"Um homem pode ser fraco fisicamente, mas nunca deve aceitar ser fraco mentalmente." - Fernando C. V. Júnior

- Você é fraco. - riu-se Nékari, uma mulher negra alta, com asas pretas.

- E-Eu não posso perder. I-Irei vingar a morte da Xitcha. V-Você vai pagar pelo que fez. - Ryne, menino magro de 16 anos, disse tossindo sangue.

- Você já perdeu Ryne Hytus. - Nékari disse olhando para Ryne ferido nas asas, braços, pernas e a face.

- Eu não posso desistir. Se eu desistir, não me perdoarei. - Ryne disse tentando levantar-se, mas Nékari deu lhe um soco nas costas e ele desmaiou.

"Você até começou bem. Pensei que terias chances, mas depois ví que eras mais um humano fraco. Agora, vou ter com o Zarim. Ele deve saber a razão de um humano como você ter asas." - Nékari pensou olhando para Ryne desmaiado, enquanto ajeitava os seus lisos cabelos pretos longos.

Nékari dirigiu-se a porta do quarto e saiu deixando Ryne no chão sangrando.

Vinte minutos antes

- Eu irei fazer com que te arrependas de ter tocado na Xitcha. - Ryne disse ainda indo em direcção de Nékari.

"Não sei o que há, mas pode vir. Pareces estar forte e irei adorar te ver no chão." - Nékari pensou, vendo Ryne fechando a sua mão direita.

As pessoas que estavam nas cadeiras sumiram e logo depois, Ryne bateu suas asas verdes em direcção a Nékari, e por ela estar ainda impressionada por ele ter asas, ele acertou um soco em cheio no rosto dela, e acertou também a barriga com um chute que a jogou para uma das paredes do quarto, fazendo ela deixar cair a espada que estava segurando.

"Idiota! Como ousa me bater?" - Nékari pensou voando em direcção de Ryne.

Nékari o pegou pelo pescoço e o apertou. Ryne tentou se livrar das mãos de Nékari que o sufocavam, mas não conseguiu, até que Nékari o largou e ele caiu no chão de joelhos.

- Matar-te agora seria tão fácil, mas não teria graça. Então vou me divertir um pouco mais. - Nékari disse chutando por mais de dez vezes na barriga de Ryne que ainda estava de joelhos, sangrando.

- Levante-se e proteja-se, humano. - Nékari disse indo pegar a espada que deixou cair.

- V-Você matou a Xitcha. Merece morrer. - gritou Ryne em meio a dores, e por puro instinto levantou-se e bateu as suas asas verdes, golpeando com a mão, Nékari que estava de costas à ele, lançando-a para onde estava a espada dela, que quebrou-se quando Nékari caiu sobre ela.

- A-A espada forjada por Knochus, o meu amado. - Nékari falou, e os seus olhos cor de fogo, pareciam mais intensos. - Você vai pagar com a vida, o que acabou de fazer. - Nékari disse com um olhar sombrio, olhando para Ryne que estava de pé com dores e com sangue saindo da boca.

Nékari bateu as asas tão rápido que em menos de um segundo, golpeou quinze vezes a Ryne e segurando-lhe pelas asas verdes, o lançou para uma parede do quarto, que logo depois ficou com marcas de sangue de Ryne.

Nékari caminhou lentamente em direcção de Ryne que não conseguia mover-se, o segurou pelo pescoço, girou-lhe por alguns segundos no ar, e jogou-o à uma parede onde ele foi bater com as asas, machucando-as consideravelmente.

- Não vai se levantar? - perguntou Nékari mas Ryne no chão calou. - Você é fraco - disse rindo.

Momento actual

Passam-se alguns minutos desde que Nékari saiu e Ryne ainda continua no chão desacordado. O quarto está cheio de sangue em duas paredes, uma espada no chão partida e cadeiras pretas vazias, todas quebradas no chão. A estante de armas de Nékari porém, ainda está intacta no meio de tanta destruição.

"Ryne, você me deixou morrer. Não me protegeu. Nunca me amou. Você nem sequer conseguiu me vingar. Seu fraco! Fraco! Fraco!."

- Não! - gritou Ryne depois de pensamentos terem corrido em sua mente quando estava inconsciente.

Ryne, ainda no chão, observou o quarto todo destruído, até que o seu olhar foi congelar na porta aberta.

"Será a saída desse inferno?" - se perguntou Ryne no chão todo dolorido, com sangue escorrendo pela sua pele negra.

Ryne tentou levantar-se, mas não conseguiu devido às dores. Descansou por algum tempo e voltou a tentar levantar-se, mas como da última vez, não conseguiu.

"Droga! No estado em que estou, já devia conseguir me levantar, mas minhas costas pesam. Não sei porquê tenho essas asas, já que humano algum tem asas, mas só passar pelo que eu passo há quase dois anos, já basta para ver o quão estranho sou. Talvez se eu descansar mais, consiga me levantar." - pensou tentando alcançar as suas asas, e quando olhou para as suas suas mãos, viu muito sangue.

Ryne ficou uma, duas, três, quatro horas descansando, tentando algumas vezes levantar, mas não conseguia. Passadas cinco horas e alguns minutos, conseguiu finalmente pôr-se de pé. Porém, ficou só alguns segundos parado e caiu logo depois.

"Maldição! Maldição! Nem me mover consigo. Nem ficar parado, nem proteger a Xitcha, nem vingá-la. Eu sou menos que nada. Mesmo que eu fique anos tentando me levantar, não irei conseguir." - pensou derramando algumas lágrimas, deixando seus olhos pretos, com um ar mais triste.

Passaram seis, sete, oito horas e Ryne ainda estava no chão, e dessa vez não tentou levantar uma vez sequer.

"Já estou com fome e com muita sede. A dor me fez esquecer disso, mas desde que acordei, já estava faminto e sedento. Agora que penso, eu já devia ter acordado e não estar aqui. O que será que há? Será meu destino ficar preso aqui para sempre? Será que aquela porta dá acesso a saída desse inferno, ou há um inferno bem pior lá? Onde estará Nékari que não a vejo aqui? Quanto tempo passa desde que estou aqui no chão? Muitas perguntas e nenhuma resposta. Mas acho que pelo tempo que estou aqui deitado, já devo conseguir dar alguns passos." - Ryne pensou levantando-se com muita dificuldade.

Deu um, dois, três, quatro passos e se apoiou a uma das paredes do quarto enquanto ia em direcção da porta.

"Não agora!" - Ryne exclamou ao ver que estava prestes a cair.

Parou por poucos segundos e depois continuou. Percorreu todo o caminho até a porta, e chegando na porta aberta...

"Isso é lindo." - Ryne pensou ao ver o exterior.

Ryne saiu do quarto e foi ao exterior. O exterior era repleto de muitas árvores floridas, bancos de várias cores, uma brilhante grama verde, frutas em algumas árvores, bonitas rosas no que parecia ser um jardim conjunto, uma fonte de água ao redor de pequenas árvores, e muitas casas alinhadas em vários blocos.

Admirando aquele dia lindo, seus cabelos curtos lisos com pontas vermelhas, pareciam resplandeciam ao entrar em contacto com a luz do sol.

"Bonito, mas isso parece solitário. O sol brilha de forma magnifica mas ninguém está aqui fora." - Ryne pensou ao ver que mesmo com o lindo dia, ninguém se fazia presente fora.

- Ouch! - sussurrou Ryne de dor, por ficar algum tempo parado a apreciar a paisagem.

Ryne começou a andar em direcção dum banco verde, quando tropeçou numa pedra e esteve para cair...mas alguém o segurou.

- Quem é você? Donde veio? E o que você quer? - perguntou surpreso olhando para quem o segurou.

- Calma Ryne Hytus. Sou só alguém que quer ajudar-te. Quero te mostrar o caminho para que tudo isso acabe. - disse o homem de estatura baixa, com cabelo castanho curto encaracolado, e uma barba fina da mesma cor que o cabelo.

- Como você conhece o meu nome? - perguntou, olhando para cima, mesmo sendo mais alto em relação ao homem.

- Você é um ESCOLHIDO Ryne, por isso eu te conheço. - respondeu o homem de pele branca, e olhos castanhos serenos, segurando Ryne enfraquecido.

- ESCOLHIDO?

- Sim. Perceberás tudo já já. Mas, agora temos tratar dos teus ferimentos. - disse o homem. - E, me desculpe pelo que vou fazer. - acrescentou e logo depois deu uma cotovelada na cabeça do Ryne, o fazendo desmaiar.

"É tudo para o teu bem." - o homem musculoso pensou, carregando Ryne nas costas, começando a andar.