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"Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão"
| CORAÇÃO SELVAGEM, Belchior |
Ellie
Eu não sabia o porquê decidi seguir com a minha moto até a mansão da Sra. Ewing. Depois da minha irresponsabilidade de tentar beijá-la, aparecer ali tão breve estava longe das minhas expectativas. Mas eu só guiei o veículo sem pensar muito, alguma força me controlando para que eu seguisse para o único lugar da Inglaterra que fosse me proteger de verdade. Pelo jeito, meu interior que sempre me traía, queria permanecer naquele lugar.
A ficha só caiu quando eu fui barrada na portaria. O Condomínio River Falls possuía regras de restrição de terceiros. Eu não podia decidir simplesmente entrar ali no horário que desejasse, senão o local seria apenas mais outro bairro comum de Calhoun. Mas eu não tinha me tocado. Sei lá o que estava rolando dentro do meu cérebro para ter a ideia idiota de surgir ali sem avisar. Agora precisava atrapalhar o sono deles. Eu devia parecer uma maluca, com certeza, principalmente descabelada e chorando sem parar contra o frio violento do final de ano.
— A senhorita está bem? — o porteiro saiu da enorme cabine para falar comigo.
Achei legal a sua postura, mas parar a moto e me desligar da adrenalina de pilotá-la sem capacete, faziam com que meu corpo inteiro tremesse em descompasso. Eu estava parada em cima dela, mas meus movimentos já não eram bem calculados.
— E-Eu... Eu gostaria de falar com... com a Sra. Ewing? — gaguejei. Devia ser uma afirmação, mas a minha frase soou como uma pergunta.
Ele me olhou dos pés à cabeça, possivelmente se indagando se era correto acordar uma das moradoras naquele horário para atender uma pessoa assim. Ele podia só achar que eu estava querendo causar confusão, mas sua atitude seguinte me impressionou. Ele retornou à cabine e saiu de lá com uma garrafinha de água.
— Acho que a senhorita não está em condições de pilotar assim — ele me entregou a bebida.
Sentindo-me perdida, abri o objeto que estava lacrado e engoli todo o líquido transparente em poucos goles. Tive a sensação de engasgo, mas continuei empurrando tudo para dentro de mim. Uma vez com a garrafa vázia na mão, respirei fundo e desci da moto, porque não era sensato continuar minha viagem sem capacete — sobretudo no meu estado.
Eu não disse nada. Apenas parei a moto no meio da entrada, de frente para o enorme portão de ferro, e sentei na escadinha que dava à cabine dele. Acreditava que o deixei sem reação, porque ele se demorou para voltar ao posto. Eu podia ficar sob o frio e aguentar até meu corpo voltar a funcionar direito. Quando a sensação ruim abaixasse, encostaria a moto em algum lugar que não fosse me dar uma multa e chamaria um táxi com destino para o meu apartamento, e só depois recuperaria o meu veículo. Logo mais, seja quem estivesse me perseguindo, desistiria de esperar e voltaria para o buraco que saira. Eu estaria finalmente em segurança.
O mesmo sujeito se agitou na minha cola depois de alguns minutos. Eu não ergui a cabeça para encará-lo, mas também não precisei me movimentar. Ele pôs um casaco quente em meus ombros a fim de me ajudar de alguma maneira. Eu encolhi-me no mesmo instante.
— Obrigada — falei, rouca.
Ele sentou perto de mim. Eu quase não conseguia distinguir suas características, embora estivéssemos debaixo da iluminação. Notei que ele era ruivo, a barba rala e lábios finos, mas nada além disso.
— O que aconteceu? — ele desejou saber.
Eu chacoalhei minha cabeça.
— Eu não sei.
Referia-me ao fato de ter aparecido tão de repente. Eu não sabia o porquê escolhi justamente o condomínio como meu refúgio, mas, pensando bem, fazia até que sentido. A maioria dos meus amigos haviam viajado, de forma que ninguém confiável estava pela cidade. Eu precisava seguir para um lugar privado e um pouco mais distante para me refugiar. Sem contar que a mansão de Srta. Ewing havia sido o último lugar que me senti confortável e bem recebida. Apenas juntei algumas peças e cheguei em seu endereço.
— Srta. Ewing está vindo — o desconhecido tão simpático me informou. Ele estava realmente preocupado comigo.
— Está? — falei.
Uma parte não esperava ser recebida. Srta. Ewing estava com certeza curiosa para saber o motivo da minha aparição pela madrugada. Eu não queria acarretar nenhum desconforto para ninguém, especialmente porque ela tinha crianças em casa e seria estranho levar uma pessoa tão desnorteada e instável quanto eu mesma para perto delas.
— Sim. Fique calma — pediu.
Ele me fez companhia até a Ranger Rover surgir a alguns metros do outro lado do portão. Eu só subi meus olhos um pouquinho para visualizar a minha salvadora saindo do carro e aproximando-se das grades. Eu continuava tremendo, mas as lágrimas estavam bem acomodadas nos meus olhos. Observei o rapaz saltar da escadinha para subir novamente à cabine e abrir o portão para a moradora caminhar até mim.
Elisabeth Ewing estava bem vestida, embora eu soubesse que o casaco de pele e calças pretas não eram suas melhores vestes. Ela me direcionou um olharzinho que me fez derreter, mas não tive coragem de sustentar meu corpo e ficar em sua altura. Sendo assim, permaneci sentada e ouvi o porteiro contar como eu havia parado ali, apesar de não saber a história inteira.
— Ah, querida... O que houve? — a mais velha agachou-se depois de ouvi-lo.
— Alguém estava rondando minha casa — comecei, esquecendo-se como se falava. Eu não queria contar, mas também queria, uma oposição lutando dentro de mim. Apenas queria me desmanchar em lágrimas de novo. — Perseguindo-me.
— Céus... — ela murmurou. Subiu o corpo e estendeu suas mãos na minha frente. — Venha comigo. Vamos conversar melhor. Obrigada, Carl — Ela sorriu gentilmente para o porteiro.
Eu concordei, segurando-me em sua palma como se fosse cair. Eu permanecia com o controle das minhas pernas, mas não confiava em meus movimentos. Entreguei o casaco do bom homem e agradeci-o pela última vez antes de adentrar ao carro definitivamente mais quente. Puxei o cinto de segurança de primeira, porque já havia cometido a infração de não usar capacete e não queria repetir outro descuido.
— Minha moto — dei-me conta ao ver Elisabeth dando a ré e distanciando-se com o carro.
— Eles vão estacioná-la em um lugar seguro. Depois você pode buscá-la, tudo bem? — Srta. Ewing me informou.
Assenti e permiti ser levada para dentro do condomínio de vez. Eu estava um pouco tensa de abandonar minha moto na mão de estranhos, mas não tinha outra escolha. Devia confiar neles, afinal a mulher à direita me parecia bem certa de que eles fariam o trabalho.
Eu não a olhava de jeito nenhum. Havia dois tipos de vergonha agora: a última, de quando tentei beijá-la sem muitos pretextos, e a nova, de quando apareci de madrugada em seu condomínio e ainda a obriguei vir me buscar na entrada. Eu não queria conversar, porque não queria ouvir o som da minha voz. Na realidade, gostaria de dormir até as sensações de insignificância sumissem. Mas, claro, precisaria encher Elisabeth de explicações primeiro. Ela merecia o mínimo, porque não se brotava na casa de alguém em um estado tão deplorável no meio da madrugada e ainda a privava de respostas.
Mas eu sentia os seus olhos cheios de dúvidas sobre minha cabeça. Ela dirigia mantendo o contato visual com a rua de iluminação baixa, mas também dividia os segundos de atenção para colocar suas íris escuras sobre mim. Provavelmente meu rosto denunciava toda a minha amargura, porém eu não estava com disposição de tentar pelo menos esconder meus monstros. Eles estavam livres e doía pensar que podiam assustá-la de algum modo.
— Chegamos — ela falou depois de alguns minutinhos, acordando-me.
Ainda sem falar nada — porque preferia reconstruir minha dignidade aos poucos antes de correr o risco de perdê-la novamente —, abri a porta do carro e vi-me parada na garagem dela. Srta. Ewing tocou em meu ombro para me fazer andar. Por alguma razão, senti-me invadida com o toque, sendo que outrora teria gostado dos seus dedos deslizando em minha pele. Mas eu havia construído uma barreira fortificada entre nós duas para que ninguém se machucasse. Qualquer interação mais íntima já alertava que uma calamidade estava prestes a estourar.
A mansão estava silenciosa. Obviamente todos se encontravam em suas camas, descansando de um dia corrido, cheio de boas aventuras. Mas eu, sob ingenuidade e impulsividade, acordei a dona da casa como quem não se importava com o sono alheio.
— Desculpe-me — disse.
Aproveitei a linha de raciocínio que nascia para me ajeitar um pouco. Limpei o rosto, alisei os cabelos de tom acastanhado e puxei minha roupa para que se alinhasse em mim. Eu não precisava parecer com alguém que havia acabado de sair de uma batalha muito cruel. Só faltava o sangue espalhado pelo tecido e furos pelo corpo, porque meu estado apavorado ainda não havia sumido completamente.
— Pelo o quê? — Srta. Ewing não entendeu.
— Eu a acordei — fitei-a de canto. Sempre com a cabeça baixa, olhos nos pés, nariz em seu devido lugar.
— Mas eu não estava dormindo — ela riu sem subir a voz. Senti-me melhor ao saber que não havia atrapalhado o seu sono, mas não era o suficiente para me acalmar. — Você quer uma água, algo para comer...?
— Não, obrigada. Estou bem — respondi.
Eu estava com minhas orbes cravadas no solo laminado, então pude visualizar com facilidade as botas de Srta. Ewing surgindo no meu campo de visão. Ela levantou meu queixo com os dedos finos e cheios de anéis, mas de forma que não me sentisse obrigada a subir meu rosto. Ela basicamente acariciou a região e sinalizou para que eu deixasse meus olhos nos seus. Ainda sob receio, mirei-a em profunda admiração, porque jamais a imaginaria me acolhendo em sua casa em uma circunstância assim.
— Não, querida. Você não está — murmurou.
A informalidade nascia de novo. Eu ficava mais esperançosa, porque, apesar das consequências da minha atitude no Natal, não gostaria de perder a amizade dela. Ainda queria conquistá-la, porque não nos conhecíamos devidamente, porém nunca ultrapassando as paredes que deviam nos proteger de qualquer dano. Ela me parecia uma pessoa cheia de novidades e disposta a compartilhá-las comigo, logo eu apreciava a sua presença.
E ela estava vendo através das camadas superficiais que eu havia me coberto. Eu já tinha certeza que não poderia enganá-la tão facilmente, considerando que sua inteligência ultrapassava a minha.
Srta. Ewing pegou minha mão. Resfoleguei, porque não esperava algo assim, mas não me senti envergonhada (só um pouco). De qualquer forma, não tinha dúvidas que a mulher havia percebido minha falha. Ela só era gentil o bastante para não comentar ou esboçar uma reação que fosse me desestruturar.
Caminhamos de mãos dadas pelos corredores e alcançamos o escritório dela. Srta. Ewing só me soltou porque precisava das mãos para fechar a porta atrás de si. Sentei-me no sofá disponível pelo cômodo e respirei mais à vontade, porque estava impossibilitando que meus pulmões trabalhassem direito há tempos. Ela sentou na poltrona e aguardou que eu falasse alguma coisa que iniciasse a minha explicação mais detalhada.
Eu só não sabia o que dizer. Havia me acalmado consideravelmente durante o percurso, e todas as palavras que pretendia usar com a médica simplesmente evaporaram. Tossi na tentativa de me recompor, mas não encontrava as sentenças decentes que não me fizessem soar como uma paranóica. Juntei as mãos no colo e, pela milésima vez, encarei meus pés.
— Obrigada — falei o que veio primeiro à mente. Eu olhava de relance para minha companhia, mas não sustentava o olhar. — Eu só estou muito confusa ainda.
— Tudo bem — Srta. Ewing disse.
Ela estava sendo muito compreensiva. Se eu estivesse em seu lugar, já teria me sacudido para explicar porquê raios havia aparecido ali tão tarde. Eu era uma pessoa naturalmente curiosa, e já que ainda não me exigiam uma atitude digna para lidar com os problemas dos outros, agia como mandava o figurino.
— Ontem eu sai com algumas amigas e vi esse homem alto e barbudo dentro do ônibus — comecei. Srta. Ewing cruzou as pernas e esperou que eu prosseguisse. Eu engoli em seco, coçando minha nuca. — Até aí não tinha nada de errado. Mas quando fomos embora, eu vi o mesmíssimo cara. Ele estava andando perto da balada onde passamos a noite.
Ótimo. Agora deixei escapar que curtia uma noitada vez em quando.
— E hoje você o viu de novo perto do seu apartamento? — Srta. Ewing tentava entender.
— Não apenas isso. Ele estava... estava me perseguindo mesmo — sequei minhas mãos na barra da calça. — Eu fui até o mercado e, de repente, um carro estava atrás de mim. Eu estava perambulando por uma rua vazia no meio da noite. Quando comecei a correr, ele aumentou a velocidade. Cheguei no meu apartamento, olhei pela janela e o carro estava lá. O mesmo homem da noite anterior saiu, fitou meu prédio e começou a falar com alguém no telefone.
Levei meus cabelos para trás e afundei meu rosto cansado nas minhas palmas. Eu estava com um bolo preso na garganta, mas não ousava chorar na frente de quem havia me acolhido sem pensar duas vezes. Apesar de tudo, meu orgulho era grande.
— Isso é terrível! — ela exclamou. Agora me conta a novidade. — Você não pode voltar para lá até que a situação esteja controla. Ainda bem que você veio pra cá.
Eu mordi os lábios e segurei com força as lágrimas em meus olhos.
— E como vamos controlar?
— Eu posso mandar alguém no seu apartamento para garantir que não tem nenhum intruso — Srta. Ewing se dispôs.
— Você faria isso? — disse. Agora a emoção estava maior.
— Claro que sim! — ela garantiu. — Claro que sim.
Eu pensei em agradecê-la com mais algumas palavras, mas não tive tempo. A médica, mostrando um pouco do poder que detinha, encaminhou-se para sua mesa comprida e discou alguns números no telefone disposto ali em cima. Eu só a observei, porque não tinha muito o que fazer. Sentia-me, inclusive, pequena e indefesa tal como um passarinho machucado e abandonado. Ela, sentada na poltrona alta de couro, parecia uma rainha. Estávamos muito distantes, mesmo tão perto.
— Está tudo bem? — falei. Ela havia acabado de desligar o telefone e dirigia-se ao assento em que minha traseira ocupava.
Eu estava com as costas eretas e, com toda a certeza, meus olhos se encontravam inchados e vermelhos. Minhas mãos permaneciam escondidas entre meu colo. Ela era a única pessoa que poderia me ajudar com eficiência.
— Acionei um antigo amigo que me serve alguns trabalhos — Srta. Ewing informou.
Eu não pude evitar de pensar em como ela parecia uma mafiosa falando desse jeito, mas guardei as impressões somente para mim. Eu estava um pouco mais aliviada e desejava voltar ao meu apartamento, mas não sabia se era seguro. Todavia, não queria ser intrometida e pedir para ficar na mansão, porque ela já estava fazendo muito sem pedir nada em troca. Ainda tinha o fator vergonhoso de ter tentado beijá-la quando ela só estava sendo gentil comigo.
Eu não queria que ela achasse que eu era o tipo de pessoa que grudava e nunca mais soltava, mas entendia que estava parecendo assim.
— Obrigada — sorri de leve. Questionei-me quem atendia o telefone naquele horário, mas também deixei isso quieto e escondido dentro de mim. — Não sei como agradecer propriamente.
— Não precisa. Vamos fazer assim — ela pausou, pensando. — Você fica me devendo uma.
— Pode ser — sorri, porque não havia nada de errado naquilo.
— Acho melhor você tentar descansar um pouco agora. Você está...
— Péssima? Acabada? — tentei completar com um suspiro, mas ela sorriu tentando passar sua animação mesmo que miúda.
— Vamos — ela apontou para porta.
Eu já estava acostumada em segui-la. A casa era enorme e, caso precisasse andar por aí sem algum guia, perderia-me fácil pelos cômodos. Ela poderia passear de olhos fechados, tanto que dobrava corredores e abria portas sem pensar muito, quase robóticamente. Adoraria ter uma casa grande algum dia, mas não daquela forma. Ela sequer tinha uma família com muitos membros para viver em um lugar do tamanho de uma cidade. Imaginava o quão solitário poderia ser, principalmente quando as crianças estavam na escola.
Ela abriu uma porta no andar de cima. Havíamos subido a escadaria sem muitos rodeios. Eu estava tranquila em sua cola, o choro contido e a sensação de perigo sumindo, mas não sabia se era uma boa ideia dormir em sua casa.
— Tem roupas limpas no closet. Não há nenhum problema se você quiser tomar um banho e relaxar aqui. Ninguém a incomodará — prometeu.
A cama — três vezes maior que a minha — clamava pelo meu corpo. Decidi ceder só de olhá-la tão macia esperando meu tronco se acomodar sobre o colchão. A ressaca já não era um problema, mas eu não queria dar espaço para outras aflições se apossarem de mim.
Um apito soava em meus ouvidos. Eu queria falar mil coisas, mas não queria ser inconveniente. Depois da experiência de um aleatório — com intenções desconhecidas — me seguir a ponto de me deixar desorientada, não queria guardar pendências no peito. Se eu não estivesse prestando atenção em meus passos, o sujeito teria me puxado para dentro do carro e, com a pouca sorte que eu tinha, nunca mais veria o sol nascer novamente. Podia parecer extremo, mas eu não confiava em homens dirigindo lentamente atrás de mulheres em ruas escuras e vazias, sobretudo tendo a audácia de estacionar na frente da casa delas.
— Por que você está fazendo tudo isso? — joguei.
— Tudo o quê? — Srta. Ewing entortou a cabeça em confusão.
Ela estava me ajudando. Eu deveria só aceitar, tomar meu banho, dormir e nunca mais falar sobre o assunto. Mas toda vez que o zumbido iniciava, as palavras só escapuliam. Eu precisava entender do início ao fim para sossegar.
— Sei lá... — respirei duas vezes. — Permitir que eu fique aqui, por exemplo. Enviar alguém à minha casa.
Elisabeth Ewing mexeu os braços, causando um tilintar de pulseiras e anéis. Ela era ridiculamente bonita, mas eu havia dito que não pensaria dessa forma. Claro que era difícil quando ela parecia a porra de uma deusa mística na minha frente, encarando-me com seus olhos mais escuros que grãos de areia. Mas eu não podia extrapolar os limites — que já haviam passado da cota.
— Se você veio até aqui, depois de tudo, significa que não teve outra alternativa. E eu não a expulsaria de casa, porque você não fez nada de grave — ela deduziu sabiamente.
— Eu fiz... — choraminguei baixo. Eu não queria ter soado igual um gato manhoso, mas o arrependimento era latente.
— Eleonora — Srta. Ewing estava a alguns centímetros de mim. Apenas de ouvir meu nome saltando de sua boca fazia com que algumas das minhas células morressem. Ela entendia sobre o que eu estava falando. —, você não fez nada de errado.
Eu não queria discutir, afinal já não tinha mais forças para isso. Percebi que meus neurônios explodiram com tudo o que acontecera nas últimas horas. Eu realmente queria dormir; apenas encaixar minha cabeça no travesseiro e demorar para levantar.
— Não quero falar mais sobre isso — comentei. Eu não estava facilitando nada, porque havia começado toda a história e estava querendo mudar o contexto. — Só preciso descansar mesmo. Obrigada por isso.
A miserável enxaqueca acordou. Pelo menos eu a mataria daqui a pouco quando me encolhesse na cama aparentemente maravilhosa.
Ela hesitou um instante, mas sorriu. Talvez estivesse sem fôlego para o nosso drama também.
— Fique à vontade. Qualquer coisa você só precisa me chamar.
Se estivéssemos em um filme, cheio de tensão sexual e alguns atrevimentos extras, aquele silêncio seria o momento ideal para entrarmos em volúpia. Eu a envolveria ali mesmo, sem pensar muito, porém a desejando com toda a minha carne. Lidaríamos com qualquer conflito nos entrelaçando, visto que as palavras não seriam usadas naquela ocasião. Sim, os gemidos, os beijos — em qualquer área — com certeza, mas não usaríamos nenhum outro esforço com a boca.
Mas nenhuma fantasia seria realizada. Srta. Ewing me permitiu ficar sozinha e saiu do ambiente fechando a porta em seguida. Eu aproveitei para, finalmente, procurar algo bacana e confortável dentro closet maior que meu quarto. Meu plano era tomar um banho e desmaiar durante horas.
Sai do closet para colocar as vestes sobre a cama e despir-se das minhas. Não era um trabalho que demandava muita atenção, mas fui distraída com uma sombra debaixo da porta esbranquiçada, como se alguém estivesse estático do outro lado. Parei no meio do movimento de tirar minha blusa e fiquei só com um braço dentro da roupa, enquanto meus olhos se concentravam naquele detalhe pertinente.
Mas a pessoa, seja quem fosse, saiu andando em outro sentido. A luz tornou a comandar no fundo da porta.
Eu amo muito esse capítulo, mas sou tão suspeita para falar. Ai, a Ellie indo até a casa da Beth sem nem ver... O destino? Talvez.
A Beth realmente parece toda mafiosa, mas é apenas o seu charme. Queria uma pra mim. Alguém me dá?
O que vão fazer agora na Virada de Ano? Seja o que for, já adianto todos os meus votos de alegria, paz e prosperidade. E outras coisinhas a mais que desejam nessas datas hahahaha. Último dia do ano, mas não estou sabendo lidar, porque início de Janeiro já tenho o que fazer. Mas é isto.
Aguardem o próximo capítulo, porque ele é uma mistura de fofura com suspense. Sou dessas. Até mais!
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