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Capitulo Três - A Different Help


Boa leitura, gasparzinhos! .x

~o~

Eu me sentei de costas para a árvore. Liam se sentou do meu lado de um jeito exagerado, quase caindo. Niall riu da forma desajeitada de Liam e se sentou na nossa frente com o Zayn do lado. Estamos no intervalo.

Aqui na escola temos a cantina e o pátio para lanchar. A gente prefere sentar na cantina para comer e quando terminamos, sentamos no pátio embaixo da mesma árvore. Fica de frente para o campo de futebol, onde um dos funcionários está usando um aparador de grama agora. As arquibancadas estão vazias e alguns dos alunos passam por perto com lanche na mão, conversando. Outros se sentam nas partes gramadas.

Achamos melhor falar sobre o que aconteceu aqui fora. Na cantina qualquer um pode escutar. Esperamos pelo recreio porque não posso contar só para o Niall. Eu até tentei durante a aula, mas o professor chamou nossa atenção.

- Fala aí – disse Liam.

Acenei levemente e comecei a falar que Jimmy, Russell e Conor descobriram minha sexualidade na festa e não reagiram bem com a informação. O menino que fiquei nem é da nossa escola, deve ter sido um intruso da festa, ou amigo de alguém. Não peguei contato e ele também não tinha me pedido. Pulei os detalhes que já sabem e continuei.

Jimmy e os outros parecem estar com nojo de mim e esquecer completamente da amizade que tínhamos. Foi quando Jimmy deu um soco no meu estomago. Eu não lembro direito dos insultos que falaram, nem quero lembrar.

- Aqueles filhos da mãe! - Zayn levantou, demonstrando uma raiva enorme. – Eu vou arrebentar a cara do Jimmy!

Niall também se colocou de pé.

- Eu vou dar uma lição nesses merdas – apertou as mãos em punho.

Os dois são os mais impulsivos do grupo. Quer dizer, Niall precisa ter um ótimo motivo para realmente se zangar e um dos motivos perfeitos é mexer com seus amigos. Liam está tão furioso quanto eles, pude notar, mas olhou para mim e depois para um ponto qualquer no chão de forma pensativa. Olhou para Zayn e Niall que discutiam formas de se vingarem e mandou que calassem a boca e se acalmassem.

- Como você quer que eu tenha calma? - Zayn retrucou e coloquei o beiço inferior para fora.

Ele tem razão.

- Como você pode estar calmo? - Niall indagou.

- Eu não estou, mas acho que o mais importante agora é o Harry - Liam os encarou significantemente.

Os três me olharam. Eu consigo vê-los com a visão periférica, mas minha atenção está esse tempo todo para o alto da escola com a vista que tenho daqui. Mais especificamente o teto. Eu voltei a pensar no Louis. Tinha quase esquecido durante a manhã inteira.

- O que foi, Harry? - Niall sentou de novo e Zayn fez o mesmo contra gosto.

Dá para ver a parte que não consegui entrar porque a porta de acesso estava fechada. O Louis ainda deve estar na sala de música, nesse exato momento, sozinho. Acabei pensando nele porque estou começando a me sentir triste em contar o que aconteceu, vendo os meninos tão frustrados quanto fiquei. Eu decidi que levaria Louis como uma inspiração para não me entristecer.

- Nada – murmurei, dando um sorriso fraco na direção deles.

Não posso contar sobre o Louis.

- Como você está? - Liam colocou a mão no meu ombro.

Olhei para ele, sorrindo de lado e depois olhando com carinho para o loiro e moreno na minha frente. Recebi sorrisos reconfortantes de resposta. Eu realmente tenho sorte de tê- los em minha vida.

- Estou bem, só foi estranho. Nunca passei por isso.

Todos concordaram. Niall e Zayn se colocaram de joelhos para me abraçar em grupo com o Liam. Eu sorri do gesto simples, mas é tudo que preciso. Esses sim são meus amigos de verdade.

- Não se preocupe, Harry. Não deixaremos esse fanfarrão te machucar outra vez - Zayn afagou minha cabeça, falando de forma infantil, mas firme.

- Fanfarrão? – Liam estreitou os olhos e abriu a boca como se Zayn tivesse dito um absurdo.

- Me deixa, Payne – Zayn se afastou, chamando Liam pelo sobrenome.

- Eles terão que passar por nós antes de chegar até você! - Niall bufou, batendo no peito e me fazendo rir levemente.

- O que nunca vai acontecer porque somos fodas - Liam completou e o olhamos surpresos. - Que foi?

- Podem se gabar, mas você falando palavrão? Que feio, Payne! - o reprimi de brincadeira, os fazendo soltar risadas.

- Você vai contar para os seus pais? – Liam retornou o assunto quando paramos de rir.

Entortei a boca e fiz que não. Eles se entreolharam, mas assentiram, pois entendem que pode ser pior.

- Mas se essa historia se repetir, ou piorar, você vai contar, certo? Antes que fique sério – Liam pediu e tive que concordar, ou contariam por eles mesmos.

- Zayn, Zayn, Zayn! - Niall chamou freneticamente, de repente. - É a Casey!

Zayn seguiu o olhar do loiro encontrando a garota de cabelo roxo ali perto. Ela está escutando alguma música por meio de fones de ouvidos plugados em algo no seu bolso do casaco, andando tranquilamente para se sentar em um banco. Zayn pressionou os lábios numa linha estreita. Eu olhei para Niall e Liam, trocando sorrisos de provocação e concordando com a cabeça.

- Fala com ela! – encorajamos ao mesmo tempo.

- O- o quê? - ele ficou com as bochechas rubras. - De jeito nenhum!

- Aw, por que não, Zee? - Niall pegou no ombro do tatuado. – Não seja um galinha.

- Porque eu não consigo, idiota - revelou timidamente. – Galinha sua mãe! – Acrescentou, ficando irritado logo após.

- Hey! Semana passada você dormiu lá em casa e adorou minha mãe, como sempre! – defendeu.

Sorri e Liam fez uma expressão pensativa. Esperamos o que inventaria.

- E se a gente chamar ela?

- Como assim? - Zayn se interessou.

- Tipo, se eu a chamar para se juntar e todos começarmos a conversar, ela nunca vai suspeitar que fosse por sua causa – disse Liam e deu de ombros.

Zayn ponderou a sugestão por uns segundos, Niall e eu olhamos confiante para ele.

É uma boa. Zayn ficou com frescura, mas acabou cedendo. O que tem a perder? Ele gostaria muito de falar direito com ela, ao menos uma vez e vive dizendo isso. Diferente do dia que a conheceu quando tiveram que fazer um trabalho em dupla juntando as nossas salas. A forma espontânea e bem humorada da Casey o chamou a atenção. Normalmente as garotas congelam, ou ficam muito tímidas e isso o deixa mais tímido ainda, ele não gosta.

Zayn nos contou isso embaixo dessa árvore, no dia que ocorreu. Casey se transferiu para a escola no segundo semestre do ano passado. Ela não tem nenhum amigo com quem é vista andando sempre, apenas companhias casuais.

- Tá, pode ser. Vocês fariam isso?

Nós nos olhamos e olhamos para ele.

- O que você acha? – sorri de forma cúmplice e dei um chute de leve em sua perna.

Zayn sorriu e Liam virou a cabeça para assobiar alto, chamando Casey.

*

- Niall! - gritei, pegando o caderno das mãos do loiro que começou a gargalhar.

- Foi mal - ele disse, mas não parece sincero.

É a terceira vez que o infeliz faz isso nesse curto período de tempo na tentativa de me irritar. Assim como faz com qualquer um que esteja com ele quando se sente entediado. Estamos voltando do intervalo para ter as aulas da tarde e depois vamos para casa.

Casey se juntou ao nosso grupo quando Liam a chamou mais cedo. Ela tinha estranhado, mas não hesitou. Achei difícil que não aceitasse. As garotas aproveitam qualquer chance para se aproximar da gente, apesar de ela não ser a maioria. No inicio conversamos normalmente, perguntando coisas básicas um do outro. Eu gostei do seu jeito de ser e no final, Zayn se soltou o suficiente.

Agora ambos conversavam bem perto um do outro. Liam se separou no meio do corredor quando avistou a namorada, a puxando para um abraço por trás. Ela se assustou levemente e riu com ele, dando um selinho.

Eca, mas estou sorrindo pelo casal.

- Você acha que hoje vai ter Produção Textual? - Niall fez careta.

- Eu não acho, Niall. Eu tenho certeza – suspendi uma sobrancelha. – Está no horário de hoje, cara.

- Ah, não! Eu esqueci – cobriu a boca, exasperado.

Eu sorri em descrença, dando um tapinha acolhedor nas suas costas. Sempre é esquecido e irresponsável em questão de escola.

Passamos por Jimmy e Russell no corredor, que olharam feio para mim e soltaram uns risinhos de deboche. Niall percebeu e simplesmente mostrou o dedo do meio para eles, me fazendo rir. Eu realmente não me importo mais. Que se ferre.

- Você é incrível.

- Eu tento - Niall brincou.

No meio da aula de Produção, quando a professora fez a chamada para saber quem trouxe o material completo e Niall roía as unhas porque vai levar marcação de falta de material no primeiro dia de aula da matéria, entrou um fiscal na sala chamando o nome dele. Eu suspendi as sobrancelhas e Niall olhou para mim sorridente, sussurrando:

- Salvo pelo gongo!

Balancei a cabeça e ri com a figura do meu amigo quase saltitando ao sair da sala. A professora passou pelo nome de Niall sem colocar marcação, mas pondo a presença. Sortudo do caramba. Eu já estava começando o segundo paragrafo da redação, quando Niall voltou cabisbaixo.

- Que foi? – perguntei curioso e preocupado.

Niall se sentou, começando a arrumar as coisas na mochila.

- Você acredita que minha mãe caiu de uma escada?

Eu abri a boca e Niall afirmou com a cabeça. A Maura é tão legal e doce. Espero que ela esteja bem.

- Ela está bem?

- Sim, mas vai precisar descansar a coluna por hoje – fechou o zíper e jogou a mochila por cima do ombro. – Culpa do Malik, jogou praga para minha mãe no recreio.

Eu ri levemente.

- Meu pai disse que não pode sair do trabalho e pediu para a escola me liberar mais cedo para cuidar dela – terminou de explicar.

- Certo. Melhoras para ela, Nialler – desejei.

- Valeu - Niall sorriu e se levantou, recebendo "tchau" dos alunos ao redor.

Porém, ele não saiu antes de fazer uma gracinha com a professora que apesar de repreendê-lo, acabou rindo junto com a sala.

Esse cara não tem jeito.

Pelo visto, vou ficar sozinho no resto das aulas já que não falo direito com os outros 23 alunos da turma. As garotas tentam, mas não sou amigo de nenhuma delas e nem me interesso em ser porque sei que todas querem mais que amizade. Eu até falava com o Conor, mas depois de ontem, agora ele está na lista negra.

Virei- me com curiosidade para ver o lugar onde normalmente se senta e ele está passando uma mensagem escondido da professora por debaixo da mesa. Um sorriso suspeito beirando seus lábios.

Não gosto nada disso, mas deixei para lá. Contanto que não esteja me fazendo mal.

No remanescente das aulas eu fiquei vegetando. Olhei para a Casey algumas vezes, pensando ser a companhia mais agradável, mas ela está longe. Quase suspirei de alivio quando o sinal tocou, avisando o final do dia escolar. Eu arrumei o material na mochila e saí junto com o montinho de gente se acumulando na porta.

Mais a frente, consegui ver Zayn saindo da sala e Casey se encontrando com ele, ambos conversam alegremente como se fossem amigos de longa data. Eu fico feliz por ele e resolvo não atrapalhar.

Escutei uma voz familiar chamar.

- Harry! – é o Liam.

Eu me virei, vendo meu amigo acenando freneticamente com Karen ao seu lado, sorrindo. Parei de andar e esperei se aproximarem.

- Ei! - Liam disse quando chegou perto.

- Ei! – imitei o tom animado e sorri para os dois.

- Cadê o Nialler? Zayn eu acabei de ver com a Casey - ele olhou para os lados, em busca do loiro.

- Foi mais cedo, aconteceu um imprevisto na família - abreviei.

- Ah. Mas está tudo bem, né? - se preocupou por um segundo.

- Sim - assegurei.

- De boa, mas eu quero saber se você não quer sair comigo, Karen, as amigas dela e uns caras para a sorveteria aqui perto - ofereceu com um sorriso enorme.

Pensei um pouco. Pode ser, eu adoro sorvete. Mas... Ah, merda. Lembrei que não tenho mais dinheiro, gastei tudo no almoço. Além do mais, não posso ficar pedindo emprestado. Já abusei muito, mesmo que tenham sido quantias pequenas como duas libras. Nunca devolvo porque quando é um deles que pede para mim, também não devolvem. Apenas nos ajudamos.

- Seria legal, mas hoje não dá - dispensei gentilmente.

- Por que não? - Liam fez uma expressão sentida.

- Grana, Liam. Grana - puxei os bolsos vazios para fora, provando meu ponto antes de arruma-los.

- Podemos te emprestar - Karen se pronunciou e Liam concordou.

- Obrigado, pessoal, mas não dá mesmo. Valeu - sorri fraco.

Liam estranhou e me olhou estranhando. Posso aceitar, mas não sei. Tem algo que simplesmente não me deixa ir. Eu não quero ir.

- Então tá - Liam se desanimou, mas logo sorriu e me deu um abraço. – Qualquer coisa pode contar comigo – fez questão de adicionar, provavelmente ainda preocupado. - Te vejo amanhã, Haz!

- Até amanhã – sorri.

- Tchau, Harry - Karen se despediu, dando a mão para Liam enquanto vão para a saída.

Acenei para eles, os vendo se afastar. Bom, hora de ir para casa, mas primeiro guardar as coisas no armário. Tem livros que vou usar amanhã e posso deixa- los logo aqui. Vou trazer só os que estão em casa e vou precisar. Fui para o corredor do meu armário que nesse momento já está vazio. Quase todos os alunos ficam lá fora esperando a carona, ou vão para casa andando.

Quando fechei o armário, senti algo me empurrando e minha cabeça bateu com força contra o material metálico. Cerrei os dentes e fechei um dos olhos com o impacto. Levei a mão para o local atingido. Não deu para sangrar, mas com certeza vai ficar inchado e dar dor de cabeça.

- Se não é o viadinho.

Meus músculos congelaram com o comentário. Virei o corpo e encontrei um ruivo e dois morenos. Jimmy, Russell e Conor. Ah, não. De novo não. Estava quase acabando o dia, pensei que ia escapar e que ontem tinha sido o suficiente. Mas eles estavam me esperando ficar sozinho.

- Vai se ferrar, Jimmy – o empurrei no peito. – Só porque ontem você me pegou desprevenido, não vai achando que não vou revidar!

Ele se surpreendeu, mas como se estivesse se divertindo. Russell e Conor me puxaram para longe dele como os dois servos idiotas que são.

- Está me desafiando, Styles? – fez uma cara sínica.

- Está com medinho, Sinoff? – apontei com a cabeça para um dos idiotas me pressionando no armário. – Por que não me enfrenta sozinho?

Isso o deixou sério e irritado. Toda pessoa que faz bullying é covarde, dificilmente ameaça sozinho. Russell e Conor me soltaram, mas Conor voltou a me pegar e dessa vez pelo pescoço, me enforcando contra o armário.

- Isso aqui não é aquela coisa de filminho – quase rosnou no meu rosto. – Não tem líder, tem só gente com nojo do seu tipinho.

Eu quis retrucar, mas está difícil respirar e minha cabeça lateja. Fui me desesperando, achando que ele não ia soltar. O arranhei e chutei as pernas na tentativa de me livrar. Jimmy pediu para Conor se controlar porque ainda quer me bater mais vezes durante o ano. Russell riu e Conor me deu dois tapinhas no rosto ao me largar. Eu me apoiei no joelho e levei a outra mão para o pescoço, recuperando o ar. Raiva borbulhou em meu peito.

- Até amanhã – Conor sorriu com falsidade e se afastaram.

Mordi o lábio inferior, fechando os olhos de cabeça baixa. Permaneci encostado contra o armário. Não acredito que aconteceu outra vez. Apertei as mãos em punho. Eles pretendem continuar com isso o resto do ano e o pior é que não quero que meus amigos me façam contar para os meus pais, então não posso contar isso para eles. Das duas uma: eles vão falar para meus pais diretamente se eu me recusar, ou se encrencar ao se vingar por mim.

Não quero nenhum dos dois.

Bati os punhos contra os armários e me desencostei, pegando minha mochila que tinha escorregado para o chão. Eu corri para o primeiro lugar que me veio na cabeça, sem realmente pensar sobre isso. Eu só preciso de um lugar. Qualquer lugar para organizar as ideias e voltar para casa sabendo como vou lidar com essa situação.

Apesar de ter dito que não voltaria mais e não queria mais vê- lo, Louis parece ser a única resposta. Talvez eu possa me distrair, ou descobrir que o que se passou ontem foi minha imaginação e não existe espirito nenhum na sala de música.

Alcancei o ultimo andar, quase sem folego. Eu vim correndo porque queria conseguir chegar aqui antes de começar a chorar. Estou apoiado nos meus joelhos, regularizando a respiração. Meu peito sobe e desce visivelmente e precisei respirar pela boca, mas as batidas do coração foram se estabilizando.

Ajeitei a postura e vi o sol da mesma forma que na vez passada. Fechei os olhos, tirando a franja da frente da visão e voltando a abrir, me aproximando da porta.

Fiquei parado, encarando o trinco. Acho que permaneci dessa forma por uns longos três minutos, debatendo se entro ou não. Com medo do que pode acontecer a seguir. Afinal, o que vim fazer aqui? Será que posso falar sobre isso com o Louis caso ele realmente exista?

Tanto faz. Abri o trinco que fez o "click" como da primeira vez, mostrando que ainda está aberta. Coloquei a cabeça para dentro, tímido. Olhei em volta da sala vazia com os instrumentos. Voltei a respirar pelo nariz e entrei, fechando a porta. Deixei a mochila no chão e olhei para o piano, sorrindo um pouco. Focalizei automaticamente no banco, a procura de algum peso o afundando, mas não encontrei.

Será que ele está aqui? O que eu faço? Espero, ou chamo? Isso é tão estranho, vai parecer que estou falando sozinho. Tenho medo, mesmo já conhecendo o Louis e tendo passado por isso.

- Louis? – chamei com incerteza.

- Oi.

Levantei a mão para o peito e arregalei os olhos quando um par de olhos azuis apareceu de repente na frente do meu rosto, tão perto que tropecei para trás e caí de bunda no chão.

- Ai! Droga, Louis! – reclamei, ficando com o coração acelerado outra vez por conta do susto.

Escutei sua risada e me senti irritado, passando a mão no local dolorido da minha bunda. Levantei temeroso, mas querendo demonstrar firmeza e falhando completamente.

- Desculpa, Harry. Não pude evitar – sorriu meigamente. – Estava esperando você me chamar, fiquei olhando seu rosto o tempo inteiro.

- Isso é muito bizarro, cara – franzi as sobrancelhas e passei a mão pelo cabelo.

- Achei que tivesse dito que não viria mais aqui – ele mudou de assunto, ficando sério e eu desviei o olhar. – Aconteceu algo?

Legal. Estou mesmo conversando com um fantasma – espirito - sobre meus problemas. Parece que não tem jeito, eu acho que foi para isso que vim, afinal. Querendo ou não, sendo estranho ou não, preciso falar com alguém sem ser meus amigos, ou pais. Louis é uma ótima opção porque nem vivo está.

É tão surpreende quanto ontem de poder ver e constatar isso de novo no dia seguinte.

- Talvez – admiti.

Louis sorriu de lado e andou até um dos sofás, se jogando no mesmo. Parece tão real. Como um corpo de verdade. Será que eu o atravessaria se tentasse o tocar? Sacudi a cabeça e me sentei em um banquinho de tripé, mantendo distancia entre nós. Continuo não me sentindo tão confortável.

- Então, Harry, me conte seus problemas – ele fingiu abrir um bloquinho, cruzando as pernas e ajeitando os óculos imaginários.

Revirei os olhos. Para um espirito ele é bem engraçadinho.

Por onde começar? Inclinei a cabeça para cima, vendo o teto da sala e as lâmpadas desligadas, mas as janelas continuam a iluminar muito bem o interior. Escutei um tipo de arquejo e voltei minha visão para Louis. Ele parece olhar fixamente para meu pescoço.

- Seu pescoço – ele disse antes que eu perguntasse. – Está vermelho e com uma marca.

Escondi meu pescoço com a mão em defensiva. Droga, espero que suma logo. Meus pais não podem nem sonhar com uma coisa dessas. Franzi as sobrancelhas em preocupação.

- Ontem, você apareceu chorando. E hoje, com essa marca suspeita no pescoço – descruzou as pernas e juntou as mãos entre ambas. – Harry, tem alguém te molestando?

Entortei a boca num sorriso sem humor e voltei ao normal no mesmo instante.

- Algo assim.

- Bullying, então. Você já falou para o diretor?

- De jeito nenhum! – me prontifiquei em dizer. – As coisas vão piorar, não posso contar para ninguém, nem para os meus amigos.

- Mas você precisa falar com alguém, Harry. Isso não é certo – Louis falou com determinação, o rosto expressando seriedade.

- Por isso estou aqui – confessei em um murmuro fraco, abaixando a cabeça.

Escutei-o rindo e levantei a cabeça, corando e me sentindo emburrado por rir de mim. Eu sei que é ridículo um humano falar com um fantasma sobre seus problemas. Não preciso que fique rindo para reforçar.

- Por que seus amigos não podem saber?

- Eu contei hoje, mas disseram que se acontecesse de novo, ou piorasse eles iam me fazer contar para os meus pais. Se não, eles mesmos contariam – expliquei. – E se não manterem segredo, vão querer bater no Jimmy e nos outros, no mínimo. O que pode encrenca-los - apontei para o meu pescoço. - Piorou.

Louis franziu o cenho quando falei no nome do Jimmy e pareceu refletir.

- Jimmy do segundo ano? – perguntou e eu neguei. – Segundo ano no ano passado – corrigiu e eu afirmei. – Jimmy Sinoff?

Então, Louis o conhece? Por que eu não conheci o Louis ano passado? Eu vivia admirando os meninos mais velhos e não me lembro de ter visto ele por aqui, só ouvi falar quando contaram do acidente. Talvez, não tivemos a sorte de se esbarrar, a escola é enorme e durante o dia tem varias atividades. Além de que não somos da mesma série e sala, mas compartilhávamos o horário de intervalo.

Simplesmente nunca procurei por Louis porque nem sabia de sua existência e quem sabe, se reunia com os amigos em outro canto para comer. Deve ser isso.

Afirmei com a cabeça outra vez e Louis revirou os olhos.

- Esse cara sempre se achou de mais para o meu gosto.

- Você o conheceu? – fiquei curioso.

- Sim, ele é bem festeiro. Ia até nas nossas festas quando não era convidado. Ele e aqueles amigos dele. Brad, Seth... Sei lá. – abanou a mão, fazendo pouco caso.

- Russell e Conor.

- Isso aí.

Totalmente diferente.

Meus lábios se levantaram em um sorriso. Louis sorriu de volta e se ajeitou no sofá.

- Então, você não pode contar para o diretor, nem para os seus pais, ou amigos? – reuniu os fatos.

- Yup.

- Mas eles vão continuar te ameaçando? O que fizeram ontem e hoje?

Não quero falar isso de novo, mas é o jeito. Louis se prontificou em me escutar, agora preciso terminar. Só acho ridículo estar passando por essa situação na escola, logo no meu ultimo ano e de repente descobrir que fantasmas existem. Depois, falar com um deles sobre isso em uma sala de música que nunca foi usada. Bem improvável, não é não?

Pensei nas palavras certas e contei para Louis a mesma coisa que falei para Zayn, Liam e Niall mais cedo. Fiquei com medo de que compartilhe da opinião sobre gays como Jimmy e os cumplices, mas mal mudou a expressão quando eu disse que essa é a razão de me atacarem. Discorri o que aconteceu hoje e ele escutou com atenção apesar da minha forma enrolada e lenta de explicar historias.

Louis considerou tudo que saiu de minha boca e quando terminei, percebi que quer falar algo, mas ele não tem certeza se deve.

- O quê? – o analisei com cautela. – Pode falar.

Louis ponderou a ideia por mais uns segundos e então, sorriu de uma forma sapeca, o que me deixou com um pé atrás. Isso não pode ser algo bom ainda mais vindo de um ser travesso como ele.

- Eles provavelmente vão te abordar só quando os corredores estiverem vazios, certo? – quis ter certeza de acordo com o que relatei.

- É, acho que sim e nem posso escapar porque preciso do meu armário – constatei – A não ser que eu consiga chegar ao meu armário enquanto ainda tiver alunos.

- Bom, eu não gosto de sair daqui normalmente, mas acho que posso fazer uma exceção.

Eu fiquei confuso.

- Do que está falando?

- Você veio me procurar, Harry – reforçou. - Não pode contar com o diretor, seus amigos, ou pais.

- Eu sei – gesticulei para que continuasse. – E então? O que tem em mente?

- Sou um espirito. Por que não ajudar no melhor estilo que um espirito pode fazer? – movimentou as sobrancelhas de forma sugestiva.

- Que seria...?

- Estilo fantasma.

- Mas você não é um espirito? – fiquei divido, ele fica toda hora me corrigindo e agora diz fantasma?

- Sou.

- Mas então, como-

- Para eles é assombração, Harry – ele me interrompeu. – Não se preocupe. Se amanhã os idiotas mexerem com você de novo, deixa comigo – Louis deu uma piscadela na minha direção.

- Você tem certeza disso? – temi. – Além do mais, não quero que se preocupe com meus problemas. Só de me escutar, eu agradeço.

- Não é nenhuma preocupação - garantiu.

- Por que quer me ajudar? - eu quis entender, afinal eu só desabafei, ele não precisa necessariamente fazer algo.

- Porque sou como você. Não quero que idiotas fiquem te batendo por ser quem você é – revelou suavemente e eu fiquei surpreso.

Essa é boa... Um espirito gay. Agora entendo sua simpatia pela situação.

Louis sumiu e tive que piscar para ter certeza. Meu coração acelerou, me lembrando de que estou lidando com um espirito no fim de tudo. Não posso saber onde ele está e o que pode fazer. De repente, ouvi o piano ecoar o som de uma tecla. Olhei o banco do piano com um fundo e Louis reapareceu, se virando para encontrar meu olhar.

- Seria uma diversão para mim depois de tantos meses – sorriu e por mais errado e estranho que seja eu sorri de volta.

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