Não tenho palavras para esta manhã
Faltaram-me sonhos ontem a noite
Dormi com um sorriso na tempora
E a dor nos músculos de uma rotina
Só vou ali tomar meu café que já me espera
Talvez até ouça o noticiário berrar sangue
Talvez só queira música desnuda
Talvez só queria é ouvir nada porque o silêncio já me basta
Daqui a pouco vou abraçar a cidade e suas neuras
A iníqua pressa dos meus estranhos irmãos da humanidade
Cientes do microcosmo privado
Alheios ao cosmos infinito
Onde vagam cometas , dançam planetas,estrelas brilham e desbrilham
E isso importa para a maioria?
Tempestades solares e asteróides só aos loucos com olhos no céu
Devo ser um deles
Meu coração talvez seja interestelar
Os pés doloridos de tanto andar
Mas a cabeça violou as leis da gravidade
Depois da jornada terráquea
Voltarei para a imensidão da noite
Não sei que palavras levarei ao travesseiro
Sei que são muitas
Doces,quentes,ácidas, monocromáticas
De algum jeito mistério
Elas decolam, vazam em multiversos
Devem em hipervelocidade alcançar exocorações inexplorados
Eu não sei
Tudo que sei é que acordo sem elas
Apenas um calor perfumado
A sensação distante e azul pálida de que não estava sozinho.