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Capitulo Cinco - Betrayal

Boa leitura, gasparzinhos :) .x

~o~

Recebi meu teclado de volta. Coloquei-o em cima da escrivaninha após organizar os objetos para arranjar um espaço. Eu me sentei e pensei em uma música para tocar. Nada triste porque hoje não sofri Bullying. Nada feliz porque sinto algo estranho quando não tenho motivos para ver o menino fantasma.

Louis é um cara legal apesar do jeito de criança. Eu me sinto especial de conseguir vê-lo e de ter jogado futebol com um espirito. Parece surreal.

Decorri a noite tocando teclado por que amanhã começa o fim de semana. Vou ter muito tempo para estudar e fazer dever. Eu não quero pensar em nada a ver com Louis, se não invento motivos de me aproximar mais do que devo. É melhor tomar cuidado e manter a distancia. Louis está considerando como amizade.

Abri os olhos, parando de escutar a melodia quando meus dedos travaram em cima das notas. Por que tenho tanto receio de uma amizade? É como um alerta, um pressentimento. Eu sei que se algo começar, não terá mais volta. Isso acontece com amizades normais, imagina com um espirito.

Duas semanas se passaram, hoje é uma segunda.

Na primeira semana não evitei olhar para o teto da escola durante o intervalo. Na segunda semana apenas estava acostumado e Louis quase esquecido em meus pensamentos. A novidade virou rotina e eu ainda sinto vontade de saber como ele está, mas é pouca em relação as minhas outras prioridades e não me fez subir lá para descobrir.

Estamos no intervalo e Liam está estranho a manhã inteira. Depois de Zayn comprar um suco, sentamos perto da arvore.

- Liam? – chamei e ele continuou de cabeça baixa, pensativo. – Liam – balancei seu braço.

Ele olhou para mim, saindo do transe.

- Tudo bem? – me preocupei.

Zayn e Niall olharam para ele, curiosos. Liam desviou o olhar.

- Acho que Karen está me traindo.

Arregalei os olhos. Por essa eu não esperava. Olhei para a reação dos outros. Niall está com a testa franzida e Zayn parece nervoso.

- Por que acha isso? – Niall disse como se fosse um absurdo. – Por que ela faria isso?

- Vocês sabem como a escola é. Tudo se espalha – Liam murmurou, abraçando as pernas e apoiando o queixo no joelho.

- Sim e rola muita fofoca falsa para estragar a felicidade dos outros – reforcei.

- Eu sei – Liam olhou para um ponto qualquer. – Mas não deixa de me intrigar. De qualquer forma, não vou acreditar sem provas – ele virou a cabeça para mim.

- Isso é um absurdo! – Niall opinou e eu concordei.

Zayn ficou calado e dessa vez, percebemos que está escondendo algo. Ele está muito nervoso e evitando nosso olhar. Isso não pode ser bom sinal, Zayn dificilmente fica nervoso com assuntos do tipo. Deve ser bem sério.

- E se eu disser que ela está? – Zayn finalmente se decidiu, cauteloso.

- Está o quê? – Liam beirava tensão.

- Te traindo.

Meus olhos se arregalaram novamente e quase desafiei Zayn. Niall se virou para ele como se tivesse acabado de se transformar em algo tão absurdo quanto um fantasma. Ri da minha comparação, me lembrando do Louis. Os meninos ergueram as sobrancelhas, achando que eu estou rindo do que Zayn disse.

- Oh, não. Não! – me apressei a explicar. – Eu me lembrei de uma coisa.

- Mas que merda você está falando, Zayn?! – Liam esganiçou, me ignorando.

- Liam, eu não quis te contar porque acho que não é da minha conta mesmo você sendo meu amigo. Não quero terminar o relacionamento de ninguém. Esperei você descobrir, mas pelo visto já estão falando por aí – confessou de uma vez, ficando na defensiva.

- Você acredita nesse pessoal? – Liam está se revoltando.

- Não! – Zayn disse com firmeza. – Eu vi.

- Você o quê? – Liam ficou mais surpreso.

Caramba, isso está tomando outro rumo de seriedade. Eu não gosto quando as coisas ficam assim entre algum de nós porque daí acaba virando briga e fica um clima tenso para todos envolvidos.

- Calma – Niall levantou a mão, tendo ideia de onde isso ia parar também. – Liam, não fale sem pensar e Zayn, explique essa historia direito – impôs.

Zayn hesitou, mas concordou. Ele olhou para Liam que já o olhava diretamente, ansioso. Zayn engoliu em seco.

- Sabem a praça que vou quase todo dia para fumar escondido dos meus pais? – perguntou para a gente, mas se dirigiu a Liam.

Liam assentiu lentamente.

- Eu tenho um vizinho que é legal fora o que aconteceu e ele estava lá nesse dia... O Theo. Ele estava no banquinho da praça beijando uma garota – Zayn abaixou o olhar, entristecido. – Eu tenho certeza que era a Karen, Liam.

- Cachorra! – Niall falou no segundo depois.

- Niall! – o fuzilei. – Você acabou de dizer para o Liam não falar nada sem pensar, mas está fazendo pior.

- Foi mal – encheu as bochechas, ficando emburrado.

Olhei para Liam que está perplexo, encarando o chão.

- Zayn, você estava perto o suficiente para confirmar isso? – procurei alguma escapatória para Liam.

- Sim, Harry – acenou com a cabeça uma vez e me olhou com honestidade clara. – Eu liguei para o Liam nesse dia para saber se estavam bem. Só para ter certeza que não tinham terminado. Ao menos não seria traição. Depois conversei com o Theo como quem não quer nada e ele me falou tudo do lance com a Karen. Pelo visto, nem ele sabe que ela tem namorado.

Liam arrastou as mãos pelo rosto até o cabelo e apertou os fios da lateral. Isso deve ser horrível, não posso imaginar como ele está se sentindo. Eu nunca fui muito próximo da Karen, mas achei que fosse uma garota legal, meiga e doce igual o Liam. Pelo visto me enganei feio. Como alguém pode fazer isso? Ainda mais com o Liam?

- Liam...

Niall disse, indo para o lado do nosso amigo. Coloquei minha mão em um dos ombros do Liam. Ele fez um movimento brusco e se livrou da minha mão, ficando de pé.

- Liam – Zayn encurvou as sobrancelhas e eu conheço bem esse olhar de culpa. – Eu sinto muito, não queria ter sido a pessoa a te falar isso.

- Mentiroso.

Niall e eu abrimos a boca.

- O quê? – Zayn ficou confuso.

Liam olhou com raiva para ele.

- Você é um mentiroso, Zayn! – berrou e algumas pessoas pararam para olhar. – A Karen nunca me trairia!

- Liam! – Niall exclamou, não acreditando que está acusando o Zayn.

Eu me levantei, mas Zayn foi mais rápido:

- Ela nunca te trairia, mas eu mentiria para você, né, Payne?!

Zayn avançou, ficando enraivecido.

- Não! – me coloquei entre os dois. – Por favor, vamos conver...

- Tanto faz! – Liam jogou as mãos para cima, me interrompendo. – Não acredito em você.

Zayn balançou a cabeça em decepção e nos deu as costas, saindo apressado. Liam foi para o lado oposto. Não. É justamente isso que eu temi. Eu me sinto culpado de certa forma quando tem briga no grupo. Olhei para Niall que deve estar se sentindo do mesmo jeito.

- E agora?

- Não sei – coloquei a mão na testa e olhei para baixo. – Como Liam pode achar que Zayn mentiria sobre algo assim?

- Sempre confiamos um no outro – Niall suspirou. – Você acredita no Zayn, não é?

- Claro – afastei a mão da testa e olhei por onde Liam foi. – Acho que ele prefere dizer que Zayn está mentindo a enfrentar a realidade.

- Mas isso é idiota! – Niall reclamou.

- Eu sei.

Voltamos para nossa sala, preocupados com nossos amigos.

Zayn e Liam normalmente são os que mais brigam entre nós. Na verdade, Niall nunca briga, mesmo que você o irrite. Ele pode brincar de estar zangado, mas sempre manda um vai se ferrar e é isso. Ele não gosta de brigas, assim como eu. Só que diferente de mim, eu briguei duas vezes com Zayn e uma vez com Liam por razões idiotas que após uma hora estávamos nos falando de novo. Sem nem precisar pedir desculpas.

Eu mal me concentrei nas aulas, isso realmente me atinge. Estou triste e espero que as coisas se resolvam logo apesar de ser um assunto delicado. Liam não quis dizer aquilo, tenho certeza que ele sabe que Zayn não está mentindo. Zayn nem teria motivos para mentir algo assim. Liam só não quer acreditar que a Karen o traiu. E eu entendo. Odiaria se isso acontecesse comigo.

As aulas acabaram e permaneci de cabeça baixa.

- Vamos, Harry – Niall mal falou durante as aulas, o que demonstra sua desanimação também.

- Já vou.

Eu me mexi preguiçosamente e guardei o material sem pressa. O resto da sala tinha saído e alguém chamou Niall.

- Pode ir – liberei quando me olhou em pergunta.

Ele sorriu fraco e acompanhou a garota que o tinha chamado e um outro cara. Isso é culpa da Karen. Se ao menos tivesse um jeito de Liam ver por ele mesmo...

Suspirei pesadamente e quando terminei de arrumar as coisas, vi alguém me esperando na porta da sala.

- Zayn. – me aproximei dele. – Você está bem?

- Acho que sim, um pouco zangado e chateado. Tipo, como ele pode achar que estou mentindo?

Eu coloquei o braço ao redor dos seus ombros magros e andamos pelo corredor.

- Ele está com medo.

- Medo? – Zayn murmurou em descaso. – Do quê?

- Da traição, logico – nos guiei para os armários. – É mais fácil ele achar que você está mentindo do que enfrentar uma traição. Achei que você já tivesse pensado nisso – ressaltei, pois Zayn sempre é mais esperto, ele sabe as verdadeiras intenções por trás das ações.

- Talvez, mas isso é injusto – fechou os olhos brevemente e balançou a cabeça, o tom arrependido. – Por isso eu nem quis me meter no assunto.

- Zayn, você fez a coisa certa – eu terminei de fazer o que precisava. – Você não falou até que ele tocasse no assunto. Tem que deixar a pessoa descobrir, ou seria muito pior – fechei o armário e coloquei a mochila no ombro. – Poderia ter sido eu, ou o Niall. Ele também nos chamaria de mentirosos.

- Mas o que eu faço?

Liam e eu damos os melhores conselhos, mas nesse caso o Zayn só pode recorrer a mim.

- Nada, acho que você deve ficar na sua. Uma hora a verdade vai ser revelada e Liam vai pedir desculpas – assegurei, indo para a saída.

- Mas e se demorar? Vai ficar nessa frescura? Liam para um lado e eu para o outro?- colocou as mãos nos bolsos e refletiu pelo caminho. – Se ao menos eu pudesse provar...

Provar? Seria uma boa, mas como?

- Como poderíamos fazer isso?

- Sei lá, cara. Só pensei alto – chegamos do lado de fora e paramos no portão. – Talvez com fotos.

- Da Karen com seu vizinho?

- Não, Harry. Da Karen com tua avó – Zayn revirou os olhos.

Zayn não tem muita paciência comigo quando está irritado. Antigamente isso me deixava chateado, mas agora estou acostumado, por isso ignorei e continuei:

- Acho que posso fazer isso – sorri, uma ideia surgindo. – Na verdade, conheço alguém que pode.

- Está falando daqueles espiões que a gente contrata para descobrir o que queremos? – se empolgou.

- Você vai pagar um desses? – retruquei.

- Depende, é caro?

- É.

- Então, não.

Eu ri e dei um tapa na cabeça dele. Zayn quis revidar, mas eu me afastei a tempo. Ele foi andando e eu fiquei parado. Ele parou também e se virou.

- Está esperando o quê?

- Preciso resolver uma coisa – sorri de forma misteriosa. – Deixa comigo, Zayn. Se der tudo certo posso provar que você está dizendo a verdade.

- O que vai fazer? – duvidou, achando suspeito.

Dei uma piscadela e caminhei com passos largos para a escola. Quando subi para o segundo andar, a professora de Historia estava descendo do terceiro e eu me escondi na virada da parede. Escutei o salto alto descendo as escadas e quando ficou longe o suficiente, voltei a subir pulando vários degraus para ir mais rápido e tomando cuidado para não cair. Acho que essa é a primeira vez que estou subindo empolgado e não triste para ver o Louis.

Cheguei ao ultimo andar e parei em frente da porta da sala de música. Encarei o material de madeira, sentindo algo esquisito no estomago. Um sorriso se formou nos meus lábios. Estou feliz de ter um motivo de ver o Louis outra vez. Eu tinha medo, mas agora é emocionante conhecer um espirito. Ficar duas semanas longe dele me fez perceber o lado legal disso tudo e a ideia está aceita melhor. Mas é isso, podemos nos falar. Nada de amizade.

Bati na porta de brincadeira e girei o trinco.

- Está em casa, Louis? – perguntei animado, procurando pelo menino fantasma, sem entrar na sala.

- Harry? – escutei sua voz de algum lugar e fechei a porta.

Olhei para a direção que eu tinha escutado. Perto dos instrumentos de mão, um saxofone está flutuando sozinho.

- Hey, Louis – cumprimentei o ar, sabendo ser ele.

Louis se materializou para mim, sorrindo de volta.

- Estou tentando tocar o saxofone, mas caramba! Aja folego – puxou o ar e assoprou o instrumento, saindo um som pobre.

Eu ri levemente, mas logo fiquei em duvida.

- Fantasmas tem folego?

- Espirito! – corrigiu, se virando para guardar o saxofone. – Achei que espíritos não tivessem coração e fossem transparentes, mas aqui estou eu provando o contrario. Se bem que eu não tenho um e sou só uma imagem, mas você entendeu.

Sentei no sofá de forma relaxada. Louis me analisou por uns segundos com os olhos em fendas.

- Você está estranho.

- Só estou feliz. Quer dizer, mais ou menos.

Eu estou triste com o que aconteceu com Liam e Zayn, mas estar aqui falando com Louis com uma solução na cabeça, me deu motivos de ficar mais feliz. Louis andou calmamente para o sofá oposto, se sentou de frente para mim e esperou por mim. Entendi seu sinal silencioso para que eu falasse, seja lá o que eu tenho para falar.

- Outra coisa aconteceu – desviei o olhar.

- Novidade – riu brevemente. – O que foi dessa vez? Os paspalhos?

- Não, não – reencontrei seu olhar. – Falando nisso, eles pararam de me atormentar.

- É o que parece – Louis sorriu, imagino que deve ter continuado a me vigiar até ter certeza. – Mas então, o que houve? Você nem se assustou comigo como em toda vez.

- Só duas vezes, Louis – detalhei. – A culpa não é minha se me assusta mais de uma vez quando nos olhamos. Você não é algo físico. Não quer que eu fique confortável, quer?

- Fala logo, Harry – ele me olha de forma entediada.

Ajeitei-me no sofá, ficando mais sério sobre o assunto.

- Lembra dos amigos que te falei?

Ele assentiu.

- Bom, aconteceu uma coisa chata entre dois deles.

- Eles se beijaram e depois ficaram com besteira? – Louis quis adivinhar simplesmente.

- O quê? – minha voz grave saiu aguda por um instante. – Não, o quê?

- Deixa para lá, é o que normalmente acontece – deu um sorriso maroto.

Eu não sei por que venho falar dos problemas com ele. Mas Louis pode ajudar como da outra vez.

- Louis, a namorada do meu amigo está traindo ele – informei. – Meu outro amigo viu e hoje falou para esse nosso amigo que tem a namorada, só que ele não acreditou porque prefere acreditar que a namorada não está fazendo isso do que acreditar no amigo – contei.

Louis está com a testa franzida e a boca entreaberta. Esperei ele falar e gesticulei para ir em frente por que não muda a cara de taxo.

- Nomes, Harry. Nomes, ou eu não entendo merda nenhuma.

- Que estranho – fiz careta.

- O quê?

- Você falando palavrão.

- Continuo sendo capaz de me expressar, Harry – falou quase formalmente. – Agora me diga o nome dos seus amigos.

- Liam e Zayn.

- Certo. Quem está namorando? – iniciou o interrogatório.

- Liam.

- Quem viu?

- Zayn.

- Quem contou?

- Zayn.

- E Liam não acreditou?

Assenti e Louis fez o mesmo. Ficamos em silencio e ele colocou a mão no queixo, pensando. O que será que está ponderando? Será que vai ajudar? Não vou nem precisar pedir se ele oferecer como da outra vez.

- Certo – Louis falou por fim, voltando o olhar para mim ao concluir. – E o que eu tenho a ver com isso?

Bati a mão na testa. Cara, sério o que eu estou fazendo aqui?

- Louis, eu preciso da sua ajuda – pedi, sem graça. – Não é meio obvio?

- Oh! – ele sorriu largamente e se levantou do sofá.

Eu acabei me assustando com o movimento. É, parece que não tem jeito. Sempre me assusto, mas ainda bem que ele não viu. Seus olhos parecem cintilar, a boca contendo o sorriso que admiro porque é realmente lindo. Eu gostaria de ter um sorriso assim, mas me contentei em sorrir só de olhar.

- Você precisa de mim, Harry? – se empolgou, a voz aguda me fazendo fechar um dos olhos.

- Louis.

Sinalizei para se afastar um pouco e ele o fez. Levantei-me, ajeitando a franja e camisa. Limpei a garganta e o olhei seriamente.

- Não fique tão animado, isso é sério – quis convencer.

- Claro – ele continuou sorrindo e eu balancei a cabeça, não evitando o próprio sorriso. – O que eu preciso fazer?

- Zayn está pensando em provar para o Liam que isso realmente está acontecendo – cruzei os braços, me encostando contra o braço do sofá.

Louis ficou sério e balançou a cabeça em afirmação, colocando as mãos nos bolsos da calça preta. Os suspensórios sempre soltos ao lado. Ele tem uma escolha de roupa intrigante, porém adorável. Seu rosto jovem que parece uma criança com um olhar inocente e puro, mas é tão atrevido que fica difícil de acreditar.

- Daí pensei em seguir a Karen, tirar fotos... Não sei – me virei e contornei o sofá, sentindo vontade de tocar o piano de uma vez por todas.

Louis me seguiu, pois quando respondeu sua voz soou de perto.

- Vocês não podem fazer isso? – parou do meu lado quando me sentei no banco do piano.

Coloquei os dedos nas teclas e olhei para ele que dessa vez foi quem cruzou os braços, uma expressão genuína.

- É bom não arriscar... Vai que ela olha? – foquei minha visão nas teclas. – Mas se for você, mesmo materializado ela não te veria.

- Mas pode ver a câmera flutuando, ou ter sexto sentido como você.

- É uma possibilidade – tive de admitir, tocando notas simples e aleatórias. – Mas você continua sendo a melhor opção.

Louis não disse mais nada, mas posso sentir e olhar sua presença ao meu lado. Coloquei o pé no pedal direito, fazendo com que as notas tocassem livremente de forma sucessiva. Eu sempre desejei tocar nesse piano desde o momento que o vi, por isso que quando comecei, fechei os olhos e deixei meus dedos trabalharem.

Toquei só algumas pautas de River Flows in You para ser rápido, mas enquanto durou tirou todo o peso dos meus ombros e me levou para outro mundo. No fundo da mente, um lindo sorriso. Toquei a ultima nota, abrindo os olhos.

- Harry.

Olhei para Louis apoiado na parte de cima do piano.

- Isso foi incrível – sorriu, parecendo realmente maravilhado. – Eu queria muito te escutar tocando o piano.

Corei levemente e desviei o olhar. Eu me lembro, mas achei que nunca iria fazer isso, apesar de que toquei sem pensar nesse detalhe. Simplesmente senti vontade.

- Obrigado – agradeci timidamente, limpando a garganta e recuperando a postura. - Você não é obrigado a me ajudar, Louis.

Olhei para ele que tinha se desencostado do piano.

- Você nem precisa de uma resposta – sorriu de lado. – É um prazer ajudar um amigo.

Meu corpo ficou tenso e meu rosto endureceu. Ele está mesmo me vendo como amigo em tão pouco tempo. Não que o tempo seja uma regra para se ter uma amizade. A minha com Zayn começou um dia depois de nos falarmos, ou no mesmo dia praticamente. Mas é diferente com Louis e eu não posso ignorar isso. A sensação que tenho é que não devemos ser amigos, não assim. Tudo bem se falar e ajudar o outro, mas não podemos ser mais.

Eu não posso ser amigo de alguém que nem existe mais nesse mundo e que só está vagando por aí. Não posso sair com ele e conversar normalmente porque as pessoas que não conseguem ver estranhariam e achariam que estou louco. Eu evitei isso da outra vez, mas agora preciso falar antes que Louis se apegue a ideia.

- Não somos amigos – apertei uma tecla distraidamente, evitando olhar para ele ao dizer essas palavras.

Esperei que Louis falasse alto, deixando a voz mais aguda, mas ele não disse nada. Parei de apertar a tecla e criei coragem para olhar em sua direção. Ele está fixando em um ponto no chão com a testa franzida, como se estivesse tendo um debate interno.

- Louis? – chamei com cautela.

- Achei que fossemos amigos.

Eu voltei a olhar para o piano, começando a me sentir mal.

- Não que a gente tivesse que ser, mas depois de... – ele deixou no ar.

Levantei do banco e fiquei de frente para ele.

- Louis, não é assim. Você é um cara legal – ele permaneceu com a visão no chão e eu queria poder pega-lo pelos ombros, mas esse é o problema de tudo, não? É uma imagem. – Sério, mas não posso fazer isso. Entende? Não dá certo... – mexi as mãos para nos indicar. – Não tem como isso acontecer, você não está vivo.

Louis deu um passo para trás e eu senti uma dor no peito que reconheci de outras situações da vida. Culpa. Mas precisei falar isso, só estou sendo honesto.

- Eu sei – murmurou.

- Me desculpa, se você não quiser mais fazer isso, eu entendo-

- Não – levantou a cabeça. – Tudo bem – sorriu como estava fazendo antes e eu estranhei. – É claro que vou ajudar! Só cometi um pequeno engano.

Não acredito muito no sorriso dele, mas se não for real ele finge muito bem. Sei que isso foi é uma sacanagem, mas é melhor assim. Ele vai se acostumar. Ele só está confundindo as coisas já que sou o único que pode vê-lo e falar com ele. Isso não quer dizer que devemos ser amigos. É o correto, não é?

- Então, você ainda quer nos ajudar?

- Claro – balançou a cabeça com veemência. – Como eu disse da outra vez, será uma diversão para mim. E... Sei que você faria o mesmo para um estranho.

Senti uma punhalada no peito com a palavra "estranho", mas acabei sorrindo fracamente. Louis é um bom espirito. Agora tenho mais que certeza.

- Vou te mostrar quem é a Karen amanhã – peguei as alças da minha mochila. – Trago a câmera que tenho lá em casa. Você consegue segurar, não é?

Ele fez que sim com a cabeça e andei para a porta, mas parei me lembrando de um detalhe.

- Como vamos saber que dia ela vai se encontrar com o cara?

- Deixa comigo, Harry – Louis me acompanhou até a saída. – Fica despreocupado. Só me mostra quem é e assim que conseguir as fotos darei um jeito de te entregar.

- Como?

- Coloco dentro do seu armário – decidiu depois de pensar por uns segundos.

- Boa – sorri e abri a porta. – Obrigado, Louis. De verdade.

Virei-me uma ultima vez e ele apenas sorriu, mas dessa vez consegui notar que os olhos não parecem felizes. Será que fui rude de mais? Eu fechei a porta e desci com a culpa na consciência. Eu devia ter falado de uma forma mais gentil, fui muito direto. Ao menos ele não ficou irritado. Apesar de isso piorar o sentimento de culpa porque ele continua sendo legal comigo.

- Vai passar – falei para mim mesmo quando cheguei lá embaixo e saí da escola.

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