Envelhecer
Eu vou lhe contar o que é a velhice
Não pense que ela é preta e branca ou sépia
Suas cores são pastéis e seu sabor é o mesmo de tudo que já provou
Não há nada de novo para se ver ou ouvir porque tudo
Parece já ter sido visto ou ouvido
Não é que velhice seja mesmice porque até isso já se cansou
Você não se ilude mais com a farsa do amor ou o embuste do ódio
Não acredita em promessas e nada promete. Se puder estar lá, muito bem
Você não confia nem desconfia, já está calejado
Todo homem ou mulher é uma ponte de corda em uma tempestade
Engana-se se a velhice tem a ver com bengalas e caduquices
Essas coisas sorteiam idade e tempo.
Você sorri da tolice dos anseios e desesperos que vê refletido em jovens
E ri quando eles não ligam para seus velhos conselhos porque sabe o final
Pouco importam a cor das flores ou o aroma de perfumes
Você caminha com o tempo, seu amigo, inimigo, amante
Entende que não pode lutar contra as marcas, os efeitos que denunciam anos
A velhice não é o que restou de um homem ou mulher
É a plenitude que o corpo não pode mais comportar
Então você só espera
O mundo vai correr, o relógio vai girar
Você já viu esse circuito pelo número de anos dos seus cabelos
Esperar é o seu ato
Beije netos,filhos se ainda os tiver
Sorria, mesmo sabendo que a vida é uma dama safada
A porta vai se abrir e você dará o passo
Se vão chorar ou alegrar, já não importa
O que precisou fazer ou deixar de fazer são notas que se apagarão
A velhice é um momento como tantos que já passou e vai passar
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