Capitulo Um - The Music Room
Bem-vindos novos leitores e bem-vindos de volta aos antigos. O trailer está aí em cima.
Obrigada por tudo.
Boa leitura, gasparzinhos .x
~o~
- Harry! - meus amigos chamaram enquanto corro, chorando.
Eu me sinto arrasado. Não pensei que teria problema com pessoas que acreditei serem meus amigos. Tirando Liam, Zayn e Niall, é claro. Eles que gritam agora tentando me alcançar, mas quando não dei brecha e acelerei os passos, perceberam que só quero ficar sozinho. O meu estomago irradia uma pontada aguda e forte.
Em quase um ano e alguns meses, me assumi gay. Eu não acreditava até então e tinha apenas pequenos sinais de atração por pessoas do mesmo sexo. Nada muito intenso para que realmente me questionasse. Afinal, também já achei garotas atraentes. O fato que trouxe isso mais à tona foi quando precisei entrar no vestiário do time de futebol pela primeira vez para chamar Niall e Liam.
Eu estava esperando do lado de fora e o treinador passou quase correndo para pegar as camisas que se esqueceu de entregar aos dois. Eles haviam acabado de entrar no time depois de tentar o teste de seleção. Pediu para que os chamasse e o encontrasse na sala da direção de esportes antes de fechar.
Eu vejo o Liam e Niall sem camisa, mas nunca com maiores intenções. O carinho que tenho por eles é fraternal e sempre será. O que me chamou muita atenção foram os outros jogadores, veteranos do time. Eu tinha abaixado a cabeça, envergonhado. Todos de corpos definidos, além de serem mais velhos. Chamei os meninos evitando qualquer contato visual. Eles estranharam, mas se vestiram mais rápido e fomos para a coordenação de esportes, onde encontramos o treinador, Michael, fechando a porta e segurando uma sacola com as duas camisas dentro.
Desde aquele dia, comecei a martelar na cabeça minhas reações e em pouco tempo cheguei a essa conclusão. Demorei a criar coragem de contar para os meus melhores amigos, mas quando o fiz não me julgaram, nem me afastaram. Pelo contrario, deram muito apoio e faziam brincadeiras inocentes para me deixar sem graça.
- Mmmh, Harry... - Zayn deu uma piscadela. - Você gosta é da banana, né?
Niall gargalhou, batendo palmas. Liam estava comendo uma banana nessa hora, pois estávamos no intervalo do almoço. Ele olhou para o fruto com uma cara de desconforto depois do comentário, o que me fez rir junto com os outros.
Já meus pais, eu esperei mais para ter essa coragem, mas também não recebi rejeição da parte deles quando contei. Foi estranho no começo, na questão de que é um lado novo meu que descobriram e iriam olhar dali para frente, mas nos adaptamos juntos facilmente, como se não fosse diferente de quando eram garotas. Porque não deve ser visto de forma diferente. Eles disseram que continuariam me amando de qualquer forma. Agradeci mentalmente a Deus naquela noite porque as historias que escutei por aí de pais que tem filhos gays e eles descobrem, ou os filhos se assumem, não são muito boas. O que é uma completa besteira. Deveria ser simples, normal e fácil para todos. Não é como se o heterossexual precisasse dizer "eu sou hétero e gosto de garotas". Por que anunciar as sexualidades? Bom, eu tive sorte, com certeza. Ao menos é o que achei até o dia de hoje, com meus 17 anos de idade e no ultimo ano da escola.
Lembro quando beijei pela primeira vez. Uma garota quando tínhamos 11 anos, um selinho inocente. Depois que descobri gostar de homens, apesar da pequena fama que tenho entre as garotas por causa dos meus cachos, ou algo assim - dizendo elas - , eu fui para algumas festas de aniversario e pubs com os meninos, onde pude experiênciar algumas coisas para ter certeza do que sentia. Confirmou- se mais ainda, mas foi isso. Casos de uma noite, nada mais. Sinto atração e me apaixonei por alguns garotos da minha sala, ou do time de futebol quando comecei a ir aos jogos dos meus amigos. No meio do ano passado me apaixonei durante seis meses pelo lateral do time, hoje em dia gosto do capitão, mas nunca gostei de verdade de alguém.
É uma boa hora para falar um pouco sobre aqueles que realmente estão do meu lado e que me salvaram há pouco.
O Liam tem cabelo castanho liso com franja e está namorando sério desde o final do ano passado com uma menina da sala dele chamada Karen. Ela tem o cabelo da mesma cor que o dele. Os olhos de Liam são castanhos e os da Karen são verdes como os meus, mas de um tom diferente. Liam é aquele tipo de pessoa que parece ser a mais normal e sensata do mundo, mas quando se menos espera, está participando e agindo como todas as outras nas loucuras. Pode ser bem teimoso quando coloca algo na cabeça.
O único que ficou na mesma sala que a minha, esse ano na maioria das aulas, é o Niall. Ele é irlandês. O típico palhaço da turma e querido por todos. Sempre atrevido com os professores, tagarela e otimista. Ele pinta o cabelo castanho de loiro e fica rodeado de amigos e pretendentes. Tem uns rolos aqui e ali, mas por opção, nunca namorou sério. Segundo ele, a vida é curta de mais para se prender num relacionamento por muito tempo. Tem a parte de que comida é uma delicia e não te pede nada em troca, mas isso é detalhe.
Zayn, o moreno e tatuado, como o pessoal gosta de descrever, tem olhos caramelizados. Um garoto muito misterioso para quem olha de fora. Ele deixa a maioria das meninas loucas sem muito esforço, mas não liga. No fundo, é muito quieto e prefere que o deixem em seu canto. Acaba parecendo o tipo difícil de conquistar que tanto fascina as meninas. Sentado sempre no fundo da sala com algumas facetas sedutoras quando percebe o olhar de uma garota em sua direção, que logo após se vira vermelha, sem imaginar que a possível olhada "sedutora" do Zayn está mais para uma pergunta do estilo, o que foi? Está olhando o quê? Tem algo no meu rosto? Apesar disso, dependendo do humor, fica com meninas em festas. Tem uma paixão secreta por uma garota tão ''misteriosa'' quanto ele. Da minha sala; Casey. Ela tem cabelos roxos e por mais ousado que a cor seja, fica lindo nela. Tem os olhos azuis como os do Niall.
Voltando ao presente, ainda estou correndo e lutando com as lágrimas da humilhação que Jimmy me fez passar. Não faço ideia de para onde ir. Apenas subo as escadas. Jimmy e sua turma não são meus melhores amigos como os três que descrevi acima, mas achei que fossem verdadeiros. Eles descobriram que sou gay. Quer dizer... Não escondo isso, mas também nunca falei e eles não viram nada do tipo até sábado passado, numa festa que a galera se reuniu antes de começar as aulas.
Eu tinha beijado um menino onde todos estavam dançando. Eles olharam e hoje no final das aulas, me abordaram no banheiro. Fiquei confuso porque lançavam insultos repentinos com risadinhas de forma que nunca me trataram e então, Jimmy avançou para me atacar. Eu estava totalmente despreparado.
- Gayzinho de merda - riu ao me socar com força na barriga, dificultando minha respiração.
Seus olhares demonstravam nojo, raiva e deboche enquanto me contorcia soltando um gemido de dor. Foi como um pesadelo. Eu não conseguia acreditar que aquilo tinha acabado de acontecer e o fato doeu mais que o soco. Quando os outros iam avançar também, Liam, Zayn e Niall devem ter escutado algo e entraram para saber o que estava acontecendo. Como vamos embora para casa juntos, eu tinha pedido que me esperassem do lado de fora já que eu estava apertado e era o único que precisava usar o banheiro.
Primeiramente ficaram confusos com a cena, mas rapidamente perceberam do que se tratava. Liam me ajudou a ficar de pé e Zayn os enfrentou com Niall. Ao checar que eu conseguia ficar de pé, Liam se juntou a eles. Depois de muito insulto, os culpados saíram correndo. Meus amigos ficaram preocupados, fazendo muitas perguntas ao mesmo tempo. Eu me sentia enjoado, mas a ficha caiu e as lágrimas também.
Chorei porque não entendia. Eu nunca fiz qualquer coisa ruim para eles e mesmo assim me machucaram. Não gostei da sensação de ser atacado pela primeira vez só por causa da minha sexualidade, algo tão pessoal que não reflete na vida de mais ninguém. Sempre fui um cara que se importa com o que os outros pensam. Isso fez o choro aumentar e não queria que ninguém me olhasse dessa forma. Tudo que precisei foi correr para bem longe dali.
Desacelerei quando cheguei ao último lance de escada e pelo o que parece ser o último andar da escola. Em todos os anos que estudei aqui nunca vim para essa parte. Sei que é onde ficam algumas máquinas e uma sala que nunca usaram, mas só. Por uns segundos, a curiosidade me distraiu do atual problema e olhei em volta. Um corredor pequeno com o chão um pouco empoeirado. Lá na frente termina com uma porta de vidro que dá acesso ao teto. O sol está diretamente apontando para mim e tive de apertar os olhos. Contemplei a vista por alguns segundos.
Deve ser cinco da tarde. Daqui a pouco, o sol vai se pôr.
Voltei a pensar no motivo de estar aqui.
Passei a mão na minha franja, suspirando. Andei débil para a porta da varanda e tentei abrir, mas está trancada. É claro, seria perigoso deixar aberto para alunos. Afastei algumas lágrimas com as costas da mão, mas outras rolaram em seguida.
Que merda, estou me sentindo tão patético. Dei um passo para trás, me virando e olhando para a outra única porta do corredor. A sala que nunca usaram, ou ao menos eu nunca entrei. O que será que tem nela? Carteiras e uma lousa igual todas as outras salas de aula entediantes? Provavelmente também está fechada, mas não custa tentar. Só quero um bendito lugar para me acalmar longe de olhos curiosos. Eu posso precisar se hoje se repetir. Nem quero pensar nessa possibilidade, mas querendo ou não, sofri bullying e não posso ter certeza se não vou continuar sofrendo de agora em diante. As opiniões dos idiotas não vão mudar da noite para o dia, vão?
Antes de saberem disso, nos dávamos muito bem. Por que esse conhecimento mudaria algo?
Para minha surpresa, a porta está destrancada. Dei um salto com o "click" que o trinco fez ao gira- lo. Ponderei alguns segundos antes de empurrar a porta. Arregalei os olhos, me distraindo uma segunda vez, mas mais maravilhado que na primeira.
Uma sala de música.
O chão de piso acústico de madeira, aposto, refletindo um pouco os objetos. O céu em sua mistura de cores ilumina o lugar pela janela que quase toca no teto de tão alta. As paredes de marrom conhaque com designe moderno e contrastes da cor. É bem espaçoso e está abafado, mas tem um ar- condicionado de aparência novo em folha em uma das laterais da sala. Embaixo dele, tem armários de vidro embutidos na parede e expondo os instrumentos de mão menores que não podem ficar largados. Flautas, tambores, chocalhos, saxofones e entre outros. Acabei sorrindo involuntariamente.
Olhei o resto da sala. Têm microfones com tripés, fios espalhadas pelo chão, caixas de som, baterias, guitarras e violões colocados com cuidado em apoios, fora os teclados. Bancos e sofás. Do outro lado, quase em frente à porta de entrada e no fundo perto das janelas, tem um piano de cauda incrivelmente lindo. Os raios solares podem ser notados finamente em algumas de suas teclas bege e brilhantes.
Eu amo piano. Eu sei tocar um pouco de violão também, mas quase nada. Piano é a minha paixão. Tenho um teclado elétrico que queimou e minha mãe nunca comprou um novo, nem mandou consertar. Acabei me esquecendo de pedir mais vezes já que comecei a frequentar mais festas, ou a casa de amigos ao invés de ficar tocando. O piano de cauda tem diferenças adicionais por conta dos pedais, principalmente. O som é mais bonito, também.
Minha avó tem um na casa dela. A parte da minha família paterna gosta de piano e desde pequeno, eu me encantei com o meu pai tocando e insisti na mesma hora que queria aprender a tocar também. Eu tocava tão bem que chegava rapidamente ao nível dos professores que me ensinavam. Talvez o dom seja genético.
Sorri com isso.
É incrível como aprendo qualquer música com a maior facilidade nesse instrumento. Meus dedos são longos e finos, o que ajuda na troca e alcance de teclas das notas. Não sei explicar, mas quando percebia, terminava a música inteira me sentindo em outro mundo. A melodia produzida me deixa calmo e me consola no fundo da alma. Parece que me descreve no mais intimo. Quando não tenho palavras boas o suficiente, eu uso o piano para falar.
Mas por que a sala está aqui toda pronta sem ninguém usar? Eu nem sabia de seu conteúdo até agora. Talvez ainda vão inaugurar ano que vem, ou algo assim. Porcaria, logo quando vou sair da escola. Seria legal poder vir aqui e tocar durante a semana. Deveria ter lembrado meus pais de consertar o elétrico, ou quem sabe, comprar um de cauda. Acho que vou fazer isso quando chegar em casa.
Foi aí que parei de sorrir, meu estomago embrulhando. Eu já devia estar indo para casa, mas estou aqui por causa do ocorrido. Fechei a porta, jogando a mochila no canto e andando lentamente até o piano. Mordi o lábio inferior, as mãos nos bolsos da minha calça.
Eu não quero mais chorar. Quanto mais rápido me recompor, mais rápido posso voltar lá para baixo e ir embora. Não sou desses caras que fazem de tudo para não chorar. Essa é uma das ideias mais podres que a sociedade já inseriu na cabeça do homem. Desde pequeno tenho muito carinho com tudo e todos. Eu me solto e me aproximo de qualquer pessoa que conheço me permita. Confio cedo de mais e sei que isso pode ser um problema, mas nunca tive realmente um, até agora.
Eu confiava no Jimmy, Conor e Russell. Não imaginei que se rebaixariam a tal ponto.
Eu fui idiota de achar que, como as pessoas mais próximas de mim não reagiram mal, os outros também não o fariam. É um susto que levei. Eu não me preparei psicologicamente. Abaixei a guarda porque quem realmente importa me fez sentir seguro.
Tirei uma das mãos do bolso e com o dedo indicador tremulo apertei uma das teclas. O som agudo preencheu a sala num instante, ecoando pelo segundo em que apertei e soltei. Eu olhei em volta, na defensiva de alguém aparecer e me pegar ali, mas acho improvável. Fora que as paredes são a prova de som, não? Eu poderia tocar um pouco, mas por mais tentador que seja o meu estado de espirito atual só será capaz de algo melancólico. O que pode me deprimir mais ainda, ou me reconfortar. Prefiro não arriscar. Suspirei outra vez, olhando vagamente paro o banco do piano que parece leve. Sentei de costas para ele, esperando que se arrastasse no chão com meu peso, mas nem se movimentou.
Abracei as pernas e apoiei a testa nos joelhos, abaixando a cabeça. Encarei o negrume até fechar os olhos, sentindo o nariz formigar e as lágrimas ameaçando cair novamente. Tem um nó na minha garganta que faz parecer que se eu o desatar, as lágrimas não irão parar tão cedo. Tenho que ser forte e tentar esquecer. Amanhã vai ser diferente, me convenço ao engolir em seco. Talvez me ignorem.
O lado bom é que agora sei quem são de verdade. Se me baterem de novo, tudo bem. Eu não me importo de apanhar e posso até revidar, desde que meus pais não vejam, ou saibam.
Tenho que contar para os meninos e agradece- los amanhã. É melhor guardar em segredo dos meus pais por que os conhecendo, vão fazer um escândalo na escola e irá piorar a situação. Eu estou tão concentrado em meus pensamentos que o que aconteceu a seguir poderia ter passado despercebido caso não estivesse tão perto do piano e a sala não estivesse tão silenciosa. A nota que eu tinha tocado antes, ecoou pela sala novamente.
Abri os olhos, voltando a encarar o negrume entre minhas pernas e barriga. Franzi as sobrancelhas e parei todos os pensamentos, querendo me concentrar em se realmente escutei o que acabei de achar escutar. Depois de muito debater, escutei outra vez. Levantei a cabeça em reflexo e estiquei o pescoço para trás, olhando as teclas do piano por cima do banco.
Não tem ninguém.
Senti meu corpo se arrepiar e meu psicológico se aproveitou da situação para inventar bobagem. Temi qualquer movimento.
Olhei ao redor da sala, mas estou sozinho. O que foi isso?
Então, como se não fosse o suficiente, quando me virei novamente para olhar as teclas, uma por uma foi tocada ligeiramente de um canto ao outro. Meu coração disparou ao som das notas e afoguei um grito. Arrastei- me para longe e quase bati a cabeça no banco ao fazê- lo. Estou de boca aberta e olhos arregalados.
Uma assombração?!
Não consigo me mexer mais que isso. Acho que estou em choque, mas quero correr daqui. Desde quando pianos tocam sozinhos?
Olhei de um lado para o outro, lentamente. Analisando o piano em cada canto e a sala juntamente. Nada e está escurecendo aqui dentro. Até que minha visão capitou algo no banco onde eu me encostava. Parece... Parece que tem algo ali. O estofado está afundando como se tivesse alguém sentado e ao pensar nisso, o fundo se deslocou um pouco, em seguida ficando fixo novamente. Meus olhos se encheram de lágrimas e me senti em um filme de terror.
Pensei muitas possibilidades, mas a última delas é o que realmente está ali. Porque nunca acreditei nessas coisas. Nunca pensei sério sobre o assunto. Eu tive umas conversas ao assistir alguns filmes do gênero e já escutei sobre especulações, mas com certeza não acredito na existência. Mesmo assim, fui quase obrigado a rever essa crença com a ideia sendo inserida sem dó, nem piedade de que fantasmas existem, à medida que um menino foi se formando em cima do banco em frente aos meus olhos. Sem truques, luzes especiais, ou nada do tipo. Talvez uma névoa? O cara simplesmente surgiu, seja lá o que for.
Eu permaneci de boca aberta e olhos arregalados quando ele se fez nítido. Prendi o ar, finalmente fechando a boca. Meu coração bate insistentemente com o medo e susto. Os segundos parecem passar mais devagar.
Impossível. É a única palavra que existe em meu cérebro nesse momento com toda a força.
- Eu não sei por que está assim, mas odeio ver pessoas chorando - o garoto falou intrigado, a voz me fazendo abrir a boca outra vez.
Estou abismado e com o mesmo rosto de perplexidade. Ele fala e sabe minha língua. A porra de um fantasma apareceu e está falando comigo.
Está de brincadeira? Meu Deus!
Essa última frase que repeti várias vezes mentalmente, tentando processar sem nem ter dado atenção ao que ele falou, ou responde- lo. Como posso responder? Eu não sei o que diabos está acontecendo e com o quê estou lidando. Eu mal sei se estou tendo um surto, derrame cerebral, ou só um sonho. Pesadelo é a palavra mais adequada.
Consegui sair do estado de choque e a primeira coisa que fiz, sendo homem ou mulher, é o que todos fariam, assim espero. Soltei um grito que ia aumentando gradativamente, apoiando uma mão no chão e com a outra apontava na direção do possível fantasma (?). Continuo sem coragem para levantar e nem forças, por isso me arrastei o mais longe possível de novo.
O fantasma inclinou a cabeça, parecendo curioso e interessado até que demonstrou se lembrar de algo.
- Ah, é mesmo! - falou outra vez, o que me deixou mais amedrontado. - Desculpe, me esqueci desse detalhe. Devo ter te assustado bastante, não é? – riu.
Eu quase surtei, mas a ingenuidade e o sorriso desse garoto em meio ao seu riso me fizeram de alguma forma abaixar o dedo, a voz sumindo completamente. Pisquei algumas vezes, olhando de verdade essa coisa que ainda não sei se é real ou não, ou como o identificar. Seja lá o que estiver acontecendo, ele tem olhos azuis que parecem atravessar meu corpo e não é uma sensação muito legal. Ao menos, não uma que eu esteja acostumado. O que me fez parar foi sorriso dele. É quase angelical.
A última coisa que esperei dessa situação com tantas perguntas é o que me veio à cabeça assim que o garoto parou de rir:
É um belo sorriso.
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