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ℭ𝔞𝔭í𝔱𝔲𝔩𝔬 3 - 𝔄𝔱𝔯𝔞í𝔡𝔬𝔰 𝔓𝔢𝔩𝔬 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬

ℜ𝔢𝔭𝔢𝔱𝔦𝔡𝔞𝔰 𝔳𝔢𝔷𝔢𝔰 𝔬 𝔳𝔢𝔫𝔱𝔬 𝔢𝔫𝔠𝔥𝔦𝔞 𝔞𝔰 𝔰𝔲𝔞𝔰 𝔪ã𝔬𝔰 𝔠𝔬𝔪 𝔬 𝔠𝔥𝔢𝔦𝔯𝔬 𝔡𝔢𝔩𝔞, 𝔢 𝔢𝔩𝔢 𝔰𝔢 𝔟𝔞𝔫𝔥𝔞𝔳𝔞 𝔰𝔢𝔪 𝔭𝔢𝔫𝔰𝔞𝔯 𝔢𝔪 𝔫𝔞𝔡𝔞. 𝔖𝔢𝔲𝔰 𝔬𝔩𝔥𝔬𝔰 𝔡𝔬𝔲𝔯𝔞𝔡𝔬𝔰 𝔟𝔲𝔰𝔠𝔞𝔳𝔞𝔪 𝔞 𝔯𝔢𝔰𝔭𝔬𝔰𝔱𝔞 𝔳𝔦𝔫𝔡𝔞 𝔡𝔞 𝔡𝔢𝔲𝔰𝔞 𝔏𝔲𝔞, 𝔪𝔞𝔰 𝔞𝔭𝔢𝔫𝔞𝔰 𝔬 𝔰𝔦𝔩ê𝔫𝔠𝔦𝔬 𝔢𝔯𝔞 𝔞 𝔯𝔢𝔰𝔭𝔬𝔰𝔱𝔞 𝔬𝔟𝔱𝔦𝔡𝔞. 𝔒𝔰 𝔰𝔬𝔫𝔥𝔬𝔰 𝔰ó 𝔞𝔲𝔪𝔢𝔫𝔱𝔞𝔪 𝔬 𝔰𝔢𝔲 𝔡𝔢𝔰𝔢𝔧𝔬 𝔰𝔢𝔠𝔯𝔢𝔱𝔬 𝔡𝔢 𝔱𝔢𝔯 𝔲𝔪𝔞 𝔰𝔢𝔤𝔲𝔫𝔡𝔞 𝔠𝔥𝔞𝔫𝔠𝔢. 𝔈 𝔣𝔬𝔦 𝔞𝔰𝔰𝔦𝔪 𝔞 𝔠𝔞𝔡𝔞 𝔭𝔯𝔦𝔪𝔞𝔳𝔢𝔯𝔞 𝔮𝔲𝔢 𝔭𝔞𝔰𝔰𝔬𝔲 𝔰𝔬𝔩𝔦𝔱á𝔯𝔦𝔬 𝔠𝔬𝔫𝔱𝔢𝔪𝔭𝔩𝔞𝔫𝔡𝔬 𝔞 𝔣𝔞𝔰𝔢 𝔩𝔲𝔫𝔞𝔯.

— Boa noite...

A voz profunda e aveludada perturbou-a, mas os olhos cinzentos lhe eram familiares. Vira-os ainda há pouco, quando dançava. Durante alguns segundos deixaram-na inquieta, dando-lhe a sensação de que seu dono a censurava.

Oliver de repente ficou muito sem jeito, todo vermelho, quase desnorteado. Scar jamais o vira assim: dava a impressão de que alguém o havia esmurrado no estômago.

Seus olhos percorreram a mesa e percebeu que todos se comportavam da mesma maneira, ligados na presença do recém-chegado. Somente Esme, como sempre, mantinha a calma. Sorriu e disse.

— Olá. Aceita uma taça de champanhe, Sr. Lighwood?

— Vim dar meus parabéns à Srta. Amestris. — Ele declarou, sem tirar os olhos de Scar. Aqueles olhos cinzentos tinham se fixado nela, deixando-a nervosa. Normalmente quando os sobrenaturais a olhavam daquele jeito ela sabia o que estavam pensando. Há muitas maneiras de se analisar um sobrenatural, pois seus rostos refletem aquilo que pensam. Sorriem ou ficam sérios, de tal maneira que é possível saber se estão enviando boas ou más vibrações. Isso não acontecia com aquele lycan, pois seu rosto era absolutamente impenetrável.

— Não quer sentar-se conosco, Sr. Lightwood? Brinde nossa estrela com uma taça de champanhe. — Agora era Oliver quem se manifestava, muito solícito, puxando uma cadeira.

Ignorando-o, o lycan caminhou em direção a Scar. Todos pareciam conhecê-lo, mas ela tinha certeza de que jamais o vira. Se isso, tivesse acontecido, claro que se lembraria. Afinal de contas, quem era ele?

Chegando a seu lado, pegou calmamente em sua mão e ela ficou tensa, sem saber o que ele pretendia fazer. Sem a menor pressa e sem dar demonstrações de que estava sendo olhado por todos que ali se encontravam, ele levou a mão de Scar a seus lábios, beijando sua pele quente e não tirando os olhos dela o tempo todo. Escarlate, em um gesto de ousadia, encarou-o, mas um arrepio percorreu-lhe a espinha de alto a baixo, uma corrente elétrica percorreu o seu corpo a deixando paralisada e estranhamente em eufórica.

— Assisti a seu espetáculo hoje à noite. Você estava de fato extraordinária. Tive a impressão de que a plateia ia acabar se incendiando....

Ela engolia em seco, esquecendo a presença de todos, consciente de que havia uma vontade dominadora naquele rosto aparentemente duro. Sentia que ele se concentrava nela, de um modo que a deixava profundamente perturbada.

— Obrigada. Que bom que gostou... — Exprimia-se automaticamente, sem conseguir disfarçar o nervosismo.

— Sente-se, Sr. Lightwood. — Insistiu Oliver, quase suplicando, após ter enchido uma taça com champanhe.

— Sinto muito, mas estou com o meu clã. — Ele declarou, endireitando-se e soltando a mão de Scar. Voltou a encará-la e ela desviou o olhar, trêmula.

— Boa noite!... — Ele disse, naquele tom de voz perturbador, mal reconhecendo a presença dos outros em torno da mesa.

— Boa noite... — Disse Scar, assustada, perguntando a si mesma porque sentia quase que uma ameaça naquilo que ele acabava de dizer. Era apenas um gesto de boa educação e nada mais. Naquela mesma noite já trocara breves palavras com dezenas de seres sobrenaturais desconhecidos, aceitando seus elogios e sorrindo para eles quando lhe diziam o quanto tinham apreciado o show. Por que as palavras daquele Lycan faziam-na sentir-se tão perturbada?

Ele afastou-se, seguido pelo olhar de todos os que se encontravam à mesa. Escarlate estremeceu. Aquele corpo esguio tinha sólidos músculos. Os ombros largos e as pernas longas anunciavam que ele era um adversário perigoso. Usava smoking, como a maior parte dos lycans e demais seres sobrenaturais presentes na boate, mas era muito bem talhado, o que lhe dava um ar diferente. Scar não deixou de notar que, enquanto ele voltava para sua mesa, os demais sobrenaturais o encaravam com um misto de curiosidade e admiração. Todos o reconheciam e se sentiam fascinados por ele.

— Puxa...! — Exclamou Oliver, voltando-se para Scar. — Você acaba de pegar um dos lobos grande em sua rede, meu bem.

Scar encarou-o, à espera de uma explicação.

— Lá vai indo trezentos bilhões de dracmas de ouro! — Disse Esme, levantando a taça em homenagem ao lycan que se afastava.

— Mas afinal de contas quem é ele?

A reação de todos foi tão dramática como se ela tivesse derrubado uma bomba sobre a mesa. Ouviu murmúrios, sentiu que todos a encaravam, chocados e incrédulos.

— O que foi que eu disse de mais?

— E ela ainda pergunta... — Falou Esmeraude, começando a rir.

— Você está brincando, querida lobinha! — Protestou Oliver.

— Não está, não. — Disse Esme. — Puxa vida, Scar, algumas vezes me pergunto se você vive no mesmo mundo que nós.

— Bem, pelo visto ele é famoso...

— Famoso? Ouçam, Escarlate está dizendo que ele é famoso! Disse Oliver, profundamente irônico.

— Meu bem, este lycan é nada mais, nada menos que Alev Lightwood. — Informou Esme.

— Mas quem é Alev Lightwood? ele tem o mesmo sobrenome do Oliver, então faz parte do mesmo clã. É isso?...

— Não acredito... — Declarou Oliver. — Não acredito que alguém como Escarlate exista!

— Desça de sua torre de marfim e fique junto a nós. Alev Lightwood é um dos lycans mais ricos dentro do reino de Vasty, melhor dizendo dentro dos quatro reinos. — Tornou a informar Esmeraude.

— Praticamente é dono da cidade central, dono do reino de Vasty, isso para não falar de uma boa parte dos reinos Ferrant e Aloe agora. — Acrescentou Oliver. Foi o pai dele que conseguiu fazer com que o reino de Avilan se tornasse praticamente uma de suas colônias.

Scar olhou através da sala cheia de seres sobrenaturais em direção à mesa de canto onde Alev Lightwood tinha acabado de sentar-se. Estava na companhia de uma linda lycan negra e de um outro casal, que havia acabado de levantar a fim de dançar. Alev Lightwood também olhou para ela e seus olhares se cruzaram. Estava com um copo na mão e ergueu-o em um gesto discreto, brindando-a. Mais uma vez um arrepio desceu ao longo da espinha de Escarlate, seu coração disparou como se fosse se transformar ali mesmo.

Desviou apressadamente o olhar e sentiu o rosto pegando fogo. Aquele lycan a incomodava. Não se podia dizer que era bonito. Seu rosto era por demais severo, mas algumas lycans e outras sobrenaturais certamente o achariam extremamente atraente. Não havia dúvida de que era perturbador e até mesmo inesquecível, sobretudo para aquelas que gostavam de Alphas que dão a impressão de que podem arrombar uma porta de aço com um simples murro. A Scar não agradava lycans como ele. Tinha certeza de que, em uma discussão, ele sempre acabava ganhando, o que era motivo mais do que suficiente para deixar uma sobrenatural proscrita sensível abalada.

— Cuidado com ele! — Murmurou Esmeraude. — Acho que está de olho em você, o que pode causar problemas. Tem a reputação de colecionar belas lycans como se fossem troféus. É bom não criar dificuldades com ele.

— Estas dificuldades não existirão. Talvez esteja de olho em mim, mas não me interessa.

— Querida, o lycan é cheio do dinheiro! Ele é o regente de um reino.

— E daí?

— Além disso, é muito sensual e atraente.

— Para mim, não diz nada.

— Deixe disso! E aquele lado selvagem todo?

— Não me excita.

— Bem, talvez seja melhor assim. Talvez ele a desorientasse, em um momento em que sua carreira está indo melhor do que nunca.

— O que vocês duas estão cochichando? De quem estão falando mal? — Perguntou Olive.

— De você, meu bem... — Disse Esme com ironia.

— Ah, é seu assunto preferido... — Replicou Oliver e sua Companheira não pôde deixar de sorrir.

Uma hora mais tarde Scar notou que Alev Lightwood e seus acompanhantes deixavam a boate. Procurou-o com o olhar, encarando perturbada aquele corpo esbelto e viril que se afastava. A pista de dança estava repleta. Todo mundo se divertia para valer e teria sido difícil notar alguém no meio daquela pequena multidão que se entregava à alegria, mas Alev Lightwood tinha mais de um par de olhos femininos cravados nele...

Ele voltou-se, assim que chegou à porta. Scar não esperava aquele gesto e era tarde demais para desviar o olhar. Encararam-se mais uma vez e ela voltou a sentir aquela reação esquisita na boca do estômago, como se de repente tivesse sido arremessada no ar. Ele não sorriu, simplesmente limitou-se a contemplá-la e no entanto aquele rápido olhar era como ferro em brasa a marcar sua pele. Finalmente, Alev partiu e Scar viu-se mergulhada na mais profunda confusão.

Qual a força do destino em nossas vida? Esta energia vital rege tudo aquilo que acontece no universo! 

1498 Palavras

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