O silêncio se fez por alguns minutos antes de voltarem a se falar.

— Então podemos? – Pergunto para seguirmos em direção a areia. Ela afirma com a cabeça, então digo a Rubus através de nossa ligação que mande os seguranças permanecerem ali. A puxo pelo cotovelo e quando andamos um pouco na areia ela para, se apoia em mim com uma mão e com a outra tira um sapato, faz o mesmo processo trocando de mãos, a observo curiosamente. As fêmeas Lycans que conheço escalariam montanhas de salto, não abrem mão para nada, muito menos num encontro.

— Desculpe, prefiro sentir meus pés na areia. Sempre gostei de correr ou mesmo andar descalça!... — Afirma sem olhar diretamente para mim. Prosseguimos andando sem nos tocar.

— Por que quer decidiu acatar as regras e leis dos anciões e principalmente obedecer o seu avô? Se anteriormente eu lhe ofereci me unir a você sem precisar de todas essas formalidades. — Olho para ela, o vento bate em seus cabelos e seus olhos se estreitam pelo sol. Então responde sem me olhar.

— Porque meu avô é o meu único parente vivo, ele é o líder do nosso clã e tem razão. Ele sabe o que diz... O mesmo me aconselhou a isso, então acho que é o melhor para mim. Além disso, já havia o seu interesse em mim, não é mesmo? — Sua voz soa sem sentimento algum, quero saber mais o que a fez mudar tanto de ideia assim. Preciso entender essa loba platinada nunca tive dificuldade em ler as criaturas a minha volta, muito pelo contrário, mas essa bela Lycan a minha frente é um grande ponto de interrogação.

— Mas com um Lycan que não conhece. Cansei de ouvir isso de você enquanto estamos no reino de Marlóvia. — Digo olhando para a praia também, já que ela não me olha.

— Mas meu avô conhece e confia em você e na sua família, o seu reino é considerado o mais poderoso, então... para mim é o suficiente. — Diz ainda sem emoção, mas com firmeza. Paro e a olho virando de frente para ela, que faz o mesmo. Cruzo meus braços.

— Mas você deve saber que nossos clãs são inimigos. Seu avô deu um golpe no meu pai e se vou me casar com você é porque quero reaver o que é meu por direito. O fato de haver lhe conhecido anteriormente e te proposto se unir a mim não vai mudar os meus objetivos. — Explico e a encaro, quero ver sua reação.

— Ambas as partes vão sair satisfeitas com o acordo isso que importa. Você com o que diz ser seu e eu com o meu. — Dessa vez ela desvia o olhar para a praia quando fala. Achei que ficaria revoltada com as minhas palavras, que brigaria comigo, vejo em seus olhos algo mais forte do que ela quer realmente demonstrar. Isso me intriga ainda mais.

— Para que quer tanto dinheiro mensalmente? — Continuo a encarando, com o olhar estreito sobre ela.

— Para coisas femininas, sapatos, roupas, maquiagem... Ser a Luna do regente de Vasty não é algo tão fácil como ser a Luna de um outro Alpha qualquer! — Olha para mim e gesticula mexendo os sapatos com um gracejo, suas sobrancelhas se arqueiam e seu semblante é de pouco caso enquanto fala. Mas seu rosto não parece estar maquiado, vejo uma linda beleza ao natural a minha frente. Será que é somente para essas futilidades que ela quer o dinheiro? Se ela já é herdeira de uma fortuna gigantesca para que quer se unir por mais dinheiro? A Scar que eu conheci nunca se importou com dinheiro ou status, o desejo dela sempre foi ser livre e cantar por todos os reinos. Por que a mudança repentina agora? Só posso pensar que seu avô venha cortando seus luxos depois que voltou a conviver em seu clã, vai ver podando suas regalias, tirando a liberdade dela para gastar ou mesmo exercer o que mais gosta que é cantar. Então quer entrar nessa para se livrar das amarras e se afundar nas futilidades. Algumas colegas sobrenaturais de minha irmã Aava já fizeram isso, se unir para virar companheira profissional, ter todo o luxo com a comodidade de não precisar trabalhar nem dar satisfações. Ela mesma me contou essas histórias de forma embasbacada, ah minha doce irmãzinha... Resolvo voltar minha atenção para ela.

— Para ainda mais do que já deve ter? Futilidades nunca tem fim? — Cutuco, quero ver se há uma Lycan feroz de baixo dessa carinha de anjo. A observo atentamente, ela passa a língua nos lábios para umedecê-los o que acaba despertando minha masculinidade dentro das calças. O que é ridículo, nunca passei por isso antes. Então me ponho de lado a puxando para voltarmos a andar, não quero correr o risco que ela perceba. Noto que fica confusa e enruga a testa como quem medisse o que vai dizer.

— Fêmeas de sangue nobre sempre querem mais, há sempre novidades... Então nunca tem fim regente Lightwood. — Seu olhar é para o horizonte. Então me vem à cabeça algo e paro abruptamente a encarando nos olhos de frente novamente.

— Já que fêmeas nobres sempre querem mais, você deve saber o que os Lycans nobres sempre querem mais não é loba platinada? — Seu olhar no meu é de espanto, suas bochechas coram, vejo que ela entendeu o que quis dizer então resolvo ir mais além. Passo uma mão no seu rosto sentindo a suavidade de sua pele deliciosa, macia e quente pelo sol, mas acho que pela temperatura entre nós também. — Sexo. Você sabe que nossa união só poderá ser desfeito com filhotes, então caso queira em algum momento se livrar de mim teremos que praticar bastante antes. Ou o nosso acordo não incluirá sexo? Pois a nossa raça preza o acasalamento mais do que outras raças de sobrenaturais. — Vejo que abre a boca e fecha duas vezes, passa a mão pelos cabelos e então resolve falar.

— Sexo é algo natural, sendo numa união nada mais normal do que termos que fazê-lo. Se acha capaz de me satisfazer completamente regente Lightwood? — Ela sorri de uma forma cínica. 

— Aham sabia que ai debaixo dessa beleza pura tinha que haver uma fera selvagem. E quer me provocar, é melhor tomar cuidado onde está se metendo loba platinada de olhos de verdes.

— Eu posso te ensinar muitas coisas Loba platinada, coisas que nunca deve ter imaginado, posso lhe proporcionar tanto prazer como nunca sonhou, posso deixa-la de pernas bambas agora mesmo se assim desejarmos. Posso ver pelo sua frieza em falar de "sexo" que nunca foi completamente realizada na cama, nunca deve ter tido parceiros suficientemente satisfatórios. Eu posso mudar seu conceito e experiências no assunto completamente. — Argumento cada palavra como se as saboreasse lentamente, para poder ver uma a uma as reações que passam pelo rosto de Scar. Vejo clara excitação, surpresa mas também receio.

— Não acho que aqui hmm.. esse é.. aqui seja o lugar ideal para esse tipo de situação. Ou melhor, nem o momento não é mesmo? E o passado da minha vida sexual não está em questão nesse momento. — Explica tão rapidamente que tropeça em algumas palavras, acho engraçado e sorrio. — Rindo de mim Alpha Lightwood? — Fico sério instantaneamente então agora essa fera selvagem disfarçada quer por as garras de fora. Também acha que me ofende ao me chamar pelos dois títulos, usando de deboche e ironia ao mesmo tempo? Será algum tipo de piada entre ela e o avô traidor agora? Assim como eu ela é parte dessa confusão toda, inclusive está aí por onde vou mandar Sartana começar a pesquisa sobre a vida dela.

— Sim, rindo da imagem que quer passar. Por acaso tem dúvidas entre ser a nobre Lycan do clã Lycoris Radiata e a cantora devassa que os demais comentam? — Pergunto perdendo um pouco a paciência. Seu olhar é de espanto então vejo que ela encolhe um pouco os ombros e respira fundo para então olhar bem nos meus olhos erguendo uma sobrancelha com um jeito de quem quer provocar antes de me responder.

— O que o regente de Vasty prefere? — Ela olha atentamente para mim e fala em tom de desafio, fico surpreso e ainda mais confuso sobre os reais objetivos de Escarlate Amestris Liophyta, ela é realmente intrigante. Minha vontade era de coloca-la agora mesmo sobre meus joelhos e dar umas boas palmadas nessa bunda perfeita que ela tem, para mostrar quais são minhas preferências.

— Prefiro que a senhorita Liophyta seja quem é. Gosto de conhecer as criaturas sobrenaturais a fundo e sou muito bom nisso, sou rápido em perceber quem é quem e suas reais intenções. — A aviso muito confiante, tenho que mostrar para ela que eu é quem vou mandar nessa história e caso ela tenha algo a esconder não vou demorar a desvendar.

— Evidentemente. — Scar diz com o olhar perdido em pensamentos. — Mas o Alpha deve ter alguém, alguma namorada, quando nos unirmos vai manter seus casos? — Diz voltando-se a mim, me olhando fixamente.

— Vai querer exclusividade loba platinada? — Lhe pergunto com certa curiosidade e sorrindo com a possibilidade. Eu não aguento ficar muito tempo com a mesma fêmea, me entedio rápido, preciso variar. Fora que não sei se ela vai encarar bem meu gosto pelo BDSM, assim vou precisar de alguma submissa. Esse é o segredo do regente Supremo do Reino de Vasty. Nunca consegui encontrar a fêmea perfeita que fizesse os dois papéis em minha vida.

— Não me importa que tenha outras fêmeas, assim podemos deixar essa parte da nossa união de nos conhecermos intimamente para quando nos conhecermos melhor. — Ela diz com um tom de quem parece arrependida por ter provocado meu lado predador sexual, parece que ficou com medo. Ou talvez queira um jeito de me evitar.

— O que você quer então com essa união? Se não quer ter intimidades comigo, até não se importa se eu tiver outras fêmeas, como nossa relação fica realmente? — Passo a mão em meus cabelos que estão sendo bagunçados pelo vento e aprofundo-me no verde esmeralda dos olhos da Lycan a minha frente.

— Não existe relacionamento, vamos ser práticos você quer o território do clã Lycoris Radiata, estava disposta a entrar num novo conflito apenas para concretizar os seus objetivos. Saber do meu parentesco com o Alpha Magno apenas ajudou-o. Eu tenho a estabilidade que preciso com essa união é simples assim. É um contrato e ponto final. Não vamos nos ater a coisas insignificantes. Pois não tem como eu fugir das leis máximas impostas pelos anciões e demais lideres. Quando eu não tinha um clã era mais fácil, mas agora eu carrego a responsabilidade de muitas vidas em meus ombros. Com essa união o meu clã estará protegido por sua soberania. Pois seremos um só e pra mim isso basta!... — Sua boca faz um sorriso que não mostra os dentes no final do seu discurso.

— Então como você vai querer que se cumpra o nosso acordo, que eu leve a mala com a sua mesada para o nosso leito para garantir a sua satisfação? E também cuide de todo o seu clã? Sabe que todos serão meus no final de tudo? Não tem medo do que possa fazer depois de nossa união com você e com o seu clã? — Ela me olha com os olhos arregalados.

— A mala não nem o seu ego gigantesco!... — Estou adorando isso, ela está me desafiando, nenhuma sobrenatural nunca me enfrentou antes, todas sempre concordam com tudo o que digo, sua boca é bem esperta, vou adorar a calar das mais diversas formas. Eu sabia que Scar seria a escolha perfeita para ser a minha companheira.

— Será interessante isso, uma união por normas contratuais e quando tivermos sexo terei pago por ele. Isso é novo para mim, nunca paguei por sexo antes. — Scar me olha e não consegue segurar um risinho de deboche.

— É claro que já pagou, para as dezenas de namoradas que teve. Por que acha que se envolveram com você? Para ter joias, passeios de luxo, andar nos seus carrões, viagens em seu jato, circular na alta roda que existe nos reinos. Se isso não for pagar, então não sei o que é. — Minha boca se abre em um Ó, sinto um pouco de raiva me aquecer por dentro. Depois sorrio pela sua coragem em me dizer tais coisas. Scar está querendo atingir a minha imagem como o regente Supremo do reino de Vasty, fazendo pouco do meu estilo de vida. Nenhuma fêmea nunca mexeu assim comigo antes. Essa criatura é realmente surpreendente, de extremamente recatada há minutos atrás agora está me enfrentando cara a cara. Não costumo dar muita conversa para as fêmeas sobrenaturais, nem para as quais me relaciono. Sempre me dão preguiça com aquelas tagarelações sem fim, é de encher o saco. Mas Escarlate me intriga, confronta, ofende ao mesmo tempo em que é tímida e misteriosa. E isso acontece desde do nosso primeiro encontro no reino de Marlóvia. Por alguns minutos vejo a cantora atrevida que vivia fugindo de mim emergir.

— É uma troca, elas têm o que querem e eu o que quero delas pelo tempo que me satisfaça. — Ela balança a cabeça e sorri fraco, mas vejo que estou conseguido irritá-la.

— Exatamente, e nós estamos entrando nesse acordo ambos para termos o que queremos. — Ficamos nos olhando por alguns segundos. Então decido que é hora de voltarmos e assinarmos de uma vez esse contrato.

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