Capítulo 53🀄A invasão 🀄
No dia seguinte bem cedo, partimos para Liqian com o Senhor Su. Dessa vez Meili não foi conosco. Fomos somente Yan e eu. Chen foi de moto algumas horas antes.
O Senhor Su nos levou direto para a casa de Liang e ele voltou para o centro da cidade para se hospedar no hotel. Infelizmente, dessa vez não poderei me demorar em Liqian, pois tenho provas no Instituto.
Logo na chegada, Yan ficou bem impressionado com Liang. Acho que ele esperava encontrar uma idosa bem debilitada, pelo fato de ser a irmã mais velha das três Wang e não a visão de uma senhora saudável, em pé na varanda, segurando sua espingarda.
"Ora, ora, vejam o que os ventos do Ocidente trouxeram! Finalmente estou conhecendo meu outro sobrinho-neto!"
Cumprimentei Liang e lhe apresentei meu irmão.
"Esse é o Yan, que tanto lhe falei."
Liang sorriu.
"Mas que belo rapaz! Venha aqui me dar um abraço!"
Yan a abraçou um pouco tímido, mas com um sorriso, que logo desapareceu, assim que viu Chen saindo do interior da casa para nos receber.
"Mas vamos entrar meus netos! Acho que nunca tive minha casa tão cheia de alegria como hoje! Parece dia de festa!"
Disse Liang muito animada com nossa presença.
Fui entrando na frente com Liang, mas quando olhei para atrás, ainda pude ver Yan e Chen se esbarrando para passar no batente da porta. Meu Deus, parecem crianças! Revirei os olhos para os dois e bufei.
Após guardar minhas coisas em meu quarto de costume na casa de Liang, fui para a cozinha ajudá-la, então contei-lhe sobre minha viagem às pressas para a América por causa da saúde de Vó Lan.
"Oh, meu Deus! E como ela está agora?"
Liang perguntou aflita.
"Agora está fora de perigo e bem melhor. Meu pai a levou para morar com ele e mamãe em nossa casa no Queens."
"Ah, que bom! Gostaria tanto de poder vê-la!"
"Isso a gente pode resolver!"
Respondi, tendo uma ideia.
"É? Como?" Perguntou Liang.
"Chamada de vídeo! Usei esse sistema com Lien e posso fazer com você também. Não se verão pessoalmente, mas pelo menos poderão se ver ao vivo pela tela do computador, conversar e matar a saudade."
"Será ótimo! Ficarei tão emocionada de poder falar com ela. Obrigada por tudo que tem me proporcionado, minha querida. Você trouxe muita alegria para a vida de todos nós."
Liang falou todas essas coisas segurando minhas mãos com muito carinho. Fiquei também emocionada e um pouco acanhada, não sei lidar muito bem com elogios, então desconversei:
"E por falar nisso, tenho algo para lhe entregar..."
"Para mim?"
Liang perguntou curiosa.
"Sim, algo que Vó Lan mandou para você. "
Os olhos de Liang brilharam.
"O que é?"
"Vou lá em cima, em meu quarto, buscar. Deixei em minha mochila."
"Tá bom!"
Liang sorriu, curiosa como uma criança.
Saio da cozinha, atravesso a sala e não vejo sinais de Yan, nem de Chen. Espero que não tenham se matado!
Subo a escada e encosto na porta do quarto destinado a Yan, não escuto nada, bato e ele não atende, então a abro e enfio a cabeça, vejo Yan deitado distraído ouvindo música com seu headphone. Ainda bem que não se meteu em confusão.
Me dirijo ao meu quarto para buscar a encomenda de Liang. Assim que entro, uma mão forte me puxa para atrás da porta. Chen.
"Nossa! Você me assustou!"
Chen da um sorriso de lado, me encarando satisfeito.
"Castigo por não ter falado comigo desde que chegou. Por que está me ignorando?"
Apoio as mãos em seu peito, suspiro e o olho com carinho.
"Desculpe! É por causa de Yan. Ele ainda não se acostumou em nos ver juntos."
Chen bufou. Me lembrou tanto um dragão nesse momento.
"Ainda isso? Quando ele vai parar com essa palhaçada?"
"Tenha paciência. Ele sempre foi um pouco rebelde e implicante, mas é um bom garoto. Isso vai passar. "
Chen concordou.
"Entendo. Mas acho que posso ajudar, tendo uma conversa com ele..."
"Chen..." O adverti com o olhar.
Ele riu.
"Fique tranquila! Você sabe que sou da paz...na maioria das vezes..."
Olhei para ele séria.
"Não se esqueça que ele é meu irmão!"
Chen agora sorri abertamente.
"Essa é a sorte dele!"
Dei um tapinha em seu braço. Ele fingiu sentir dor, me abraçou levantando-me e me beijou, a ponto de me fazer esquecer o que tinha ido buscar no quarto...
Após o almoço, achei Liang trabalhando em seu ateliê. Fui lhe entregar a caixinha com o colar, que minha avó mandou. Liang a abriu e desenrolou a peça do tecido de veludo. Ficou sem palavras e um longo tempo observando o colar em suas mãos. Então lhe expliquei:
"Estava guardado com vó Lan. Ela disse que você deixou com ela, antes de partir, então ela o guardou, todo esse tempo, para lhe devolver."
Liang tinha os olhos cheios de lágrimas.
"Esse colar...
Long que me deu. Era de sua mãe. Ele me disse que ela ganhou do homem que a engravidou e abandonou, no caso, o pai de Long.
Essa peça é muito valiosa, pertenceu a última dinastia chinesa. É a única prova de que Long e seus descendentes vêm de uma linhagem da nobreza. Algo que aquela mulher, que mandou matar Kelly, a mãe de Long, tanto lutou para ocultar. Ela não queria que seu filho dividisse a herança e o poder, com o outro filho bastardo. E no entanto, o que adiantou tanta ganância? Só serviu para causar tantas perdas, tristezas e mortes."
De repente me dei conta de algo.
"Quer dizer, que esse colar é a prova de que Chen é descendente da nobreza chinesa?"
Liang concordou.
Ao saber da história do colar e de sua descendência nobre, Chen não ficou nenhum pouco envaidecido, muito pelo contrário, ficou revoltado com a ganância daquela nobre, que já tinha tudo, mas por egoísmo e orgulho ferido, foi capaz de fazer tanto mal à inocentes no passado.
"A ambição daquela mulher e a covardia de seu marido traidor, causou muitos estragos na vida de muita gente inocente."
Disse Chen.
Mais tarde, fomos todos ao centro da cidade. Levei Yan para conhecer a loja de Liang e as outras atrações da "Roma chinesa", como os nativos chamam.
À noite fomos nos recolher cedo, pois partiríamos de volta à Pequim cedo.
Peguei logo no sono, pois estava muito cansada e acabei tendo um pesadelo. Algo que não tinha há algum tempo...
Dessa vez, era eu que corria na floresta sombria. Usava um vestido longo vermelho e o colar de Liang no pescoço. Fugia de passos que vinham atrás de mim e à frente tentava alcançar o par de faróis azuis que me guiava na escuridão, mas eu nunca conseguia chegar...
Acordei sobressaltada, suada e arfante. Sentei na cama e olhei para a janela e vi o cara encapuzado, que vivia me perseguindo, ali parado. Não consegui ver seu rosto. Então comecei a gritar. Não sabia se aquela visão era real ou se eu ainda estava sonhando, mas meu grito ecoou por toda casa.
Tive a certeza que era real, quando o encapuzado pulou a janela fugindo.
O primeiro a chegar em meu quarto foi Chen, que correu para minha cama e me abraçou. Eu o abracei bem forte com as lágrimas correndo pelas faces.
"Chen, ele estava aqui em meu quarto! Entrou pela janela!"
"Quem?"
"O encapuzado que vive me seguindo!"
O corpo de Chen ficou tenso e os olhos começaram a pigmentar.
Yan chegou na porta.
"O que houve? Que papo é esse de encapuzado? Do que vocês estão falando? Ouvi de lá do meu quarto seu grito."
Antes que tentássemos explicar qualquer coisa à Yan, ouvimos vindo de lá de fora, sons de uma sucessão de tiros.
Levantei da cama e corri para a janela, junto com Chen e Yan. Ainda pudemos ver Liang saindo da varanda com sua espingarda na mão, atirando para o alto e o encapuzado correndo e se embrenhando na mata...
Chen virou para mim e disse:
"Irei atrás dele!"
E saiu correndo do quarto.
Yan de boca aberta perguntou:
"Cara, que houve com o olho dele?"
Eu não disse nada, apenas abracei Yan, ainda assustada. Ele retribuiu meu abraço dando tapinhas em minhas costas e disse:
"Tem alguma coisa muito estranha acontecendo aqui..."
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