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9# - Breve reencontro com o passado

Já passaram umas duas semanas desde o incidente na escola havia ocorrido, e Pedro decidiu me dar umas férias para recuperam. Como eu passava o dia na cama como um cadáver, os meus colegas de casa decidiram me obrigar a vir sozinha no supermercado para fazer as compras para casa.

- Chantili de brócolis? - Eu só encontrava cada coisa bizarra naquela bem dita lista que eles haviam me entregado, e eu nem tinha a certeza de metade dessas coisas existia mesmo - Nós estamos nos Estados Unidos e não na China, onde caralhos eu vou encontrar essas coisas?

Estava tão distraída com a lista que nem olhava mais para frente, e acabei me esbarrando com alguém.

- Me desculpe menina, nem a vi chegar - disse uma senhora com uma voz muito familiar.

- Não, a culpa é toda minha, senho... - Quando eu olhei, quase que o meu coração saia pela boca, era a minha mãe que estava na minha frente e eu não sabia o que fazer, nem a minha voz saía direito - M... m... m...

- A menina está bem? - Ela queria me tocar, mas dei rapidamente dois passos para trás. Olhar para o rosto dela só fazia a voz de Pedro falando aquelas coisas ecoar mais alto na minha cabeça - Algo de errado?

- Não é nada mãe, quero dizer..., sra., só estou surpresa por ver a mãe de Yumi aqui - Respondi dando risadas inocentes. O meu coração queria correr para longe daí, mas eu não poderia entrar em pânico - Meus pêsames...

- Obrigada, é que tem sido muito difícil pra nós - Uma lágrima escorreu do rosto dela, mas sorriu e olhou para mim - Mas eu sei que ela deve estar em um lugar melhor, é só isso que importa.

Eu não sei o que me deu na cabeça, mas abracei ela e o meu afeto foi recebido com muita gosto. Em alguns minutos estávamos sentadas em um restaurante ao lado do supermercado falando de "mim", e eu contei várias coisas para entretê-la e fazê-la sorrir, para tirar um pouco as mágoas de lado.

- Depois de tanta coisa que vocês fizeram juntas, fico impressionada, por nunca ter visto você ou pelo menos ouvido falar - disse tomando um gole em seu café.

- É que eu sou reservada, e não gosto muito de dar nas vistas - Algo totalmente contrário da realidade, irônico, não acham?

- Compreendo, mas devo admitir que és a primeira japonesa que vejo aqui na cidade, alguma razão para isso.

- Eu vivo aqui com os meus padrinhos, e os meus pais ainda se encontram na nossa terra natal, mas eu estou sempre em contato com eles.

- Entendo..., olha foi bom conhecer você yin, mas eu tenho coisas para tratar, que tal nos vermos de novo algum dia desses?

- Pode ser, o prazer foi todo meu, e como sempre me dizia," Não importa o lugar, no meio-dia ou no luar, estaremos sempre juntas de corpo e alma, nem que a luz do sol se acaba" - O entusiasmo fez com que eu falasse algo que não deveria.

- Como você sabe disso? - ela olha para mim séria e começa a gritar bem alto - Me responda!

- A Yumi contou para mim - A minha voz começou a falhar e o desespero só aumentava.

- Mentirosa, ela nunca contaria para ninguém, só se... meu deus...- me abraçou com toda a força - As minhas orações foram ouvidas, só pode ser você, minha querida filha.

Eu não conseguia falar mais nada, apenas me limitei a fechar os olhos, e comecei a sentir um cheiro de queimado.

- Não, não, não...- Afastei-me dela e chamas surgiram em seus pés - Pedro, para com essa merda!

- Mas o que está acontecendo - E em um estalar de dedos o fogo subiu até a cabeça dela fazendo-a gritar incansavelmente.

- Isso não pode estar acontecendo, aguenta firme mãe! - agarrei no extintor que estava na parede e usei nela, mas o fogo só se intensificava mais e mais. Um idiota veio até mim e tentava tirar o extintor das minhas mãos - O que você está fazendo, seu desgraçado, não vês que a minha mãe está pegando fogo!

- Menina, eu peço que se retire imediatamente daqui, está assustando os clientes com as suas paranoias...

- Como assim paranoias, você não está vendo? - Ele abana a cabeça negando e eu desabo no chão olhando a minha mãe virando cinzas na minha frente - É tudo culpa minha...

Comecei a chorar sem parar, eu não conseguia acreditar que aquilo havia mesmo acontecido, então saio do restaurante e sendo na ponta do passeio com as duas mãos no rosto e as lágrimas não paravam de cair.

- Eu bem que te avisei Yin, agora o sangue da tua mãe está nas suas mãos e a sua alma nas minhas - disse Pedro aparecendo do nada com um sorriso malandro no rosto, o que me irritou ainda mais - Suas lágrimas não trarão ela de volta.

- Cala a boca, seu filho da puta! - olhando fixamente pra ele, pego na pistola e dou um tiro bem no meio de sua cara, mas ele agarra a bala com os dentes e cospe - Você faz uma merda dessas com uma pessoa inocente e ainda se diz um apóstolo, que ironia.

- Há coisas que você nunca compreenderá - respondeu com uma voz autoritária - Então acalme os ânimos e volte para casa.

- Você vai ter de arrastar o meu cadáver! - peguei na espada e ataquei ferozmente. Mas como óbvio, ele era muito mais rápido que eu, defendeu e tirou a pistola da minha mão dando um tiro bem no meio da minha testa. Só me lembro de acordar pelada na banheira cheia de líquido - Meu Deus... parece que voltei.

- Admiro a tua coragem, tentar lutar contra a morte em pessoa. Agora vejo porque ele te recrutou - disse Rose sentada em uma cadeira - Se fosse tão fácil matá-lo, qualquer um de nós já faria isso a bastante tempo.

- Mas porque vocês trabalham para uma pessoa como ele?

- Pra que tanta hipocrisia, você, eu e o resto do pessoal no fundo, somos como ele, psicopatas frios compaixão por nada, e além disso quem não quer ter a sua alma salva, todos que estão aqui querem essa mesma coisa, só que uma coisa é teoria, mas quando chega na prática, nós vemos realmente o que somos capazes para alcançar esse prêmio tão cobiçado - retirou um papel do bolso e continuou a falar - Pedro deixou um longo recado para ti, mas resumindo tudo, ele disse que havia te avisado de que isso aconteceria e que agora deves lidar com a consequência dos teus atos.

- Eu acabarei com aquele desgraçado um dia, eu prometo pela alma da minha mãe - disse que convicção, e Rose olhou para mim sorrindo.

- Até lá, ainda estarás tralhando para ele - levantou da cadeira e dirigiu-se até a porta - Agora levanta que o Alfred cozinhou algo gostoso para você, mas não sei quanto tempo ele vai conseguir impedir que Naomi toque na tua comida.

- Eu matarei ela se fizer isso, mas falando de coração, obrigado pelo vosso apoio.

- Sempre as ordens, Yin...

Fim do Capítulo.

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