ℭ𝔞𝔭í𝔱𝔲𝔩𝔬 19 - 𝔄𝔱𝔯𝔞í𝔡𝔬𝔰 𝔓𝔢𝔩𝔬 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬
ℜ𝔢𝔭𝔢𝔱𝔦𝔡𝔞𝔰 𝔳𝔢𝔷𝔢𝔰 𝔬 𝔳𝔢𝔫𝔱𝔬 𝔢𝔫𝔠𝔥𝔦𝔞 𝔞𝔰 𝔰𝔲𝔞𝔰 𝔪ã𝔬𝔰 𝔠𝔬𝔪 𝔬 𝔠𝔥𝔢𝔦𝔯𝔬 𝔡𝔢𝔩𝔞, 𝔢 𝔢𝔩𝔢 𝔰𝔢 𝔟𝔞𝔫𝔥𝔞𝔳𝔞 𝔰𝔢𝔪 𝔭𝔢𝔫𝔰𝔞𝔯 𝔢𝔪 𝔫𝔞𝔡𝔞. 𝔖𝔢𝔲𝔰 𝔬𝔩𝔥𝔬𝔰 𝔡𝔬𝔲𝔯𝔞𝔡𝔬𝔰 𝔟𝔲𝔰𝔠𝔞𝔳𝔞𝔪 𝔞 𝔯𝔢𝔰𝔭𝔬𝔰𝔱𝔞 𝔳𝔦𝔫𝔡𝔞 𝔡𝔞 𝔡𝔢𝔲𝔰𝔞 𝔏𝔲𝔞, 𝔪𝔞𝔰 𝔞𝔭𝔢𝔫𝔞𝔰 𝔬 𝔰𝔦𝔩ê𝔫𝔠𝔦𝔬 𝔢𝔯𝔞 𝔞 𝔯𝔢𝔰𝔭𝔬𝔰𝔱𝔞 𝔬𝔟𝔱𝔦𝔡𝔞. 𝔒𝔰 𝔰𝔬𝔫𝔥𝔬𝔰 𝔰ó 𝔞𝔲𝔪𝔢𝔫𝔱𝔞𝔪 𝔬 𝔰𝔢𝔲 𝔡𝔢𝔰𝔢𝔧𝔬 𝔰𝔢𝔠𝔯𝔢𝔱𝔬 𝔡𝔢 𝔱𝔢𝔯 𝔲𝔪𝔞 𝔰𝔢𝔤𝔲𝔫𝔡𝔞 𝔠𝔥𝔞𝔫𝔠𝔢. 𝔈 𝔣𝔬𝔦 𝔞𝔰𝔰𝔦𝔪 𝔞 𝔠𝔞𝔡𝔞 𝔭𝔯𝔦𝔪𝔞𝔳𝔢𝔯𝔞 𝔮𝔲𝔢 𝔭𝔞𝔰𝔰𝔬𝔲 𝔰𝔬𝔩𝔦𝔱á𝔯𝔦𝔬 𝔠𝔬𝔫𝔱𝔢𝔪𝔭𝔩𝔞𝔫𝔡𝔬 𝔞 𝔣𝔞𝔰𝔢 𝔩𝔲𝔫𝔞𝔯.
O destino nada me perguntou em colocar um Alpha teimoso na minha vida, mas caso você encontre com ele, agradeça-o em meu nome.
Enquanto procurava uma resposta convincente que o fizesse entender que ela não se submeteria à sua ameaçadora autoridade, Lightwood mudou subitamente de assunto, pegando-a mais uma vez desprevenida.
— Como se sente em relação à notícia de que Esmeraude vai ter um filhote? É realmente surpreendente, não?
— Fiquei muito contente por eles.
— Ficou mesmo?
— Fiquei! Contentíssima!
— Pois não acredito. Não irão mais centralizar suas vidas em você e está começando a se dar conta disso, não é mesmo? Percebe que as coisas serão muito diferentes daqui por diante? Veja só, estas férias, por exemplo. Eles também vinham, não? Foram a todos os lugares com você, até agora. Durante anos não permitiram que desse um passo sem eles. Isso ficou patente para mim, na noite em que jantei na casa deles.
— Não pretendo discutir Oliver e Esmeraude com você!
— Você vai discutir o que eu quiser discutir.
Scar olhou para ele indignada, mas sua reação pareceu diverti-lo.
— Posso entender muito bem como foi que tudo isso começou. No início você precisava deles. Era uma jovem Lycan demais para ir a qualquer lugar sem proteção, especialmente em se tratando do mundo do espetáculo que é algo tão recente em nosso meio. Já vi muitos jovens Lycans serem destruídos antes de terem a oportunidade de encontrar o sucesso em qualquer área. Você teve muita sorte em encontrar o beta Oliver.
— Eu sei. Ele e Esmeraude têm sido fantásticos comigo. Devo-lhes minha carreira.
— Eles também têm uma dívida com você. Era um diamante bruto e Oliver a transformou em uma jóia bela e rara. Ele poliu suas arestas mas o seu talento é inato, Scar. Saiba que o favoreceu tanto quanto ele a favoreceu,
— Não seja ridículo!
— Você lhe conferiu poder. Tendo-a sob um contrato de sangue com um dos vampiros mais perigosos do reino de Marlóvia, ele ficou em uma posição superior sendo o segundo no comando. As criaturas sobrenaturais tiveram de começar a ouvi-lo e encará-lo seriamente. Sabe muito bem que a renda dele dobrou depois que encontrou você!
— Ora essa, dinheiro... E minha renda? Só no ano passado ganhei...
— Posso muito bem imaginar. Está bem, vocês prestaram favores um ao outro, mas acontece que não pode continuar sendo uma marionete nas mãos de um beta para sempre. É uma Lycan adulta e chegou a hora de cortar as amarras que a ligam a ele, desde que você tinha cento e dezessete anos. Comece a andar por suas próprias pernas, Scar, seja livre!
— Mas sempre fui livre! Se Oliver dirigiu minha vida, isso se deu com meu consentimento, pois não me forçou a fazer absolutamente nada. O que houve entre nós foi apenas uma associação de negócios. Sabia que ele queria o que houvesse de melhor para mim e confiava nele e em Esmeraude.
— Mas você se entregou demais. Nunca se desenvolveu como uma verdadeira sobrenatural, permaneceu uma adolescente Lycan de cento e dezessete anos.
— Você não sabe do que está falando!
— Não mesmo?
O Alpha fez menção de se levantar e havia em seu olhar algo de ameaçador. Scar encolheu-se na cadeira, prendendo a respiração, mas exatamente nesse momento Gerald abriu a porta e Lightwood relaxou. O mordomo retirou o coquetel de frutas e começou a servir o segundo prato. Comeram em silêncio enquanto ele se movimentava em torno deles, voltando a encher os copos com vinho. Sua presença impedia o prosseguimento de qualquer discussão.
— O que você acha do vilarejo? — Perguntou Lightwood e Scar disse que a considerava um lugar belo e tranquilo.
— É uma maravilha ter uma praia particular! — Observou e Lightwood avisou-a de que devia tomar muito cuidado ao nadar, pois a maré era traiçoeira, podendo arrastar qualquer ser sobrenatral para alto-mar.
— Sim, Gerald já me preveniu. Por que você comprou a propriedade do conde Scourge?
— Na realidade fui eu quem a vendi a ele anos atrás. Mais tarde me arrependi e convenci-o a entregar-me o castelo, juntamente com as terras que adquiri dele e que ao longo do tempo se tornou naquele vilarejo. O tempo passou e acabei tendo uma ideia para regularizar a vida dos Proscritos.
O que o Alpha Lightwood tinha em mente?..., os proscritos eram considerados uma grande ameaça aos demais reinos, pensou. O mordomo era realmente muito discreto. Observou-o servir o regente de Vasty e retirar-se sem uma palavra.
— Já tinha lhe pedido para voltar a me vender toda a propriedade, antes mesmo de ter o prazer de conhecer você, Scar... — Observou Lighwood, com uma ponta de ironia.
— Se soubesse que iria adquirir todo o território não teria vindo para cá.
— Sei disso muito bem!
— Ninguém me disse nada! Com certeza não espera que eu fique aqui sozinha com você, não é mesmo?
— Quero deixar as coisas bem claras: não vim até aqui para levá-la para a cama.
Ela ficou tensa, mas viu-se forçada a acreditar na franqueza com que ele se exprimia e na firmeza de seu olhar. Ainda assim recordava o modo como a perseguira e duvidava do que acabara de ouvir.
— Não mesmo? Não fique surpreendido, mas eu não acredito no que acaba de me dizer.
— Se eu quisesse unicamente sexo poderia consegui-lo facilmente com as outras fêmeas que se jogam aos meus pés. Nunca tive o menor problema em conquistar uma fêmea antes. Quando qualquer ser sobrenatural tem dinheiro, poder e status pode conseguir o que bem entender. É apenas uma questão de preço. A maior parte dos seres sobrenaturais em todos os reinos possuem um preço, Scar. Basta apenas descobrir qual é e pagar por ele. Não gosta dessa ideia?
— Não! — Ela disse, sem encará-lo. Sabia que muitas fêmeas tinham passado na vida dele. Sua intuição evocava visões que ela não desejava encarar muito de perto — cenas do Alpha Alev tocando, acariciando, possuindo outras fêmeas. Tais visões magoavam-na, provocavam nela uma emoção dolorosa, que não podia ser classificada simplesmente de ciúmes. Não sabia de que se tratava exatamente e atormentava-se com aquelas imagens. Uma sensação de perda, talvez? Uma sensação de que algo lhe fora retirado, deixando-a tão confusa que não sabia que atitude tomar. A única coisa que não desejava era imaginá-lo ao lado de mais alguém.
— E sua companheira?
— Eu a amava, mas isso faz muito tempo, Scar. Algumas vezes sinto dificuldade em recordar seu rosto, pois estou sozinho a muito tempo, muitas luas se passaram. Ambos éramos Lycans jovens demais e não sou mais o Alpha que a amou. Mudei e agora tudo o que me resta é uma vaga recordação de minha companheira.
— Nunca mais voltou a se unir?
— Nunca encontrei alguém de quem sentisse falta. Além do mais, não tinha a menor pressa em me arriscar a amar novamente. — ele parou um pouco de falar como se estivesse se lembrando de algo, e antes de continuar falando suspirou profundamente. — Maldito conselho dos anciões!... Maldito destino!... Acabei me baseando o tempo todo no otimismo das segundas e terceiras e quartas chances. Só que chega uma hora que um Lycan como eu precisa admitir que não dá mais. Que acabou. Que o amor requentado já passou da validade e não serve mais pra ser usado de vez em quando. A escolha de uma companheira qualquer pode se tornar familiar, o conforto é melhor do que qualquer outra coisa e existem lugares e lembranças embutidos naquele relacionamento. Mas no fundo todos nós sabemos que deveríamos jogar fora de uma vez por todas, pois não é a mesma coisa de encontrar a sua companheira predestinada. Mas não sei se eu consigo jogar fora assim. O apego quer que eu continue acreditando que tal dessa vez seja completamente diferente, os sinais podem ser sutis, mas... pelo tempo que ainda puder todo Lycan chega a verdade, não é mesmo?... É por isso que entendo sua relutância em se entregar. Já passei por isso. Sei que é algo que pode nos ferir, quando o amor não dá certo. Mas quando dá, Scar, a gente passa a viver no paraíso!
Gerald entrou, comunicando que o café estava servido na sala de estar. Lightwood levantou-se e ajudou Scar a fazer o mesmo, segurando-a pelo braço. Ao sentir o toque de seus dedos cálidos o coração da jovem loba platinada disparou e ela ficou furiosa consigo mesma. Assim que entraram na sala sentou-se rapidamente no sofá, com os olhos baixos.
Lightwood ficou a observá-la, como se quisesse decifrar sua expressão.
— Quer creme e açúcar? — Perguntou Scar, servindo-o. Ele veio para perto dela, sentou-se e colocou a xícara sobre uma mesinha baixa.
— Agora que a tranquilizei quanto a minhas intenções, sente-se mais à vontade?
— Ainda não tenho certeza de quais são suas intenções. Comunicou-me apenas que não pretende seduzir-me. O que deseja de mim, afinal? O que está fazendo aqui? O que o regente de Vasty tanto procura?
— Já lhe disse repetidas vezes. Quero conhecê-la, penetrar em seu íntimo, descobrir a verdade a seu respeito. Naquela noite em que a vi entrar no palco toda vestida de negro tive a revelação de alguém que eletrizava a atmosfera, que criava excitação à sua volta, mas desde então essa visão desapareceu. Quero saber se essa criatura existe fora do palco ou se aquilo que vi foi apenas uma ilusão, um truque cênico que você é capaz de realizar quando está cantando, igual as ninfas e sereias fazem para enganar e enfeitiçar as outras criaturas. Eu preciso ter certeza do que vi e senti naquela noite.
Lightwood inclinou-se e falava com voz baixa e vibrante. Seus olhos não a perdiam de vista e deles desprendia-se um estranho brilho dourado. A boca de Scar ficou seca. Tremia e uma reação nervosa percorria todo seu corpo.
— Uma ou duas noites na cama com você não seria suficiente. O que quero está dentro de sua cabeça. Não estou interessado apenas em algumas horas de satisfação sexual. Você não sente essa estranha conexão que existe entre nos dois?
— Você me aterroriza!
— Por quê?
— Porque está querendo demais!
— Eu quero tudo... Quero você inteira! Se esse fogo existe dentro de você e não é uma ilusão, quero expor-me a ele, quero me queimar na sua carne! Essa conexão só pode existir entre companheiros de alma!
A xícara de café tremeu no pires e Scar parecia perdida. Procurou disfarçar, engolindo um pouco de café. Fez-se uma pausa e Lightwood também se serviu.
Até agora sentira a ameaça que o regente do reino de Vasty representava em termos de uma atração puramente física. Apesar de acreditar nele, quando dissera que não tinha a menor intenção de levá-la para a cama, o que ele pretendia era muito mais perturbador. Ele só se satisfaria possuindo-a inteiramente, apoderando-se de toda a vida que havia em seu ser. Scar mostrava-se aterrorizada diante de suas intenções. Ela com certeza não era a sua companheira de Alma. Escarlate era uma loba proscrita, ela não tinha um clã e muito menos origem nobre. Como poderia ser a companheira predestinada de um Alpha Supremo?
A deusa lua com certeza estava lhe pregando uma grande peça.
Acabou de tomar o café e levantou-se. Fez menção de se afastar, mas Lightwood agarrou seu braço.
— Onde pretende ir?
— Fazer as malas. Vou embora.
— Estou falando a sério, loba platinada. Vai ficar aqui até eu forçá-la a se dar conta do que aconteceu entre nós, o que você poderia ter se parasse de fugir e deixasse de se comportar como uma covarde.
— Você não pode me dar ordens!
— Se me ouvisse, não me obrigaria a isso.
— Já o ouvi o suficiente. Por que não tenta refletir sobre a situação? Você gostaria que alguém falasse com você nesse tom? Acha que devo me alegrar ao ouvir seus planos de comportar-se como um amante desenfreado, disposto a engolir-me, independentemente de minha vontade? Pode me censurar se acaso eu for pedir uma carona na estrada, só para poder escapar de você?
— É assim que você vê as coisas? Não acredita que nascemos um para o outro? Só por que não consegue acreditar que a deusa lua e o destino a escolheram para mim!
— Sim! Tenho a impressão de que não me poupará. Você falou que o beta Oliver me manipula, me trata como uma marionete. E você, o que pretende fazer? Não acha que está acusando Oliver de algo que no fundo você mesmo deseja?
Lightwood soltou seu braço e segurou o rosto de Scar entre as mãos, forçando sua cabeça para trás, de modo a poder encarar aqueles olhos verdes e assustados.
— O beta Oliver se interpôs em meu caminho. Percebi que aqueles dois me bloqueavam, colocando-se entre você e qualquer criatura que tentasse uma aproximação.
— Preferi que fosse assim!
— Sim, acabei percebendo. Por que, Scar? Por que o fato de alguém querer se aproximar a deixa tão assustada? Por que se esconde por detrás de uma barricada, toda vez que alguém se coloca ao alcance de suas mãos? Por acaso é fria, não tem emoções? Não pode relacionar-se com as demais criaturas de modo profundo? A pressão dos dedos de Lightwood aumentou e ele quase a sacudiu. — Responda!
— E por que deveria responder? Não tem o direito de insistir que eu me manifeste. O que conhece a meu respeito já é mais do que suficiente.
— Aí é que você se engana. Nem sequer comecei a conhecê-la.
— Alpha regente... então não percebe que não existe futuro para nós? Não pode dar certo.
— Finalmente você acaba de reconhecer algo... Aceita que existe um presente, mesmo tentando dizer que não há futuro algum. Por mais que tente negar, sabe que entre nós há algo de forte e intenso e isso desde o início de nossa criação. Não fui o único a sentir a força que nos atrai loucamente! Você me olhou apenas uma vez e começou a fugir! Negado o nosso destino! Negado o desejo que sente de ser minha companheira!
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