Capítulo 46🗽Imprevistos🗽
Em choque, com o que acabou de acontecer, entrei na casa dos Yang. Ninguém havia chegado ainda, então fui para o meu quarto. Estava tão cansada, que nem tinha forças para chorar. Tomei um banho e arrumei minhas coisas, pensando na decisão de Chen.
Não sou idiota. Sei que a atitude de Chen foi influenciada por tudo que vem me acontecendo e por toda a história contada por Liang. Ele teme estragar minha vida. Mas sua atitude foi impulsiva, porém protetora.
Faz bem o estilo de Chen. Passar por cima dos próprios sentimentos, para proteger o próximo. Ou talvez, seja coisa de dragão, toda essa impulsividade. Mas eu não ia permitir que ele tomasse decisões, sobre nosso relacionamento sozinho. A minha vontade também tinha que ser considerada. Se não me amava mais, eu aceitaria, mas teria que falar a verdade. Amanhã, no Instituto, conversarei com ele...
No dia seguinte, retomei minhas atividades. Participei das aulas de Artes-marciais e senti tanto a ausência de Chen, quanto de Hu.
O fato de Hu não comparecer às aulas, é totalmente compreensivo. Depois de tudo que fez e sabendo que foi desmascarado, deve estar com medo de retaliações. Já Chen, não comparecer, me irritou bastante, pois eu sabia que ele estava me evitando.
Na saída do Instituto, após as aulas, encontrei aquele aluno estrangeiro, que certa vez vi Hu ameaçando. O mesmo rapaz, que achou minha bolsa, no dia que fui atacada pelo macaco, em Shamian. Tentei falar com ele, mas quando me viu, saiu correndo, como se tivesse visto uma assombração. Não é possível! Eu nunca conseguia falar com ele. Gostaria de tentar descobrir algo sobre Hu, mas o rapaz parecia ter medo de mim!
Me despedi de Meili e do Senhor Su, e fui para a casa de Chen de metrô. Chegando lá, encontrei o Senhor Wu sozinho. Conversamos bastante e lhe contei tudo que havia acontecido em Liqian. Ele estava muito satisfeito por Chen ter reencontrado sua avó. E se sentia muito grato a mim, por tê-lo ajudado. Mas eu fiquei muito brava, quando o Senhor Wu me disse que Chen voltara para Liqian, e passaria uma temporada lá, com Liang.
Fui para casa decidida. Organizaria meus estudos, faria uma visita a Lien, para contar-lhe as novidades sobre Liang e depois partiria para Liqian, atrás de Chen. Quando o encontrar, ele terá que ouvir tudo o que penso sobre suas atitudes.
Mas imprevistos acontecem, e eles podem mudar o percurso de nossas vidas...
Naquela madrugada, fui acordada com batidas insistentes na porta de meu quarto. Tonta de sono, fui atender. Eram o Senhor Qiàng e sua esposa.
"Desculpe-nos por acordá-la assim, Senhorita Jéssica, mas é urgente! Acabamos de receber um telefonema de seu pai. Ele pede que a Senhorita volte imediatamente para casa. Sua avó sofreu um enfarto e não para de chamá-la." Explicou o Senhor Qiàng.
Apesar de estar chocada com a notícia, abri meu armário, e comecei a jogar minhas coisas na mala. A Senhora Sying, se aproximou e começou a me ajudar. Tocou meu ombro e disse:
"Tudo irá se resolver, minha querida. Fique calma. Ela irá se recuperar. Deixe-me ajudá-la."
Meili entrou no quarto e me abraçou. Uma lágrima escorreu por minha face.
O Senhor Qiàng agilizou tudo para meu retorno à América. E algumas horas depois, eu já estava no Aeroporto Internacional de Pequim, aguardando meu voo ser chamado.
Fui levada pelo Senhor Su, acompanhada pelo Senhor Qiàng e Meili. Minha amiga estava preocupada comigo e com medo de que eu não voltasse mais.
"Jéssica, assim que tudo se resolver você voltará, não é?"
Sorri triste.
"Claro amiga! Essa é minha intenção. Assim que vovó Lan se recuperar, eu retorno. Preciso terminar meu curso."
Mei me abraçou.
"Sentirei sua falta, Jess! Espero que sua avó se recupere logo!"
"Eu também!"
"O que direi a Chen?"
Meili perguntou. Ela ainda não sabia que Chen tinha me abandonado.
"Não diga nada. Ele não se importa mais comigo."
Respondi com um certo rancor e deixei Meili sem entender, pois meu voo foi chamado e eu parti.
Quando cheguei em Nova York, peguei um táxi direto para o hospital em que Vó Lan estava internada. Ela cochilava, então fiquei sentada em uma poltrona ao lado do seu leito.
Meu pai estava lá e ficou aliviado ao me ver. Me abraçou com carinho e saudade. Ele disse que Vó Lan foi bem atendida e estava sendo monitorada por ótimos médicos, pois seu estado exigia atenção e cuidados.
Esperando vó Lan acordar e cansada pela correria da viagem, acabei adormecendo sentada ao seu lado, enquanto meu pai foi para casa tomar um banho e descansar um pouco.
Sonhei com Chen. No sonho eu corria por uma floresta densa e escura. Escutava sua voz me chamando, mas não conseguia vê-lo.
Acordei sobressaltada, com minha avó acordada me encarando com um olhar carinhoso.
Levantei imediatamente e segurei sua mão.
"Vovó, você acordou! Graças à Deus! Como está se sentindo?"
"Minha menina! Você está aqui! Que saudade!"
Abracei vovó com cuidado.
"Que susto que a senhora me deu!"
"Ah, minha flor, esse coração já não é mais o mesmo! Anda cansado..."
"Não vovó, você só precisa descansar e de alguém que cuide de você e logo estará recuperada. Por isso estou aqui. Vou cuidar de você!"
"Ah, minha querida, você é uma neta maravilhosa, mas não tem que se preocupar com isso. Se não for a hora de me encontrar com meu Dishi ainda, seu pai me levará para morar com ele."
Fiquei aliviada com essa notícia.
"Ah, isso é muito bom! Nós sempre quisemos que a senhora morasse conosco. E o vovô Dishi pode esperar mais um pouquinho. Pare de falar essas coisas."
"Preciso falar algumas coisas para você, antes que seja tarde..."
Vovó tinha a respiração pesada.
"Nada disso, a Senhora já se esforçou demais. Precisa descansar. Não pode falar tanto assim. Se não o médico chamará minha atenção."
Vó Lan segurou minha mão com urgência.
"Escute! É importante!"
Senti a seriedade em sua voz.
"Tudo bem. Fale."
"Vá em minha casa. Em meu quarto, na gaveta do criado-mudo tem uma caixinha. Dentro dela, você encontrará um objeto muito importante, que pertenceu ao amado de minha irmã Liang. Ele deu a ela de presente e ela deixou comigo, quando a vi pela última vez."
Interrompi vovó.
"Vovó, eu encontrei Liang!"
Os olhos de vovó brilharam e as lágrimas brotaram.
"Ela está viva? Está bem?"
Perguntou curiosa.
"Sim! Viva e forte! Mora na província de Liqian."
"Liqian? Que notícia maravilhosa você me deu, minha flor!"
"Então, tenho muito mais para lhe contar, mas preciso que obedeça e descanse, para que fique boa logo e voltemos juntas para casa!"
Vovó concordou satisfeita. Até parecia que eu tinha lhe dado um injeção de ânimo. Então, aceitou minhas recomendações, mas antes apertou minha mão e disse:
"Não se esqueça! Vá à minha casa, pegue e guarde em segurança com você!"
Respondi com seriedade.
"Pode deixar. Eu farei o que me pediu."
Assim, ela ficou tranquila, relaxou e adormeceu.
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