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Home Care 5



— Ah, meu Deus! — O grito foi inevitável.

Saí da cama num pulo e peguei o que precisava para examinar a paciente.

— Kelly? — indaguei passando a mão na frente de seus olhos abertos.

Calcei as luvas e peguei a lanterna. Coloquei-a de costas na cama e inclinei sua cabeça.

— Kelly? — chamei novamente, mas ela apenas me olhou. Passei a lanterna por seus olhos e a vi piscar, suas pupilas reagiram à luz.

Eu estava tremendo e ofegando, pois prendi a respiração quando a vi de olhos abertos.

Fiz todos os exames e guardei os instrumentos. Sentei na beirada da cama e a fitei.

— Kelly, consegue falar comigo?

Ela mexeu a cabeça de leve e notei que não conseguiria falar.

— Ok, pisca uma vez para 'sim' e duas para 'não'. Você tentou falar ao acordar?

Uma piscada e eu estava prestes a enfartar. Senti a lateral do meu rosto coçar e ao tocar no local estava encharcada de suor.

— Eu sou a Manu, sua enfermeira e... — ela piscou uma vez. — Tudo bem. Consegue se mexer?

Duas piscadas e meu coração gelou. Levantei e procurei suspirar fundo, pois estava difícil. Eram duas e meia da manhã. Engoli saliva sentindo a minha garganta arder. Peguei o celular, trêmula, e procurei o número do médico, mas me lembrei que ele tinha apenas o celular da Nicole e o telefone fixo da casa salvo.

— Nicole! — falei como se me desse conta naquele momento de que precisaria comunicar a ela.

Olhei para Kelly e vi seu olhar fixo em mim, como se quisesse me dizer algo.

— Está bem? — perguntei, próxima a ela.

Uma piscada. Segurei sua mão e respirei fundo, ainda tentando me acalmar.

— Sente a minha mão? — Ela piscou uma vez e apertou minha mão com a sua, fracamente.

Eu estava em êxtase. Lágrimas jorraram dos meus olhos sem que eu pudesse evitar. Era o início da recuperação dela. Depois de uns segundos dando vazão às lágrimas, eu sequei meu rosto com a mão esquerda, pois a direita estava segurando sua mão.

— Vou... — Engoli saliva — chamar a Nicole. — avisei e mencionei sair, mas ela segurou minha mão com mais força. Não era uma força que me impedisse de sair, mas era mais forte, como se pedisse para eu não ir.

Estiquei a mão esquerda e peguei o estetoscópio, coloquei nos ouvidos sem largar a mão dela e auscultei seu abdome. Estava tudo ok, ela me fitava fixamente acompanhando os meus movimentos com o olhar. Reflexo estava bom. Precisava de exames para sabermos o que estava acontecendo.

Acariciei a mão dela com as duas mãos e a fitei.

— Preciso avisar à Nicole.

Duas piscadas!

— Por que não? Ela é sua esposa, quer o seu bem. Vai vibrar ao saber que acordou...

Duas piscadas e comecei a ficar tensa com aquilo. Quando pensei em insistir, notei os batimentos cardíacos dela acelerando e seu olhar ficar suplicante.

— Ok. De manhã cedo ela vai saber. Vou precisar relatar, Kelly, é o meu trabalho. — Fui firme e ela deu uma piscada, aparentemente cansada, e fechou os olhos.

Me levantei e apertei o meu rosto com as duas mãos, tentando absorver aquilo. Eu estava querendo gritar, acordar todo mundo, mas não estava entendendo por que Kelly não queria que a própria esposa soubesse de sua melhora.

Eu não consegui pregar o olho mais, estava muito excitada com tudo. Nicole foi lá com pressa às seis e meia, deu um beijo nela e em mim e avisou que voltaria para almoçar e leria o relatório da noite, pois estava atrasada. Eu fiquei muda e continuei velando o sono de Kelly até a chegada do enfermeiro às sete da manhã.

Ela acordou poucas vezes durante a noite. Abria os olhos e me olhava. Nesses poucos momentos notei que conseguia mover levemente a cabeça e os dedos indicador e do meio.

— Bom dia. Tudo bem? — Cleber, o enfermeiro, me perguntou.

Eu só meneei a cabeça e comecei a ajudá-lo com Kelly.

— Está tudo bem mesmo? Você parece cansada demais. Pode ficar tranquila, eu assumo daqui.

Olhei para a porta do quarto e fui até ela fechar. Notei o olhar curioso de Cleber para mim. Ele tinha traços indígena e usava o cabelo liso espetado para cima, apesar de curto.

— Ela acordou! — sussurrei e vi o olhar de espanto dele.

— Caramba! Dona Nicole deve ter ficado eufórica.

— Ela não sabe ainda. — Suspirei fundo. — Kelly não quer. Mas prometi que hoje de manhã avisaria todo mundo. Nicole saiu cedo, tinha reunião na empresa, mas vou tentar avisar.

Cleber olhou para Kelly e depois para mim, notei sua respiração presa.

— Será que aqui não é tão pacífico quanto pensamos que fosse? — sondou, visivelmente preocupado.

— Eu virei a noite inteira pensando milhões de coisas. — Senti a minha cabeça pesar e os olhos arderem. — Enfim, não se assuste se ela abrir os olhos. Eu vou conversar com o médico e tentar descansar um pouco.

Eu saí do quarto e vi Hugo correndo rumo ao quarto da mãe acamada. Tentei contê-lo com um beijo de bom-dia e, rapidamente, ele entrou e pegou a mão de Kelly.

— Bom dia, mamãe! Que tal acordar hoje? Tenho passagem de faixa na academia, quero que você veja — falou, com pressa. — Preciso ir pra escola. — Beijou a mão da mãe e saiu correndo como sempre.

Observei-o entrar no banco de trás do carro e o veículo sair devagar. Me dirigi ao escritório e ouvi:

— Manu?

— Oi. — Me virei e vi, Leona, a cozinheira.

— A dona Nicole não disse nada sobre o almoço. Você pode ajudar em alguma coisa?

Pensei por uns segundos e ditei um cardápio para ela, que voltou à cozinha, parecendo satisfeita. Aquilo não cabia a mim, mas acho que Leona achou que sim.

Entrei no escritório e liguei para Nicole. A ligação apenas chamou e caiu na caixa postal. Resolvi não deixar recado. Aquilo foi mais como um álibi, pois eu precisava mesmo era falar com o médico.

O doutor Fernando atendeu depois de duas chamadas.

Nicole, bom dia.

— Oi, doutor, é a Manu. A Nicole está na empresa, acho que bem ocupada, pois não atendeu.

Tudo bem, Manu. Alguma novidade?

— Sim. Eu preciso falar com o senhor sobre a Kelly. — Eu não estava me reconhecendo. Não sabia como dizer aquilo, estava presa ao pedido de Kelly sem sentir.

O que houve? Aconteceu algo grave?

— Não. Ela abriu os olhos e...

Ah, meu Deus, Manu! Isso é maravilhoso — falou, exaltado. — Em meia-hora chego aí. — E desligou.

Eu fui ao meu quarto e tomei banho. Troquei o uniforme e coloquei uma roupa normal, afinal estava de folga. Fui à cozinha e tomei uma xícara de café bem forte.

Doutor Fernando chegou logo que saí do aposento. Fui com ele ao quarto e vimos Cleber aplicando um medicamento em Kelly, que estava de olhos abertos. Olhou alternadamente para nós dois e pude ver o sorriso largo e branco do médico.

— Bom dia, doutor — Cleber cumprimentou, sorrindo.

Doutor Fernando respondeu e já se aproximou de Kelly.

— Bom dia, Kelly. Sou o doutor Fernando Andrade, seu neurocirurgião.

Kelly piscou uma vez e me olhou.

— Ela pisca uma vez para "sim" e duas para "não", doutor.

Ele meneou a cabeça e abriu sua maleta, começou a examinar Kelly.

— Vamos ver tudo no hospital com exames mais detalhados. Precisamos saber os motivos dessa falta de comunicação verbal.

Kelly me olhou parecendo preocupada. Doutor Fernando terminou os exames e me olhou.

— Precisamos conversar, né?

— Sim.

— Eu a espero no escritório, então?

— Por favor — pedi e olhei para Kelly novamente.

O médico saiu e fiquei no quarto somente com a paciente e o enfermeiro.

— Vai ficar tudo bem, ok? — avisei a ela em um quase sussurro, segurando sua mão, e a senti apertar e piscar uma vez.

Antes de sair lancei um olhar cúmplice para Cleber e ele meneou a cabeça em concordância.

Doutor Fernando estava digitando no celular quando entrei no escritório. Ele se levantou da poltrona que ocupava e me encarou.

— O que está acontecendo, Manu? O seu tom de voz me deixou preocupado.

A sensibilidade daquele homem me impressionava. Suspirei fundo e me sentei na poltrona à frente da dele e comecei:

— Ela acordou por volta das duas da manhã. — Notei o olhar surpreso dele. — Eu fiquei completamente fora de mim, fiz os exames de rotina. Falei com ela, segurei sua mão para testar os movimentos e quando mencionei sair para avisar a Nicole e ao senhor, ela disse que não queria ver a esposa. Quando insisti, ela começou a ficar agitada e para não piorar as coisas, eu fiquei quieta. Avisei que de manhã falaria com vocês dois. Nicole saiu muito cedo para a empresa e não tive como conversar com ela. Mas eu queria falar com o senhor antes. Eu sei que o meu trabalho é relatar tudo aos parentes da paciente e ao médico, mas...

— Eu compreendo sua aflição, Manu. A Nicole vai ficar chateada por não ter sido avisada, mas precisamos entender tudo isso antes de fazer algum diagnóstico. — Ele olhou em volta e voltou a me encarar. — Fisicamente ela está perfeita. Agora a reabilitação seguirá junto com a recuperação geral. Tudo isso pode ser psicológico, então precisamos conversar com a Nicole juntos. Só ela vai saber explicar o que está acontecendo e o motivo de a Kelly não querer vê-la.

Eu concordei com a cabeça e apertei os olhos com os dedos, estava exausta.

— Manu, a partir de agora, a Kelly vai receber acompanhamentos de vários profissionais. Esse problema com as decisões dela, não é só seu. Eu sei do seu relacionamento com a Nicole, mas isso não te deixa responsável por tudo, ok?

Não consegui evitar as lágrimas.

— Ela vai passar por uma longa recuperação física e psicológica também. — Continuou. — Você vai ser parte importante nessa reabilitação. Eu venho mais tarde conversar com a Nicole e falamos sobre a Kelly — avisou e se levantou. — Tenho uma cirurgia daqui a pouco, mas quando terminar venho direto para cá.

— Obrigada, doutor — falei ao me levantar e apertei a mão dele.

— Vai descansar. Até mais tarde. Bom dia.

Eu o levei até a porta e fui ao quarto de Kelly, ela estava dormindo. Cleber estava higienizando a bancada que usávamos como apoio. Deixei-os a sós e fui para o meu quarto. Deitei na cama e senti o meu corpo inteiro reagir àquele conforto depois de uma noite em claro. As costas latejavam, a cabeça com milhares de pensamentos. Apaguei sem notar depois de alguns minutos.

Acordei quase três da tarde, a casa parecia deserta, exceto pela presença de Cleber que almoçava na cozinha em companhia de Leila, outra funcionária.

— Oi, gente. Cadê todo mundo?

— Dona Nicole chegou, almoçou com o Hugo e o levou para a passagem de faixa — Leila respondeu. — Precisa de alguma coisa?

— Não, obrigada. Vou almoçar e ligar para o doutor Fernando — avisei e olhei para Cleber, que engoliu o que mastigava e me encarou, desviando o olhar logo em seguida.

O telefone tocou na sala e Leila saiu para atender. Eu servi meu almoço e me sentei à frente de Cleber, que olhou na direção de onde Leila havia saído e me encarou.

— Kelly fingiu dormir quando a dona Nicole chegou — sussurrou e limpou a boca com um guardanapo. — Ela não leu os relatórios.

— O médico disse que vem para conversarmos com ela — falei no mesmo tom.

Leila voltou à cozinha com o telefone fixo na mão sobre o peito.

— É o doutor Fernando. Você pode falar com ele?

— Claro. — Peguei o aparelho e atendi ali mesmo. — Oi, doutor, tudo bem?

Sim. E você descansou?

— Sim. — Fui suscinta.

Eu liguei para avisar que marquei com a Nicole à cinco da tarde. Ela está com o filho na academia e vão ao shopping depois. Ela questionou se Kelly estava bem e eu garanti que sim. Vamos conversar com ela sozinhos e depois com a Kelly. Eu não devia estar fazendo isso, mas preciso explicar umas coisas com base no que ela tiver para dizer. Então, até mais tarde.

— Até mais, doutor. — Coloquei o aparelho ao lado e comecei a comer. Eu me sentia levemente enjoada, mas precisava me alimentar, pois já me sentia trêmula.

Fui ao quarto de Kelly depois e fiquei lá com ela por um tempo. Conversamos e contei sobre um sonho estranho que tive. Ela mudava de expressão a cada reviravolta do sonho. Contei tudo segurando sua mão e a sentindo apertar a minha à medida que reagia ao que eu falava.

— Ah, eu comprei um livro novo. — Larguei sua mão e fui até a gaveta de uma cômoda. — Ele é muito esperado...

— Ah, meu Deus! Kelly! — Ouvi os gritos de Nicole entrando no quarto.

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