ℭ𝔞𝔭í𝔱𝔲𝔩𝔬 2 - 𝔄𝔱𝔯𝔞í𝔡𝔬𝔰 𝔓𝔢𝔩𝔬 𝔇𝔢𝔰𝔱𝔦𝔫𝔬
ℜ𝔢𝔭𝔢𝔱𝔦𝔡𝔞𝔰 𝔳𝔢𝔷𝔢𝔰 𝔬 𝔳𝔢𝔫𝔱𝔬 𝔢𝔫𝔠𝔥𝔦𝔞 𝔞𝔰 𝔰𝔲𝔞𝔰 𝔪ã𝔬𝔰 𝔠𝔬𝔪 𝔬 𝔠𝔥𝔢𝔦𝔯𝔬 𝔡𝔢𝔩𝔞, 𝔢 𝔢𝔩𝔢 𝔰𝔢 𝔟𝔞𝔫𝔥𝔞𝔳𝔞 𝔰𝔢𝔪 𝔭𝔢𝔫𝔰𝔞𝔯 𝔢𝔪 𝔫𝔞𝔡𝔞. 𝔖𝔢𝔲𝔰 𝔬𝔩𝔥𝔬𝔰 𝔡𝔬𝔲𝔯𝔞𝔡𝔬𝔰 𝔟𝔲𝔰𝔠𝔞𝔳𝔞𝔪 𝔞 𝔯𝔢𝔰𝔭𝔬𝔰𝔱𝔞 𝔳𝔦𝔫𝔡𝔞 𝔡𝔞 𝔡𝔢𝔲𝔰𝔞 𝔏𝔲𝔞, 𝔪𝔞𝔰 𝔞𝔭𝔢𝔫𝔞𝔰 𝔬 𝔰𝔦𝔩ê𝔫𝔠𝔦𝔬 𝔢𝔯𝔞 𝔞 𝔯𝔢𝔰𝔭𝔬𝔰𝔱𝔞 𝔬𝔟𝔱𝔦𝔡𝔞. 𝔒𝔰 𝔰𝔬𝔫𝔥𝔬𝔰 𝔰ó 𝔞𝔲𝔪𝔢𝔫𝔱𝔞𝔪 𝔬 𝔰𝔢𝔲 𝔡𝔢𝔰𝔢𝔧𝔬 𝔰𝔢𝔠𝔯𝔢𝔱𝔬 𝔡𝔢 𝔱𝔢𝔯 𝔲𝔪𝔞 𝔰𝔢𝔤𝔲𝔫𝔡𝔞 𝔠𝔥𝔞𝔫𝔠𝔢. 𝔈 𝔣𝔬𝔦 𝔞𝔰𝔰𝔦𝔪 𝔞 𝔠𝔞𝔡𝔞 𝔭𝔯𝔦𝔪𝔞𝔳𝔢𝔯𝔞 𝔮𝔲𝔢 𝔭𝔞𝔰𝔰𝔬𝔲 𝔰𝔬𝔩𝔦𝔱á𝔯𝔦𝔬 𝔠𝔬𝔫𝔱𝔢𝔪𝔭𝔩𝔞𝔫𝔡𝔬 𝔞 𝔣𝔞𝔰𝔢 𝔩𝔲𝔫𝔞𝔯.
Beijou-a no rosto, emocionado.
— Você esteve maravilhosa, querida, simplesmente maravilhosa!
Scar abraçou-o, meio cega pelo suor que descia-lhe da fronte. A pintura do canto do olho escorria e ela se parecia um pouco com um palhacinho triste. Pôs o penhoar de lado e foi até o palco, onde recebeu mais uma onda de aplausos. Jogou beijos para a multidão e, voltando-se, aplaudiu a banda e o coro de vozes das sereias como das ninfas que aceitaram cantar ao seu lado. Era um ritual que se repetia a cada apresentação. Seus movimentos eram ensaiados e no entanto, sempre que chegava aquele momento, sentia que tudo acontecia espontaneamente, que se entregava a um impulso. Nascia entre eles uma explosão de felicidade e de realização, que era compartilhada por todos.
— Agora chega! Ou você vai acabar se transformando no palco. — Disse Oliver, na última vez que ela saiu do palco, segurando-a com firmeza e levando-a para o camarim. Scar sentou diante do espelho e começou a rir.
— Mas que aparência medonha! Se meus fãs pudessem me ver de perto nesse estado....
— Beba isto e cale-se. Você hoje já fez demais... Essa poção vai equilibrar a sua energia lycan. — Ordenou Oliver, colocando um copo em sua mão, depois de administrar algumas gotas do elixir verde.
Scar tomou o conhaque e não conseguiu deixar de fazer uma careta. Ravenna baixou o zíper do vestido e ela deixou-o cair no chão, de onde a camareira retirou-o com cuidado. Terminou de beber e fez menção de ir ao banheiro, a fim de tomar mais uma ducha. Oliver não parava de conversar com ela até que, voltando-se para ele, Scar perguntou com ironia.
— Acaso está pretendendo tomar banho comigo?
— Se pudesse, ele não hesitaria nem um minuto! Mas correria o risco de perder a cabeça no processo, não é mesmo beta Lightwood? — Disse uma voz feminina e Scar sorriu.
— Olá, Esme!
Esmeraude Lightwood era elegante e esbelta. Havia em seus olhos um brilho vagamente cínico e tinha os cabelos cuidadosamente penteados. Estava casada com Oliver há quinze anos e eles se conheciam intimamente, sem a menor ilusão.
Nosso casamento já não é mais uma união de amor e sim um contrato de sobrevivência — costumava dizer Esme em tom de brincadeira, mas muitos seres a levava a sério. Possuía um brilho irônico no olhar, sobretudo quando falava a respeito de Oliver, mas após conviver com ela durante muito tempo Scar acabou percebendo que, com ou sem ilusões a respeito do companheiro, Esmeraude amava Oliver e precisava dele.
— Não podemos nos separar! — Confessou certa vez a Scar. Somos como o Dr. Jekyll e o Sr. Hyde, o médico e o monstro, sabe aquela história que um humano escreveu a séculos atrás...
Agora comentava com a jovem loba platinada: — Nunca a ouvi cantar melhor. O ambiente estava tão elétrico que achei que você ia fundir todos os fusíveis do teatro deste reino!
— Obrigada!... — Disse Scar, indo para o banheiro e fechando a porta. Tomou banho sem se apressar, sentindo a água levando embora toda a transpiração, à semelhança de uma cobra que troca de pele. Era um de seus momentos favoritos e ela abandonou-se, com os olhos fechados e a cabeça povoada de sons.
Assim que saiu, gotejando, Ravenna embrulhou-a em uma enorme toalha branca e felpuda. Oliver estava sentado, com os pés apoiados na parede e Esme tomava um copo de uísque.
— Você está elegantérrima, Esme. — Comentou Scar.
— E quem notará?
— Eu... — Disse Oliver e ela sorriu para ele, jogando-lhe um beijo.
— Você vai à festa, Ravenna? — Indagou Esme.
— Não. Tenho mais o que fazer. — Ajudou Scar a se vestir e não conseguiu deixar de comentar: — Se você tivesse algum juízo nessa cabeça iria dormir.
— Você sabe que ela leva horas para voltar à terra, depois de um show como esse. Além disso, vive esquecendo que a garota aí não é uma humana! — Observou Oliver.
— É verdade, estou voando mais alto do que um balão perdido no espaço. Vamos, Ravenna, acompanhe-nos até a festa, sua humana velha rabugenta! — Disse Scar, abraçando a camareira.
— Tire as mãos de cima de mim! Agora sente-se e deixe-me pintar este rosto. Quero ir para casa cuidar dos gatos. Meus bebês precisam de mim!...
— Notem que ela nem se refere ao companheiro! — Observou Lightwood.
— Meu marido a está hora dorme o sono dos anjos. Costuma deitar às dez horas.
— Sendo casado com você, não é de estranhar... Alguém bateu à porta e Ravenna foi atender.
— Não, ela ainda não está pronta. — Informou, fechando a porta no ato.
— Quem era? — Perguntou Scar, olhando-se no espelho.
— Ninguém...
— Ah, já sei... Aquele cara... — Disse Esme, terminando o uísque.
Graças aos dedos hábeis de Ravenna o rosto pálido e cansado de Escarlate desapareceu, dando lugar a uma nova expressão, que transmitia beleza e vitalidade.
— Você é uma feiticeira! Só assim para explicar essa maravilha que faz. — Declarou Scar abismada.
Ravenna fez um muxoxo, pois não se deixava ganhar por palavras amáveis. Levou bastante tempo ajeitando os cabelos de Scar, que se deixava pentear com a maior paciência.
— Bem, agora vou indo. — Declarou Ravenna, dando sua tarefa por terminada.
— Ainda não, Ravenna, tome uma taça de champanhe comigo insistiu Scar.
Oliver levantara-se e tirava a rolha da garrafa. Ela saiu com estrondo e todos riram. Quando todas as taças estavam cheias, Lightwood disse.
— À saúde de Escarlate Amestris, a princesa do rock!
Nesse momento bateram novamente à porta. Desta vez Esme foi atender e disse.
— Sejam bonzinhos, vão embora....
— Você notou que Perces atravessou o ritmo? — Perguntou Oliver a Scar.
— É mesmo? Não notei, não.
— E o Mustang também comeu alguns compassos! — Comentou Esme.
— Sim, eu reparei, vou ter uma conversa com ele. — Declarou Lightwood.
— Bem, a prosa está boa, mas vou chegando. — Disse Ravenna e Scar beijou-a.
— Obrigada, Ravenna, você é um verdadeiro anjo.
— Como é, deixo essa gente entrar? — Perguntou Ravenna, caminhando em direção à porta.
Scar fez que sim e Esme acrescentou.
— Sim, o bar está aberto...
— Achei que ia rasgar o vestido quando cantei "Rompendo os Limites" — Confidenciou Scar a Oliver.
— Pois eu achei que você ia tropeçar e cair. Como é que consegue dançar usando um vestido tão justo? Fico espantado ao ver que ainda assim tem condições de se mexer...
Um bando de sobrenaturais entrou no camarim falando ao mesmo tempo e o espetáculo começou novamente, mas de jeito diferente, enquanto Scar sorria, aceitava beijos, abraçava à todos os fãs, ouvia os elogios, fazia piadas e fingia rir daquelas que já ouvira dezenas de vezes.
Uma hora mais tarde foram para uma boate. Oliver, muito esperto, conseguiu fazer com que permanecessem unicamente os sobrenaturais que interessavam. Scar maravilhava-se com sua habilidade e sutileza. Sorrindo, conduzia até a porta aqueles que tinham sido recusados, passando um braço em torno de seus ombros, falando-lhes com enorme cordialidade, até que os únicos que ficavam eram conhecidos de verdade ou os sobrenaturais que ele havia escolhido por várias razões.
Há cinco anos cuidava da carreira de Escarlate. Havia descoberto a garota lobo no reino de Ferrant, um taverna/bar, frequentado por jovens lycans. O ambiente era o mais agitado possível e os conjuntos de rock deixavam qualquer um surdo. Oliver entrara a fim de tomar um drinque, atraído pelo som da música e ficou estudando Escarlate com muita atenção. Assim que entrou, notou-a sentada em um banquinho, junto ao bar, esguia em seu traje de couro negro e uma blusa igualmente negra e decotada. Ao vê-lo, ela divertiu-se, pois ele parecia totalmente deslocado naquele ambiente. Era um Lycan alto, muito magro, tinha por volta de quatrocentos anos e seu jeito desengonçado fazia-o parecer com um boneco mal construído. Os cabelos alourados começavam a ficar ligeiramente platinados e tinha o rosto comprido e pálido.
Scar foi até o palco cantar sua primeira música e aquela voz belíssima deixou Oliver maravilhado. Os reinos estavam em paz, as artes eram apreciadas em todos os quatro cantos do mundo sobrenatural agora. Uma prática adquirida graças a convivência com a raça humana.
Naquela época ela achava divertido cantar acompanhada por um grupo de Lycans cheios de entusiasmo que eram pouco mais do que amadores. Ganhavam muito pouco, mas o dinheiro não importava. Para eles só a música contava. Eram viciados nela e o mais das vezes nem queriam ser pagos. O que teria acontecido com aquela matilha? — Pensou Scar, recostada no banco traseiro do carro, ouvindo Oliver falar e ao mesmo tempo sonhando com o passado. Nunca mais os vira. Não sabia se ainda continuavam a trabalhar com música ou se exerciam alguma profissão.
Oliver ficou no bar a noite inteira e quando ela acabou de cantar aproximou-se de Escarlate.
— Tenho uma proposta a lhe fazer loba platinada. — Disse-lhe e ela encarou-o com ar aborrecido, não acreditando no que acabara de ouvir.
— Que papo mais furado, lobão!
— Estou falando sério, garota lobo! — Ele insistiu, pondo a mão em seu braço.
Scar desvencilhou-se e afastou-se, mas Oliver não era o tipo de sobrenatural que desistia facilmente quando queria algo. Seguiu-a e declarou sendo o mais sincero e convincente possível.
— Há muito tempo não vejo ninguém com tanto talento. Se quiser confiar em mim...
— Ouça aqui, vovô lobo, não quero saber desse papo. Por que não procura alguém de sua idade?
Oliver riu e tirou um cartão do bolso.
— Aqui está meu endereço. Tire informações a meu respeito e depois venha me ver. Você está perdida no meio deste bando de lycans malucos. Além disso, quero que saiba que minha companheira é minha sócia. Se soubesse que eu estava de olho em você, seria capaz de me degolar.
Ele não estava mentindo, conforme Scar percebeu quando resolveu correr o risco de visitar seu escritório uma semana mais tarde. Foi lá que ficou conhecendo Esmeraude, uma alpha do clã Fúrias Negras.
— Oliver disse-me que você ficou muito desconfiada. Deve ter tido boas razões para isso. Não posso impedir meu companheiro de gastar seus olhos, mas se ele tentar pôr as mãos em alguém, eu o retalho em mil pedaços com minhas próprias garras, ponho o defunto dentro de uma mala e jogo dentro do rio na divisa de Marlóvia e os demais reinos.
— Meu interesse nela é apenas profissional... — Declarou Oliver, em sinal de protesto.
Ainda assim Scar não acreditava inteiramente nele e levou algum tempo até adquirir confiança naquele homem lobo. Chegaram finalmente à boate. Oliver perguntava.
— Que tal uma excursão aos reinos de Avilan e Vasty?
— Este ano ela não vai! — Declarou Esme.
— Sim, já temos vários compromissos amarrados. Quem sabe na próxima primavera?
Desceu do carro e ajudou Scar a fazer o mesmo.
— Meu companheiro é de fato um cavalheiro... — Ironizou Esme. Oliver ajudou sua companheira a descer e deu-lhe um tapa no traseiro.
— Desculpe, Esme.
— Não repare, ele está bêbado! — Confidenciou Esme a Scar.
— Ainda não, mas logo vou ficar...
O bando entrou na boate rindo muito, chamando a atenção de todos. O chefe dos garçons feéricos levou-os até uma mesa, onde o champanhe já esperava em um balde cheio de gelo.
A rolha foi pelos ares e o líquido cor-de-palha encheu as taças. Todos procuravam falar com Scar, elogiando-a e fazendo comentários sobre o show.
— Vamos dançar?... — Disse-lhe Oliver.
— Você me empresta seu companheiro? — Perguntou Scar a Esme e ela deu de ombros.
— Esteja à vontade.
— Vamos dançar os três...
— Eu não! — Protestou Esmeraude. — Não tenho nada a ver com vocês.
— Deixe disso! — Falou Scar, subitamente cheia de animação. Oliver riu e ela pôs-se a dançar. Sua calça muito justa, em um tom de negro-elétrico, brilhava intensamente.
Aquilo parecia mais uma roupa destinada ao palco, mas aquela noite era especial. Scar sabia que sairiam após o show e vestiu-se de modo a ser notada por todo mundo.
— Você está se exibindo, hein? Não está entrando no cio? Por que se esse for o caso teremos sérios problemas. — Comentou Oliver e ela recebeu a observação com um sorriso de desafio.
— Bem que gosto... — Aquela noite sentia-se leve, excitada, como alguém que caminha sobre nuvens.
— Quando toda essa animação terminar você vai se sentir na lona.
— Ora, Oliver, pare de cortar o meu barato! — Ele a beijou no rosto, rindo.
Assim que ele se afastou, Scar entregou-se totalmente à dança. Seu corpo movia-se em perfeita sintonia com a música e de repente percebeu que um par de olhos cinzentos e frios como o aço estava pousado sobre ela. Olhou rapidamente para o dono daqueles olhos: ele era sério, seus cabelos quase chegavam a cobrir o colarinho, o queixo era firme e a boca muito bem feita, mas inteiramente sob controle.
— Venha comer!
Esme acenava para ela. O jantar tinha sido acabado de servir e Scar sentou-se a contragosto, suspirando. Não sentia a menor fome. Estava por demais exaltada. Só de pensar em comida sentia-se enjoada.
— Alimente-se, menina loba! — Disse Esme, adivinhando seus pensamentos.
— Não consigo.
— Será que vou ter de dar-lhe a comida na boca? Andou tomando as poções energéticas feitas pelas bruxas carmesin novamente?
— Você seria mesmo capaz. e sim, ela nunca as deixa de lado. — Comentou Oliver.
— Vamos, faça uma força. — Insistiu Esme. — Desse jeito não dá...
Alguém pegou o garfo e entregou-o a Scar, que lançou um olhar aborrecido na direção de Esmeraude.
— Por que vivo rodeada por criaturas que se comporta como se eu fosse um filhote ainda?
— É porque você precisa disso, menina loba. — Disse Esme.
Era por isso que haviam convencido Esmeraude a ir morar com eles. Tinha apenas cento e dezessete anos quando a descobriram e Esmeraude ficara horrorizada diante da ideia de ela permanecer sozinha naquele quartinho acanhado que havia alugado em um bairro suspeito de Aloe. Não dispunha de recursos para morar em lugar melhor e quando os dois a conheceram ela já havia tido algumas experiências bem desagradáveis com lycans da região. Sua aparência a fazia alvo das agressões de todo mundo. O fato de não ter ninguém para protegê-la a fazia correr sérios riscos e foi pura sorte não lhe ter acontecido nada de pior aquele ano que ela passou sozinha em Aloe, antes de conhecer Oliver.
Começou a servir-se, fazendo o possível para se dominar. Era melão vermelho e presunto de urso e após alguns momentos sentiu que começava a gostar. Oliver tornou a encher sua taça e a conversa tornou-se muito animada.
Esme encarou-a e sorriu levemente. Scar, intrigada com aquilo, levantou os olhos.
2480 Palavras
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