✨🎄9 (FINAL)🎄✨
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A neve caía de forma constante lá fora, cobrindo o pavimento com seus finos flocos e intensificando a queda de temperatura. No entanto, isso não impediu que carros luxuosos continuassem a chegar ao grande evento que estava acontecendo.
Fotógrafos se espremiam, à procura do clique perfeito, enquanto celebridades desciam das limusines e exibiam poses ensaiadas para os paparazzi. Muita gente influente estaria presente naquela noite, mas apenas uma pessoa importava para Jungkook.
Ele seguiu pela entrada principal, acompanhado de dois policiais, e sua presença não passou despercebida pelo público ao redor. Afinal, todos ali estavam à espera de astros e estrelas, figuras de destaque da mídia coreana, e não de policiais. Rapidamente, os murmúrios começaram a circular sobre o que poderia estar acontecendo.
Enquanto mostrava seu distintivo aos seguranças na porta, um homem careca e de óculos se aproximou, visivelmente irritado com a cena que se desenrolava.
— O que pensam que estão fazendo? — esbravejou — este é um evento beneficente pelas criancinhas! A presença de vocês está manchando tudo.
Jungkook lançou um olhar avaliador ao homem, mas, contendo o deboche, respondeu com calma:
— Estamos aqui para efetuar a prisão de um dos seus convidados.
— Prisão? Não, não, não! Isso vai desviar toda a atenção da mídia! Ninguém vai falar das doações ou do propósito nobre, só vão se concentrar na tal prisão!
— Curioso... porque, pela lista de convidados que li, posso garantir que nem metade deles está realmente preocupada com as crianças. Agora, se puder nos dar licença...
O homem bufou irritado, mas cedeu. Não havia muito que ele pudesse fazer diante dos policiais. Liberto da interrupção, Jungkook e seus colegas seguiram para dentro do salão onde a festa já acontecia. Seus olhos atentos logo começaram a percorrer o ambiente.
O lugar estava deslumbrante, decorado com árvores de Natal, fitas vermelhas e outros enfeites tradicionais da época. Ao redor das inúmeras mesas, figuras importantes se espalhavam — atletas, cantores, atores, modelos, políticos, além, é claro, de empresários ricos e magnatas do país.
Enquanto procurava por seu alvo, Jungkook não pôde deixar de refletir. A resposta para o caso estava ali o tempo todo. Se a polícia tivesse agido com mais eficiência, o culpado teria sido identificado rapidamente. Mina foi imprudente ao se envolver com pessoas tão poderosas, achando que poderia manipulá-las sem que nada lhe acontecesse. Sua ingenuidade lhe custou a vida e deixou três crianças com traumas permanentes. O dinheiro é quase sempre é a raiz de tanto mal.
Caminhando entre as mesas, Jungkook observava aqueles que pareciam mais preocupados com a repercussão midiática de sua presença ali do que com a causa beneficente. No mundo dos ricos e famosos, existem poucos que realmente se importam com as causas que ajudam, ali mesmo as pessoas estavam mais preocupadas em esbanjar suas roupas de marca e consumir bebidas caras. Se perguntou mais uma vez como Mina achou que poderia se envolver nesse mundo. Continuou focado até que, enfim, seus olhos encontraram quem ele procurava.
Sentada em uma mesa de frente para o palco, estava ela: Kim Jae Kyung, a supermodelo coreana. Usava um vestido verde-musgo deslumbrante, coberto por pedrarias que brilhavam sob as luzes. Seu cabelo estava impecável, assim como a maquiagem. Segurava uma taça de champanhe, rindo de algo que alguém dissera.
Sem perder tempo, Jungkook caminhou até a mesa, já podendo ouvir o burburinho de conversas e risadas se aprofundando à medida que se aproximava. Parou atrás da modelo e a chamou:
— Jae Kyung?
Ainda sorrindo, a supermodelo virou-se lentamente, os olhos levemente surpresos. Ela analisou o investigador da cabeça aos pés, como quem avalia se sua presença na festa era apropriada.
— Não sabia que estavam aceitando qualquer tipo de gente nesses eventos agora — disse, arrancando risos condescendentes dos demais ali presentes.
Jungkook não se abalou. Olhou para sua calça jeans escura combinada com uma jaqueta de couro e tênis pretos, e respondeu com calma:
— Meu visual não a agradou?
Impaciente, mas ainda com um sorriso presunçoso no rosto, ela respondeu:
— Por favor, seja breve, estamos ocupados aqui.
— Pois bem, Kim Jae Kyung, você está presa pelo assassinato de Lee Mina. Tem o direito de permanecer calada até chegarmos à delegacia.
O sorriso de Jae Kyung murchou e foi substituído por uma expressão de nervosismo. Ela olhou ao redor, tentando entender a situação.
— O quê? Isso só pode ser piada! — exclamou, olhando os colegas de mesa à procura de apoio — você ficou maluco?
— Não, e estou tentando ser gentil. Aconselho que venha comigo discretamente, para não chamar mais atenção do que o necessário — disse Jungkook com firmeza.
— Isso é ridículo! Como ousa me acusar de algo assim?! Eu não vou a lugar nenhum! — replicou Jae Kyung, cada vez mais exaltada.
Jungkook respirou fundo, mantendo a calma:
— Vou falar educadamente pela última vez: você vai nos acompanhar até a delegacia — ao dizer isso, ele tocou o ombro da modelo.
Ela, irritada, o afastou com um tapa rápido.
— Não encoste em mim! Quem você pensa que é?
Jungkook não pôde evitar um sorriso sarcástico antes de finalizar:
— Muito bem, Kim Jae Kyung, além de estar presa pelo assassinato de Lee Mina, agora também está detida por desacato à autoridade. Policiais, vamos.
O homem saiu do caminho, permitindo que os dois policiais agissem rapidamente. Eles obrigaram Jae Kyung a se levantar, algemando-a enquanto a mulher gritava, tentando resistir à prisão. Seus protestos chamaram a atenção de todos na festa, fazendo com que a música no palco fosse interrompida e os olhares curiosos se voltassem para a confusão.
— Porta da frente ou a dos fundos? — perguntou um dos policiais, observando Jae Kyung balançar a cabeça freneticamente, em negação.
Jungkook arqueou uma sobrancelha para a modelo, que até aquele momento se acreditava intocável. A raiva por saber que Jimin poderia realmente ser preso enquanto ela continuaria a ostentar sua vida de glamour e privilégios percorreu o corpo dele. Então, mantendo o olhar fixo nos olhos dela, ele disse:
— Pela porta da frente. A viatura está lá, afinal.
— Não, por favor, não! — implorou Jae Kyung, já em desespero.
Os policiais a conduziram em direção à saída principal, enquanto Jungkook observava ao redor, notando as expressões perplexas das pessoas, que não entendiam o que estava acontecendo.
— Amo meu trabalho — murmurou para si mesmo, seguindo logo atrás, já se preparando para enfrentar a chuva de flashes dos paparazzi que aguardavam do lado de fora.
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Na delegacia, o assunto do momento não era outro. A prisão da supermodelo Jae Kyung por assassinato dominava todas as conversas. A mídia coreana fervilhava com as notícias sobre, e o caso já havia se tornado o tópico mais comentado nas redes sociais. No entanto, enquanto as teorias corriam soltas na internet, a única coisa que interessava a Jungkook ali era a verdade.
Ao entrar na sala de interrogatório, acompanhado do delegado, ele estava determinado a arrancar uma confissão. Sentada à sua frente, Jae Kyung, ainda algemada, olhava para ele com desdém, como se ainda acreditasse estar acima daquela situação.
— Jae Kyung, você sabe por que estamos aqui? — perguntou Jungkook, sentando-se calmamente na cadeira diante dela, observando como a altivez da modelo já começava a dar lugar ao nervosismo.
— Vocês estão cometendo um erro gravíssimo! — disse ela, a voz carregada de autoridade — eu não matei ninguém e vou processar todos vocês por abuso de autoridade.
Jungkook esboçou um sorriso discreto, abrindo a pasta com os arquivos do caso.
— Podemos começar com a sua versão dos fatos — ele ofereceu, em um tom neutro — onde você estava na noite de cinco de outubro de 2022?
— Não vou dizer uma palavra sem meu advogado presente.
— Muito bem, é seu direito. Mas enquanto ele não chega, vou falar por você — disse Jungkook, pegando de dentro da pasta um caderno de capa azul dura, que lhe fora entregue pelo irmão da vítima — Sabe o que é isto? É o antigo planner de Lee Mina. Ela anotava absolutamente tudo aqui, inclusive que você tem um apelido desde a época da escola, Keikei, não é?
Ele então retirou um cheque de cinquenta mil dólares da pasta, e o mostrou à modelo, dona da assinatura e esta olhou com desprezo.
— Por que você deu essa quantia à sua "amiga" Lee Mina? — Jungkook quis saber.
Era curioso como Mina poderia ser tão amiga de uma mulher famosa e influente e não compartilhar do mesmo estilo de vida.
— Ela era minha amiga, como você mesmo disse, tínhamos até apelidos.
— Deviam ser muito próximas para lhe dar tanto dinheiro assim, né.
— Nos conhecemos na escola e nunca perdemos contato. Estava passando dificuldades, depois da separação desastrosa... nem para arrancar dinheiro do ex-marido ela serviu. Dei o dinheiro porque quis ajudar. Isso agora é crime?
— Claro que não, ajudar os outros não é crime — respondeu Jungkook calmamente — o problema é que, além desse cheque, há registro no caderno de mais três depósitos, todos do mesmo valor realizados em julho, agosto e setembro. Parece um presente bem caro para uma simples ajuda a uma amiga, não acha? E o que dizer do seu caso com Kang In-Soo? — questionou, fixando o olhar nela.
Ao ouvir o nome de In-Soo, Jae Kyung mudou de postura imediatamente. O sarcasmo sumiu de seu rosto, e agora ela parecia preocupada. Com um gesto nervoso, ajeitou o cabelo.
— Não sei do que está falando — respondeu, a voz menos segura.
Jungkook ignorou a tentativa da mulher de despistar e voltou os olhos para o caderno de anotações.
— Bem, segundo as anotações de Mina, você o conhecia muito bem. Escute o que ela escreveu aqui: "Jae Kyung cedeu e vai me pagar pelo silêncio. Claro que ela não pode perder o prestígio de ser a asiática mais desejada dos Estados Unidos por conta de um escândalo amoroso. O que o namorado americano dela vai pensar se souber?"
Ele esperou, como quem oferece uma chance de reação, mas a modelo permaneceu em silêncio. Jungkook folheou mais uma página do caderno e leu outra anotação.
— Aqui diz: "Essa cadela atrasou o pagamento. Acho que vou ter que ser mais persuasiva". Tem certeza que eram amigas? — Jungkook indagou, observando a reação de Jae.
A mulher respirou fundo e tornou a mexer em seu cabelo.
— Mina sempre foi invejosa. Desde a escola ela não suportava que eu sempre estava à frente. Ela fazia de tudo para me agradar, mas todos sabiam que, no fundo, ela queria ser eu a qualquer custo — Jae Kyung respondeu, desta vez com desinteresse.
— E você amava isso, não é? Ter alguém te idolatrando dia e noite, alimentando seu ego — disse Jungkook, sem perder a compostura. Conhecia bem esse tipo de gente como Jae Kyung.
Ela ficou em silêncio por um momento, recordando os dias de sua juventude, quando Mina estava sempre por perto, tentando agradá-la. No início, até gostou da adulação constante, mas com o tempo, começou a se irritar com o fato de que Mina não queria apenas se inspirar nela, mas tomar o seu lugar.
Se Jae Kyung comprasse um vestido em determinada cor, Mina queria um igual, só que mais bonito. Se Jae quisesse jantar em um restaurante de luxo, Mina também queria ir, mas em um ainda mais caro. Quando Jae foi recrutada por uma empresa para se tornar idol, Mina tentou de todas as formas entrar em uma para não ser ofuscada.
Até casou com um homem gay, simplesmente porque ele era atraente, apenas para esfregar na cara de Jae que, mesmo sem fama, tinha um "casamento perfeito" e ela nem gosta de pensar em tudo que Mina teve que fazer para conseguir engravidar de Jimin. Jae Kyung nunca havia compreendido completamente a obsessão de Mina por ela.
Ainda assim, a "amizade" entre as duas havia se tornado insustentável. E agora, a verdade se aproxima cada vez mais de vir à tona.
— Nada disso prova que fui eu quem a matou.
Jungkook folheou o caderno até uma página específica e começou a ler em voz alta:
— "Primeiro de outubro de 2022: Jae Kyung tem feito ameaças contra mim. Preciso mostrar a ela quem está no controle aqui. Talvez seja a hora de procurar seu namorado americano." "Quatro de outubro de 2022: Jae Kyung está na Coréia, vamos nos encontrar amanhã. Não esquecer de pedir ao Jimin para estar presente, estou com medo do rumo dessa conversa."
O rosto da modelo permaneceu inexpressivo enquanto Jungkook aguardava uma reação, mas ela se manteve em silêncio.
— Jae, o corpo da vítima foi exumado. Descobrimos que sua morte foi provocada. Além disso, temos uma confissão afirmando que as provas foram adulteradas por ordem de Kang In-soo. Sabemos que Mina conhecia seu caso com um dos principais promotores de Seul, e que ela te ameaçava por isso. A ex esposa do promotor também me confirmou seu envolvimento com ele.
Jae Kyung abriu a boca, como se fosse dizer alguma coisa mas se calou. Jungkook observava com satisfação, mesmo sem a confissão, a pessoa se entregava de outras maneiras. Mas ele ainda tinha muito a dizer:
— Também encontramos uma conta bancária no nome de um dos filhos de Mina, com quase cem mil dólares, uma quantia muito alta para uma mulher de origem humilde juntar em tão pouco tempo. E sabemos que vocês se encontraram no dia em que ela morreu. Sabemos também que procurou o irmão da vítima, para fazer falsas acusações contra Jimin, o que faz com que, de alguma forma, você soube da reabertura do caso e queria tirar o seu da reta. Agora, para sua felicidade, Jae Kyung, se você confessar, o juiz pode ser mais brando na sentença. Então, o que tem a dizer?
Jae Kyung olhou diretamente para o investigador à sua frente. Era inútil continuar esperando por seu advogado — eles sabiam de tudo. Respirando fundo, ela relaxou na cadeira, aceitando que havia perdido.
— Aquela desgraçada mereceu morrer. Se eu não a matasse, outra pessoa faria isso. Vadia burra... — declarou Jae, com uma frieza que não fazia questão de ocultar.
— Pode nos contar como aconteceu? — O delegado, que até então havia apenas observado, deixando Jungkook conduzir o interrogatório com alguma liberdade, interveio calmamente, contribuindo para a confissão.
Jae refletiu por alguns segundos antes de prosseguir:
— Eu dei a ela algumas drogas. Me disseram que era uma substância que tornaria a pessoa mais submissa, perfeita para simular um suicídio. Mas, ao invés disso, ela ficou completamente fora de controle, como se tivesse bebido demais, e começou a me insultar. Não teria outra chance, eu já estava lá, então eu a ataquei.
— Com o quê? — Jungkook perguntou, ciente de que a lesão no pescoço de Mina não poderia ter sido causada sem uma força considerável.
— E-eu já fiz a confissão. Vou esperar meu advogado agora.
Jungkook estava prestes a insistir, mas o delegado Hanbin pousou a mão em seu ombro, sinalizando que aquilo era o suficiente por agora. Dá para desenhar o restante da história: ao notar que a droga não atuou como o esperado, Jae atingiu Mina na parte de trás da cabeça com algum objeto, e depois finalizou o ato com as próprias mãos. Mais tarde, com a ajuda de Kang In-soo, ela manipulou as evidências para encenar um suicídio. Assim, Jungkook teve certeza: Jimin não era culpado pela morte de Mina.
Saindo da sala de interrogatório, uma pequena sensação de satisfação se instalou quando ele percebeu os olhares de aprovação dos colegas.
— Jungkook? — O delegado Hanbin o chamou, forçando-o a parar e virar-se — parabéns pela resolução do caso, mas sua suspensão continua. Você desrespeitou várias ordens diretas e isso não pode passar em branco. Servirá de exemplo para que outros investigadores não pensem que podem agir sem limites.
— Sim, senhor — Jungkook respondeu, reconhecendo a justiça na decisão. Afinal, ele realmente havia cruzado algumas linhas para chegar à verdade — senhor, se me permite... e quanto ao Seokjin?
— Foi demitido. Como confessou parte de seu envolvimento, o juiz deve pegar leve com ele, mas será difícil para Seokjin conseguir outro emprego na área tão cedo.
Jungkook assentiu, sentindo uma tranquilidade que há tempos não experimentava, principalmente após ter desvendado o caso. Pela primeira vez desde que soube do envolvimento de seu Jimin no caso, ele estava em paz.
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Jimin ainda estava incrédulo. Quando o policial o informou de sua libertação, dizendo que o verdadeiro assassino havia sido encontrado e revelando o nome de Jae Kyung, ele mal conseguiu acreditar. Embora sempre soubesse que ela era uma mentirosa, mas jamais imaginou que chegaria a tanto.
Seguindo as instruções, ele percorreu o corredor até a recepção para recuperar seus pertences. Ligou o celular, procurando o número de Minho para pedir carona, mas foi interrompido por uma voz familiar às suas costas:
— Precisa de uma carona?
Ao se virar, viu Jungkook e não conseguiu conter um sorriso, aproximando-se do investigador.
— Você conseguiu.
— A justiça pode tardar, mas nunca falha. Vem, vou te levar pra casa.
Os dois seguiram juntos até o estacionamento, onde o jipe de Jungkook estava. O silêncio tomou conta do trajeto, e nenhum deles tentou iniciar qualquer conversa. Havia muito o que processar, e o ar estava preenchido de um entendimento mútuo. Quando finalmente estacionaram em frente ao prédio de Jimin, o investigador olhou para ele com seriedade.
— Agora que está realmente livre, Jimin... repense suas escolhas, suas ações. Pense nos seus filhos, pense em tudo.
Jimin esboçou um sorriso suave e concordou com um aceno de cabeça. A provação pela qual passou o fez abrir os olhos. Durante todo o tempo na prisão, não houve um minuto sequer em que ele não pensasse nos filhos e no sofrimento desnecessário que lhes causou. Ele as amava mais do que tudo e sabia que agora precisava estar presente — da maneira certa, como um pai deveria.
— Obrigado novamente, investigador Jeon Jungkook. Você acreditou em mim — disse Jimin, esboçando um sorriso sincero e fitando profundamente os olhos de Jungkook.
Os olhares de ambos se encontraram, revelando um turbilhão de sentimentos que parecia ter sido suprimido por muito tempo. Desde que voltaram a se ver, antigas emoções começaram a ressurgir. Para Jungkook, tornava-se cada vez mais difícil negar o impacto que aquele homem tinha sobre ele. O simples fato de estar diante de Jimin o fazia suspirar e reacendia desejos que ele jurava ter enterrado no passado. De forma semelhante, Jimin lutava com suas próprias emoções, lamentando os erros cometidos e sonhando com uma chance de corrigir tudo.
Houve um momento de quietude, em que os dois apenas se encararam, e então Jimin, quebrando o silêncio, arriscou:
— Minha proposta ainda está de pé... a gente podia sair, sabe? Conversar e...
Antes que pudesse concluir a frase, foi surpreendido por um beijo repentino de Jungkook. O investigador se aproximou de uma só vez, puxando Jimin pela nuca até que seus lábios se encontrassem com urgência. Uma avalanche de emoções percorreu seus corpos no instante em que o contato foi estabelecido. Jungkook, enfim, se rendia aos sentimentos que tanto tempo tentou esconder, enquanto os dedos de Jimin já exploravam o corpo do investigador de forma instintiva.
Jimin sentiu um alívio imenso, como se finalmente seus sentimentos tivessem encontrado o lugar certo Passou tempo demais desejando aqueles lábios, aquele calor que só Jungkook sabia proporcionar. Incapaz de resistir, ele se moveu, encaixando corpo contra corpo, e Jungkook rapidamente afastou o banco do carro, criando espaço suficiente para que Jimin se acomodasse em seu colo.
Atraídos como ímãs, os lábios de Jungkook começaram a descer pelo pescoço do loiro, enquanto Jimin ofegava, os olhos cerrados, o corpo entregue àquele calor. Suas mãos percorriam o peito de Jungkook, frustradas pela barreira das roupas. Havia tecidos demais entre eles.
Num movimento firme, Jungkook agarrou o cabelo de Jimin, inclinando sua cabeça para trás e traçando um caminho de beijos até sua orelha, provocando-lhe arrepios pela espinha. O gemido que Jimin não conseguiu conter ecoou pelo carro. A pressão em sua calça tornava-se insuportável, o corpo pedindo mais, clamando por um toque que nunca vinha.
Jungkook, por sua vez, lutava contra seus próprios instintos. Poderia despir Jimin ali e deixá-lo o envolver com aqueles lábios carnudos, saboreando cada minuto de prazer até perder o controle. Mas o bom senso finalmente voltou à sua mente, e, num súbito movimento, ele interrompeu o beijo. Ambos respiravam pesadamente, os rostos ainda próximos, e os corpos sedentos por mais.
— Acho que podemos discutir melhor sobre essa ideia de sair mais tarde... — disse Jungkook, tentando recuperar o fôlego, enquanto Jimin, com um sorriso, selava os lábios do investigador em beijos rápidos e carinhosos.
— Sim, é melhor eu ir... A gente se vê, Kookie.
Jimin sorriu, e Jungkook correspondeu, sentindo uma leveza quase inédita. Finalmente, havia a possibilidade de acertarem as coisas, deixando o passado para trás.
Jungkook continuou observando enquanto Jimin descia do carro. Quando o loiro sumiu de vista, ele levou a mão aos próprios lábios e sorriu. Os beijos de Jimin tinham gosto de liberdade, e aquilo o deixava louco por ele.
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A manhã da véspera de Natal começou com uma correria típica. Minho havia decidido manter o restaurante aberto até o almoço e deixado uma lista de tarefas para Jimin e Han, para garantir que a ceia de Natal fosse um sucesso.
Jimin já estava de pé, preparando o café para as crianças, quando Han tomou coragem para sair da cama. O frio era implacável, e o aquecedor havia parado de funcionar, deixando a casa mais fria do que o habitual. O inverno sempre tornava Han mais preguiçoso.
— Já chamou alguém para consertar o aquecedor? — perguntou Han, enquanto entrava na cozinha e se dirigia a Jimin.
A tensão entre eles parecia ter diminuído bastante nos últimos dias. Após uma conversa sincera, Jimin pediu desculpas por seus erros, e Han, por sua vez, decidiu ceder. Ambos concordaram que, para o bem das crianças, não fazia sentido alimentar ressentimentos.
— Já liguei para eles. Disseram que vão passar aqui ainda hoje — respondeu Jimin, enquanto se movia pela cozinha. — Fiz café e tem chocolate quente.
Han se juntou a eles, abraçando as gêmeas com carinho e bagunçando o cabelo de Sunmin, o que gerou uma pequena reclamação do garoto. Depois de tomarem o café, Han atribuiu às crianças uma tarefa: confeccionar enfeites de papel para enfeitar a casa. Sunmin ficaria encarregado de supervisionar as meninas, enquanto Jimin e Han cuidariam das tarefas mais pesadas.
Enquanto Han colocava o peru para marinar conforme as instruções detalhadas que Minho deixara anotadas, Jimin batalhava contra os vegetais, tentando picá-los. Minho estava ciente das limitações culinárias de ambos, por isso se certificou de deixar tudo cuidadosamente explicado, com um passo a passo fácil de seguir. Ele pretendia assumir o comando assim que chegasse, mas até lá, eles teriam que se virar deixando tudo pré-pronto.
Han, após terminar de temperar o peru, decidiu ajudar Jimin, que claramente se embolava com as cenouras. Agarrou uma faca e foi para o balcão ao lado dele, observando o esforço desajeitado do loiro em cortar os vegetais sem fazer bagunça.
— Somos uma negação na cozinha, não é? — comentou Han, com uma risada leve, ao que Jimin, suspirando, apenas assentiu.
— Parece tão fácil olhando os outros fazendo... — Jimin retrucou, já perdendo a paciência com as pequenas tarefas.
Minho havia pedido para que as cenouras fossem cortadas em pequenos cubos, mas a tarefa se revelava mais desafiadora do que Jimin havia imaginado. Mentalmente, ele já planejava como agradecer Minho por assumir a cozinha tantas vezes nos últimos dias.
Han foi pegando os vegetais já picados e os colocando para cozinhar a vapor. Após isso, foi cuidar de preparar o kimchi. Era algo que ele sabia fazer, principalmente porque Minho já deixava a conserva quase pronta, Han só tinha que arrumar o repolho.
Os dois adultos trocaram um sorriso simpático, como velhos conhecidos que, embora não fossem melhores amigos, agora estavam em paz. No entanto, Jimin sabia que precisava tocar em um assunto sério com Han, e talvez aquele fosse o momento certo, já que era a primeira vez que estavam sozinhos desde que foi solto há quatro dias. Han estava concentrado cortando o repolho quando Jimin finalmente decidiu falar.
— Han, eu preciso conversar com você...
— Você já está falando — respondeu Han, não conseguindo evitar o tom de ironia, o que fez Jimin soltar uma risada.
— Mas estou falando sério, preciso conversar com você.
Ao notar o tom mais sério, Han interrompeu o que estava fazendo e observou Jimin, percebendo que ele tinha algo importante a dizer. Jimin, agora com a atenção total de Han, hesitou, escolhendo cuidadosamente as palavras. A última coisa que queria era magoá-lo.
— Han, eu serei sempre muito grato por tudo o que você fez pelos meus filhos. Eu sei que você não tinha nenhuma obrigação com eles, e, mesmo assim, você os acolheu, deu a eles carinho e cuidado. É inegável o quanto estar com você tornou tudo menos doloroso para eles durante este tempo sem a mãe. Não existem palavras suficientes para expressar o quanto sou grato a você por ter feito isso.
Por um momento, Han não soube o que responder. Sentiu o chão tremer sob seus pés ao ser consumido pela ansiedade. Ele sempre soube que esse dia chegaria, o momento em que Jimin abordaria esse assunto. E, em seu íntimo, já imaginava o que vinha a seguir.
— Han, eu estive pensando muito sobre tudo... sobre meus filhos, meu trabalho, minha vida. Quero recuperar a guarda deles. Mas, por favor, não entenda isso como uma forma de afastá-lo, nem de tirá-los de você. Eu só quero ser o pai que eles realmente precisam.
Han encarava Jimin em silêncio. Ele queria dizer tantas coisas, mas as palavras pareciam não sair. Seu apego aos três irmãos era tão grande que o amor que sentia por eles havia preenchido o vazio em outras áreas da sua vida. Claro, ele desejava retomar sua carreira, mas poderia fazer isso com as crianças. Ele até já começou a recuperar o tempo perdido, o convite de Bang Chan para voltar à banda tinha sido aceito, e eles até já tinham um show programado para o réveillon. Ainda assim, a ideia de deixar as crianças, de abrir mão de sua proteção, o angustiou profundamente.
— Estou te contando isso agora, antes de falar com o Minho, porque sei o quanto essas crianças significam para você e...
— Você vai levá-las para os Estados Unidos? — perguntou Han, com a voz trêmula. Era óbvio que ele tentava não ceder às lágrimas. A ideia de ver as crianças vivendo em outro país, sem falar a língua local e sob os cuidados de um pai que estava sempre trabalhando, parecia intolerável.
— Não. Eu decidi ficar na Coreia. Vou pedir demissão da Herman's Lab para poder estar mais presente aqui.
Han ficou visivelmente surpreso. O homem à sua frente não se parecia em nada com aquele que, um ano atrás, dissera a Minho que não podia largar sua carreira para cuidar dos filhos. Naquela época, Jimin havia pedido que Minho assumisse a guarda, incluindo a opção de contratar uma babá para ajudar. Mas as coisas haviam mudado, especialmente quando Han havia abandonado tudo para ser a figura paterna que os três irmãos precisavam.
— Você realmente faria isso? — Han indagou, ainda em choque — não vai se arrepender de deixar sua carreira pra trás? Porque se está pensando que vou permitir que tire essas crianças daqui para deixá-las largadas de novo, você está muito enganado.
— Han, eu estou cansado de fugir — Jimin encarou Han diretamente nos olhos, esperando que ele pudesse ver a sinceridade em suas palavras — cansei de me lamentar e não fazer nada. Esses são meus filhos e eu preciso estar presente para eles. E não vou precisar abandonar minha carreira. Existem várias empresas aqui na Coreia onde posso trabalhar sem ficar viajando tanto. Eu posso e vou estar aqui por eles. Infelizmente, ainda teremos que passar por mais uma questão. O Dr. Kim Seungmin está contestando a paternidade das gêmeas, e nós concordamos em fazer um exame de DNA logo após o Natal. Mas, estou tranquilo. Eu sei que sou o pai delas.
Han desviou o olhar, olhando para o chão, e assentiu lentamente. Por mais que odiasse concordar, Jimin estava certo: Sunmin e as gêmeas precisavam do pai. Ele também torcia para que o exame confirmasse a paternidade de Jimin, pois, depois de tudo o que aquelas crianças passaram, seria demais enfrentar uma separação por causa dos erros da mãe.
Sem dizer mais nada, Han pediu licença e saiu da cozinha. Levava consigo uma mistura de medo — medo de perder as crianças de vez, medo de Jimin não sustentar sua decisão, medo do dentista assumir a paternidade das meninas. Vários pensamentos passavam por sua mente, todos perturbadores. Ao entrar no seu quarto, ele se viu encarando as paredes, completamente desorientado e frágil.
Ele sabia que não poderia se deixar abater daquela forma. Era uma noite feliz, véspera de Natal, com convidados chegando. Mas aceitar a nova realidade não seria fácil. Não sabia como Minho reagiria a essa decisão, mas imaginava que ele também não aceitaria tão tranquilamente, considerando o estilo de vida que Jimin costumava ter. No entanto, por mais difícil que fosse, não podiam impedir o pai biológico de exercer seu direito. Só restava a eles confiar que Jimin estava realmente disposto a assumir suas responsabilidades.
Respirando fundo, Han foi até o armário e pegou uma sacola de papel grande. Segurando-a firmemente, dirigiu-se ao quarto das gêmeas. Ao chegar, encontrou as duas meninas brigando por uma canetinha colorida, enquanto Sunmin estava deitado na cama, distraído com um jogo no celular do pai.
— Ei, ei! Meninas, já chega! — disse Han, apressando-se a intervir na discussão — o que eu sempre falo para vocês sobre dividir as coisas?
— Mas tio, a Sunhee não quer dividir comigo! — reclamou uma.
— Mas tio, ela já usou essa cor! — rebateu a outra.
Han virou-se para Sunmin, que mantinha os olhos grudados no celular.
— Sunmin, você não estava de olho nelas? — questionou Han, exasperado.
— Elas estão bem, Han. Só estão discutindo por besteira — respondeu o garoto, sem desviar o olhar da tela.
Suspirando profundamente, Han se sentou no chão junto às meninas, que agora olhavam curiosas para a sacola em suas mãos.
— Bom, parece que o Papai Noel veio mais cedo este ano — disse ele, atraindo não só a atenção das gêmeas, mas também de Sunmin, que tirou os olhos do celular por um instante — eu e o tio Minho compramos uns presentinhos para vocês. Espero que gostem.
Han entregou a cada uma das gêmeas um ursinho de pelúcia: um com roupinhas amarelas, o outro roxas — as cores favoritas delas. Os olhos das meninas brilharam de alegria, e ambas imediatamente apanharam os ursinhos, abraçando-os com carinho.
— Eles precisam de um nome — comentou Han, derretendo-se ao observar as duas encantadas com os brinquedos.
— Que tal Sr. Tetu e Sra. Tute? — sugeriu Sunne, com um sorriso satisfeito.
— Mas como você sabe que um é menino e o outro é menina? — questionou Sunhee, admirada com a suposta "habilidade" da irmã em distinguir o gênero dos ursinhos, mesmo sem qualquer indicação óbvia.
— Porque eu sei — respondeu Sunne, toda confiante, com uma altivez divertida.
Han não pôde evitar o sorriso ao notar o canto de olho de Sunmin, que, apesar de sua pose durona, parecia ansioso por alguma atenção também. Pegando uma pequena caixa aveludada das mãos, Han a entregou ao garoto, que chegou a abandonar o celular para olhá-la com curiosidade.
— O que é isso, Han?
— Abra e descubra.
Ao abrir, Sunmin viu um colar prateado com um pingente de coração. Ele franziu o cenho, julgando-o à primeira vista como algo brega, mas Han prosseguiu:
— Sempre que sentir medo ou achar que está sozinho, abra o pingente.
Intrigado, Sunmin obedeceu e abriu o pequeno coração. Dentro, havia duas fotos: de um lado, sua mãe; do outro, suas irmãs. Um inesperado sentimento de gratidão inundou-o. De certa forma, o presente resgatava a sensação de que, mesmo sem estar fisicamente presente, sua mãe ficaria para sempre com ele, oferecendo toda a força que ele precisava para cuidar das gêmeas.
Sunmin não sabia sobre tudo que sua mãe tinha feito, somente conhecia a mulher amorosa e cuidadosa, que sempre estava ali para ser seu porto seguro. Talvez, quando crescesse, os adultos poderiam contar a ele todas as camadas da morte de sua mãe, sobre como ela conseguiu todo o dinheiro que estava em uma conta com seu nome que ele ainda nem sabia que existia, mas até então, Sunmin iria carregar a imagem da mãe afetuosa.
— Obrigado, crianças, por fazerem parte da minha vida. Eu amo cada um de vocês — disse Han, com lágrimas brotando em seus olhos.
As gêmeas, ao perceberem seu estado, correram imediatamente para seu colo, cada uma se acomodando em uma perna.
— Tio Han, por que você está chorando? — perguntou Sunhee, com sua inocência usual.
— Não chora, tio... — completou Sunne, abraçando-o.
Com uma respiração trêmula, Han envolveu as meninas nos braços, deixando as lágrimas caírem livremente. Ele nunca se sentiu verdadeiramente preparado para cuidar delas quando tudo desabou, e agora se sentia ainda menos pronto para deixá-las partir.
Sunmin ficou em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo. O silêncio e a repentina emoção de Han só poderiam significar uma coisa: seu pai estava decidido a levá-los para morar com ele. De certa forma, isso encheu o garoto de um calor que sempre quisera sentir — estar junto de seu pai era o sonho de toda sua vida. Mas, ao mesmo tempo, a tristeza o abateu ao perceber que isso significava desprender-se de Han e Minho, as duas figuras paternas que o acolheram e cuidaram dele e de suas irmãs. Sem hesitar, Sunmin se levantou e foi até Han, envolvendo-o num abraço apertado por trás, o que provocou ainda mais as lágrimas do mais velho.
A porta se abriu e Minho entrou lá, carregando uma sacola cheia de doces. Ficou em choque ao ver tal cena desenrolar em sua frente. Sem pensar duas vezes, correu até lá e se sentou no chão, erguendo o rosto de seu amado.
— O que foi amor? O que está acontecendo?
Han não conseguiu responder, apenas deixou que as lágrimas continuassem a cair. Apesar de ainda estar perdido, Minho decidiu se juntar ao abraço e ali ficaram por algum tempo.
🎄🎄🎄
Quando a campainha tocou novamente, Jimin, todo alegre e animado, correu para atender. Ao abrir a porta, encontrou Hoseok com uma garrafa de vinho em uma mão e algumas cervejas na outra.
— Hoseok! Você veio! — exclamou Jimin, puxando o amigo para um abraço caloroso.
Hoseok, um tanto sem jeito, retribuiu o carinho. À sua surpresa, Jimin estava muito mais à vontade do que costumava estar, usando uma camisa de mangas caqui, jeans e, em tom bem-humorado, um gorro de Papai Noel. Era uma imagem bem diferente do Jimin que ele conhecia, sempre vestido com peças caras e extremamente arrumado. Com um sorriso, Jimin abriu espaço para que ele entrasse.
Hoseok não pôde conter a surpresa ao se deparar com o ambiente acolhedor e cheio de gente. As gêmeas, adoravelmente vestidas em roupinhas com lacinhos, brincavam no meio da sala com seus ursinhos de pelúcia recém-ganhos. Ao lado delas, estava uma mulher de pele morena, com longos cabelos cacheados, e no sofá, Sunmin ainda entretido jogando no celular. Perto deles, dois homens conversavam alegres com Han Jisung, enquanto Minho terminava de organizar os talheres na mesa.
— Raquel, você pode me ajudar? — Minho chamou a mulher, sem perceber logo de cara a chegada de Hoseok. Ao notá-lo, interrompeu o que fazia e foi cumprimentá-lo — olá, tudo bem? Sinta-se à vontade.
— Muito obrigado. Eu trouxe vinho — disse Hoseok, estendendo a garrafa para Minho, que a aceitou com um sorriso.
— Que gentileza, muito obrigado.
— Este é Jung Hoseok, o amigo de quem falei — Jimin interveio, apresentando os dois.
— Prazer, Hoseok-ssi. Eu sou Lee Minho — apresentou-se Minho formalmente, fazendo uma leve reverência.
— Ah, por favor, não precisa de tanta formalidade — disse Hoseok, rapidamente.
— Como preferir, então — Minho sorriu simpaticamente. — Bom, você já conhece os filhos do Jimin, então deixa eu apresentar o resto. Aquela ali é a Raquel, ela trabalha comigo no restaurante. Aquele ali de óculos é meu namorado, Han Jisung, e nossos amigos, Bang Chan e Seo Changbin. Espero que goste da noite.
Ao observar melhor a cena, Hoseok percebeu que aquele era um lugar que acolhia pessoas. Ali estavam reunidos aqueles que não tinham para onde ir no Natal. Todos com suas histórias, suas distâncias emocionais e físicas. Hoseok poderia ter viajado para Jeju, passar com seu irmão mais velho, mas sabia que passaria a noite toda ouvindo sermões sobre ter fracassado em seu casamento e a empresa que perdeu. Raquel, por sua vez, era uma estudante cujo lar estava a milhares de quilômetros; ela jamais conseguiria ir para casa passar o Natal. Sabendo disso, Minho a convidou para não deixá-la sozinha nas festas.
Changbin preferia não ir para casa e sofrer a pressão da família para "dar jeito na vida". Já Bang Chan, cuja família vivia na Austrália, estava sem condições de arcar com as passagens para o fim do ano. Sem pensar duas vezes, Han os convidou para passar o Natal juntos, criando um espaço seguro para todos se sentirem acolhidos.
Logo, a ceia foi servida, mesmo que ainda restasse um pouco de tempo até a meia-noite. Minho realmente dominava os dotes culinários, e isso era evidente nos rostos satisfeitos de todos, que sorriam enquanto apreciavam a deliciosa comida que ele havia preparado. Minho ainda estava um tanto pensativo sobre tudo que ocorreu na parte da tarde naquela casa.
Jimin conversou com Minho sua decisão sobre reaver a guarda dos filhos e, embora surpreso, manteve a calma. Ele ainda não tinha tido uma conversa profunda com Han sobre o assunto, mas imaginava como o parceiro deveria estar se sentindo. No entanto, ele sabia que não era o momento para essa discussão; essa conversa poderia esperar.
Mas ele já conseguia sentir o pesar em seu coração ao perceber que talvez fosse hora de se despedir dos seus sobrinhos. No entanto, talvez isso também fosse um sinal claro de que ele e Han estavam prontos para dar um novo passo no relacionamento, quem sabe até construírem sua própria família. Por mais doloroso que fosse, Jimin tinha o direito de querer estar com seus filhos, e eles precisavam respeitar isso.
Quando o jantar estava quase no fim, o interfone tocou. Han levantou-se para atender e verificou quem era. Depois de ouvir a voz do visitante, liberou a entrada e voltou para a sala, onde todos observavam curiosos.
— O que foi, gente? Vocês podiam, tipo, cuidar das suas próprias vidas, né? — brincou Han, tentando afastar a curiosidade geral.
— Alguém chegando justo na melhor hora, na hora da comida — comentou Minho, arrancando risadas de todos.
Pouco depois, ouviu-se três batidas firmes na porta. Han permaneceu imóvel, assim como Minho, aparentemente interessados em ver quem tomaria a iniciativa. Ao perceber que nenhum dos adultos se movimentava, Sunmin, impaciente, levantou-se e seguiu até a porta. Ao abri-la, deu de cara com um homem alto, vestindo calças escuras, coturnos tratorados e uma jaqueta de couro. Sunmin franziu o cenho ao reconhecê-lo. Era o homem com quem seu pai havia conversado na rua, no dia em que viram as luzes de Natal.
— O que você quer? — perguntou o garoto, com visível desconfiança.
— Ah... — Jungkook hesitou, claramente sem palavras.
— Kookie? — Jimin se aproximou, surpreso ao ver Jungkook ali sem aviso.
— Oi... Me desculpa aparecer assim, sem avisar — ele sorriu sem graça, pois não queria atrapalhar o momento — Eu... vou encontrar meu pai só amanhã, e o pessoal do dormitório foi passar a noite com suas famílias. Pensei que talvez fosse uma boa ideia vir até aqui...
— Claro que sim, entre.
Jimin afastou-se, dando espaço para Jungkook entrar. Sunmin observava a interação com um olhar desconfiado, ainda analisando o recém-chegado. Jungkook, por sua vez, ficou surpreso ao reconhecer Changbin e Bang Chan entre os presentes. O mundo realmente era pequeno.
Minho, com sua habitual hospitalidade, preparou rapidamente um prato para o novo convidado, que o aceitou e começou a saborear a ceia. Minho sentia-se grato. Afinal, foi graças aos esforços de Jungkook que a verdade finalmente veio à tona. Por mais devastador que fosse saber que sua irmã mais velha nunca foi verdadeira com ele, Minho encontrava consolo em saber que sua irmã não havia tirado a própria vida.
Enquanto isso, Han repousava a cabeça no ombro de Minho, que segurou firme a perna do parceiro. Ambos estavam tristes com as mudanças iminentes, mas aliviados por saber que tudo, de certa forma, havia se resolvido. Àquela altura, as gêmeas estavam ao lado de Bang Chan e Changbin, entretendo os dois adultos com suas conversas infantis, enquanto Raquel, observando a cena, ria do quão babões os dois haviam se tornado perto das meninas.
Hoseok, animado, conversava com Jungkook, que trocava olhares com Jimin do outro lado da sala. Sunmin, atento como sempre, observava a cena e tinha a sensação de que algo estava acontecendo entre seu pai e o investigador.
Tudo isso acontecia enquanto, do lado de fora, a neve caía suavemente, cobrindo o mundo lá fora num manto gelado. Embora o frio tentasse avançar, eles estavam distraídos demais, imersos na celebração de momentos felizes, um alívio bem-vindo após tantos dias envoltos nas sombras do passado.
E chegamos ao final!!!
Eai, vocês já sabiam que a verdadeira culpada era a Jae Kyung? Eu deixei alguns easter eggs pela história, mas tentei não deixar tão óbvio.
Gente, vai completar um ano, UM ANO que estou publicando essa história. Originalmente, era pra ser um conto de no máximo 5 capítulos, mas não deu, a obra cresceu absurdamente, várias camadas foram adicionadas e, prezando pela qualidade, permiti que mais capítulos fossem adicionados.
Eu quero agradecer imensamente a todos que leram a obra, que se apaixonaram pelos personagens e me cobraram tanto por esse final. Essa obra tem um fandom próprio e eu posso provar.
Um dia desses, eu tava de boa lá em casa vendo série, quando recebi uma mensagem de uma pessoa no WhatsApp me perguntando se eu era a autora de Sombras no Natal. Após confirmar que sim, ela veio me cobrar atualização, porque ela leu, gostou, indicou pra mãe dela e a mãe gostou e tava cobrando atualização. 😂😂😂😂
A partir daí, percebi como essa obra é querida e quantas pessoas estavam esperando por esse final, então estou mesmo emocionada de conseguir entregá-lo à vocês.
Essa obra foi uma quebra da minha zona de conforto. Eu, escritora de romance clichê, escrevendo suspense policial? Será que deu certo? Não sei, Jhessuk jura que sim e que eu deveria investir mais, vamos ver né. 😂
Peço desculpas pela demora, sei que prometi não demorar com o final, mas além dessa obra ser difícil de escrever, estive passando por maus bocados. Tenho tentado superar, mas infelizmente problemas sempre teremos, né?
Um agradecimento especial para nalauracruz por ter colaborado nessa obra e ter me ajudado com várias ideias e para chegar no plot final. Obrigada por ser sempre solicita as minhas ideias malucas, seu apoio de milhões é sempre muito válido pra mim . ❤️ Nós trabalhamos juntas em uma obra, não deixem de conferir em meu perfil o nosso crossover; SKZverse x Babá de Marmanjo: Let's Not Fall In Love.
Curiosidades:
A primeira versão da obra, o verdadeiro assassino era o Hyunjin.
Jimin foi considerado umas várias vezes para ser o verdadeiro culpado, tipo aquelas histórias que enganam geral, ia ser engraçado, mas não queria tomar hate.
Na primeira versão, Sunmin não existia, somente as gêmeas. Depois, conversando com a Ana, decidi que seriam três crianças.
Cada capítulo foi escrito em um/dois dias. Mas Vitória, porque você demorou tanto a atualizar então? Porque eu fico dias e dias montando o capítulo, imaginando os cenários e até mesmo interpretando as cenas sozinha, para chegar ao resultado.
Obrigada queridos, por chegarem até aqui, ces são lindos demais, um grande beijo e até mais.
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ACHARAM QUE ACABOU?
Em comemoração a um ano de Sombras no Natal e em agradecimento especial por cada leitor que abraçou essa obra, teremos um capítulo especial que será liberado no natal. O que teremos nesse capítulo especial? Bem senhoras e senhores, muito fanservice para todos ficarem bem servidos hehehehe
Agora sim, fui!!!!
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