você por lá? - o menino grunhe enquanto cruza os braços sobre o peito e lentamente pisca os olhos para olhar na direção de Renjun.

- E-ele.. Eu pedi para ele vir comigo. Ele deveria garantir que eu chegasse em casa com segurança e não seja sequestrado por um estranho na rua procurando por crianças. - Jaemin responde com uma meia-mentira.

O garoto levanta a sobrancelha para ele com curiosidade. Seus olhos, então, olham para cima e para baixo de uma maneira que faz Jaemin se sentir totalmente vulnerável.

- Você sabe o que eles dizem sobre mim, certo? - ele finalmente pergunta em voz baixa. Jaemin estremece com o som. Ele engole em seco enquanto determina se deve mentir ou não. Percebendo que ele provavelmente seria capaz de dizer, ele decide falar a verdade.

- S-sim... Eu sei - gagueja Jaemin.

- Então porque estás aqui? - o garoto pergunta enquanto se inclina um pouco mais para Jaemin. Ele estremece levemente com a proximidade, mas tenta não demonstrar muito.

- Eu-eu te disse, eu apenas vim para conversar. - ele gagueja.

O garoto inclina a cabeça lentamente e olha profundamente nos olhos de Jaemin. Ele olhou nos olhos de Renjun antes e achou uma experiência desconfortável, mas isso... Isso era outra coisa. Quando o garoto olha em seus olhos, parece que ele está olhando dentro de sua alma, cutucando as regiões mais sombrias e buscando as verdades que deseja encontrar. Talvez fosse apenas sua imaginação hiperativa.

As sobrancelhas do garoto abaixam e sulcam. De repente, ele se afasta e gira nos calcanhares, voltando para dentro de casa.

- Tens uma hora. - o garoto declara prontamente.

Jaemin olha chocado por um momento antes de olhar para Renjun. Seu amigo sorri para ele e acena com a mão para afastá-lo e seguir o garoto. Jaemin respira fundo e entra em um ritmo casual.

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