Capítulo 33: Era ele, Eldon Styne [narrado por Dean]
Quando Elena colocou os pés dentro da igreja, uma lágrima de emoção escorreu pelo meu rosto. Vê-la entrando com aquele vestido tão lindo, segurando seu buquê e sorrindo como se estivesse realizando um sonho foi a coisa mais indescritível que eu pude contemplar em toda a minha vida.
- Você está linda! - eu a elogiei quando me aproximei dela.
Ofereci o meu braço a ela e juntos fomos até o altar. A cerimônia foi linda e o seu discurso emocionante.
- Pelo poder a mim estabelecido, eu declaro vocês, marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva. - disse o padre.
Então meus olhos percorrem pelo rosto de Elena e ela levanta a cabeça, fazendo com que seus olhos se encontrem com os meus. Minha mão envolve gentilmente a sua cintura e eu a puxo para mais perto. Toco sua bochecha, passando meu polegar pela sua pele macia. Então me inclino para um beijo. Elena fecha os olhos quando sente meus lábios tocarem os seus, suavemente no início, depois de um jeito mais ousado, fazendo os convidados suspirarem. Minha língua desliza facilmente em sua boca e eu provo mais uma vez o que sempre soube, Elena tem um gosto maravilhoso. Ela suspira em minha boca e então nos afastamos ao som dos aplausos dos convidados.
Enfim, casados. Depois de tanta luta, tristeza e desafios, nós não desistimos dos nossos sonhos. Demorou, mas chegou o nosso momento de realização, onde poderíamos olhar para trás com alívio e gratidão, sabendo que tudo o que havíamos passado não tinha sido em vão. Estar vivendo este momento me trouxe a certeza de que juntos sempre conseguiríamos enfrentar qualquer problema que viesse à nossa frente. Sempre juntos.
Saímos da igreja, saltitando alegremente. Pude dizer mais uma vez o quanto a amava. Então partimos para a nossa festa, era hora de comemorarmos a nossa perfeita união. Não demorou muito para que começássemos a nos divertir ao lado das pessoas que amávamos. Todos os convidados, amigos e parentes, eram especiais demais para nós e não importava a ligação, éramos todos família.
Puxei Elena para uma dança, uma valsa que mal tínhamos ensaiado, mas que no final teve um resultado surpreendente, como se fossemos dançarinos profissionais em uma apresentação de dança. Ela encostou sua cabeça em meu peito e eu não duvidava de que ela conseguiria ouvir as batidas do meu coração. Algum tempo depois, Sam veio até mim, tinha um sorriso no canto e segurava uma taça na mão.
- Dean! - ele me chamou. - Tem uns amigos que estão esperando por você. Vou roubá-lo só por um instante, Elena. - disse ele para ela com uma leve piscada.
- Tudo bem. - ela disse, levantando as mãos para cima como se estivesse me entregando.
- Vamos. - ele disse, me puxando pelo ombro.
A bebida já devia estar fazendo efeito em meu irmão, ele estava solto e tagarela, assim como quando o encontrei bebendo com uns amigos da faculdade.
- Eu já volto. - disse a Elena e deixei que Sam me guiasse.
Enquanto andávamos, um dos garçons passou por mim e eu aproveitei para pegar mais uma taça de champanhe que estava em cima da bandeja. Andávamos até um canto, onde avistei meus dois bons e velhos amigos.
- Damon! Stefan! Que bom que vocês vieram! - disse, cumprimentando-os com um aperto de mão.
- Como poderíamos perder essa grandiosa festa?! - disse Damon.
- Foi uma longa viagem de Mystic Falls até aqui, não deixaríamos de comparecer ao casamento do nosso velho amigo. - Stefan disse, tocando o meu ombro. - Mas, além disso, viemos ter uma conversa. Ainda temos um acordo, não temos?
Eu estreitei os meus olhos e dei um gole em minha bebida. Damon segurava uma taça, e Stefan também deu um gole em seu champanhe, esperando que eu respondesse.
- Mas é claro! - respondi.
Sam olhou para mim e eu entendia o que seu olhar queria dizer, certamente eles vieram para terem certeza de que seus segredos ainda estavam bem guardados. Eu os deixei assegurados de que sim. Enquanto conversávamos e bebíamos, eu encarava Elena de longe. Vê-la distraída, conversando com suas amigas era incrível, ficava atraente gesticulando com as mãos. Trocávamos olhares algumas vezes.
- Pretendem ficar por quanto tempo em Detroit? - perguntei.
- Estamos apenas de passagem. - Damon respondeu. - Deixamos alguns assuntos para resolvermos na Virgínia.
- Entendi... - eu disse, voltando a olhar para onde Elena estava, mas dessa vez ela não estava mais lá.
Meus olhos fizeram uma busca pelo salão, até que a vi segurando seu vestido e saindo apressadamente pela porta de entrada. Era como se ela estivesse procurando por alguém, estranhei sua ação de imediato.
- Ah... com licença. - eu disse para Damon e Stefan. - Continuem aproveitando a festa.
Com o objetivo de descobrir o que estava acontecendo eu me afastei deles e segui Elena para ver onde ela estava indo. Terminei minha bebida e coloquei a taça em cima de uma mesa qualquer enquanto andava até a saída. Quando cheguei ao lado de fora uma brisa suave atingiu o meu rosto e eu vi Elena parada sobre o gramado. Ela olhava de um lado para o outro, como se estivesse agitada, ainda procurando por alguém. Então me aproximei dela e lentamente segurei o seu braço.
- Elena, o que está acontecendo? - perguntei, confuso.
Ela se virou para mim, assustada, soltando uma respiração que talvez nem soubesse que estava prendendo.
- Você quer me matar de susto? - ela perguntou. - Ainda bem que é você! - me abraçou tão rápido que os meus braços demoraram para envolvê-la.
Eu a afastei tentando acalmá-la e a questionei sobre seu comportamento estranho. Ela respirou fundo e colocou um pedaço de papel um pouco amassado em minhas mãos. Desdobrei o papel e as palavras escritas nele me deixaram totalmente pasmo. Quem enviaria esse bilhete? Me perguntei.
- Quem você acha que mandou? - ela perguntou, como se a resposta fosse óbvia.
Eu hesitei em responder enquanto raciocinava sobre esse novo acontecimento.
Ela voltou a falar e me explicou sobre o porquê de ter saído tão apressadamente daquela maneira, e o que ela me contou me deixou ainda mais nervoso. Como ela pôde tomar uma atitude tão... irresponsável?! Sair correndo atrás de uma pessoa desconhecida, sozinha, foi um erro. E se a pessoa estivesse armada? E se a sequestrasse? Não, isso não poderia acontecer novamente.
Ela se calou enquanto eu falava, sabendo que eu tinha razão. Eu entendia os seus motivos, todos estávamos à procura de respostas, mas tomar atitudes sem pensar poderiam prejudicar ainda mais o andamento da nossa investigação. Eu não estava a repreendendo, nem brigando, eu apenas queria protegê-la. Não queria que ela corresse perigo, acho que eu não aguentaria passar por aquilo novamente.
- E agora, o que devemos fazer? - perguntou.
Eu pensei por um instante e decidi que deveríamos manter isso em segredo, eu ligaria para a polícia e eles resolveriam tudo. Pedi para que Elena entrasse e não contasse a ninguém. Ela concordou e voltou para a festa, enquanto eu retirava meu celular do bolso e discava o número da polícia.
- Polícia de Detroit, qual a sua emergência? - a voz estendida de um homem soou do outro lado da linha assim que a ligação foi atendida.
Após um longo questionamento, eles me garantiram que fariam buscas imediatamente, sem chamar atenção, é claro. Eu concordei, me sentindo mais aliviado, mas não totalmente seguro. O importante era que todos lá dentro estivessem bem e que não corressem nenhum risco. Entrei novamente no salão, procurei Elena e avisei que tudo estava resolvido. Ela concordou, e como se estivesse pensando a mesma coisa que eu, sugeriu que perguntássemos ao Arthur sobre o homem de preto, a fim de conseguirmos alguma informação útil. Assim o fizemos, mas não conseguimos nada além do que já sabíamos: que esse homem mascarado era mais um psicopata obsessivo.
Franzi o cenho em sinal de frustração, algo sempre tinha que dar errado. Elena massageou o meu ombro, tentando me deixar tranquilo. Ela não queria que isso atrapalhasse a nossa festa, e ela tinha razão, não poderíamos deixar que mais uma vez esses problemas atrapalhassem os nossos planos. Nós tínhamos que levantar a cabeça e voltarmos para a festa, era o nosso casamento! Eu sei que depois iríamos resolver este problema, a polícia em breve irá prender quem quer que seja este criminoso.
Depois de abraçá-la, nós voltamos para a festa, continuamos nos divertindo e fingindo que nada havia acontecido. O ambiente alegre e as pessoas que nos rodeavam acabaram fazendo com que esquecêssemos por um instante o que havia acontecido. Olhei em meu relógio de pulso e vi que as horas haviam voado, realmente quando estávamos com pessoas queridas, curtindo e nos divertindo, o tempo passava mais rápido.
Me aproximei de Elena e sugeri que estava pronto para ir embora, apenas esperando o momento em que ela quisesse. Sua pele ganhou um novo tão rosado, como se estivesse com vergonha, o que a deixou linda e fez escapar um sorriso do meu rosto. Ela concordou e ficou atônita, parecia estar longe, como se estivesse viajando em pensamentos. Talvez estivesse ansiosa e nervosa, assim como eu. Por um milésimo de segundo também me peguei pensando, e meus pensamentos estavam criando uma sensação diferente dentro de mim, algo como uma explosão de sentimentos e uma vontade imensa de ter Elena em meus braços e fazê-la a mulher mais feliz do mundo.
Eu prometi a mim mesmo que a faria feliz e que seria cuidadoso, mas isso ia além do que eu havia prometido e era o mínimo do que Elena merecia receber de mim. Eu queria poder tocá-la e sentir como se estivesse protegendo-a de todo o perigo, queria poder sentir todo o seu afeto e o amor que só ela conseguia me despertar. Queria poder beijá-la e tocar o seu corpo todo, descobrindo o que cada parte dele escondia e o que o seu calor causaria em mim.
Balancei minha cabeça afastando esses pensamentos de mim quando Elena se voltou em minha direção dizendo que poderíamos ir. Eu sorri e concordei. Então coloquei meu braço ao redor de sua cintura e juntos fomos nos despedir dos convidados. Deixei que ela se despedisse sozinha de sua mãe e seu irmão, talvez quisesse ter algum assunto em particular com eles antes de irmos, e fui fazer o mesmo.
Me despedi de meu pai e meu irmão, esperando encontrá-los daqui a uma semana, e depois Elena e eu fomos para fora. Entramos no carro e partimos, deixando para trás somente aquele incidente e levando conosco a grande emoção de nossas vidas: o que foi a nossa festa de casamento. Enquanto eu dirigia pelas ruas da cidade, Elena ia silenciosamente ao meu lado. Estávamos em silêncio, mas não era um silêncio constrangedor, muito pelo contrário, esse silêncio acabava nos aproximando de certa forma, como se mesmo sem conversar compartilhássemos dos mesmos pensamentos.
O ar refrescante do carro que eu havia ligado fazia com que o perfume de Elena viesse até mim, e eu me perdia nele discretamente. Com o canto dos olhos eu percebia cada movimento silencioso que ela fazia dentro do carro. Percebia como esfregava suas mãos em sinal de nervosismo e como uma vez ou outra olhava pelo vidro da janela. Segurei firme no volante no momento em que senti os seus olhos sobre mim, ela estava me observando por completo e isso fez com que um calor subisse pelo meu corpo.
Parei de olhá-la de canto e me virei abruptamente para encará-la, ela acabou desviando o olhar rapidamente após ter sido pega. Não demorou muito para que os seus olhos retornassem ao encontro dos meus, o que me permitiu olhá-los a fundo, observando como suas pupilas estavam dilatadas. Eu sorri gentilmente para ela e ela retribuiu com um sorriso simples e tímido. Cortei o silêncio, avisando que havíamos chegado.
Desci do carro e abri a porta para ela, em seguida segurei em sua mão e a ajudei a descer. Entreguei as chaves do carro ao manobrista e de mãos dadas adentramos o hotel. Os olhos de Elena percorreram, encantados, por todo o grande salão da recepção, que com lustres e sofás aconchegantes traziam um ar refinado ao ambiente. Nos aproximamos do balcão para fazermos o check-in e então o recepcionista entregou o cartão com o número do quarto nas mãos de Elena, nos desejando uma boa hospedagem.
Então, antes de darmos um passo à frente eu me inclinei e peguei Elena no colo. Ela me olhou com surpresa, assim como todos na recepção do hotel, que nos olharam admirados e aplaudiram nossa cena romântica. Os olhos de Elena me fitaram surpresos, eles brilhavam como fogo e me queimavam quando ela me olhava. Ela tinha um sorriso divertido no rosto. Encaixei seu corpo perfeitamente em meus braços, enquanto ela passava suas mãos ao redor do meu pescoço.
Entramos no elevador e apertamos o botão até o quinto andar, onde se localizava nossa suíte. Elena me olhava de uma maneira tão... sedutora e apaixonada. Se ela não parace de me olhar assim eu não saberia se conseguiria me controlar e esperar até chegarmos no quarto. Minha vontade era de beijá-la aqui mesmo, neste elevador. Ainda mais por estar encarando sua boca assim tão de perto, enquanto ela me acariciava, estava me deixando louco.
O elevador apitou, havíamos chegado. A porta se abriu e nós saímos de dentro. Eu caminhava lentamente segurando Elena nos meus braços, enquanto procurávamos nosso quarto em meio a tantas portas que ficavam dos dois lados dos corredores.
- Ali. - Elena apontou para uma porta no final do corredor, era o quarto 42.
Me aproximei da porta e Elena a abriu com o cartão eletrônico. Empurramos a porta e o quarto se iluminou. Adentramos e fechamos o quarto. Meus olhos analisaram o ambiente inteiro em um misto de surpresa e aprovação, incrível, pensei, eles realmente capricharam. Caminhei até a cama e coloquei Elena sentada delicadamente sobre ela, em seguida me sentei ao lado dela.
Elena admirava o quarto, assim como eu. Ela pronunciava uma palavra ou outra, apenas deixando que os seus olhos viajassem por todos os detalhes do ambiente, com um sorriso de canto. Me questionava se havia acertado em tudo, se havia conseguido agradar Elena.
- Está perfeito, não está? - perguntei, fazendo com que ela me olhasse. - É tudo o que você merece!
Ela me encarou com um semblante feliz e lisonjeado.
- Obrigada, meu amor! Nós dois merecemos.
Eu sorri com carinho enquanto a abraçava, estava tão feliz quanto ela. Depois de algum tempo ali, eu me levantei e fui até a mesa que fazia parte do quarto, estava repleta de comidas sofisticadas. Na parede ao lado havia um aparelho de som embutido, muito moderno, por sinal. Fui até ele e procurei uma música, estava tentando criar um clima. A música era desconhecida, mas o nome me chamou a atenção, parecia ser uma música romântica e eu torcia para que fosse.
As batidas eram suaves e a voz da pessoa que cantava trazia uma espécie de calmaria e excitação ao mesmo tempo. Retornei à mesa, provando alguns aperitivos que estavam lá e quando olhei para trás vi que Elena havia levantado. Ela dançava envolventemente ao som da música, não era algo coreografado nem ao menos profissional, era algo simples, porém único, como se ela expressasse algum sentimento em seus movimentos. Algo delicado e emocionante, com uma pitada de diversão e curiosidade.
Ela parecia envolvida demais pela música que não se importava que eu a estivesse olhando, parecia estar se divertindo ao dançar comigo como espectador, ela estava tão linda dançando para mim! Não pude deixar de sorrir ao observá-la. Ela segurou em seu vestido e girou, olhando para mim, e quando percebeu que eu estava sorrindo, um grande sorriso brincalhão também surgiu em seu rosto. Era tão incrível vê-la feliz.
Após algum tempo ela parou, mas ainda continuou a andar pelo quarto, admirando os detalhes do mesmo. Enquanto isso, peguei nossas taças e servi uma pequena quantidade de champanhe em cada uma delas e entreguei para Elena quando ela se aproximou. Não demorou muito para que terminássemos a bebida, e após isso eu peguei a taça de sua mão e coloquei sobre a mesa, junto da minha. Segurei em suas mãos e a puxei para mais perto, seu rosto estava bem próximo do meu e sem que eu mesmo percebesse uma de minhas mãos pousou em sua cintura.
Olhei para ela e então os movimentos fluíram através de nossos corpos, não sei se era o efeito que a música causava ou se era a própria Elena, mas eu estava gostando de ficar assim, dançando tão junto dela.
- Eu estou feliz por tudo ter dado certo. - eu disse. - Estou feliz em estar aqui com você, vendo o quão linda você fica quando sorri e como consegue ser tão graciosa quando está dançando.
Um sorriso escapou de seu rosto.
- Eu também estou feliz por ter chegado até aqui com você, por termos conseguido passar por qualquer dificuldade juntos. - ela disse. - E agora podemos aproveitar um ao outro como sempre sonhamos, estou feliz porque finalmente poderei ter você por inteiro.
Também estou feliz por isso, pensei, mas não disse.
Ela encostou sua cabeça em meu peito enquanto eu a envolvia em um abraço. Continuamos dançando em silêncio e lentamente. Estávamos tão próximos. Eu ouvia perfeitamente o ritmo da sua respiração, que parecia se alinhar com a minha. Seus olhos se ergueram para o meu rosto e seus dedos tocaram os meus cabelos. Fechei os meus olhos enquanto ela me acariciava, eu precisava tanto do seu toque, precisava senti-la em mim.
Olhei de volta para ela, preenchendo o espaço que estava entre nós e juntando nossos rostos. Meus olhos desceram até sua boca e eu senti o desejo que eles exibiam. Então não esperei mais para saciá-los, unindo finalmente nossos lábios com um beijo. Uma de minhas mãos desceu até sua cintura enquanto a outra forçou o seu pescoço para aproximá-la mais. Era possível ouvir as batidas do seu coração, que eram rápidas e entregavam a sua ansiedade. Ela estava tão envolvida e me beijava com tanta avidez e vontade.
Eu afastei nossos lábios em uma leve hesitação, estava pronto para seguir adiante, apenas esperando a confirmação de Elena. Não disse uma palavra, mas foi como se nossos olhos conversassem. Eu só continuaria depois de ter a certeza de que ela estava pronta. Faria ser bom para ela.
- Eu estou pronta. - havia confiança em sua voz. - Estou preparada para entregar o meu amor a você.
Eu sorri e não disse mais nada, apenas fiz com que os meus lábios voltassem ao encontro dos seus e isso já confirmava tudo. Dessa vez me concentro ainda mais em Elena, na sensação de sua boca na minha. Na forma como seus seios pressionam o meu peitoral, no desejo que faz o meu corpo inteiro ferver. Ela me faz pegar fogo. Minhas mãos descem pelas suas costas, explorando suas curvas, amassando seu vestido. Ela morde meu lábio inferior e eu gemo baixinho.
Então meus dedos encontram o zíper do seu vestido e lentamente faço com que eles o abram, deixando assim que os volumosos tecidos caíssem pelo seu corpo, revelando sua lingerie branca. Meus olhos percorrem por todo o seu corpo, admirados, me fazendo morder os lábios. O sentimento que ela expressava em seus olhos eram intensos demais para serem descritos, mas revelavam que ela queria aquilo tanto quanto eu. Sinto suas mãos se aproximarem e então ela me ajuda a retirar o meu paletó, e em seguida desabotoua lentamente os botões da minha camisa, deixando meu peitoral à mostra. Ela admira o meu corpo e sinto como seus olhos parecem ferver, enquanto ela desliza suas mãos facilmente sobre os meus ombros até que elas cheguem à minha barriga. Ela me beija intensamente, do jeito que eu quero que ela faça.
Eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço, para aproximá-la ainda mais de mim, eu não quero que o beijo termine. Ela parecia estar totalmente entregue aos meus comandos, deixando que eu dominasse a situação. Lentamente eu a guiei até a cama, sem que os nossos lábios se afastassem e a deitei com cuidado, ficando em cima dela. Ela me puxou para mais perto e minhas mãos se moveram pelo seu corpo, descendo até suas coxas. Sua respiração intensa me deixava ainda mais excitado.
- Eu te amo de verdade, Elena! - sussurrei em seu ouvido e senti seu corpo se arrepiando.
Meus lábios beijaram o seu rosto e o seu pescoço, descendo até os seus ombros. Sua mão caminhou ao redor das minhas costas e se ergueu até a minha nuca. Voltei a olhar em direção a sua boca e me aproximei dela, brincando com seus lábios e ganhando ainda mais passagem. Me afastei e voltei a beijar o seu pescoço, e fui descendo até chegar em seus seios. Delicadamente eu desabotoei o seu sutiã, deixando que eles ficassem à mostra. Abaixei minha cabeça, colocando um de seus mamilos em minha boca, fazendo com que Elena soltasse um gemido prazeroso, depois fiz o mesmo com o outro. Ela respondia perfeitamente aos meus estímulos, estava se saindo muito bem.
- Eu também te amo... De verdade! - ela também sussurrou.
E esse amor estava nos incendiando, podia sentir nossos corpos em chamas cada vez mais que nós nos movimentávamos. Garota, você é incrível. Minha boca continuou seu caminho pelo corpo dela, descendo pela sua barriga e saciando aos poucos o desejo que corria pelas minhas veias. Hesitei quando terminei o caminho parando em sua região íntima. Nesta hora meu coração estava pulsando muito mais acelerado, e poderia dizer com total certeza que o coração dela também. Lentamente e com cuidado retirei sua calcinha, agora deixando o seu corpo inteiro à mostra.
Era o nosso momento, mas isso era mais sobre ela do que sobre mim. Faria de tudo para que Elena se sentisse bem e confortável, apesar da minha vontade imensa e quase incontrolável de tê-la logo por inteiro eu queria ser carinhoso do jeito que Elena merecia. Então meus dedos deslizaram por suas coxas, afastando levemente as suas pernas, enquanto ela se endireitava sobre a cama. Neste momento eu olhei diretamente em seus olhos e ela manteve sua confiança em mim. Mordi meus lábios e então inclinei minha cabeça fazendo com que minha língua deslizasse para dentro de si, o que fez com que nós dois gemêssemos em uníssono.
Os meus movimentos eram circulares e lentos, e eu conseguia sentir como ela estava ficando cada vez mais estimulada. Levantei meus olhos, observando como ela estava entregue ao meu toque, e então continuei meu trabalho, aprofundando e acelerando mais os movimentos. Ela estava muito molhada.
- Dean! - meu nome escapou pelos seus lábios, enquanto o prazer consumia cada célula do nosso corpo.
Continuei movimentando minha língua, desta vez mais lenta e provocadoramente e ela instantaneamente arqueou os seus quadris para mim.
- Você é doce, como eu imaginava. - sorri sedutoramente, fazendo com que minhas mãos fossem até sua cintura e forçassem ela novamente para baixo.
Seus dedos afundavam os lençóis de seda e ela torcia os tecidos em suas mãos.
- Oh! - ela exclamou quando um de meus dedos deslizou para dentro de si, minha língua ainda trabalhava e meus olhos nunca deixavam os seus.
Uma de minhas mãos segurava o seu quadril sobre o colchão, enquanto a outra brincava com seu clitóris. Então me levantei, me posicionando novamente em cima dela e antes que ela pudesse dizer alguma coisa eu calei a sua boca com um beijo mais necessitado do que o anterior, enquanto meus dedos continuaram fazendo movimentos rápidos dentro de si. Ela revirou os olhos e esticou seu pescoço, me dando acesso para beijá-lo, e assim o fiz.
- Isso, você está quase lá. Goza para mim, amor. - sussurrei em seu ouvido, e minhas palavras foram como um gatilho para que ela desmoronasse sobre mim.
Seu corpo todo tremeu como se estivesse sentindo uma onda avassaladora de prazer e alguns segundos depois a pressão entre suas pernas havia sumido, deixando que seu corpo ficasse mole.
- Isso, como uma boa garota, meu amor.
Levei meus dedos até a minha boca e os chupei, deixando que os meus olhos encarassem profundamente os seus. Ela me encarou de volta com sua respiração ofegante, e eu me senti completamente em chamas.
- Essa foi a melhor sensação de toda a minha vida. - ela admitiu.
- Das nossas vidas. - eu complementei, querendo tocá-la novamente e beijá-la.
Como eu posso te amar tanto, Elena Gilbert?!
- Espero que você não esteja muito exausta, ainda não terminamos. - eu disse.
- Não, eu quero continuar. - ela disse, me fazendo sorrir.
Ela me observou, enquanto eu desabotoava minha calça e terminava de me despir e em seguida desviou seus olhos para o teto do quarto.
- Olhe para mim. - pedi, acariciando o seu rosto levemente.
Ela me encarou.
- Serei gentil desta vez, quero que seja no seu tempo.
Ela concordou.
Então me inclinei novamente sobre ela e no próximo instante deslizei lentamente dentro de si. Ela fechou os olhos com força.
- Continua. - me pediu.
E assim eu continuei.
- Por mais que eu queira ir rápido e com força agora, eu vou te esperar. Isso é sobre você, Elena. Sempre será sobre você.
Fiz um movimento lento para que ela se acostumasse, seguido por mais alguns. Minhas mãos estavam apoiadas em cada lado de sua cabeça. Depois de alguns momentos, a sensação diferente foi substituída pelo prazer, Elena estava finalmente se entregando. Suas mãos foram até os meus ombros e deslizaram pelas minhas costas. Nossos corpos se movimentavam em sintonia, estávamos tão ligados. Sua voz saia em forma de suspiros quando sussurrava meu nome. Fui acelerando levemente quando senti que ela estava quase lá.
- Isso é tão bom. - eu disse, soltando um gemido abafado.
A sensação e os sentimentos que me envolviam eram perfeitos demais para serem descritos. Era melhor do que eu havia imaginado, Elena era incrível em todos os sentidos e eu a amava como nunca havia amado alguém em toda a minha vida. Porque sempre foi ela.
- Elena. - seu nome escapou pela minha boca, quando fiz o próximo movimento.
Continuamos intensamente até chegarmos ao ápice do prazer e da paixão, era como se todas as minhas emoções estivessem sendo ampliadas. Tudo foi ficando cada vez melhor quando Elena mudou a posição e subiu em cima de mim, a segurei pela cintura impulsionando ainda mais os seus movimentos. Aproveitamos cada segundo, sem nos preocuparmos com nada. Era apenas Elena e eu, era o nosso momento. Continuamos a noite inteira até desabarmos na cama, um ao lado do outro. Eu a puxei em minha direção e ela apoiou suas mãos em cima do meu peito nú, e assim ela adormeceu. Observei o seu rosto antes de também pegar no sono, ela era perfeita demais e eu a amava mais do que tudo no mundo. Então adormeci.
[...]
No dia seguinte, acordei sentindo uma mão suave sobre o meu rosto, era Elena me fazendo carinho. Quando abri os olhos percebi que havia um sorriso singelo em seu rosto, talvez estivesse me observando há algum tempo desde quando acordou. Olhei em seus olhos e sorri, desejando um "bom dia" com uma voz ainda que sonolenta. Ela estava embrulhada nos lençóis, apenas com seus braços de fora e encará-la me remetia às lembranças maravilhosas da noite anterior em que nos permitimos amar de verdade. Me virei por completo para o seu lado quando ela me perguntou se eu havia dormido bem e a resposta era óbvia, nunca havia tido uma noite de sono tão boa em toda a minha vida, dormir ao lado dela era muito bom.
Dei um beijo em seu rosto e a puxei para mais perto. Ficamos deitados por mais um tempo até decidirmos nos levantar, tínhamos uma longa viagem pela frente, mas ainda era cedo e as malas já estavam arrumadas. Então levantamos e tomamos um banho, trocamos de roupa e provamos o café da manhã. Em seguida, passeamos pelo salão do hotel e aproveitamos tudo o que ele nos oferecia, fomos para a área externa e também à sala de spa. Depois de tudo, estávamos prontos para viajar e assim o fizemos. Colocamos nossas malas no carro e partimos para o aeroporto.
Fizemos o caminho tranquilamente, mas quando chegamos ao aeroporto eu caí na real de que teria mesmo que embarcar no avião. Ok, isso era óbvio. Mas eu tinha medo de aviões, eles eram terríveis. Tentei disfarçar minha cara de preocupação enquanto andávamos até o setor de embarque. Quando confirmaram que a nossa documentação estava de acordo, nos liberaram para embarcar no avião. Elena andava animadamente ao meu lado, tinha algo de especial em seus olhos, uma empolgação. Eu sempre soube que Elena tinha o desejo de conhecer Miami e por isso decidi escolher esta viagem, mesmo que precisasse de um avião para realizar o trajeto.
Adentramos o avião e sentamos nas poltronas, eu olhava ao redor procurando o motivo pelo qual as pessoas estavam tão calmas e não desesperadas como eu. Ouvi a voz do piloto dizendo que estávamos prestes a fazer a descolagem, e então fiquei mais nervoso do que já estava. Segurei nas mãos de Elena e ela soltou uma risada ao ver minha cara assustada.
- Não tem graça. - eu disse.
Então senti o avião saindo do chão e fechei os meus olhos, segurando firme nas mãos de Elena. Não, eu não me orgulhava desse medo. Simplesmente nunca desejei viajar de avião, talvez porque eles caem. Sempre evitei ao máximo, viajando apenas de carro com o meu pai pelas estradas. Por mais que fossem muitos quilômetros e horas incansáveis de trajeto, dependendo da viagem, era uma forma mais segura, e ninguém tirava isso da minha cabeça. Mas prometi a Elena que algum dia eu tentaria superar esse medo, talvez não deveria ter deixado para fazer isso no dia da nossa viagem de lua de mel, mas fazer o que, péssima escolha.
Elena então chamou minha atenção e pediu para que eu me acalmasse, dizendo que tudo daria certo. Eu olhei para ela e fiz o que ela me pediu, fechei os olhos e respirei fundo. Agora minha respiração estava mais calma, e não ofegante como antes. Lentamente senti que o avião havia se estabilizado, era como se ainda estivéssemos no chão. Então sorri e a agradeci por ter me ajudado a manter a calma, ainda meio incrédulo por ter conseguido passar por essa decolagem sem querer gritar e sair correndo de dentro do avião antes que ele levantasse voo. Sua ajuda funcionou tanto que eu acabei até pegando no sono, acordando algumas horas depois, quando o avião já havia pousado em Miami. Dessa vez era Elena quem dormia em meu ombro, então a acordei. No final tudo havia dado certo, consegui viajar de avião deixando o meu medo de lado e Elena poderia então conhecer um dos seus destinos mais desejados.
[...]
Nossa viagem foi incrível, aproveitamos muito o tempo em que ficamos hospedados no hotel e conhecemos grande parte da cidade. Foi uma das melhores viagens que já fiz e uma de muitas que Elena e eu ainda faremos juntos. Ver a felicidade no rosto dela era algo que me motivava. Acho que para ver ela feliz, o brilho nos seus olhos e o sorriso em seu rosto eu pegaria mil aviões se fosse preciso. Mas não poderíamos ficar em Miami para sempre, precisávamos retornar para as coisas que deixamos pendentes, para a nossa nova rotina.
Pegamos o avião de volta e retornamos para Michigan, chegamos em casa ao cair da noite e fomos recebidos com um jantar de boas vindas, preparado por Valentina e Jared. Realmente era tocante o carinho e a atenção que eles tinham por nós, e fazia eu me sentir agradecido por ter ganhado uma família que me considerasse, apesar de eu sempre ter sido considerado como da família, Afonso e Valentina me tinham como um filho. Depois de jantarmos, Elena e eu tomamos um banho e caímos na cama, dormindo em seguida.
Acordei pela manhã, observando o quarto todo iluminado e sentindo um cheirinho muito bom vindo da cozinha, parecia bacon com ovos. Olhei para o lado da cama e Elena não estava, o que indicava que o delicioso aroma do café da manhã estava sendo preparado por ela. Então me levantei, sentindo as minhas pálpebras pesadas e fui até a cozinha. Elena mexia os ovos no fogão quando me aproximei e a abracei. Ela olhou para mim com um sorriso divertido, parecia bem humorada, ou seria porque eu estava com o cabelo todo bagunçado e com a cara inchada de quem dormiu mais do que devia?
Ela terminou de pôr a mesa e então nos sentamos, o café da manhã estava delicioso e inevitavelmente acabei repetindo algumas vezes. Quando terminei fui até o banheiro e fiz minha higiene pessoal, arrumei meu cabelo que estava todo bagunçado e escovei os dentes, troquei de roupa e voltei para a sala. Peguei meu celular e fiz algumas ligações de trabalho, tinha que adiantar alguns relatórios antes de voltar para o escritório amanhã. Me sentei no sofá, colocando o notebook no colo e iniciando uma nova planilha.
Elena descia as escadas segurando várias caixas de papelão e embrulhos de presente, não fazia ideia de que havíamos ganhado tantas coisas. Ela se sentou no sofá e começou a retirar os presentes da caixa, podia ver o quanto ela estava contente com cada pequena coisa que havíamos ganhado. De repente a campainha toca e Elena e eu nos entreolhamos, quem poderia ser? Me levantei cautelosamente e fui até a porta, quando a abri observei uma figura conhecida em minha frente. Era o policial da noite da invasão.
- Policial? Posso ajudar? - perguntei, me questionando o motivo de sua visita.
Elena se levantou e veio até a porta, parando ao meu lado, parecia curiosa e surpresa com a aparição do policial. O policial mostrou seu distintivo e disse que vinha oficialmente, então deixei que ele entrasse. Direcionamos ele até a sala, ele parecia uma pessoa discreta porém muito observadora. Pedindo licença ele se sentou no sofá, aceitando um instante depois, uma xícara de café que Elena havia oferecido. Eu estava ansioso para iniciarmos o diálogo, mas o policial parecia ter toda a paciência do mundo. Elena retornou com a bandeja e então ele deu início a sua fala.
Parecia que o departamento havia descoberto alguma coisa sobre a invasão daquela noite, então ouvi tudo atentamente. Em minha mente eu torcia para que tivessem identificado quem cometeu aquele crime, mas o que o policial dava a entender era que o paradeiro daquela pessoa ainda estava um pouco longe de ser descoberto. Olhei para Elena e ela parecia um pouco decepcionada, assim como eu. Mas o policial continuou, dizendo que a informação que tinha seria útil para entendermos o que aconteceu naquela noite, isso me dava um fio de esperança.
A informação que ele tinha era de que a substância vermelha do vestido de Elena havia sido analisada e que era sangue. Isso me deixou muito surpreso e me fez questionar se era sangue humano, porque se fosse eu não gostaria nem de imaginar como alguém poderia ter sofrido para que esse psicopata conseguisse uma quantidade tão grande de sangue. Então o policial iniciou um relato um tanto quanto peculiar e muito assustador. Uma fazenda havia sido invadida um dia antes da casa de Elena, a coisa parecia brutal. Algum desconhecido, parecia um psicopata frio, atacou um dos animais da fazenda, um porco. Deixou o animal pendurado no celeiro enquanto arrancava sua cabeça, deixando o sangue pingar dentro de um balde.
O fazendeiro, dono da fazenda, denunciou no dia seguinte, imagino como ele não ficou assustado. Olhei para o rosto de Elena e sua expressão de surpresa era notável, ela não sabia o que dizer sobre um relato tão surpreendente como esse. Depois de algum tempo ela conseguiu formular uma pergunta que eu também queria muito saber. O que tudo aquilo tinha a ver conosco? O policial logo se apressou em responder e o que ele disse me deixou completamente estagnado. O sangue do animal era a substância que foi usada para destruir o vestido de Elena. Só pensei no quanto isso era cruel e nojento.
Elena estava horrorizada e o motivo dava esse direito a ela, agora tudo era muito simples de ser entendido. O departamento tinha a certeza absoluta de que ambos os crimes foram cometidos pela mesma pessoa. Passei minhas mãos ao redor de Elena e a puxei para que se aproximasse de mim, ela estava muito nervosa e eu queria acalmá-la. O policial nos olhou com benevolência, parecia entender o que estávamos sentindo. Só queríamos um pouco de paz, de tranquilidade. Não aguentávamos mais viver no meio de tanta confusão, crimes, delegacia, interrogatório, investigações. Chega, isso não é vida! Parecia que a possibilidade de termos uma vida normal e segura era uma realidade que ficava cada vez mais distante, até quando teríamos que passar por isso? Já não aguento mais.
Por fim havia mais uma informação, a identidade de quem havia comprado o cartão de presentes para Elena havia sido descoberta, no entanto quem enviou o envelope não foi identificado, não havia registro nenhum nos correios. O policial disse que quem comprou o cartão foi um rapaz chamado Ethan, ele tinha sido mandado por outra pessoa para que comprasse. Fiquei na espera de que o policial me respondesse que pelo menos esse rapaz saberia identificar quem era, mas não, o filho da mãe andava encapuzado. Ninguém nunca conseguiria ver o seu rosto por conta desse maldito capuz.
A única coisa que o jovem disse ter visto foram algumas marcas de queimaduras em suas mãos. Isso era mais uma pista, mas não ajudava tanto, afinal, qualquer um poderia ter queimaduras nas mãos. Como isso era frustrante! De repente me veio uma possibilidade em mente, era uma loucura, uma estupidez, porque a chance disso ser verdade não existia. Pensei em Eldon, se ele estivesse vivo provavelmente estaria fazendo da nossa vida um inferno, assim como esse desconhecido. E se fosse ele? O perfil do criminoso bate com o dele, e as marcas de queimadura nas mãos... E se ele sobreviveu ao incêndio? Não, isso era muita loucura. A casa inteira ficou em chamas, não tem como ele ter sobrevivido, Eldon está morto. Por um instante me senti um idiota em pensar nessa ideia sem fundamentos, Elena jamais poderia sonhar com isso.
Então as informações acabaram e era como se voltássemos ao início, quando não sabíamos de nada. Não sabíamos o que fazer com tanta informação que não levava a nada, e ouvir Elena confessar ao policial que não conseguia se sentir segura nem em sua própria casa me trazia uma sensação de fracasso, como se eu estivesse falhando naquilo em que prometi. Queria poder protegê-la para sempre, evitar que ela passasse por tanto estresse, poder proteger nosso bebê. Mas eu sabia que no fundo ela se sentia insegura e com medo, e isso não seria uma coisa simples de ser mudada, ela tinha toda a razão de se sentir assim. E eu não mediria esforços para que ela ficasse segura, eu fiz uma promessa e isso vai muito além disso.
O policial nos sugeriu que colocássemos câmeras de segurança e rastreadores nos telefones como uma medida de segurança. Todo cuidado era pouco, e caso alguma coisa acontecesse isso iria ajudar nas investigações. Eu realmente esperava que a polícia nos desse o apoio que precisássemos e o policial afirmou que todo o departamento estava trabalhando duro para nos dar esse suporte e garantir o mais rápido possível que voltássemos a ter uma vida normal e segura. Eu concordei com ele e então ele se levantou, era hora de ir embora. Acompanhamos ele até a porta e nos despedimos, deixando que ele voltasse ao seu trabalho. Elena fechou a porta em seguida e se virou para mim.
- Por onde começamos? - ela me perguntou.
- Boa pergunta. - respondi, esfregando meu queixo em sinal de frustração.
Realmente havia tanta coisa para resolver que era difícil saber o que deveríamos fazer primeiro.
- Me dê o seu celular. - pedi e ela retirou o aparelho do bolso e entregou em minhas mãos.
Ela me olhou um pouco confusa.
- Vou instalar o rastreador no seu celular e no meu também. - eu disse e também retirei meu celular do bolso.
Elena concordou e alguns instantes depois eu já tinha feito, então devolvi o celular a ela.
- Aqui está. - eu disse. - Deixe ele ativado o tempo todo. Eu poderei rastrear você pelo meu celular e você poderá me rastrear também, assim sempre saberemos onde o outro está por questão de segurança.
- Você acha que irá funcionar? Essa coisa toda de câmeras de segurança... acha que irá ajudar a ficarmos seguros? - ela perguntou.
Eu pensei por um instante.
- Não, isso é só uma medida de prevenção. Se acontecer alguma coisa teremos como provar e isso também ajudará a resolver a investigação, mas realmente ainda não estaremos seguros.
Ela concordou.
- Mas não tem problema. - ela disse. - Eu sei que temos segurança um no outro, se ficarmos juntos sempre estaremos seguros.
Eu sorri e a puxei para um abraço. Eu realmente esperava que sim.
No dia seguinte eu encomendei as câmeras de segurança, e não foram tão baratas. Elas não demoraram tanto para chegar, eram sete no total. Uma para a entrada da varanda, outra para o corredor principal, uma para a sala e outra para a cozinha, uma para o nosso quarto e para o quarto do bebê, e mais uma na garagem. Pronto, elas estavam todas instaladas, escondidas pela casa. Então conectei as imagens ao notebook, as câmeras pegavam a imagem dos cômodos inteiros, eram realmente muito boas. Foi uma boa ideia tê-las comprado, agora só precisávamos de cautela e de atenção, o resto eu já havia feito.
[...]
Alguns meses se passaram e a barriga de Elena foi aumentando, e junto com ela a sensação de ansiedade para descobrir o que era o nosso bebê também só aumentava. Elena e eu não tínhamos nenhuma preferência, não nos importávamos se fosse menina ou menino, o que realmente queríamos era que o bebê viesse com muita saúde. Até havíamos escolhido os nomes, se fosse menina seria Liana e se fosse menino seria Nick. Realmente esses foram meses muito tranquilos, nada de polícia e nem de investigação, estávamos vivendo o auge da paz, mas não significa que não sentíssemos insegurança às vezes.
Voltei a trabalhar e Elena ficava em casa sozinha até a hora em que eu chegasse, isso me deixava com o coração fora do peito, mas eu não tinha outra escolha, eu precisava trabalhar. Ela ficava na casa de sua mãe e às vezes chamava suas amigas para passar o tempo. O importante é que ela não poderia ficar sozinha, e se de repente o bebê desse algum sinal? Acho que eu estava mais preocupado que ela. A gravidez só favorecia Elena, ela estava cada vez mais linda e saudável, esbanjando saúde e disposição. Era a grávida mais linda.
Depois de tantas tentativas era finalmente a hora de descobrirmos o sexo do bebê, eu esperava que agora pudéssemos ter a certeza já que das outras vezes não tinha sido possível. Acordamos cedo para ir até a clínica e ao chegarmos lá ficamos aguardando a nossa vez de entrar no consultório. Risadas alegres de comemoração podiam ser ouvidas da sala da Dra. Holcomb, a médica obstetra. Em seguida um casal saiu do consultório, pareciam ter recebido uma ótima notícia. Eu imaginava que Elena e eu ficaríamos assim quando recebessemos a revelação do nosso bebê.
Não demorou muito para que a médica chamasse Elena para o consultório, eu a acompanhei até lá e entrei com ela. A doutora iniciou o exame e as perguntas de rotina, enquanto eu me preparava emocionalmente para a hora da descoberta. Na pequena tela eu observava o desenvolvimento do bebê, estava crescendo cada vez mais, mas ainda era só o começo. Então a doutora perguntou se estávamos preparados e nós concordamos, eu segurei firme a mão de Elena que estava muito ansiosa. Foi então que a doutora acabou com tanto mistério, nosso bebê era... uma menina!
Um sorriso enorme surgiu em meu rosto e meu coração se encheu de felicidade. Olhei para Elena que estava tão feliz quanto eu, sorri e a beijei, dando os parabéns por mais essa conquista. E quando ouvi o coração da bebê batendo foi mais emocionante ainda, eu senti como se estivesse vivendo um momento épico. A bebê estava ótima, saudável, se preparando para vir ao mundo, e o batimento do seu coraçãozinho me fez acreditar que lá dentro de Elena ela também estava ansiosa para chegar. Eu tinha certeza absoluta que essa criança mudaria o mundo.
Saímos da clínica cheios de alegria, era uma menina! A nossa pequena Lia! Contamos para a família toda. Pouco tempo depois, Elena começou a comprar as primeiras peças de roupa. O próximo passo era organizar o quarto e assim o fizemos, enquanto eu pintava, Elena organizava o resto das coisas. Montei os móveis do quarto e ela cuidou da decoração. Era o ambiente perfeito para um pequeno bebê, um quartinho fofo e aconchegante. No final do dia eu estava com o meu macacão todo sujo de tinta, talvez não tão sexy quanto Elena achava. Ela porém estava perfeita, mesmo lidando com a tinta, em sua jardineira não havia uma mancha sequer, era muito cuidadosa.
Respirei fundo e deixei que os meus ombros relaxassem, enquanto admirava o resultado do nosso trabalho, o quarto estava impecável. Elena se aproximou da janela e puxou as cortinas, já era noite, um sinal de que havíamos passado o dia inteiro trabalhando dentro do quarto. Depois de constatarmos que tudo estava organizado, saímos do cômodo e fechamos a porta. Era uma sensação de missão cumprida. Mas ao darmos os primeiros passos para fora, Elena passou a se sentir mal. Eu me assustei no início, achei que a bebê estava nascendo. Ela riu de mim como se eu fosse um idiota.
Talvez eu fosse mesmo, por ser tão desesperado para as coisas. Mas eu percebi em seu rosto que era um sinal de alerta, ela nunca havia se sentido assim durante a gravidez. Parecia desconfortável. Então a levei até o quarto e a deitei na cama de um jeito que pudesse se sentir melhor. Insisti para irmos ao hospital, mas ela não quis. Era teimosia em pessoa. Então trouxe a Dra. Holcomb para que pudesse analisá-la. Por fim, era só um alarme falso, estava tudo bem tanto com Elena quanto com a bebê.
Fiquei aliviado e um pouco constrangido, Elena sabia sim que isso poderia ser um sintoma normal, e eu estava me passando como o marido e o futuro pai frustrado e inexperiente, quando na verdade eu estava apenas preocupado com o bem estar dela. No fundo ela devia até achar graça disso tudo. Elena era forte, sabia cuidar de si mesma. Mas tudo o que envolvia a sua vida como um todo acabava ativando o meu instinto protetor. Eu me sentia na obrigação de cuidar dela, como se precisasse protegê-la de qualquer coisa a qualquer instante, talvez fosse um exagero.
A doutora foi embora e Elena adormeceu depois de ter comido uma pequena quantidade da refeição leve que eu havia preparado. Eu me deitei ao lado dela e fiquei observando o seu rosto enquanto dormia, logo acabei pegando no nosso também. Na manhã seguinte eu acordei com ela me chamando, dizendo que eu estava atrasado para o trabalho. Eu não tinha feito nenhum plano de ir trabalhar, queria passar o dia inteiro com ela para garantir que ficasse bem. Mas ela me garantiu que nada ficaria fora do controle e ao olhar em seu rosto eu constatei que ela já tinha uma aparência melhor, parecia ter melhorado do mal estar da noite anterior.
Então eu me levantei e saí rapidamente em direção ao banheiro, estava mais do que atrasado, ainda mais para aquela bendita reunião com os acionistas da empresa. Enquanto ligava o chuveiro me questionei se havia mesmo revisado todos os arquivos que seriam apresentados na reunião, nada poderia dar errado, senão eu seria um homem sem emprego. Elena tinha razão, eu não poderia faltar a esse dia tão importante.
Saí do banheiro embrulhado na toalha e fui à procura do meu traje social, Elena me olhava de um jeito tão intenso enquanto eu vestia a roupa que me fazia estremecer. Devia estar pensando em coisas não tão puras, pena que o dever me chamava. Fui para a cozinha e tomei o café da manhã tão rápido que quase cheguei a me engasgar, olhei para o relógio, precisava estar lá em dez minutos. Elena endireitou minha gravata enquanto eu pegava minha maleta, ela me prometeu que avisaria se acontecesse alguma coisa. Então eu concordei e me despedi com um beijo e um "Eu te amo!". Eu esperava que ela realmente ficasse bem.
Liguei o carro e parti imediatamente em direção a empresa, tinha poucos minutos para chegar e esperava que o trânsito me ajudasse. Pisei fundo no acelerador e por sorte não tinha nenhum congestionamento. Entrei no estacionamento e estacionei o carro, desci e passei correndo pela recepção.
- Bom dia, Dean! - o pomposo segurança que ficava na porta me cumprimentou.
- Bom dia. - eu disse, passando por ele mais rápido do que o flash.
- Que isso, quanta pressa. Parece até que está atrasado. - disse ele.
- E eu estou! - eu disse, já entrando no elevador.
- Boa sorte. - ele me desejou, e eu agradeci antes que a porta fechasse.
Eu vou precisar.
O elevador abriu e eu saí rapidamente rumo a sala de reuniões, no meio do caminho encontrei com o Sr. Beckham, que veio feito uma fera em minha direção.
- Bom dia, senhor. - eu disse, tentando amenizar a bronca que viria a seguir.
- Dean! Mas que droga, você está atrasado! Onde você estava? Os acionistas e os investidores já estão todos aqui aguardando a reunião começar e você não aparece. Eles estão sem paciência assim como eu, estavam quase indo embora. - ele soltou um turbilhão de palavras em cima de mim.
- Calma! Houve um imprevisto... - tentei explicar.
- Me poupe das suas desculpas. - ele disse, com toda a sua arrogância. - Trouxe o relatório da proposta do projeto?
- Sim, está aqui, todo revisado.
Entreguei a pasta com todas as folhas em suas mãos, ele desfolhou as páginas e me devolveu.
- Ótimo. - disse ele. - Quero uma apresentação sem erros, entendeu? O seu emprego e o futuro desta empresa estão nas suas mãos. Vamos.
Eu concordei.
Ele me deu as costas e foi andando em minha frente, enquanto eu o seguia. Ele entrou na sala e fez um sinal para que eu entrasse também, antes disso eu respirei fundo e então adentrei o cômodo, fechando a porta em seguida.
- Bom dia a todos! - eu disse, parando sobre a enorme mesa onde estavam sentados os vários acionistas, cada um com sua devida expressão de seriedade. - Meu nome é Dean Winchester, e hoje eu vou apresentar a vocês o nosso mais novo projeto.
- Ora, já não era sem tempo, Sr. Winchester. - um dos acionistas disse. - Espero que seja um projeto que realmente valha a pena por ternos feito esperar tanto.
O Sr. Jones era um homem um pouco mais velho e de um ar muito respeitoso, quase nunca aparecia na empresa, só algumas vezes para assinar alguns papéis e depois ia embora. O seu terno caro e a sua expressão de seriedade transpareciam que ele era um homem de negócios. Todos ali eram grandes investidores e não tinham medo de investirem milhões em ações e projetos desde que valesse a pena para eles, eles realmente arriscavam qualquer quantia quando tinham a certeza de que o lucro que eles receberiam seria maior do que o investido.
- Com certeza, senhor. - eu disse. - O seu tempo e o dos demais não será perdido após ouvirem a nossa proposta.
Ele concordou com um olhar um pouco duvidoso.
Depois que eu coloquei na mesa tudo o que eu precisava eu abri a pasta e retirei dela todas as falhas. Em cada uma havia uma análise do projeto. Então distribui uma folha para cada um que estava presente.
- Isso que vocês estão lendo é uma análise do nosso novo projeto urbano. - comecei a explicação. - O projeto tem a ideia de transformar toda a área isolada da cidade que vem sendo cada vez mais poluída em uma área totalmente revitalizada, uma nova fonte de comércio e lazer.
- Um shopping? É isso que você quer dizer? - um dos acionistas perguntou.
Eu olhei para ele, pensando em minha resposta.
- Não um shopping qualquer, mas um dos maiores centros comerciais a nível nacional.
Peguei o controle que estava em cima da mesa e apertei um dos botões ligando o telão, e transmitindo assim a imagem do planejamento do edifício.
- Uau! - um dos outros investidores comentou. - É realmente enorme.
- Sim, como eu disse, será um dos maiores a nível nacional. O edifício foi planejado pela a nossa equipe de profissionais arquitetos, o desenho que vocês podem ver apresenta todos os parâmetros e medidas, e reproduz fielmente o projeto que será construído. - gesticulei.
Todos eles analisaram detalhadamente a imagem do edifício, pareciam de certa forma impressionados, menos o Sr. Jones que mantinha a sua expressão neutra. Se ele também estivesse impressionado era muito bom em disfarçar.
- Bom, imagino que um edifício como este precisará de uma grande área para ser construído. - uma das mulheres que estava presente ressaltou, também era uma grande investidora que gostava de investir em ações sobre o meio ambiente. - Como este projeto afetará o meio ambiente? Alguma área será devastada? - perguntou.
Eu pensei por um instante, lembrando de todo o estudo que eu havia feito. Realmente o meio ambiente era uma questão muito séria e a nossa empresa zelava por ele, então mantive a seriedade em minha fala, a fim de convencer os investidores de que ele não seria prejudicado.
- Não, o projeto inclui algumas mudanças na área florestal, mas nenhuma parte da floresta precisará ser devastada. - respondi. - A área em que o edifício pretende ser construído está sendo muito poluída, e os produtos e composto que estão sendo descartados neste local estão trazendo grande risco para toda a vegetação, inclusive para um grande córrego que corta a floresta. Se esses componentes ficarem por mais tempo naquele local irão contaminar totalmente os rios e isso trará um grande risco para a população, principalmente o risco de doenças. Inclusive porque aquele córrego faz parte do canal para o abastecimento de água da cidade. A boa notícia é que o nosso projeto tem a capacidade total de reverter esta situação.
Todos voltaram seus olhares para mim, parecia que finalmente eu havia despertado a atenção dos acionistas a respeito do assunto. Alguns ainda tinham uma expressão de dúvida, como se estivessem levando com pouca importância o nosso grande plano para ajudar o meio ambiente. Porém, outros estavam realmente interessados no assunto. Sr. Jones se ajeitou na cadeira e levou a mão até seu queixo, parecia estar pensativo. Ele estava sentado no centro da mesa, o que indicava que ele era o líder de todos os acionistas. Isso significa que a decisão final era dele, então é dele que eu precisaria chamar a atenção.
- E qual é a solução que vocês sugerem? - a mulher perguntou.
- Bom, um estudo que foi realizado pela nossa equipe levantou alguns fatores que influenciam no processo de recuperação do solo contaminado. Tudo depende do tipo da contaminação, do tamanho da área, da quantidade da contaminação e do tipo do solo. Existem diversos métodos para descontaminar o solo, os mais conhecidos são a biorremediação e fitorremediação, mas existem diversas outras técnicas sofisticadas que podem ser utilizadas. A contaminação não está tão avançada e o solo é de um tipo muito fácil de se trabalhar, o único fator um pouco mais complicado é o tamanho da área que talvez leve um pouco mais de tempo. Mas se começarmos o mais rápido possível, logo iremos recuperar todo o solo antes dos componentes chegarem até o córrego.
Houve então alguns burburinhos dos investidores, que pareciam discutirem entre si sobre a ideia.
- Parece uma boa ideia, muitos outros grupos de ambientalistas utilizam destes mesmos métodos para descontaminar o solo, e parece ser muito eficaz. O que você acha, Sr. Jones? - um outro homem de aparência mais jovem perguntou ao grande investidor.
Ele olhou diretamente para mim e respondeu:
- Sim, contra isso não podemos discordar. Mas, e quanto a economia? O esperado é que um projeto desses aumente a economia do estado.
- Com toda certeza, o shopping contará com mais de 400 lojas, será uma nova fonte de emprego para a população. Isso certamente aumentará a economia e fará com que o dinheiro circule mais rápido pelo estado.
- Dados, eu preciso de dados. - Sr. Jones repetiu impacientemente.
Eu suspirei.
- Ok. - eu disse.
Com o controle eu mudei o slide, apresentando um gráfico.
- Este gráfico apresenta os valores de lucro anual, se é isso que o senhor quer saber. - fui curto e direto. - O estudo revela que em um ano o lucro será 49% maior que o comparado ao ano passado em outro projeto que o senhor investiu. Isso é um valor muito significativo.
Ele se manteve em silêncio. O Sr. Beckham me olhou com exigência, ele queria que eu fizesse o Sr. Jones aceitar a proposta. Eu respondi com um olhar discreto, com o significado de que eu sabia o que estava fazendo.
- Quanto precisará ser investido para a construção deste edifício? - a economista que estava presente perguntou.
- Com todo o processo ambiental de revitalização do solo, a mão de obra, a matéria prima e alguns outros recursos. O investimento necessário será de US $ 115 milhões de dólares.
Houve então um silêncio.
- A proposta é a seguinte: 45% de todo o lucro gerado a partir da inauguração será destinado a vocês, os outros 45% ficam com a gente e os 5% que restarem vão para o estado. Além de que cada um terá uma porcentagem de ações e sociedade. O lucro anual será duas vezes maior do que o investido, isso é fato. É pegar ou largar. - eu disse.
Eu encerrei a proposta e encarei diretamente o Sr. Jones.
- Senhor, o que você acha? - voltou a perguntar o jovem rapaz para o investidor, ele parecia ser uma espécie de conselheiro. - É uma ótima proposta, o que são alguns milhões para o senhor, aliás. Ora, já investimos por menos. Pense, se nós não aceitarmos outros acabaram aceitando.
- Calado, Flynn. - ele respondeu. - Nos dê alguns minutos, Sr. Winchester.
- Claro. - eu respondi, enfim me sentando na mesa.
Alguns instantes se passaram de burburinhos e cochichos que não podiam ser muito bem entendidos, até que o Sr. Jones se virou para mim.
- Certo, nós aceitamos a proposta. - disse ele.
Um sorriso de canto surgiu em meu rosto, era um sorriso vitorioso.
- Ótimo! - eu disse. - Só preciso então que o senhor assine alguns documentos.
Ele se levantou de onde estava sentado com a sua maleta e veio até mim. Retirou de dentro de seu bolso uma caneta que parecia valer dez vezes mais do que o meu salário, e então ele assinou os papéis.
- Aqui está. - eu disse. - Uma cópia do contrato fica conosco e a outra com o senhor.
Ele abriu sua maleta e guardou os papéis dentro dela, depois pegou seu talão de cheques e assinou uma das folhas com o valor que havíamos combinado, em seguida entregando o cheque em minhas mãos.
- Foi um prazer fazer negócio com os senhores! - ele disse com um sorriso um tanto quanto enigmático, apertando a minha mão.
Em seguida ele apertou a mão do Sr. Beckham e então ele e os outros se despediram e foram embora.
Finalmente pude respirar melhor depois de tanta pressão, o que foi tudo isso? Não acreditava que havia conseguido. Então entreguei o cheque nas mãos do Sr. Beckham e guardei os papéis em minha maleta, mas antes que eu saísse da sala ele me chamou.
- Dean... parabéns, você fez um ótimo trabalho. - ele apertou minha mão. - Se continuar assim logo logo vai subir lá para cima.
Eu não podia acreditar que estava ouvindo isso logo dele, o ser mais arrogante de toda a empresa.
- Muito obrigado. - eu respondi, ainda um pouco confuso.
Subir para cima, era o que eu mais queria. Só os mais importantes trabalhavam nos andares de cima.
- Certo, agora volte ao trabalho. - ele disse.
Eu concordei e saí da sala de reuniões, indo para a minha sala. Sim, agora eu tinha uma sala só minha, estava evoluindo. O resto do dia no trabalho foi tranquilo, apenas revisando relatórios e digitando no computador. Fazia frio e uma vez ou outra eu saia da sala para tomar um café. Pela janela do meu escritório eu observava o trânsito lento que se fazia naquela tarde, não via a hora de chegar em casa e contar a Elena o quanto eu havia ido bem naquela reunião.
Já era noite quando saí do trabalho, passei em frente a uma padaria e me lembrei de que Elena havia ficado com vontade de comer um pedaço de bolo, então estacionei. Adentrei o comércio e pedi para que a moça do balcão cortasse um pedaço do bolo, enquanto isso retirei meu celular do bolso e enviei um áudio para Elena:
- Oi, amor! Como você está? Eu já estou chegando, não vejo a hora de te dar um abraço. Aproveitei para passar naquela padaria que nós vimos quando fomos ao centro da cidade para comprar as coisas da bebê, estou levando aquele pedaço de bolo que você ficou com vontade. Eu não demoro a chegar, está bem? Eu te amo! - e então desliguei o celular.
- Assim está bom? - a moça perguntou.
Eu analisei o pedaço.
- Pode cortar um pouco maior. Não, corte dois pedaços.
Ela concordou e logo em seguida eu já estava indo embora, desta vez sem nenhuma parada no meio do caminho. Cheguei em casa e estacionei o carro na frente, desci com a bandeja na mão e subi os degraus da varanda. Abri a porta e entrei, o silêncio da casa me invadiu.
- Elena! Cheguei. - eu disse.
Joguei as chaves em cima da mesa e retirei o meu paletó.
- Você está aí em cima? - perguntei, mas ela nada respondeu.
Deve estar na cozinha.
- Você não vai acreditar no que aconteceu hoje no trabalho... - eu disse, caminhando até a cozinha, mas quando adentrei o cômodo ela também não estava.
Coloquei a bandeja com o bolo em cima da mesa e voltei para a sala, isto estava muito estranho.
- Elena? - chamei novamente.
Subi as escadas rapidamente e fui até o quarto, a cama estava revirada e ela não estava lá. Fui para o quarto da bebê, depois até o banheiro, desci e procurei na garagem. Ela não estava em canto nenhum. Peguei meu celular para ligar para ela, esperei alguns segundos até que ouvi um toque de telefone. O som vinha da cozinha, então rapidamente voltei ao cômodo. Procurei de onde vinha o som e quando me aproximei da porta dos fundos, observei o celular dela caído no chão.
Eu desliguei a ligação e me abaixei, pegando o celular do chão, estava com a tela quebrada. O que havia acontecido aqui? Onde Elena estava? Isso estava me deixando preocupado. Guardei o celular dela no meu bolso e novamente peguei o meu, discando o número de Valentina.
- Dean? Tudo bem? - ela perguntou quando atendeu a ligação.
- Valentina, onde está a Elena? Posso falar com ela? - perguntei.
- Ela não está aí com você? - ela perguntou. - Aqui ela não está.
Ah, meu Deus. Já estava ficando desesperado.
- Não, eu acabei de chegar e não encontro ela em canto nenhum. - eu respondi.
- Que estranho, não imagino para onde ela possa ter ido a essa hora da noite. Aqui ela não veio, eu fiquei com ela a tarde toda e depois fui embora. Depois disso ela não me enviou nenhuma mensagem e nem apareceu aqui em casa.
- Sim, é muito estranho.
Ela fez silêncio do outro lado da linha.
- Vou continuar procurando... - eu não sabia mais o que continuar falando.
- Você já tentou ligar para o celular dela? - ela perguntou.
Eu não respondi, não queria preocupá-la.
- Dean? Dean? Você ainda está aí? - ela perguntou. - Me diz que você tentou, por favor?
- Calma, Valentina. - eu disse. - Eu vou olhar as imagens na câmera de segurança, continua na linha.
- Câmera de segurança, mas... - ela ainda parecia confusa. - Tudo bem, eu não vou sair daqui.
- Ótimo. - eu disse.
Me sentei colocando o celular em cima da mesa e ligando o notebook que estava em cima dela. Acessei as imagens e fui acelerando a gravação até chegar no horário aproximado.
- O que você está vendo, Dean? - Valentina perguntou.
- Elena acompanhou você até a porta e as duas saíram. - fui narrando as imagens que via.
Então depois de mais alguns minutos fiquei em silêncio, desacreditado com a imagem que via.
- Dean? Porque ficou em silêncio?
Um homem todo de preto apareceu, subiu as escadas da varanda e entrou pela porta da frente. Meu coração já estava acelerado, temendo as próximas cenas. Dois minutos depois, Elena retornou, abriu a porta e entrou. Ficou parada por alguns instantes no corredor e depois seguiu para a cozinha. Nas gravações da cozinha, o homem remexeu nas gavetas e depois saiu da cozinha e se escondeu em uma das portas do outro corredor, ele estava fazendo barulho para atraí-la.
- Não! - eu disse, meus olhos estavam lacrimejando.
- Dean?
Ela estava indo em direção a ele.
Ela parou sobre a parede e esperou um tempo antes de entrar na cozinha, quando entrou viu que não havia ninguém. Caminhou até a porta dos fundos e a trancou, neste momento o homem retornou para a cozinha e quando ela se virou deu de cara com ele.
- Ah, meu Deus! - enxuguei uma lágrima do meu rosto.
Elena se assustou e derrubou o celular no chão. Ela foi caminhando para trás, o homem então retirou seu capuz e depois a máscara. Mas não dava para ver o seu rosto, o desgraçado estava de costas para a câmera.
- Dean, continua me contando o que você está vendo. - Valentina insistia.
Eu não tinha forças...
Elena se virou para sair correndo, mas o homem a agarrou e com um pano cobriu o seu nariz. Ela se debateu mas foi ficando sonolenta e desmaiou, ele a deitou no chão.
- Elena! Não! - eu gritei, deixando que as lágrimas rolassem.
- Dean... me diz o que você está vendo. Por favor, me diga! Você está chorando, porque está chorando? Não me assusta, o que aconteceu com Elena? Me responde! - ela choramingou do outro lado da linha.
O homem se levantou e dessa vez a câmera focou em seu rosto, era ele.
- Valentina... - minha voz era firme. - Acho melhor você vir até aqui...
Pausei a gravação e aproximei as imagens, identificando o rosto desprezível.
Era ele...
- Agora! - exclamei.
- Tudo bem, eu estou a caminho! - ela desligou.
Era ele, Eldon Styne.
Continua...
_________________________________________
Notas da autora:
Olá, meus amores! Tudo bem com vocês? Espero que sim. Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela demora para publicar o capítulo. Eu estava tendo alguns bloqueios de inspiração, e também às vezes não sobrava muito tempo para escrever, por conta do meu curso e do trabalho. Por esse motivo, eu peço desculpas.
Estamos na reta final da história, e por isso resolvi fazer algumas mudanças. O próximo capítulo não vai ser a parte 2 deste capítulo, e sim o capítulo 34. Então só restam apenas 2 capítulos para o final da história. Espero que esta informação não tenha ficado muito confusa. Qualquer dúvida vocês podem entrar em contato.
Mas então, o que vocês acharam deste capítulo? A opinião de vocês é muito importante. Ainda não tenho uma data prevista para a publicação do próximo capítulo, não posso prometer uma data específica e fazer com que vocês esperem em vão.
Só espero que vocês continuem acompanhando o desenvolvimento da história, é um prazer imenso para mim que vocês sejam os meus leitores. Por último, não esqueçam de votar e comentar neste capítulo. O voto de vocês é muito importante, e os comentários me deixam muito mais inspirada. Então até a próxima, um beijo!
Até o próximo capítulo!
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