Que Poderes São Esses?
Eu dei passos para trás, estendendo meu braço para fingir que eu protegeria Emília daqueles brutamontes.
— Sabia que você tava escondida aqui, Kaledo! – o homem falou de novo, seu corpo brilhava em vermelho – Volte com a gente! Volte pra tribo!
Eu pisquei o olho para ver se minha visão estava me enganando, mas não, era aquilo, Emília também via. O homem brilhava num vermelho vivo, como chamas envolvendo o corpo dele. Quando voltei meu olhar para Mirt — ou Kaledo, eu acho —, ela e o garoto também brilhavam. Não em vermelho, ela brilhava numa cor amarela, puxado para o prateado, e o garoto emitia uma cor roxa violeta. Eu olhei para Emília e ela estava tão confusa quanto eu.
— Não tô afim de te machucar, Bastion – ela disse para o grandão, jogando a lâmina que estava presa na árvore de volta a ele. Ela parecia confiante.
O cabelo de Kaledo se levantou com uma rajada de vento, sua aura amarela (MEU DEUS ERA IGUAL DRAGON BALL) brilhava intensamente e seu cabelo permanecia no ar. Ela estendeu o braço direito em direção a Bastion e seus capangas, assustando pra valer eles.
— Saia, e diga ao Gur para me deixar em paz e seguir com a minha vida! – ela disse, com uma voz estridente – Senão, eu não vou ter piedade, vou cortar vocês ao meio!
Os capangas de Bastion deram um passo para trás, mas o brutamontes apenas ficou mais atiçado.
— Vou adorar ver você tentando – ele sorriu mostrando os dentes como uma provocação, e pulou para cima de Kaledo e do garoto.
Seus capangas, vendo a ação do mestre, também ativaram suas auras vermelhas — Só que não tão intensas como a de Bastion — e vieram ao ataque. Não contra Kaledo, não contra o garoto, contra Eu e Emília!
Os dois nos cercaram, e eu não poderia estar mais paralisado. Eles eram altos, fortes e tinham espadas grandes! Uma armadura leve e vestiam elmos, então eu não conseguia identificar nenhuma expressão neles. Eram dois soldados bem treinados contra dois adolescentes que nem ao menos sabiam onde estavam.
Emília também estava paralisada, pelo menos foi o que eu achei. Quando um soldado gritou e partiu para ataca-la, ela não ficou parada, se desviou do golpe de um jeito ágil e deu um soco no peito dele. Tenho certeza que, se fosse uma situação normal, esse soco teria quebrado os dedos da garota. Contudo, nós estávamos em outro mundo.
Os anéis que Emília tinha nos dedos, os mesmos que havia aparecido assim que chegamos nesse mundo, em contato com a armadura, desintegrou o local do impacto do soco e, com uma força surpreendente, o soldado voou para trás, com o peito de sua armadura saindo fumaça! Aquela luva de ferro que só cobria os dedos era realmente algo inacreditável. Emília encarou as mãos ao ver todo aquele estrago, ela tremia, e eu não soube dizer se era de alegria ou qualquer outra coisa.
Eu instintivamente olhei as minhas mãos também, se Emília tinha, eu poderia ter também e nem ter notado. Não, eu não tinha aqueles anéis. Dei uma rápida checada em meu corpo inteiro, procurando qualquer coisa estranha, qualquer coisa que me fizesse vencer aquela batalha. Nada. Comecei a entrar em desespero, o que ia me salvar? Emília olhava as próprias mãos e tremia, não ia conseguir reagir se o outro capanga me atacasse. Kaledo e o garoto estavam ocupados, com Bastion os golpeando incessantemente. Eu ia morrer! Tinha certeza!
O soldado gritou quando partiu para desferir seu ataque em mim, e a única coisa que eu pude me lembrar, foi dos choques que eu dei sem querer em Emília nessas últimas horas.
Não! Era isso! Essa é a resposta!
Estendi minhas mãos para frente, pensando com todas as minhas forças sobre esses choques. Quando a espada do soldado desceu sobre mim, com certeza iria cortar as minhas mãos fora, mas quando chegou perto, a espada simplesmente saltou para longe, como se ele tivesse golpeado uma rocha tão forte que a força de ação e reação a tivesse atirado para longe. Eu suspirei, ri, aliviado, enquanto olhava para as minhas mãos. Uma aura puramente branca me envolvendo.
Olhei para o lado onde Emília estava, e só agora ela havia parado de tremer e me encarou. Ela estava de boca aberta, vendo a aura que envolvia meu corpo. O soldado, que teve sua espada atirada pro céu, olhou para mim com uma mistura estranha de pavor e ódio. Sacou uma adaga da cintura e pulou em cima de mim, buscando me derrubar no chão.
Tudo muito rápido, muito esquisito e eu não entendi direito, mas apenas levantei minhas mãos como dá última vez, e lá foi ele, atirado para cima como a própria espada a instantes atrás. Ele acabou caindo perto do outro soldado que Emília havia derrubado. Eu olhei para ela agora, Emília se aproximava lentamente, talvez temendo levar um impulso como o soldado. Definitivamente não queria que isso acontecesse a ela.
— Fique calma, eu vou tentar te tocar – eu disse lentamente, ela apenas acenou que sim com a cabeça e ficou parada enquanto eu me aproximava.
Não me interessava mais a luta de Kaledo e Bastion, se eu não pudesse mais tocar em Emília, eu realmente entraria em desespero. Toquei em sua mão, que estava estendida para encontrar a minha.
Devagar...
Senti uma onda de impulso em minha mão mesmo focando em querer toca-la, sua mão não conseguiu atravessar a minha aura.
Minha aura, talvez...
Eu tentei me acalmar, respirei fundo enquanto Emília olhava para as próprias mãos. Olhei para cima, as três luas, a saudade de casa... Nada disso me acalmaria. Puxei meu celular, que depois de tudo, ainda estava no meu bolso, e ainda restava metade da carga.
Observei que, no canto da tela, minha bateria começou a se recarregar. Ótimo, minha aura recarregava o celular, isso talvez provava que realmente era uma onda de choque o que Emília sentia. Nossa, ciência é difícil...
Entrei no WhatsApp e lá estava Emi, e um coraçãozinho envolvendo o seu nome. Abri seu chat automaticamente e... "Até amanhã, Lu, tô muito animada!".
Minha aura desapareceu, enquanto meu coração batia mais forte. Emília me observava sem jeito, vendo onde eu estava indo no meu celular, mas eu não me importei. Sabia que ver sua mensagem de ontem me acalmaria, e eu tinha certeza que essa era a resposta! Desde que eu cheguei nesse mundo, Emília levou esses "choques" quando tocou em mim por eu estar tenso e nervoso com a situação. Precisava me acalmar. Essa era a resposta! Essa aura era meu "poder"! Ah meu Deus! Isso é tão confuso!
Respirei fundo, me esforçando para me acalmar de novo. Tinha que estar relaxado, essa era ideia. Quando senti a aura desaparecer, toquei de novo em Emília. Ela estava com medo, mesmo não falando nada, e eu ainda não sabia o porquê de ela estar tremendo tanto. Mas no fim, eu a abracei. Meu coração batia rápido, forte. Ao menos eu ainda podia abraçar a garota que eu amo...
— Por que não senti o choque agora? – Emília questionou, por fim.
— Olha... Nem eu sei... Você tá bem, Emi? – perguntei, segurando em sua mão, acariciando seus dedos envolvidos com aqueles anéis grossos.
Olhando mais de perto, pareciam muito com um soco inglês, mas sem nenhum tipo de espinho ou sei lá o quê que potencializa o soco. Fiquei pensando enquanto olhava eles, será que era uma arma para aura dela? Depois que ela deu o soco no cara...
Ela afastou a mão, não com o impulso que acontecia antes, mas como se quisesse que eu parasse de olhar.
— Deixa esses anéis quietos – ela desviou o olhar, suspirou e respondeu meu abraço – Ainda bem... Ainda bem que acabou...
— Emília! Luan! Vamos – o garoto chegou perto da gente para nos chamar, e então eu me lembrei que eles também estavam lutando – Bastion recuou, por hora. Vamos fugir!
Kaledo apareceu ao seu lado, nos apressando.
— Sinto muito, garotos – seus cabelos estavam soltos, eram cabelos negros lindos, ela parecia outra mulher. Nem estava suando, não prestei atenção em sua luta, mas tive certeza que ela é muito forte – Não queria envolver vocês em meus problemas.
— Não se preocupe... É...
— Tudo bem, meu jovem. Pode me chamar de Kaledo – ela se virou para a trilha – Vamos! Não há tempo a perder!
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