O frio que consome lendas
Vozes se perderam nas cinzas da fogueira
Olhos arregalados se fecharam
A mente se abre de pixels a gigapixels
Entulho de ideias, opiniões e contra sensos
O que você pensa já se pensou
O que você riu já se azedou
Ontem,anteontem, antes dos pais nascerem
O que se quer é mais e mais rápido
Menos tangível, menos comprometido
Até nos tornarmos superfície e superficiais
Vire a página e não há nada além do branco
Seja você mesmo, não é o que cantam?
Mas quem é você mesmo?
Um perfil espiralado, alterego formatado
Sua senha da vida foi corrompida
Desconexão de realidade
Que realidade ou o que é realidade?
Quem dirá o certo, o bom ou ideal?
No final,importa se a selfie foi bem curtida
Ser ou não ser fake
Já pagamos de fake mascarado no primeiro olhar
Sorrisos sem dentes e dor sem lágrimas
Reacendendo a fogueira
Teremos história?
Não é o amarelo do fogo e da brasa que ilumina os rostos
A pálida luminescência de pixels consome nossos olhos.