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Capítulo 32: Quem é você?

     Fui acordando lentamente e quando a minha visão ficou nítida eu percebi que ainda estava deitada sobre os braços de Dean, assim como quando pegamos no sono. Olhei para o seu rosto e constatei que ele ainda dormia, era tão fofo observá-lo dormindo. Passei a mão suavemente pelo seu rosto e me lembrei de tudo o que havíamos vivido na noite anterior, do quanto ele foi carinhoso e cuidadoso comigo. Ele sentiu o meu toque e começou a acordar, abrindo os olhos lentamente. Olhou para mim e sorriu, ainda com um olhar marejado.
     - Bom dia. - ele me disse, com a voz rouca de quem acaba de acordar.
     - Dormiu bem? - perguntei.
     Ele se virou para mim e ficou me encarando por alguns segundos.
     - Muito bem. - ele respondeu e eu sorri.
     Me deu um beijo e então puxamos o lençol e ficamos deitados mais um pouco, até criarmos coragem para levantar da cama que estava tão confortável. Ainda era cedo e tínhamos muito o que aproveitar antes da nossa viagem, então decidimos iniciar logo o nosso dia. Fomos para o banheiro e tomamos um longo e relaxante banho juntos, não preciso nem dizer que foi incrível. Em seguida recebemos o nosso café da manhã no quarto, que por sinal estava delicioso. Depois, passeamos pelo hotel e fomos para a piscina. O dia havia amanhecido muito bem, e o clima estava perfeito para aproveitar um banho de sol.
     Após curtimos um pouco na banheira de hidromassagem, era hora de encerrarmos nossa estadia no hotel e partirmos para Miami. Então Dean e eu começamos a nos arrumar e após estarmos prontos pegamos as nossas malas e partimos para o aeroporto. Dean dirigia enquanto eu desbloqueava a tela do meu celular. Apesar da nossa festa ter acabado, as pessoas ainda estavam maravilhadas com o que havia sido a noite de ontem, e eu não vencia responder tantas mensagens que estavam chegando. Mas deixei o celular de lado e voltei para o momento em que estávamos, o foco era aproveitar a nossa viagem.
     O trajeto até o aeroporto foi rápido e divertido. Dean, sempre com o seu jeito alegre e bem humorado, conseguia arrancar sorrisos do meu rosto. Deixamos o carro no estacionamento e fomos até o setor de embarque, mostramos os nossos passaportes e embarcamos no avião. Fomos até às nossas poltronas que eram uma ao lado da outra e guardamos as nossas malas. Alguns minutos depois escutamos a voz do piloto, que dizia que o avião estava prestes a decolar. Dean olhou para mim com uma cara assustada e segurou firme a minha mão. Ele nunca havia viajado de avião antes, pois morria de medo. Eu olhei para ele e dei risada do seu nervosismo, o mesmo ficou sério e disse que não tinha graça nenhuma.
     Então o avião saiu do chão e cada vez mais Dean apertava a minha mão, eu senti um leve frio na barriga, mas nada além disso. Já Dean estava com os olhos fechados e respirava ofegante.
     - Ei? - eu chamei a sua atenção. - Calma, vai dar tudo certo. Você prometeu que iria superar esse medo.
     - Eu sei o que eu prometi. - ele olhou para mim. - Mas não é tão fácil assim na prática. Eu devia ter escolhido uma viagem que não precisasse de um avião.
     Eu soltei mais uma risada.
     - Nada disso. - eu disse. - Agora feche os olhos de novo e respire fundo. - eu mandei enquanto segurava as mãos dele. - Você vai perceber que o avião vai se estabilizando lentamente e tudo vai voltando ao normal, como se ainda estivéssemos no chão.
     Ele concordou e fez o que eu pedi, respirou fundo e quando abriu os olhos o avião já tinha se estabilizado.
     - Viu só? - perguntei.
     Ele sorriu aliviado e me agradeceu por ajudá-lo. Os minutos foram se passando e Dean acabou pegando no sono. A viagem de Michigan até Miami não era muito longa, mas mesmo assim, viajar de avião dava uma leve sensação de cansaço e de sono. Eu olhei pela pequena janela e contemplei a linda paisagem, o avião passava por entre as nuvens e foi uma experiência maravilhosa. Sempre quis viajar para Miami e conhecer os pontos turísticos, as paisagens e a história local. Para mim foi uma surpresa ele ter escolhido essa viagem, não só pelo destino, mas também pelo fato do meio de locomoção.
     Não pude deixar de achar engraçado o seu desespero na hora da decolagem, mas o melhor de tudo foi que ele conseguiu superar o seu medo de avião. Fui sentindo os meus olhos cansados e acabei dormindo também. Algum tempo depois, acordei com Dean me cutucando e avisando que havíamos chegado. Olhei pela janela do avião e constatei que o mesmo havia pousado no aeroporto de Miami. Realmente, dormir durante o voo trazia a sensação de que o percurso havia sido realizado em menos tempo. Então pegamos as nossas malas e desembarcamos.
      Já era tarde e estava quase anoitecendo, então pegamos um táxi e fomos até um hotel, onde ficaríamos hospedados a semana inteira. Deixamos nossas coisas no quarto e fomos até um restaurante. Jantamos e depois retornamos para o hotel, estávamos exaustos e então nos jogamos na cama e pegamos no sono. Amanhã seria um dia muito especial, então tínhamos que recarregar nossas energias.

[...]

     Nossa viagem de lua de mel foi maravilhosa, aproveitamos nossa semana incansavelmente. No primeiro dia conhecemos o grande museu de história e arte de Miami, e descobrimos um pouco mais sobre a história da cidade e de seus fundadores. No segundo, fomos a alguns restaurantes e provamos as delícias culinárias da cidade. O terceiro dia foi o mais divertido, passeamos na praia e andamos de barco. E assim nossa viagem foi chegando ao fim, mesmo que tenhamos passado apenas uma semana em Miami, vou sentir saudade da cidade que sempre sonhei em conhecer.
     Mas agora era a hora de voltarmos para a nossa cidade e darmos início a nossa vida de casados. Também estava morrendo de saudade da minha família, da mamãe, do Jared e de visitar o papai. Não via a hora de chegar em Detroit para poder fazer tudo isso. Então pegamos o avião de volta para casa, prometendo retornar à cidade assim que possível. A viagem de volta pareceu mais rápida do que a de ida, mas mesmo assim, chegamos no aeroporto do mesmo jeito em que chegamos em Miami, um pouco cansados. Ao chegarmos em casa fomos recebidos com um delicioso jantar de boas vindas que a minha mãe havia preparado, e então eu me lembrei de que havia deixado uma cópia da chave com ela, para que ela cuidasse da casa enquanto estivéssemos fora.
     Agradeci imensamente e não me cansei de abraçá-la, jantamos e então Jared e ela foram embora. Precisava de um banho, então ignorei a pia cheia de louças e fui direto para o banheiro. Dean arrumou tudo e depois deu um jeitinho de entrar no chuveiro comigo. Passei as mãos pelos seus ombros largos e suspirei, eu amei o seu corpo desde a primeira vez que o toquei. Ele era o tipo de garoto que fazia qualquer garota ter ideias safadas. Acho que demoramos bastante em baixo do chuveiro.
     Quando saímos, fomos direto para a cama e inevitavelmente acabamos dormindo. O dia havia sido uma correria por conta da viagem, então tudo o que precisávamos era de um descanso. Eu me virei para abraçar Dean e fechei os olhos, acabei dormindo mais rápido do que imaginava. No dia seguinte eu acordei muito disposta, a luz do sol batia na janela e os passarinhos cantavam, então fui logo abrindo as cortinas. Dean ainda dormia como um bebê, parecia que nem havia notado que o quarto já estava claro demais. Não quis acordá-lo, então fui até o banheiro e escovei os dentes e fiz o resto da minha higiene matinal. Retornei ao quarto e cuidadosamente procurei alguma roupa fresca no guarda roupas.
     Encontrei um vestido azul de um tecido muito leve, ótimo para o calor que estava fazendo. O vesti e fui até a cozinha, pensei no que preparar para o café da manhã e então me lembrei de que Dean adorava bacon com ovos, e de que havia uma grande torta de maçã na geladeira. Enquanto os ovos e o bacon fritavam eu fui preparar o café, em seguida tirei a torta da geladeira e a coloquei sobre a mesa. Voltei ao fogão e enquanto mexia os ovos senti uma respiração em meu ouvido e olhei para trás. Dean havia acordado e estava com o cabelo todo amassado.
     - Bom dia, dorminhoco! - eu disse.
     Ele me abraçou pela cintura e me deu um beijo de bom dia, ainda estava com uma carinha de sono. Retirei os ovos e o bacon da frigideira e os coloquei em cima da mesa.
     - Hum, pelo jeito você acordou animada hoje. Preparou até bacon com ovos. - ele comentou.
     Eu sorri, realmente estava muito motivada hoje.
     - Fiz porque sei que você gosta. - eu respondi.
     - Eu senti o cheirinho lá do quarto e me despertei na hora. - ele falou de um jeito engraçado e me fez dar risada.
     Eu terminei de pôr a mesa e então nos sentamos.
     - Bom, espero que goste.
     Ele encheu sua caneca com café e elogiou a comida assim que deu a primeira garfada. Repetiu umas duas vezes e disse que poderia comer bacon com ovos todas as manhãs. Depois que terminamos o café da manhã, Dean foi direto para o banheiro e fez sua higiene matinal enquanto eu arrumava a mesa. Ele retornou vestindo uma de suas camisas de flanela, com o cabelo não mais bagunçado. Ele passou a mão em seu telefone e começou com as ligações de trabalho, tinha apenas mais um dia para ficar em casa. Então eu fui para o quarto e retornei carregando caixas enormes de presentes. Ainda tinha que arrumar todas as coisas que havíamos ganhado no dia do casamento, e guardar nos respectivos lugares. Me sentei no sofá e comecei a abrir as caixas, enquanto isso, Dean alternava do celular para o notebook.
     Os presentes me deixaram contente, eram muito especiais, realmente parte de mim estava animada por causa deles. Ganhamos coisas que teriam muita utilidade, eram tantas coisas que eu mal sabia onde guardar. Enquanto eu organizava os presentes em cima do sofá, escutei que a campainha tocou. Dean e eu nos entreolhamos e ele levantou para abrir a porta.
     - Policial? Posso ajudar? - Dean perguntou com um tom um pouco questionador quando abriu a porta.
     De onde eu estava sentada não dava para reconhecer muito bem a pessoa, então instintivamente me levantei e fui até a porta, para matar a curiosidade e descobrir quem era. Quando parei sobre a porta e olhei para o homem que estava a minha frente, constatei que era o mesmo policial que havia atendido a ocorrência no dia da invasão. Dessa vez ele estava vestido com uma roupa casual e não com o seu uniforme de policial, ele retirou de seu bolso um distintivo e havia o nome Bruce escrito nele. Então me lembrei que por causa da tensão eu nem havia perguntado o seu nome no dia do acontecido.
     - Olá. - ele respondeu. - Eu vim oficialmente, posso entrar?
     - Claro. - Dean respondeu.
     Eu me perguntava qual era o motivo da sua visita, será que ele tem alguma informação sobre a invasão?
     Direcionamos o policial até o sofá, ele pediu licença e se sentou.
     - Fique à vontade. - eu disse. - O senhor aceita uma água, um café...
     O policial exitou por um momento mas aceitou.
      - Eu aceito um café.
     Eu concordei e fui até a cozinha, enquanto Dean conversava com ele na sala. Voltei segurando uma bandeja com as xícaras e a coloquei sobre a mesa de centro. Até então um silêncio se formou na sala, se não fosse pelo som das xícaras sendo preenchidas pelo café. Depois eu entreguei a xícara para o policial e me sentei em sua frente, no mesmo sofá em que Dean estava. Pegamos nossas xícaras também e voltamos a encarar o policial.
     - Então, qual é o motivo da sua visita? - eu perguntei indo direto ao ponto, mas de uma maneira educada.
     Ele deu um gole no café e se pronunciou:
     - Eu vim até aqui porque o departamento conseguiu descobrir algumas informações sobre a invasão.
     Eu senti um pontinho de felicidade e fiquei ansiosa para saber o que eles haviam descoberto.
     - Isso é muito bom. - eu disse. - Vocês conseguiram descobrir quem era aquela pessoa? - perguntei na esperança de que sim.
     O barulho de quando o policial colocou a xícara de volta no pires e a sua expressão de negação constaram que não.
     - Infelizmente não. - ele respondeu. - O suspeito continua sem deixar nenhum rastro.
     Eu balancei a cabeça um pouco decepcionada.
     - Mas as informações que obtivemos são bem relevantes para entendermos como ocorreu o crime naquela noite.
     - Que bom, precisamos entender como tudo aconteceu. - Dean disse.
     O policial concordou.
     - Bom, eu vou direto ao ponto. - ele disse. - O resultado da análise da substância no vestido já ficou pronto.
     Senti uma sensação de nervosismo e esfreguei minhas mãos.
     - E o que fala nesse resultado? - Dean perguntou.
     O policial raspou a garganta.
     - Primeiro vocês precisam ficar cientes de outro fato importante que aconteceu. - o policial disse. - Um dia antes da invasão acontecer, recebemos uma denúncia na delegacia de que uma fazenda, fornecedora de alimentos para o mercado agrícola da cidade, foi invadida.
     - E qual a relação disso com o nosso caso? - perguntei.
     Ele engoliu em seco e continuou:
     - O dono da fazenda relatou que algumas coisas estranhas aconteceram naquela noite. Ele ouviu barulhos estranhos e seus animais estavam mais agitados do que o habitual. Já era de madrugada e ele acordou com um grito estridente vindo de trás de sua casa, pensou que poderia ter alguma cobra tentando atacar os seus animais, ou algum ladrão de galinhas. - o policial pausou, mas logo continuou. - Então ele pegou sua espingarda e uma lanterna e foi até os fundos da casa, onde havia um pequeno celeiro. O barulho vinha de lá e era muito alto, e quando ele se aproximou conseguiu reconhecer o som, era o som de um de seus porcos. - Bruce fez uma expressão de desagrado e repulsa. - O mesmo barulho que eles fazem quando vão para o matadouro, o animal gritava demais e era desesperador. Mesmo com receio, o fazendeiro abriu rapidamente a porta do celeiro e adentrou o local segurando a espingarda em uma mão e a lanterna em outra. Ele foi caminhando com cuidado, pois o celeiro estava muito escuro e mesmo com a lanterna a visão ainda era difícil. Mais nenhum barulho podia ser ouvido, e quando ele mirou a luz para cima ficou horrorizado com a cena que presenciou. Um de seus porcos estava pendurado pelos pés e não gritava mais, estava morto e sua cabeça estava caída sobre o chão. Mal acreditando no que via, o fazendeiro soltou um grito de espanto, observando as gotas de sangue do animal caindo sobre as palhas espalhadas pelo chão. Atordoado, ele pensou ter visto um vulto passar em direção a porta dos fundos do celeiro. Sentiu um medo percorrendo por sua espinha e logo engatilhou a arma, pensando que poderia ter alguém ali. Escutou o barulho de algumas latas caindo no chão, alguém realmente estava ali e acabou tropeçando por causa da escuridão. Mas antes que o fazendeiro pudesse mirar sua lanterna para ver quem era, a pessoa havia sumido.
     Bruce terminou o relato do fazendeiro e me deixou sem palavras. Abri e fechei minha boca diversas vezes, sem saber o que dizer. Realmente essa situação parecia assustadora, fico imaginando como foi difícil para o fazendeiro ter que passar por tudo isso. Mas o pior de tudo era que uma pergunta me martelava a cabeça, por que esse relato me faz pensar que a mesma pessoa que invadiu a minha casa é a mesma que fez essa crueldade com o animal? Eu esperava que o policial me respondesse.
     - Uau. - Dean cortou o silêncio com sua legítima expressão de surpresa. - Imagino a tensão daquela noite.
     Acho que o relato não surpreendeu só a mim. Pensei.
     - Sim, o fazendeiro apareceu na manhã seguinte muito assustado na delegacia. Pediu que a polícia cuidasse do caso, pois não poderia deixar que os seus animais e até mesmo a sua família corressem perigo. - o policial disse.
     - Então... - eu parei por um instante, pensando em como formular minha pergunta. - Sr. Bruce, o que essa situação ocorrida na fazenda trás de novo para o nosso caso?
     O policial se virou para mim.
     - Bom, a relação é bem simples. - ele disse. - Os especialistas que analisaram a substância  no vestido, constataram que a substância era mesmo sangue. Mas o DNA era de origem animal e não humana. Então, juntando uma peça com a outra, eles decidiram colher algumas amostras do DNA do porco morto na fazenda e bingo, o DNA batia.
     - Eu não acredito! - coloquei as mãos sobre a boca, totalmente horrorizada. - Mas como isso é possível?!
     O policial balançou a cabeça concordando, como se entendesse o motivo da minha reação ter sido essa. Era um motivo óbvio, aliás, quem não ficaria espantado com uma situação dessas.
     - Então o senhor está dizendo que a pessoa que invadiu a fazenda é a mesma que invadiu a casa da Elena e apareceu no nosso casamento? - Dean perguntou com cara de quem já sabia.
     - Sim. - Bruce respondeu. - O homem invadiu a fazenda e matou o animal para conseguir o sangue, e pela quantidade de sangue no vestido ele provavelmente conseguiu um balde cheio. Depois, no dia seguinte, ele enviou o bilhete e vocês saíram de casa, ele entrou e então jogou o sangue no vestido.
     Eu estava incrédula com essa informação e me sentia nervosa, senti que as mãos de Dean passaram pela minha cintura e me puxaram para mais perto, para que eu me acalmasse.
     - Mas e o envelope do correio? - perguntei. - Vocês não conseguiram nenhuma pista de quem tenha enviado?
     O policial terminou o seu café e colocou a xícara de volta na bandeja, e me respondeu:
     - Sim, nós conseguimos informações. Fomos até os correios da cidade mas eles não acharam nenhum registro desse envelope. Procuramos em outros correios do estado, mas ainda assim, o envelope não estava registrado. Certamente quem enviou não precisou de correio, simplesmente deixou o envelope na sua caixa de correspondência pessoalmente. - ele fez uma pausa. - Mas... conseguimos descobrir quem comprou o cartão de presentes na loja.
     - E quem é? - perguntei, não aguentava mais tanto mistério.
     - Um rapaz chamado Ethan Forbes, 23 anos, ele é envolvido com drogas e faria qualquer coisa por uns trocados. Fomos até a loja e perguntamos quem havia comprado o cartão, a vendedora olhou nos registros de vendas e lá estava o nome dele. Conseguimos localizar o rapaz e o levamos para interrogatório, ele disse que estava na praça vendendo "mercadoria", se é que vocês me entendem. - o policial disse, se referindo às drogas. - Foi quando um homem se aproximou dele e pediu para que ele fosse até a loja e comprasse um cartão de presentes. No início o rapaz afirmou achar estranho, pois pensou que o homem queria comprar droga quando se aproximou dele, e não um cartão de presente. Mas como o homem havia oferecido uma boa grana, o rapaz não questionou nem o porquê de ele mesmo não ir até a loja e comprar, ao invés de mandar outra pessoa.
     - E esse Ethan sabe identificar quem o mandou? - Dean perguntou.
     O policial negou com a cabeça.
     - Infelizmente, não. Ethan disse que o homem estava com um capuz preto, e que era praticamente impossível ver o seu rosto. A única coisa que o rapaz afirma ter visto foram marcas de queimaduras em suas mãos.
     Eu estava confusa, não sabia o que dizer ou o que pensar sobre isso. Ideias e teorias formavam uma bola de neve em minha cabeça, e eu não conseguia chegar em nenhuma conclusão. Era inevitável pensar em como aquele homem conseguia viver assim, tão anonimamente. Quem ele era e o que ele pretendia eram uma incógnita. As pistas poderiam ajudar, mas mesmo assim, identificar o paradeiro de uma pessoa que não queria ser encontrada era como procurar uma agulha no palheiro. Ele poderia estar em qualquer lugar.
     - E o que nós fazemos agora? - perguntei. - Não me sinto segura nem em minha própria casa, a todo instante penso que estou correndo um perigo constante.
     - O que eu posso aconselhar é que vocês instalem câmeras de segurança e rastreadores nos telefones, enquanto ainda não encontramos esse criminoso, todo cuidado é pouco. Acionem a polícia em qualquer sinal de emergência, vamos fazer o possível para manter vocês em segurança.
     Eu concordei com a cabeça.
     - Muito obrigada.
     O policial sorriu e se levantou.
     - Bom, eu já vou indo.
     Dean e eu levantamos também e o acompanhamos até a porta.
     - Agradeço pela sua visita, policial. - Dean disse e se despediu de Bruce com um aperto de mão.
     Ele então se virou e foi embora e eu fechei a porta em seguida.
     - Por onde começamos?

[...]

     Alguns meses se passaram depois da visita do policial, mas a sensação estranha de insegurança não passou. Instalamos câmeras de segurança escondidas pela casa e rastreadores nos celulares, assim como o policial havia nos sugerido. Dean voltou a trabalhar e eu não conseguia ficar o dia inteiro sozinha naquela casa enorme, então ia para a casa da minha mãe, ou chamava as minhas amigas para ficarem comigo às vezes. Minha barriga já estava bem visível e eu sentia a sensação maravilhosa do bebê mexendo dentro de mim. Eu havia feito algumas ecografias, mas ainda não tinha conseguido descobrir o sexo do bebê. Quem sabe amanhã eu descubro, pensei.
     - Se for um menino vai se chamar Nick. - Dean disse, entusiasmado.
     Dean estava muito animado, há semanas estava à procura de nomes. Comprou um livro com mais de mil nomes para bebês e também realizava muitas pesquisas na internet.
     - Nick? Eu gosto de Nick. - concordei.
     Dean sorriu satisfeito e me abraçou.
     - Se for uma menina vai se chamar Liana. - eu disse.
     Ele ficou pensativo.
     - Liana... - repetiu. - Será a nossa pequena Lia.
     Eu sorri, imaginando o nosso pequeno bebê, se será uma menina ou um menino, isso não importa, o que importa é que ele será muito amado. Apaguei a luz do abajur e me aconcheguei próximo a Dean, ele me abraçou e eu me senti aquecida, senti o sono chegando e os meus olhos se fecharam lentamente, então adormeci. A noite passou rápido e quando eu menos esperava o dia já havia amanhecido. Levantamos rapidamente para nos arrumarmos, pois a consulta seria logo pela manhã. Entrei embaixo do chuveiro e tomei um banho rápido e quente, enquanto Dean ficou preparando o seu café da manhã. Saí e troquei de roupa, peguei minha bolsa e fui direto para a cozinha, mas não pude comer nada por conta do jejum necessário para o exame. Dean havia terminado de tomar seu café e foi se arrumar, depois retornou até mim.
     - Vamos. - disse ele.
     Ele pegou a chave do carro e em seguida passamos pela porta, trancamos a casa e fomos em direção ao carro. A clínica não ficava muito longe, e em alguns minutos havíamos chegado. Descemos e entramos no prédio, fui até o balcão e falei com o recepcionista, ele nos mandou aguardar por um instante até que a médica nos chamasse. Eu concordei e me sentei com Dean nas aconchegantes poltronas da recepção. Ficava encarando os ponteiros do relógio na parede e batendo os meus pés no chão, estava ansiosa. Dean segurou nas minhas mãos e me disse para ficar mais tranquila.
      A porta de um dos consultórios se abriu e de lá saiu um casal, a mulher parecia jovem e o homem também. Sua barriga estava enorme e o seu olhar era de pura felicidade. Isso me deixou mais contagiante e me fez pensar em como essa experiência estava sendo única em minha vida. Alguns minutos depois, a Dra. Holcomb saiu da mesma porta e veio até a recepção, segurando a sua prancheta nas mãos.
     - Elena Gilbert? - ela chamou.
     Eu me levantei e sorri, a doutora era muito gentil e com a sua expressão amigável, pediu para que nós a acompanhássemos. Dean entrou comigo no consultório e ficou ao meu lado o tempo todo.
     - Pode se deitar, Elena. - a médica disse e eu obedeci.
     Me deitei sobre a maca e fiquei na espera de que ela se aproximasse. Dean ficou ao meu lado, segurando em minha mão. Eu estava muito nervosa, porém feliz. A doutora veio até mim e se sentou em uma cadeira ao lado. Senti um arrepio quando ela levantou a minha blusa e espalhou aquele gel gelado pela minha barriga. Depois ela veio massageando a minha barriga levemente com um transdutor, emitindo ondas sonoras de alta frequência, enquanto eu observava as imagens em tempo real pela tela em minha frente.
     - Como o bebê está, doutora? - perguntei.
     - Está crescendo muito saudável. - ela respondeu. - Aqui estão os pezinhos. - ela apontou para a tela.
     Eu olhei com atenção, tentando identificar o que ela estava me mostrando. Dean sorriu ao ver como o nosso bebê estava se formando.
     - Olha só, agora está mais fácil de identificar o bebê.
     - É uma menina ou um menino? - Dean perguntou, ansioso.
     A médica nos olhou com um sorriso no rosto e um olhar de mistério. Senti meu coração batendo mais forte e apertei a mão de Dean.
     - Preparados? - ela perguntou.
     Eu assenti, quase nem conseguindo respirar.
     - É uma menina.
     Mal pude acreditar no que a doutora disse, meu bebê é uma menina! Sorri alegremente, revelando a minha imensa felicidade.
     - Não acredito, é uma menina! - Dean exclamou com alegria, tinha um sorriso enorme no rosto. - Parabéns, meu amor, é a nossa Lia!
     Ele se inclinou e me beijou, eu não conseguia mais esconder a minha expressão de felicidade. Queria sair contando para todo mundo a nova notícia.
     - Já podemos escutar o coraçãozinho dela batendo, vamos escutar? - Dra. Holcomb perguntou.
     Eu concordei sem pensar duas vezes. A médica passou um pouco mais de gel em minha barriga e veio com outro aparelho, chamado sonar doppler, parecia um microfone. Ela então conseguiu captar os batimentos cardíacos, e quando eu os escutei senti os meus olhos lacrimejarem e uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Deixei a emoção tomar conta, estava gerando uma vida dentro de mim. Isso era uma das coisas mais lindas e importantes, e só me fez pensar no quanto eu fui forte e resistente, minha bebê vai ser um símbolo de esperança.
     - A frequência cardíaca dela está ótima, a sua bebê está muito saudável.
     Eu estava muito feliz e emocionada.
     - Parabéns! - a médica disse, segurando em minha mão. - Vocês vão ser pais maravilhosos.
     Eu sorri e agradeci.
     Depois de alguns minutos dentro do consultório nós nos despedimos e fomos embora. Saí saltitando de alegria e Dean mal podia conter a felicidade. Fomos para casa e eu contei a notícia para toda a família, minha mãe ficou maravilhada e não via a hora de conhecer a sua netinha. No dia seguinte, Dean e eu fomos visitar o meu pai para contar a novidade a ele. Ele ficou muito feliz e emocionado, e desejou que a bebê viesse com muita saúde. Agora tínhamos outra missão: organizar o quarto da bebê.

[...]

     Algum tempo se passou até que organizássemos tudo, e a primeira coisa da lista era pintar o quarto da bebê. Vesti uma jardineira jeans por cima de uma camiseta branca e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo. Minha barriga estava tão grande que era difícil encontrar uma roupa que servisse. Saí do quarto e andei pelo corredor até chegar na porta do quarto da bebê. Me encostei sobre o caixilho da porta e observei Dean vestido com um macacão cinza de pintura, estava preparando o resto das tintas. O chão estava repleto de pedaços de jornais, e duas paredes já estavam pintadas. Ele pegou o rolo de pintura e colocou dentro da lata de tinta, se virou para pintar a próxima parede e então me viu parada sobre a porta.
     - Está fazendo um ótimo trabalho. - eu disse, adentrando o quarto. - Eu quero pintar também.
     Me aproximei dele para pegar o rolo de tinta mas ele ergueu o braço para que eu não alcançasse.
     - Opa. - ele disse, dando risada.
     Eu dei risada e fiz uma careta. Tentei pegar de novo e ele girou, se afastando de mim. Me aproximei de novo e ele abaixou o braço e encostou o rolo no meu nariz, formando uma bolinha de tinta na ponta. Eu sorri e então ele limpou o meu rosto com um paninho que estava dentro do seu bolso.
     - Você está linda com essa jardineira, é a grávida mais linda! - Dean me elogiou.
     Eu sorri, timidamente.
     - E você fica muito sexy vestido com esse macacão, todo sujo de tinta.
     Ele sorriu e se abaixou, passando a mão pela minha barriga.
     - E como está a nossa bebê hoje? - ele brincou, fazendo coceguinha.
     - Está doida para ver o quarto pronto. - eu disse.
     - Aqui. - ele disse e entregou o rolo em minhas mãos.
     Coloquei ele de novo dentro da lata de tinta de um tom claro de rosa e depois comecei a pintar a parede. É claro que eu não conseguiria pintar a parede inteira até em cima e nem me arriscaria em subir em uma escada, mas eu me sentia útil ajudando Dean a organizar o quarto. Certamente até o final do dia ele já estaria pronto. Dean limpou o chão do outro lado do quarto e se sentou sobre ele, pronto para começar a montar o berço. Sugeri ler o manual de instruções, mas ele disse que não precisava dele. Concordei e sorri, apenas esperando o momento em que ele se perderia na montagem e fosse procurar o manual. Terminei de pintar a última parede e depois Dean deu uma segunda mão. O berço já estava montado e posicionado no lugar certo.
     Então, enquanto eu organizava o berço com o colchão, as roupas de cama, mantas, travesseirinhos e alguns bichinhos de pelúcia, Dean montava o resto dos móveis. Ao lado do berço, colocamos uma linda cômoda branca, com um trocador em cima. Dean montou um pequeno guarda roupas, também branco, do outro lado da parede. Comecei a organizar dentro dele as roupinhas da bebê, separando as de frio, as de calor, os sapatinhos. Sobrou também um espaço para guardar as fraldas e outros produtos de higiene, desde lenço umedecido até pomadas. Na parede, instalamos algumas prateleiras para decorar o quarto e enfeitamos com alguns brinquedos.
     No chão colocamos um tapete redondo de um tom de rosa claro, bem grande, que pegava quase o quarto inteiro. Dean colocou no canto do quarto uma poltrona bem confortável, para que eu tivesse um cantinho para amamentar a bebê e ao lado uma pequena mesinha com um abajur em cima.
     - Está pronto. - Dean disse.
     Eu olhei para o quarto inteiro, constatando que havíamos feito um ótimo trabalho.
     - Ficou muito fofo e aconchegante. - eu disse.
     Dean concordou.
     Eu estava cansada, passamos o dia inteiro organizando o quarto. Olhei para a janela, vendo a escuridão lá de fora, as horas passaram tão rápido. Fui até ela e a fechei e depois puxei as cortinas. Saímos do quarto e fechamos a porta. Enquanto andávamos pelo corredor eu senti uma dor forte na barriga, como se fosse uma contração, coloquei as mãos sobre ela e soltei um murmúrio baixo. Dean escutou e se virou em minha direção.
     - Você está bem, Elena? - ele perguntou, preocupado. - A bebê vai nascer?
     Eu não pude me conter com a sua pergunta e soltei uma risada.
     - Não, Dean. Foi só uma contração.
     Então dei um passo à frente e senti a dor mais uma vez, me fazendo tocar minha barriga. Parei no exato momento e não me mexi por um instante, esperando que a dor fosse embora, mas ela insistiu em ficar. Dean se aproximou, mais preocupado do que antes ao observar a minha expressão de desconforto. Eu estiquei minha mão em sua direção, o chamando para mais perto. Pedi a sua ajuda para chegar até o quarto, estava começando a me sentir um pouco mal e precisava me acomodar em algum lugar. Talvez tenha sido o esforço de mais cedo no quarto, pensei. Dean passou o braço em volta dos meus ombros e eu me apoiei nele. Ele me levou até o quarto e me ajudou a deitar na cama, me cobrindo em seguida.
     Durante todos os meses de gravidez eu nunca havia sentido uma dor tão forte assim, ela veio de repente como uma pontada. Mas apesar disso, eu sabia que a bebê não iria nascer neste momento. Dean insistiu em me levar ao hospital, mas eu disse a ele que não era preciso. Eu iria melhorar logo logo. Mas pela sua teimosia continuou insistindo, e eu continuei negando. No final de tudo ele acabou dizendo que se eu não fosse até o hospital, o hospital viria até mim.
     - Vou ligar para a Dra. Holcomb. - passou a mão no telefone e discou o número da doutora.
     Eu não o contrariei mais, afinal, seria bom se a doutora me analisasse. Algum tempo depois a doutora chegou e pediu licença, entrando no quarto. Se sentou ao lado da cama e perguntou como eu estava me sentindo. Fez mais algumas perguntas básicas de rotina, enquanto preparava os seus equipamentos. Em seguida começou a sua análise, eu perguntei se estava tudo bem tanto comigo quanto com a bebê.
     - Está tudo em ordem, Elena. - disse ela. - Foi apenas um mal estar causado pelo seu esforço de mais cedo. Você está entrando no nono mês de gestação, a bebê pode nascer a qualquer momento. Neste período é perfeitamente normal que você sinta desconfortos como este. Por isso você deve evitar esforços frequentes, deve se manter em repouso.
     Eu concordei com ela e me senti um pouco mais aliviada.
     - É extremamente importante que você siga as minhas recomendações, qualquer problema vocês podem me contatar a qualquer momento. - ela disse e se despediu.
     Dean repetiu para mim exatamente tudo o que a médica havia dito. Eu já estava me sentindo melhor, mas mesmo assim, ele insistiu para que eu ficasse na cama. Preparou algo leve para que eu comesse e trouxe na cama para mim, assim eu me sentia um pouco inútil, mas eu agradecia pelo seu cuidado comigo. A noite caiu e nós adormecemos.

[...]

     Acordei escutando o barulho dos galhos de árvore batendo na janela, impulsionados por uma brisa forte e gélida que fazia pela manhã. Me movimentei na cama, vendo que Dean ainda dormia ao meu lado. Me voltei para o alarme em cima do criado mudo, constatando o óbvio: Dean estava atrasado para o trabalho. Eu chamei pelo seu nome e ele foi acordando lentamente.
     - Dean, acorda. - eu disse. - Você está atrasado.
     - Atrasado pra quê? - ele perguntou, ainda sonolento.
     Eu sorri.
     - Para o trabalho.
     - Eu não vou trabalhar hoje.
     Eu fiquei confusa.
     - Por que não? - perguntei.
     - Hoje vou ficar com você, para garantir que você fique bem.
     - Nada disso, Dean. Você não pode faltar ao trabalho, você sabe muito bem como é o Sr. Beckham. Eu vou ficar bem.
     Ele me olhou pensativo.
     - Eu não sei... - ele disse.
     - Você disse que hoje seria um dia importante no trabalho, não quero que você falte àquela reunião. Será um passo muito importante para a sua carreira mostrar que você tem interesse nos assuntos da empresa. - tentei incentivá-lo.
     Ele concordou com um leve sorriso e se levantou, indo direto para o banheiro. Enquanto ele tomava banho eu preparei o seu café da manhã, esperando que ele conseguisse comer pelo menos um pouquinho sem se atrasar mais. Depois voltei para a cama. Dean saiu do banheiro com a toalha enrolada na parte de baixo do corpo e com os cabelos molhados. Eu continuei deitada, observando o seu corpo enquanto ele trocava de roupa, vestindo sua roupa social de escritório, ele sabia ser charmoso e sedutor. Depois de arrumado ele foi para a cozinha e eu o acompanhei no café. Quando terminou, olhou em seu relógio de pulso e se levantou da mesa.
     - Estou indo. - disse ele, pegando sua maleta.
     Eu me levantei, desentortando sua gravata.
     - Tenha um ótimo dia. - sorri.
     - Me promete que você vai ficar bem? - ele pediu. - A doutora disse que a bebê pode nascer a qualquer momento, eu não queria que você ficasse sozinha.
     - Eu prometo. - eu disse. - Eu não vou ficar sozinha, pedi para a mamãe passar aqui em casa à tarde. Ela vai me ajudar com qualquer coisa e se houver algum sinal de alerta eu ligo para você.
     - Ótimo. - ele disse e me beijou. - Eu te amo.
     - Eu também te amo. - disse.
     Então ele saiu pela porta e partiu em seguida. Resisti a preguiça e fui para o banheiro, e tomei um banho. Me sentia inchada e com as costas doloridas, então deixei que a água morna aliviasse essas sensações. Depois vesti uma roupa quentinha e voltei para a cama, adormecendo em seguida. O que para mim parecia ter sido apenas alguns minutos de sono, na verdade foram horas. Quando despertei já era passada a hora do almoço, então resolvi assaltar a geladeira. Nunca imaginei que uma mulher grávida pudesse comer tanto assim!
     Alguns minutos depois minha mãe bateu na porta, abri para ela e ela entrou. Iniciamos nossas conversas divertidas e agradáveis. Ela nunca perdia o bom humor de sempre, e a forma como ela via o lado bom da vida era contagiante. Cozinhamos, comemos, assistimos filmes, fofocamos. Enfim, com ela o tempo passou mais rápido.
     - Obrigada pela sua companhia, mãe. Fez a tarde passar voando.
     - Que isso, filha. Foi muito bom.
     Dean estava quase chegando do trabalho, então deixei que ela voltasse aos seus afazeres. Saí com ela para fora e pensei que não haveria problema em acompanhá-la até a esquina, se Dean estivesse aqui iria dizer que eu deveria ficar em repouso, mas para mim, caminhar alguns poucos metros não seria nada demais. Fechei a porta atrás de nós e então a acompanhei até a esquina, ela se despediu e foi embora. Fiquei parada por alguns minutos até que ela virasse algumas quadras e eu a perdesse de vista. Me virei para voltar quando meu celular emitiu um barulho de notificação, era um áudio de Dean. Entrei na nossa conversa e apertei para iniciar o áudio, nele dizia:
     "Oi, amor! Como você está? Eu já estou chegando, não vejo a hora de te dar um abraço. Aproveitei para passar naquela padaria que nós vimos quando fomos ao centro da cidade para comprar as coisas da bebê, estou levando aquele pedaço de bolo que você ficou com vontade. Eu não demoro a chegar, está bem? Eu te amo!"
     Soltei um sorriso bobo quando ouvi a sua mensagem e respondi com o mesmo carinho que ele havia enviado. Guardei o celular e comecei a andar de volta para a casa. Andava tranquilamente pela calçada, massageando minha barriga com as mãos. Acenava para conhecidos que passavam na hora, sentindo a brisa leve do anoitecer que tocava a minha pele e balançava levemente o meu cabelo. Subi vagarosamente os degraus da varanda e me aproximei da porta, estava prestes a tocar a maçaneta quando percebi que a porta estava entreaberta.
     Achei estranho, pois eu a havia fechado completamente. Então entrei, estava quase mudando os passos quando ouvi um barulho na cozinha.
     - Dean, é você? - perguntei.
     Não poderia ser ele, pensei.
     Peguei o meu celular e chequei sua mensagem, havia sido a dois minutos atrás. O barulho continuou e eu não obtive resposta. Ainda com o celular na mão eu caminhei lentamente até a cozinha, senti um arrepio me percorrendo e uma sensação estranha que eu não conseguia explicar. Parei e me encostei na parede, com receio de me virar e adentrar o cômodo. Respirei fundo e me virei, meus olhos percorreram por todo o ambiente, mas não havia ninguém. Então soltei o ar que estava preso e caminhei rapidamente até as portas dos fundos, a trancando. Quando me virei para trás um grito de susto escapou pela minha garganta quando os meus olhos contemplaram o meu maior medo parado a alguns metros de mim.
     Lá estava ele, vestido de preto com o seu capuz. Tentei identificar o seu rosto mas uma máscara preta o tapava. Senti o meu coração acelerado e o meu corpo todo estremeceu.
     - Quem é você? - perguntei. - O que está fazendo aqui?
     Novamente não obtive resposta.
     - É você que vem nos perseguindo, não é? O que você quer? - perguntei com firmeza e o enfrentei.
     Mas ele não emitia nenhuma palavra.
     - Responde! - gritei. - Resolveu dar as caras? Quem é você?
     Ele não respondeu e deu um passo à frente.
     - Não se aproxime! - exclamei, sentindo os meus nervos a flor da pele. - Fique aí mesmo onde você está ou eu juro por Deus...
     Então ele abaixou o capuz e retirou sua máscara como em câmera lenta. Senti meu corpo ficando leve e minhas pernas bambearam, minha mão se abriu e o barulho do meu celular se chocando contra o chão invadiu o meu ouvido, tudo ao contemplar o rosto do meu perseguidor.
     - Não pode ser! - eu disse em um sussurro.
     - Sentiu minha falta? - ele perguntou.
     Eu me percebi confusa e desacreditada, isso não poderia ser verdade, com certeza era fruto da minha imaginação.
     - Você! Não! Não é possível! Você está morto! - as palavras saíram rápido pela minha boca.
     - Eu voltei. - disse ele, simplesmente.
     Eu não conseguia raciocinar, o ar já me era pouco. Então ele deu mais um passo.
     - Sai, não encosta em mim! - gritei.
     Estava pronta para me virar e sair correndo pela porta dos fundos, quando escutei o barulho dos seus passos sendo mais rápidos e vindo até mim. Ele me segurou firmemente e colocou um pano branco sobre o meu nariz. Eu não conseguia gritar e nem chamar por ninguém, apenas me debatia tentando me soltar de seus braços. Aquele pano estava coberto por alguma coisa, tinha um cheiro muito forte que estava me embriagando. Senti minha cabeça doer e meus olhos ardiam, um filme foi se passando pela minha cabeça e comecei a ficar sonolenta. Senti que ele me deitava no chão lentamente até que tudo se tornou um completo escuro, como uma imensidão.

Continua...

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Notas da autora:

     Oi, meus amores! Como vocês estão? Quanto tempo, não é mesmo? Finalmente resolvi aparecer com mais um capítulo, espero que tenham gostado. Também quero informar que houve uma mudança de planos, esse não será o penúltimo capítulo. Vou produzir mais alguns capítulos e o próximo será um capítulo bônus, com narrações tanto do ponto de vista de Elena quanto do ponto de vista de Dean, e com muitas descobertas.
     O que vocês acharam desse capítulo? Gostaram? Estou sempre aberta a sugestões, e como eu sempre digo, a opinião de vocês é muito importante para mim. Então não esqueçam de votar e comentar o que acharam. Bom, é isso. Tudo de bom para vocês. Um beijo!

Até o próximo capítulo!

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