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Capitulo Treze - Make A Wish

Obrigada quem está comentando, poder saber o que estão pensando durante a historia é o que me deixa mais feliz <3 Ah e feliz aniversário, Nanda!

Boa leitura, gasparzinhos!

~o~


Eu vi um sorriso formando nos seus lábios, mas antes que eu pudesse levar como um bom sinal o sorriso desapareceu tão rápido quanto estava ali.

- Mas eu sou um espirito, Harry – constatou.

- Você acha que já não pensei nisso? – ri sem humor. – Mas sinceramente? Eu não me importo. Eu posso te amar e só estou permitindo isso.

- Amar? – repetiu e eu arregalei os olhos.

O que eu disse? Eu quis falar o que ele me disse no outro dia, mas saiu desse jeito. Eu amo ele. Eu sei disso. Não foi preciso muito tempo, ou muita coisa para eu notar. É a primeira vez que amo alguém, mas achei que seria rápido de mais falar agora. Começar dizendo que é só gostar o assustaria menos.

- É... Desculpa – desviei o olhar.

- Mas eu também gosto de você – ele se apressou em dizer e eu tive que olhar para ele de novo. – Por isso eu estava com ciúmes.

- Mas... Espera – meu coração acelerou. – Você gosta de mim?

Repeti porque não posso acreditar. Ele acenou com a cabeça, sorrindo levemente e com uma expressão de carinho.

- Desde quando? – soltei o ar, surpreso.

- Se transformou nisso desde o dia do show de talentos quando te escutei tocar, mas acho que estava começando desde a primeira vez que escutei sua risada ecoar por essa sala quando nos conhecemos – ele sorri.

- O quê? – fiquei mais surpreso ainda. – Mas... Por que você nunca falou nada sobre isso? Por que não me disse logo?

- Você está vivo – ele sorri em pesar. – O mesmo motivo que você não me disse até agora.

- Ah – abaixei o olhar e ele fez o mesmo. – Quantas coisas mais você não me diz?

- Eu já te falei, eu te conto tudo – ele ri. – Só espero o momento certo.

- E agora? – foi tudo o que pensei.

Gostamos um do outro, mas não podemos nos tocar. Não podemos ficar verdadeiramente juntos, é impossível.

- Agora acho melhor você ir para casa porque está escuro e... – ele olha para a janela e eu faço o mesmo, vendo a lua. – O resto a gente pode deixar fluir e descobrir na hora.

Acabei sorrindo e voltei a olhar para ele.

- Isso é tão estranho – me referi a nós.

- O quê entre nós dois não é estranho? A começar por um ser humano e o outro espirito? – ele pisca para mim e eu ri.

- Eu ia tocar uma música para você, mas acho que não é necessário – acabei revelando.

- A minha música que ia fazer?! – se empolgou.

Eu balancei a cabeça em negação, rindo.

- Só uma música que já existe.

- Oh – ele olha para cima e pensa um pouco. – Amanhã é sábado e acho que depois de tudo que aconteceu agora, é mais que justo se puder me visitar para passarmos a noite juntos.

Corei levemente e pensei outra coisa quando ele falou noite juntos. Impossível, nem podemos nos tocar. Acalmei meu coração e tentei bloquear os pensamentos embaraçosos.

- É, precisamos tornar isso oficial de alguma maneira – dei de ombros, entortando meu sorriso.

- Daí você pode tocar para mim o que ia tocar hoje – ele sugere.

- Fechado.

- Mas venha às sete horas e vai para o teto da escola – sorriu de forma misteriosa.

- O que está pensando? – tentei descobrir.

- Apenas venha e verá.

Quando cheguei em casa naquela noite, eu ainda me senti inseguro do que esperar. Mas encontrei novas rosas no meu quarto e saber que Louis as deixou ali enquanto eu tinha aulas, antes da gente se explicar e se resolver, me deixou calmo outra vez. Talvez não seja tão ruim.

Depois de tomar banho e colocar uma roupa leve para dormir, eu sentei na cadeira e fiquei encarando meu teclado. Peguei minha mochila e tirei um papel branco e um lápis. Coloquei em cima da escrivaninha. Eu preciso me expressar.

É a primeira vez que me declarei para alguém que gosto de verdade e é mutuo. Comecei a desenhar um bonequinho sorridente que deveria ser o Louis. Sorri levemente para o rostinho redondo sorrindo para mim com dois pontinhos pretos formando os olhos. Se fossem azuis, pareceria mais.

Desenhei uma coroa de flores na cabeça dele e depois tentei fazer um bonequinho idiota e feio segurando sua mão. É para ser eu. Bati o lápis contra meu lábio algumas vezes antes de decidir desenhar uma coroa de flores na minha cabeça também. Nós dois sorriamos.

Olhei para aqueles bracinhos de palito se unindo no segurar de mãos.

Eu não posso segurar a mão dele.

Como isso vai funcionar? Eu não posso beijá-lo, eu não posso sentir a pessoa que amo.

Suspirei, sentindo algo como um peso no meu coração. Parece que alguém está pisando nele e não sai de cima de jeito nenhum. Encostei a testa no papel, olhando os dois rostos felizes de perto. Fechei os olhos, tentando ignorar a dor.

Eu deveria estar feliz porque eu me declarei e Louis sente o mesmo.

Tirei minha testa e virei a folha. Olhei para o teclado. Vou treinar um pouco a música de amanhã e quem sabe começar a música do Louis. Assim me distraio.

Foi o que eu fiz e quando dei por mim já tinha se passado algumas horas e eu precisava dormir, ou ficaria cansado mais tarde. Minha mãe abriu a porta na hora que guardei a folha.

- Harry, querido – ela sorriu com os olhos de sono. – Não acha que está na hora de dormir? É ótimo te escutar tocar, mas está muito tarde.

- Eu sei, já ia fazer isso – ri e me levantei para dar um beijo nela.

- Tudo bem. Boa noite, filho – ela me deu um beijo.

- Boa noite – ela começou a fechar a porta. – Mãe!

Ela parou no ato e esperou que eu falasse. Eu não sei exatamente o que quero falar... É só que é difícil não poder contar nada para ela. Às vezes tudo o que precisamos é das palavras da nossa mãe. Ela já sabe sobre amor mais do que eu.

- Você... – tentei pensar em como falar. – Você acha que se duas pessoas não podem se tocar, mas se amam o certo a fazer é ficar juntos?

- Como assim, filho? Por que não se tocariam? – ela quis entender, franzindo a testa.

Tentei pensar em algo parecido.

- Namoro a distancia – pensei rápido.

- Harry, não existe distancia para o amor – ela boceja, se abraçando com o roupão do pijama. – Você não pode ver o amor, pode? Você pode tocá-lo?

Fiz que não com a cabeça, respondendo o obvio. Ela sorriu de forma cansada.

- Então? O amor é para se sentir aqui – ela aponta para o peito. – O físico é bônus.

Eu acho que entendi. Sorri em agradecimento e ela suspendeu uma sobrancelha.

- Por que esse assunto? Tá de namoro a distancia?

- Quase isso – acabei falando.

Ela riu e fechou a porta do quarto. Peguei meu celular e enviei uma mensagem curta e simples para os meninos resumindo que tudo deu certo e até melhor. Os agradeci porque se eles não tivessem falado comigo, talvez tudo fosse diferente. Deitei na cama e fiquei olhando para o teto no escuro.

Estou ansioso, não consigo dormir. Amanhã é a primeira vez que vou ver Louis em um fim de semana e depois de revelarmos nossos sentimentos. O que vai acontecer? Será que vamos agir diferente, ou vai continuar a mesma coisa? O que será que ele está planejando...? Bom, eu confio nele. Está sempre me surpreendendo.

Optei por relembrar algumas das memorias que tenho com ele e fiquei sonhando acordado até que em alguma hora, eu dormi e nem sei se tirei o sorriso do rosto.

*

- Ah, não – resmunguei, tentando abrir a porta.

Esqueci totalmente desse detalhe. A escola não fica com as portas abertas fim de semana, nem a porta dos fundos que é a que estou tentando abrir.

- Você é um maior perdedor – escutei uma voz do outro lado da porta e no segundo depois ela foi aberta.

Louis sorriu de uma forma irritante e eu quase o abracei revirando os olhos, mas parei lembrando que não posso. O sorriso dele sumiu quando percebeu o que eu ia fazer. Ótimo, já comecei estragando o clima. Por que sou tão idiota? Eu me esqueço desse detalhe quando o vejo assim tão perto e sorridente. Apesar do que mamãe falou continua sendo difícil porque eu posso vê-lo e ele está na minha frente, mas mesmo assim não sou possibilitado de tocá-lo.

É diferente de uma relação a distancia. Muito diferente. Muito mais doloroso.

- Esquece isso – Louis adivinhou o que eu estava pensando. – Por enquanto.

Tentei sorrir e entrei, ficando do lado dele. Ele fechou a porta e a gente andou do lado do outro quietamente. Eu cheguei exatamente no horário que ele me pediu. A lua está bonita, embora não esteja cheia. Subimos as escadas num silencio confortável, uma das coisas que mais me agrada sobre nós dois.

No último andar eu comecei a andar direto para ir para o teto, mas Louis colocou a mão no meu pulso e o movimento me fez parar, apesar de eu não sentir nada.

A sensação é como aqueles sonhos que acordarmos, mas o corpo fica pesado e imóvel, não conseguimos nem abrir os olhos. Parece que tem algo invisível nos impedindo.

- Primeiro a sala de música – ele falou quietamente, apontando com a cabeça para a porta da sala aberta.

- Por quê? – o segui.

- Quero te ouvir tocar – ele sorri para mim, deixando a porta aberta.

Eu sorri de volta e fui para o piano. O ambiente está iluminado apenas pela lua lá fora. Juntei meus dedos e os alonguei com meus braços. Levantei a parte de cima das teclas, as expondo. Preparei meus dedos, mas eu estou tremendo e não tive noção até agora de que estou nervoso. Quer dizer, eu escolhi essa música para me expressar para ele. As letras são importantes e espero que ele saiba.

- Ontem eu repassei tudo que aconteceu – contei, hesitante. – E acabei pensando em outra música para tocar. Então, tocarei duas. Tudo bem?

- Hey – escutei sua voz por trás de mim, perto do meu ouvido e estremeci.

Não sei se foi por ser ele ou porque espíritos causam arrepios. Talvez os dois.

Virei a cabeça lentamente, encontrando os olhos de Louis incrivelmente próximos dos meus. Não evitei olhar para os seus lábios e entristeci meu olhar sabendo que nunca poderei saber como é a sensação deles nos meus. Voltei a olhar para o lindo azul de seus olhos.

- Está mais do que bem. Eu já te escutei tocar outras vezes, você é incrível – ele quis me acalmar. – A diferença é que agora compartilhamos o mesmo sentimento.

Respirei fundo e soltei pela boca, virando a cabeça para frente.

- Toque para mim – ele pediu suavemente, sentando do meu lado.

Fiquei encarando minhas mãos nas teclas até que Louis levou uma das mãos dele em direção da minha. Nós dois observamos o movimento como se fosse um grande espetáculo. A mão repousou sobre a minha e eu sorri fracamente.

- O que você sente? – perguntei num sussurro.

- Não sinto sua pele – olhei para ele e ele tem os olhos fechados. – Mas sinto a aura por cima e é caloroso.

Observei o pequeno nariz dele, os cílios longos, a forma que a franja emoldura o rosto e a mandíbula definida.  Tão lindo. Ele abre os olhos e eu volto a olhar para as nossas mãos. Com certa hesitação, virei minha palma para cima e ele voltou a pousar a dele ali. É um pouco menor que a minha.

Não tem nada na minha mão, é só uma imagem. Pergunto-me se estou sonhando.

- Você parou de tremer – senti o olhar dele em mim.

Olhei para ele.

- Mesmo que não possa me tocar, você é capaz de me acalmar como se tocasse – expliquei. – Só de saber que está aqui e posso vê-lo, é suficiente.

Ele abre o sorriso angelical por qual me apaixonei desde o primeiro momento e afasta a mão.

- Toca! – ele aumenta a voz.

Ri do seu jeito de criança e olho para as teclas.

- Espero que saiba a letra.

Começo a tocar. Não preciso olhar, apenas fechar os olhos e sentir a música enquanto penso na letra. Balanço a cabeça levemente com o ritmo, em uma sincronização com meus dedos. Lembro o dia que nos conhecemos, quando desejei que Louis pudesse ir para um lugar melhor do que a Terra. Ele merece e precisamos completar a missão para isso.

Lembro também da primeira vez que Louis sorriu para mim, sentado nesse banco. Sorrio e arrisco abrir os olhos. Se eu não os abrisse, nunca saberia que Louis também tinha fechado os olhos e encostado a cabeça no meu ombro, já que eu não posso sentir. Eu sorri mais ainda e voltei a me concentrar, dessa vez fazendo meu coração ecoar mais alto com as notas. Eu só quero que elas atinjam o coração dele para saber exatamente o que eu sinto.

Assim, terminei de tocar a música Fly On, ou "O" do Coldplay. Comecei a segunda.

É uma sensação revigorante e completamente nova, pois de todos os sentimentos que já expressei por meio do piano eu jamais havia tocado sobre o amor que sinto por motivo de nunca ter amado. Agora aqui estou e a pessoa que amo me escuta. E ele sente o mesmo.

Esse fato sempre será a melhor parte e com isso finalizei a música, diminuindo a altura das notas.

Um silêncio de apreciação se prolongou antes que Louis tirasse a cabeça do meu ombro e me olhasse.

- Harry – os seus olhos se prendem aos meus com tanto sentimento que não é preciso palavras para ele se explicar. – Posso revelar um segredo?

Suspendi uma sobrancelha, ficando curioso.

- Claro, Lou – assegurei. – Não sabia nem que tínhamos segredos. Somos melhores amigos, não?

- Sim – ele olha para o piano, me fazendo olhar também. – Não é bem um segredo meu, vai ser nosso segredo.

Voltei a olhar para ele, que fez o mesmo.

- E qual será nosso segredo, Boo? – o olhei carinhosamente.

- Se por algum motivo você se sentir sozinho e eu não estiver por perto... Se você precisar do seu melhor amigo... De mim – ele se apontou com um orgulho inocente. – Basta tocar e eu vou estar lá.

Meu coração se enche de ternura e amor pelo menino espirito.

- Tudo bem.

- E será nosso segredo – ele reforça.

- Nosso segredo – sussurro, fazendo uma careta e aproximando nossos rostos.

Ele deu pequenas risadas comigo.

- Parece que pensamos igual – ele falou quando parou de rir, se levantando.

- O que quer dizer? – me levantei também.

Louis anda para fora da sala de música e eu o sigo. Ele puxa a porta de acesso para o teto da escola e a brisa fria passa por mim, mexendo as pontas do meu cabelo. Ele se vira para mim e eu admiro seu sorriso antes de perceber as pétalas espalhadas no chão. Não acredito.

- Louis, isso é clichê até para você – falo, mas por dentro fico bobo.

- Eu não pude ser clichê com ninguém enquanto vivia porque nunca gostei de alguém de verdade como gosto de você – ele se defende, dando de ombros. – Acho que posso ser clichê se quiser.

- Pode sim – acenei levemente com a cabeça e me aproximei. – Por que disse que pensamos igual? – ainda tento entender. – E por que aqui no teto?

Louis não responde. Ele resolve mostrar.

Sentou-se no meio do teto entre as rosas e de costas para mim. Depois, se deitou. Ele inclinou a cabeça para conseguir me olhar e bateu o espaço do lado dele. Eu ri e caminhei até o local que indicou, me sentando.

- If I lay here If I just lay here would you lie with me and just forget the world? – Louis cantou.

- Então, você sabe a letra – meu coração acelerou e eu me deitei, ainda olhando para ele.

Ele riu e assentiu.

- Chasing Cars.

- E como você pensou em deitar comigo assim? Por que queria fazer isso?

- Como na música. Para esquecer-se do mundo e o que te preocupa sobre a gente – ele vira a cabeça e aponta para o alto. – E por isso.

Segui o dedo dele e meus olhos arregalaram por um breve momento, meu ar engatando com a vista de tirar o folego. Pela falta de luzes ao redor, todas as estrelas preenchem o céu e podem ser perfeitamente vistas. Elas brilham de forma majestosa e se eu tentasse contar só as que eu vejo, me perderia tentando.

- Uou – suspirei, impressionado. – Louis, isso é lindo.

- Eu sei.

Ficamos olhando para as estrelas. Algumas menores que outras e mais brilhantes. A lua não pode ser vista daqui, mas não faz falta. As estrelas tem o próprio jeito de iluminar o céu sem serem vulgares e atrapalharem o brilho uma da outra. Procurei pelas constelações simples e mais conhecidas.

- Você também olha para elas quando está sozinho? – pergunto, lembrando de quando falou que olha para a lua.

- Quando preciso cuidar das rosas a noite, sim.

- Louis – viro a cabeça para ele e ele vira para mim. – Por que você não me conta tudo logo?

- Eu conto, mas espero-

- O momento certo – ri, voltando a olhar para o céu. – É, já deveria ter aprendido.

Louis começou a cantar as primeiras linhas de Fly On e depois parou. Entendi como um pedido para que eu continuasse e foi o que eu fiz. Ele se juntou a mim e cantamos a letra inteira enquanto olhamos a escura imensidão acima de nós com todos seus mistérios e pontos luminosos.

- Maybe one day I can fly with you – cantei essa parte com tanta esperança, que tive de controlar bastante a emoção para não lacrimejar.

- Talvez minha missão fosse te conhecer – Louis comentou após longos segundos e eu refleti.

Se pensar bem, a gente tinha tudo para se conhecer. Estudávamos na mesma escola, tínhamos o mesmo recreio e por diferença de um ano eu não o vi jogar no time de futebol. Por algum motivo, nunca nos vimos ou tivemos oportunidades de se conhecer, nem reparar na presença do outro. Mas talvez esse fosse o certo o tempo todo.

Tínhamos que nos conhecer porque mesmo que não fosse um espirito, ele continuaria com a mesma personalidade. Continuaria sendo o Louis e eu provavelmente iria me apaixonar por ele como me apaixonei.  Talvez até admitisse mais rápido e tudo seria mais fácil.

Mas ele morreu cedo de mais, jovem de mais. Antes que pudéssemos estar juntos.

- E nos apaixonar – acrescentei ao que ele disse e a minha linha de raciocínio.

- A proposito - Louis me fez olhá-lo. – Eu também sou capaz de te amar e já estou permitindo isso.

Meu coração deu umas duas batidas mais rápidas do que as outras e minhas covinhas apareceram. Fiquei olhando para ele de uma forma idiota e Louis riu, revirando os olhos. Ele se levantou do nada e eu fechei a cara.

- Por que está levantando? – falei quase ofendido.

- Calma, nossa noite só está começando – ele me garante, fazendo sinal para que eu levante também.

Eu levanto e ele anda até a beirada do teto, se encostando contra a construção e olhando a cidade de longe. Eu me encosto do lado dele e olho a arvore que sempre sento com os meninos no intervalo. Eles responderam minha mensagem hoje de manhã e fora as provocações eu sei que ficaram felizes por mim.

- O que você disse para os seus pais? – Louis pensou nesse detalhe.

- Falei que ia visitar um dos meninos para jogar e assistir filme e voltaria tarde – apoiei meus braços ali e meu queixo em cima deles.

- Vamos brincar? – pediu.

Eu comecei a rir e olhei em incredulidade para ele.

- Por favor! – pediu da forma que uma criança faria.

Eu não me apaixonei por alguém mais velho. Não mesmo.

- Tudo bem, do que você quer brincar?

- De pega-pega e luta! – ele deu um pulo de animação e se afastou um pouco.

- Mas não posso te pegar – falei o obvio.

- Essa é a graça Harry, tenha mais humor – ele diz formalmente, fazendo um rosto de deboche.

No que eu me meti? Não tem jeito. Louis começou a correr e depois de pensar bastante eu acabei correndo atrás dele. A risada dele é levada pelo vento e ele pula as construções que tem ali. Apesar de estar sofrendo tentando acompanhar o seu espirito energético eu fico muito feliz e agradecido com a cena.

É como se Louis estivesse vivo outra vez e ele se sente vivo. O rosto dele entregava isso. Esse sorriso com olhar distante diz para mim que por esses minutos, ele se esqueceu de que é um espirito como muitas vezes eu faço. Ele corre como se eu realmente pudesse pegá-lo e acho que não faria mal se acreditássemos por aquele instante que eu posso.

Se a nossa missão é se conhecer e se apaixonar, então o que acontece a partir daqui? Como a Casey falou, será que ele vai sumir?

Tem gente que mesmo vivo nunca viveu de verdade. Quando estou com Louis e fazendo coisas como brincar de pega- pega, tocar, cantar, rir, conversar, ficar num silencio agradável, observar e dar valor as coisas naturais e simples... Eu me sinto mais vivo. A presença dele me faz viver mais intensamente e experimentar coisas que antes não conhecia. Ele mantem a criança dentro de mim. A infância é a fase mais pura e viva que temos antes de crescermos e nos lapidarmos duramente com o mundo.

Então se ele sumir, o que eu vou fazer? O que farei sem meu menino espirito?

Parei de correr com o peso dessa pergunta caindo sobre meus ombros. O que vou fazer quando ele se for?

Louis parou de rir e de correr um pouco mais a minha frente. Meus olhos encaram o chão e eu estou começando a me apavorar de a qualquer momento eu o perder.

- Harry? – ele se aproximou. – O que foi?

- Estou com medo – confesso.

Levanto o olhar para o dele e ele tem o olhar inocente e preocupado sobre o meu.

- Medo? – eu assenti. – De quê?

- Disso não ser mais possível... – indico ao redor, sentindo angustia antes de parar e indicar a nós mesmos. – Da gente não ser mais possível.

Louis franze a testa, mostrando a confusão sobre o que eu estou dizendo.

- Pensa bem, Louis – passei as mãos no meu cabelo e fecho os olhos, tentando não deixar aquele sentimento tomar conta de mim porque eu posso enlouquecer de tão aterrorizador. – Se essa for nossa missão, você vai sumir.

- Oh.

É tudo que ele tem a falar? Ótimo. Acho que eu também não falaria muito.

- Vamos brincar de luta agora? – ele sorri e eu suspendo uma sobrancelha.

- Sério? – o desafio. – Eu acabei de dizer que talvez eu nunca mais te veja e você ainda está pensado em brincar?! – aumento o tom de voz, dessa vez ficando irritado.

Louis para de sorrir e suspira.

- Eu sei, Harry – ele fala debilmente. – Mas eu já te falei que a gente não pode ficar pensando no que vai ou não acontecer e deixar de aproveitar um momento em que as coisas ainda estão perfeitas.

Eu balanço a cabeça e tento retrucar. Mas não tinha resposta para isso, ele tem razão. Ele sempre está um passo a frente e nessas horas que prova realmente ser o mais velho e experiente.

- Tudo bem? – ele quis ter certeza.

Sorri forçado.

- Tudo bem.

Ele levanta a mão para eu bater. Acabo sorrindo de verdade e bato na mão dele rapidamente, não sentindo nada além do ar.

Eu não tinha prestado atenção na roupa dele até agora. Outra vez ele tinha mudado de alguma forma, algo a ver sobre as roupas que tinha quando era vivo e pode materializar caso pense nelas. Parece mais para magia do que algo espiritual.

Ele veste um suéter roxo de mangas compridas, mas duvido que sinta frio. Louis fica adorável e parece vulnerável com essas mangas quase cobrindo as suas mãos.

- Você já brincou disso? – Ele mostra e é uma brincadeira de bater mãos que quase todo mundo fazia na nossa época de criança.

- Yup.

Começamos a brincar e cantar as músicas idiotas, tocando na mão um do outro como se pudéssemos sentir. A gente ri e se enrola, esquecendo algumas partes, mas dávamos nosso jeito. Louis sendo o atrevido que é começou a transformar os movimentos em ataques e nossa luta de brincadeira aconteceu.

- Harry, seu reflexo é péssimo! – ele tira onda, rindo dos meus movimentos falhos de me proteger.

- Cala a boca, Tomlinson – fiz minha melhor pose e cara de lutador confiante. – Você verá meu verdadeiro potencial.

- Pode ficar pior que isso? – ele finge surpresa.

- Idiota – ri e tentei ataca-lo.

De repente, nossas mãos pararam e se abaixaram quando ele chegou a boca perto do meu ouvido:

- Sim, mas o seu idiota.

Fecho os olhos, estremecendo. Ele inclina a cabeça e eu faço o mesmo, nossos narizes quase se tocando.

- Eu preciso te beijar – tem urgência na minha voz.

Ele fecha os olhos e eu faço o mesmo. Nada. Mas fiquei um pouco feliz de saber que pelo menos ele sente algum calor disso e simbolicamente eu o estou beijando. A gente se afastou e começamos a rir porque tudo é estranho com a gente.

- Harry! – ele deu um berro apontando para o céu, os olhos arregalados.

Eu olho o mais rápido que posso e consigo um ultimo relance de uma estrela cadente.

- É a primeira vez que vejo uma – sorri empolgado. – Nem achei que existisse!

Voltei a olhar para ele que se espantou levemente, se lembrando de algo.

- Rápido! – ele foi para a beirada do teto e eu corri atrás.

- O quê?

- O pedido.

Ah, é mesmo! Tentei pensar rápido e não consegui pensar em nada bom porque Louis é tudo que tenho em minha mente. Não tem como evitar e... Não preciso pensar em mais nada. Não preciso de mais nada. É exatamente isso que eu quero. Sempre.

Ele está de olhos fechados fazendo o pedido e quando abre, viu que eu o estou olhando. Sorriu suavemente.

- Harry, faça um pedido.

- Você.

O sorriso dele paralisou e eu olho para o céu, rezando mentalmente como na música. Quero o Louis.

Esse é meu pedido, que eu sempre o tenha.

Senti algo estranho na minha mão, caloroso como da primeira vez que Louis me tocou no palco do show de talentos. Abaixo a visão e vejo sua mão deslizando na minha cautelosamente. Correspondi o movimento.

Olho para Louis em duvida. Como eu posso sentir esse calor por uns segundos e depois nada mais como normalmente?

- Pensamos igual outra vez – ele murmura.

- No quê?

- No pedido.

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