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Primeiras vezes


Outono era quando as folhas das árvores de Serena caíam sujando aleatoriamente as calçadas. Apesar de ser uma chateação limpá-las, para mim pareciam padrões de arte e não sujeira incômoda. A verdade é que a pequena cidade, tirando as estações bem definidas tal qual na Europa, tinha problemas semelhantes ao resto do país. O que divergia era a proporção dos problemas, bem menores do que em metrópoles, assim os moradores viviam com um certo grau de tranquilidade.

Os velhos jogavam xadrez todos os dias na pracinha da Igreja, as velhas se encontravam à tarde na calçada para fofocar sobre a vida de todos e os jovens viviam em um ritmo próprio, diferente de São Paulo, lá eles podiam conversar até a madrugada, sair por aí sem rumo e sem medo da violência urbana. Mas os jovens de Serena dominavam a arte de se apaixonar e à medida que as relações iniciavam (ou terminavam) as velhas senhoras faziam questão de espalhar seu começo e prever o término – quase sempre certeiro.

Apesar dessas semelhanças entre Serena e tantas outras cidades interioranas para mim era um lugar único e incomparável a qualquer outro, não somente por ser minha cidade natal. Havia algo na atmosfera que me fazia sentir mais vivo do que quando estava vivendo minha rotina na maior cidade do país.

Quando estava lá eu sentia que vivia minha vida e aproveitava as 24 horas do dia, como sempre deveria ser. Não que eu tivesse alguma missão especial ou qualquer atividade excepcional, a única coisa extraordinária que me ocorreu nessa cidadezinha foi conhecer Marina, ela sim, era impressionante.

Lembro do dia em que nos encontramos pela primeira vez, eu com dezesseis e ela com quinze anos. Embora eu tenha nascido em Serena, quando tinha três anos meus pais se mudaram para São Paulo a trabalho e por isso todos os anos eu visitava meus avós no interior e aproveitava a calmaria de que sempre gostei.

Naquela terça-feira eu não estava fazendo nada demais, apenas aproveitando o ar puro da praça da Igreja Matriz e esperando dar o horário que meu amigo Mauro chegaria, havíamos marcado de pedalar até uma cidade vizinha pela tarde. Eu não sabia ainda que meus planos mudariam quando vi uma garota linda pedalando em minha direção. Foi um susto vê-la olhando fixamente para mim, sobretudo por ser tão bonita e me notar, justo eu que era tão tímido com o sexo oposto. Perto delas ficava calado e não havia jeito de me soltar.

Meus pensamentos fora de órbita e a falta de coordenação da menina foram uma combinação fatal para o nosso bem-estar. Em um segundo eu a admirava, perdido nas minhas ideias, e em outro estávamos estatelados no chão e meu corpo doía.

A bicicleta dela estava meio empenada e jogada no chão depois da queda. Por sorte a garota caiu em cima de mim, literalmente em cima de mim, e só ralou o joelho, enquanto eu machuquei um pouco a parte detrás do meu braço – nada sério.

Ofegante e com o corpo dolorido, ela me explicou rapidamente que corria para chegar em casa a tempo de ver a novela. Eu também estava com o corpo dolorido, mas milagrosamente me senti a vontade o suficiente para iniciar uma conversa com ela. Se eu conseguisse conversar com uma garota talvez algum dia não tão distante finalmente perdesse o B.V. que tanto me envergonhava.

— Me desculpa de novo, juro que não foi de propósito! — ela preocupou-se e pareceu ainda mais atraente.

— Eu sei, sem problemas... Qual seu nome?

Após perguntar permaneci calado igual um idiota, pela primeira vez eu tomei uma atitude em puxar conversa com uma garota e agora estava petrificado. Notei que ela, em vez de rir de mim ou falar algo, se manteve calada e suas bochechas brancas coraram.

Também reparei nos cabelos pretos soltos e na franja quase tapava os olhos castanhos amendoados, a garota era alta e extremamente bonita. Ela sorriu e me deixou ver suas covinhas e aquele foi o momento em que me apaixonei.

Perdidamente.

Sem mais nem menos.

Pela primeira vez na vida.

— Eu me chamo Marina. — ela estendeu uma mão, pude sentir a maciez de sua mão por alguns segundos, o que me fez sorrir.

— Eu me chamo Gustavo. Muito prazer, Marina.

— Eu nunca te vi aqui antes, você é novo na cidade? — ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto me questionava.

— Não exatamente. Eu moro em São Paulo, mas sempre passo as férias aqui.

— Hum, está explicado. Minha família costuma viajar nas férias, essa é a primeira vez que ficamos em Serena no verão. — Marina sentou-se no degrau em que eu estava antes do acidente. A imitei e sentei ao seu lado.

— Que sorte a minha te encontrar aqui, então! — novamente sorri. Ao lado dela descobri essa estranha capacidade de sorrir o tempo inteiro, algo raro para alguém tímido.

— Pois é, nós demos muita sorte. — ela fez uma pausa, parecia hesitar antes de decidir algo. Se levantou e continuou o que estava dizendo. — Você quer tomar um sorvete comigo, para compensar o desastre que causei?

Sorriu e me estendeu a mão.

Como eu poderia dizer não?

A partir dali nenhum dos dois se calou, passamos horas conversando incessantemente. Dividimos detalhes sobre nossas vidas, a escola, a família, música, hobbies... Tudo era assunto para nós dois. Foi reconfortante descobrir que ela tinha tantas semelhanças comigo, com meu jeito e gostos, e mesmo nas nossas diferenças eu a admirava. Por exemplo, Marina era ótima em esportes e eu péssimo, ainda assim fiquei interessado em vôlei pela primeira vez na vida por causa dela. Marina capitaneava a equipe de vôlei da escola e adorava.

No entanto, mesmo que eu pudesse me comunicar com ela sem todas as barreiras da timidez, eu não tinha coragem o suficiente para me declarar e chamá-la em um encontro. Nos conhecíamos há semanas e eu poderia muito bem a convidar para ir ao cinema na cidade vizinha ou ver um filme na casa dos meus avós, mas não tomei atitude alguma. A possibilidade de ser rejeitado me apavorava.

Do jeito que as coisas estavam caminhando, eu estava quase acomodado em tê-la como um amor platônico de verão.

Até o dia que esse problema teve fim.

— Você vai embora quando? — Marina perguntou num tom neutro. Eu achava que ela não se importava com minha iminente partida, afinal nos conhecíamos há pouco tempo. Seu único sinal de nervosismo eram as mãos que abriam, fechavam e não paravam quietas segurando o meu telescópio. Estávamos no telhado da casa dela.

Fomos para observar as estrelas, um dos meus passatempos preferidos em Serena, onde a poluição e as poucas luzes me permitiam ver o céu com clareza. Eu era tão aficionado a astronomia que meus pais me deram esse novo telescópio no Natal anterior.

— Daqui dez dias. — respondi, dando de ombros. Fazia um pouco de frio àquela hora da noite e me preocupei com ela, que se abraçava sentindo frio enquanto se inclinava no aparelho. Os olhos dela me ignoravam, focados nas estrelas que meu telescópio a permitiam enxergar. — Vai sentir minha falta?

Ela não respondeu imediatamente e eu pude admirar seu perfil. O nariz pequeno e levemente empinado. Seus lábios encolheram depois da minha pergunta e ela respirou fundo, se endireitando e deixando as estrelas de lado.

— Mais que pergunta boba! — Marina foi ríspida. — É claro que vou sentir sua falta, idiota!

Ela tinha aquele jeitinho nada doce de falar comigo às vezes, o que me fazia sentir especial de um jeito masoquista. Eu achava preferível ser tratado assim do que a maneira indiferente com que ela tratava outros garotos da cidade. Seus olhos amendoados se voltaram para mim e pude ver que ela não estava bem, eles pareciam tristes.

Eu quis confortá-la mesmo sem saber o motivo de sua tristeza. Não podia acreditar que só minha partida causasse aquela reação. Com agilidade tirei minha jaqueta e estendi a ela com uma mão, enquanto minha outra mão acariciava seu rosto. Ela fechou os olhos, aceitando o gesto, se aconchegou na minha jaqueta procurando abrigo mais próxima a mim.

Foi como se outro se apoderasse do meu corpo naquele momento, parei de acariciá-la enquanto me aproximava para ficar em frente a ela. Mesmo sendo alta o topo da cabeça de Marina mal alcançava meu queixo, por isso abaixei meu rosto e voltei a tocá-la com ambas as mãos. Me aproximei até que entre nossos lábios só restasse o espaço de uma respiração. Ela não reagiu, apenas manteve os olhos muito abertos.

— Eu vou sentir muita muita saudade, Marina. — sussurrei.

Encostei meus lábios nos seus levemente, como se tivesse medo de assustá-la caso fosse mais impetuoso. Devagar, explorei seu sabor e pude sentir seu cheiro perto de mim. Ela ficou estática de início e eu temi ser desprezado, mas poucos segundos depois ela retribuiu o beijo com certa hesitação.

Eu me afastei, sem prolongar o contato, queria saber o que se passava na cabeça dela. Só queria beijá-la se ela também quisesse me beijar. E eu estava morrendo para beijá-la mais.

— Por que você demorou tanto? — Marina disse e depois veio o silêncio. Nada mais precisava ser dito.

Dessa vez ela foi quem tomou a iniciativa de me beijar e foi aprofundando o beijo até que ficássemos sem ar.

Naquela noite nenhum de nós sentiu frio. 

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