Capítulo 7
Namorando
— Conta vai, Anacreta?
— Não!
— Sebastiana?
— Não! Tudo bem! Não vai ter como evitar, você vai saber de qualquer jeito. É Anastácia.
Esperei a reação dele.
— Ãn... Não é feio e nem nada do outro mundo. É bonito, diferente. Eu também sou Téo de Teodoro, também é bem diferente, nada comum. Eu gosto.
— Nossa, ela vai te dar um beijo, ou melhor, vai querer te dar um beijo, pois eu não vou deixar. Falar que é bonito o nome dela, no mínimo, você acaba de ganhar um ponto com ela.
Ele deu aquela gargalhada gostosa e jogou a cabeça para trás. E com a voz mais baixa.
— Quer dizer que é ciumenta? Nem as escudeiras podem olhar para o que é seu?
— Então você é meu? — perguntei com os olhos apertados querendo prestar bem atenção na sua resposta.
— Somente se você não me quiser — falou bem sério. — A partir de agora você quer ser minha namorada?
Fiquei séria analisando seus olhos. Mirei sua cola da camiseta e passei o dedo alisando algo imaginário imperfeito, depois olhei para ele de novo que esperava sério. Parecia nem respirar.
— Sabe — comecei devagar retardando ao máximo para criar expectativa — você sabe que se me magoar tem duas feras em algum lugar lá em baixo que te esfola vivo, hein! Está preparado? E outra, aquele agarramento lá dentro não foi nada? Você quer começar a partir de agora? — perguntei séria, sorrindo depois.
Ele deu um suspiro tão grande e me abraçou, beijou, beijou e beijou. Seus beijos eram lentos e carinhosos. Ele segurava meus cabelos entre seus dedos firmes fazendo-me ficar presa a ele. Era tão bom.
Eu não me sentia assim há muito tempo. Na verdade, nem sei se senti isso algum dia. O que eu tinha certeza no momento é aceitar ser sua namorada.
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Encontramos com as meninas no barzinho, apesar de estar lotado. Alguns carros tinham sons altos e portas malas abertos. Ficamos juntos delas, o Téo, sempre me abraçando por trás, falando no meu ouvido e beijando-me. A Raquel, então perguntou:
— Vocês não acham melhor irem para outro lugar? Aonde essa pegação pudesse ser menos constrangedora para nós?
— Nossa! Viemos fazer companhia, mas se não querem, vamos embora. — Fiz cara de magoada.
— Sabe o que é? — começou ela — Vocês estão com cara de tão felizes que estou revoltada. Aqui não tem nenhum candidato a me fazer chorar e muito menos a sorrir assim.
— Eu discordo Raquel, aqui só tem candidato a me fazer chorar — reclamou Ana. — Estou pensando em ir para casa ver algum filme de comédia romântica. Porque, se depender daqui, vai ser somente drama e terror.
— Como são exageradas! — exclamei — Está até cheio se pensar que estamos em greve.
— Estamos mesmo, greve de gatinhos, greve de beijinhos, greve de carinho e de tudo! — reclamou Ana. — Vamos pedir ao Cris para nos levar embora, Raquel?
— Será que ele vai querer? Veja, está num papo ali faz tempo com aquelas meninas. — Apontou Raquel na direção de uma rodinha de garotas rindo com o Cris.
— Nem brinca! Veja quem são aquelas garotas! Eu já falei que o Cris tem um péssimo gosto para escolher mulheres? — perguntou Ana.
Eu e a Raquel falamos juntas:
— Sim! Várias vezes.
— Acho que apenas ele não escuta mesmo – concluiu ela.
— Ana? Veja quem está ali! — falei mostrando a direção — Gilvan e ele não tira os olhos de você.
— Pelo amor de Deus! Não comece. Tudo menos aquilo! — retrucou saindo na direção do Cris.
Raquel foi atrás.
— Não entendi.
Virei para o Teodoro e tentei explicar:
— Aquele cara que mostrei, o de agasalho azul, ele é apaixonado por ela. Estudávamos juntos até ano passado. Eu acho que ela tem uma quedinha por ele, mas implica e não admite.
— Por quê?
— Ela não explica ao certo. Dá vários motivos, tipo: por causa do nome, do jeito certinho, do cabelo. Na verdade não sabemos. E ele é muito legal.
— Veja ele está indo na direção dela.
— E pior, ela o trata mal. Responde suas perguntas com grosseria, o ignora e às vezes faz de conta que ele nem existe.
— É sinal de muito amor.
— Até parece. A Ana é muito impulsiva. Outra é a Raquel, vou te contar algo que desconfio — ele ficou me olhando atento. — Acho que ela é apaixonada pelo Cris. Já perguntei e o jeito que reagiu tive certeza. Mas ela nega de pé junto.
— Mas por que você não acredita?
— Ela reage diferente na sua frente. E agora está pegando pesado com a ex dele. Viu mais cedo a felicidade dela ao ver a menina com outro? E, outra coisa, ela nunca tem realmente interesse em ninguém.
— Pode ser, mas talvez seja porque ela não encontrou a pessoa certa ainda. Você que é uma garota de sorte de ter me encontrado. — Sorriu e beijou a ponta do meu nariz. — Não é sempre que a pessoa certa cai assim do céu.
— Meu Deus! Como você é pretensioso... Quem falou que você é a pessoa certa para mim?
Ele me puxou mais pela cintura e me beijou no rosto.
— Eu! Quando bati os olhos em você pela primeira vez pensei, essa garota vai ser minha. — Beijou-me de leve na boca e sorriu. — O difícil foi fazer você olhar para mim. Agora, não vou deixar você fugir mais.
O abracei escondendo meu rosto no seu pescoço. Não sabia como reagir a tudo isso. Ele me fez olhar de novo para seus olhos e concluiu:
— Sou verdadeiro. Estou apaixonado por você. Falo apenas o que sinto.
Beijou-me tão apaixonado que tinha certeza que era verdade.
Ficamos abraçados escutando as músicas. Olhávamos as meninas e riamos delas. Estavam sempre rindo e aprontando alguma coisa. Fomos até elas dizer que íamos embora.
— Mas por quê? — perguntou Ana.
— Estou cansada — respondi.
Ana me afastou um pouco dos braços do Téo e perguntou:
— Isa tenha dó, só você mesmo para dizer que está cansada de beijar na boca do Téo. Não é gostoso também? Igual o Alex? — Fiz psiu para ela falar baixo.
Percebi que ele já tinha escutado, então puxei sua mão e afastamos mais um pouco, e falei:
— Não é nada disto. É que tenho que voltar na casa dele para pegar minhas coisas. Eu fiquei fora o dia todo, assim D. Maria vai reclamar. Agora, quanto ao beijo. Acho que nunca fui beijada assim. É muito melhor que biscoito de nozes.
— Hum... A coisa deve ser boa mesmo. Agora você é sortuda mesmo, não? Lindo, gostoso, agora conta aqui, ele é rico?
— Não sei, Ana. Até parece que você não me conhece. Desde quando me preocupo com isso?
— Deveria. Ninguém merece casar com pobre. — Revirei os olhos da afirmação dela.
No mesmo instante, Teodoro aproximou-se passando a mão pela minha cintura. Perguntou se estava tudo bem e me puxou para perto dele.
— Claro que sim. — Dei um beijo no rosto dele e chamei: — vamos?
Ele beijou o rosto da Ana e sussurrou no ouvido dela:
— Seu nome é lindo, Anastácia. Tenha orgulho dele. — Deu uma piscada pra ela que permanecia com a boca aberta e os olhos apertados faiscavam de raiva de mim.
— Sua traidora! Falou meu nome para ele? — perguntou indignada.
Saímos de perto dela rindo.
Dei um beijo no rosto do Cris, que estava sendo abraçado pela Raquel. Beijei-a e falei perto do seu ouvido não tão baixo:
— Abraçando ele assim vai acabar sendo agarrada. Quando ele fica carente não perdoa nem a avó. — Rindo olhei para ele.
Cris respondeu, ainda abraçado e com um beijo no rosto da Raquel:
— Beijar essa doida? Ela é minha irmãzinha querida, não dá tesão nenhum abraçar irmã.
— Você é um babaca, sabia? E doida é sua ex. Ou melhor, ela recuperou a sanidade ao lhe dá um pé da bunda.
Ela desvencilhou dele e saiu pisando duro na direção onde Ana se encontrava com uma turma rindo. Olhei para o Cris, com cara feia e ele perguntou:
— O que falei de errado?
— Tem coisas que não se fala a uma garota rapaz, nem de brincadeira. — Olhei para o Teodoro e o puxei pela mão saindo de perto do Cris.
— Éh... Acho que ela gosta mesmo dele. Reparou que ela sorria feliz abraçada a ele, depois das palavras dele ficou com tanta raiva nos olhos.
— Ele nos vê como criança e irmã mesmo. Crescemos juntos e ele sempre nosso protetor, nunca nos olhou de outra forma... — Parei — É nosso melhor amigo.
— E?
— Nada! É isso.
— Você ia falar outra coisa. O que foi?
— Há pouco tempo, quando a namorada terminou com ele, ficou muito mal. Teve um dia em que estávamos lá na casa deles vendo filme e ele quis... — Fiquei pensando se falava ou não, ele apertou minha mão incentivando. — Ele quis me beijar.
Teodoro parou de andar e me virou para ele, perguntou:
— Você o beijou?
— Claro que não! Eu também o considero um irmão. Além do mais, ele estava arrasado pelo fim do namoro e bebeu aquele dia, algo que não faz.
Voltamos a andar por um tempo calados, apenas de mãos dadas, de repente ele parou e me fez olhar outra vez para ele.
— Eu sou ciumento, nem posso pensar em alguém perto de você de novo. Quando você namorava aquele Loiro, eu me corroia por dentro. Mas, não podia fazer nada, agora é diferente e não quero mais essa coisa de minha irmãzinha não!
Apesar de achar lindo aquele ciúme eu precisava deixar algo bem claro desde já. Respirei fundo pensando nas suas palavras e como eu colocaria as minhas.
— Teodoro, você não me conhece ainda, vamos fazer isso a partir de agora. E quero que saiba uma coisa: sou fiel. Se estou com alguém, não olho para outra pessoa.
— Sei disto.
— Mas também prezo minha liberdade e não abro mão dos meus amigos. Quando rompi com o Alex, pensei em não me envolver com ninguém, mas... — Fiquei nas pontas dos pés e dei um beijo rápido nele. — Você chegou e derrubou minhas decisões. Então vamos com calma, ok?
— Tudo bem, desde que ninguém cheque muito perto de você. — Deu-me outro beijo e voltamos a andar.
Chegamos a casa dele. Lanchamos e ficamos vendo um pouco de TV. Mais tarde ele pegou o carro do Gustavo emprestado e me deixou em casa.
Deitada na minha cama mais tarde eu pensei nele e senti um frio no estômago. Borboletas bateram asas e fizeram uma bagunça. E um sorriso se formou nos meus lábios.
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Na adolescência tudo é mais intenso e gostoso.
Sentir este frio na barriga é tão bom... concorda?
Deixe um comentário sobre seu primeiro amor.
Beijos
Lena
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