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"Todos estavam correndo contra o tempo, a noite do dia 24 já se aproximava e era necessário garantir que os brinquedos fossem entregues a todas as crianças do mundo. Para que nenhuma criança ficasse sem presente, o Papai Noel solicitou a todos os duendes que se apressassem. "
— Os duendes podem estar vestidos de roxo? — Perguntou Sunhee, tentando visualizar melhor a história que seu tio contava.
— Por que precisa ser roxo? Não pode ser amarelo? — Questionou Sunne. A menina não é tão fã de roxo e acha que amarelo faria mais sentido.
Sua mãe costumava dizer que a cor da felicidade era amarela e os duendes do natal devem ser felizes.
— A cor é mesmo importante? — Perguntou Sunmin, dirigindo seu olhar para as irmãs mais novas. Ele queria que Han terminasse logo a história para, quem sabe, deixá-los em paz novamente.
— E se uma parte dos duendes for roxa e a outra amarela, que tal? — Han sugeriu, pensando que essa seria a solução mais óbvia para agradar as duas gêmeas.
— Mas tio, roxo e amarelo nem combinam! — Disse uma das gêmeas.
— É baranga! — Completou a outra.
Respirando fundo, Han observou as três crianças em sua frente. Foi um ano difícil, ele estava prestes a conseguir a promoção desejada no escritório de marketing, porém, abdicou para apoiar Minho que, de repente, teve que assumir o papel de pai. Ele estava um tanto empolgado nos primeiros meses, apesar dos pesares, pois sempre quis ser pai. No entanto, à medida que o tempo passava, transformou-se em um desafio.
Sunmin completou onze anos há pouco tempo, sendo ele o mais velho. Ele é o único dos irmãos que realmente compreende o que aconteceu com a mãe, o que o tornou retraído e impediu que ele se aproximasse dos adultos. Han fez todo o possível para se tornar amigo dele, mas só conseguiu conquistar sua antipatia, Sunmin não gostava de Han, principalmente quando ele tentava fazer piadas sem graça, achando que iria rir.
Foi mais fácil lidar com as gêmeas. Sunhee e Sunne tinham apenas quatro anos quando perderam a mãe e não entendiam completamente o significado da morte. Não era o momento para desmentir as crianças, pois aos olhos delas, a mãe se tornou uma estrelinha que ilumina o céu. Han se apegou muito nas duas e elas foram muito receptivas a ele. No entanto, cuidar de três crianças é cansativo e Han começou a se arrepender.
Sentia falta do escritório, da banda que tinha com seus amigos e começou a questionar ao Minho o porquê do verdadeiro pai não estar ali. No final, Han acabou cedendo pelas crianças, mas para ele, o pai dos irmãos é um panaca, e isso resultou em algumas brigas.
Ele continuou a contar a sua história para os irmãos, enquanto as gêmeas riam e ficavam empolgadas, pois em breve, elas seriam visitadas pelo Papai Noel. Sunmin só desejava que ele deixasse de tratá-lo como uma criança inocente e, por isso , o fuzilava com o olhar.
Todos ouviram o trinco da porta se abrir, e logo Lee Minho apareceu, trazendo consigo pesadas sacolas de um supermercado, além da chave do carro que estava quase escapando de seus dedos. As gêmeas gritaram juntas "Tio Minho" e correram ao encontro do mais velho, que lhes deu um sorriso amigável. Sunmin também foi cumprimentar o tio, mas sem toda a empolgação das meninas.
— Comprei quase tudo necessário para nossa ceia de natal. — Ele disse caminhando para a cozinha, com as três crianças o seguindo. — Até então teremos lasanha.
Minho não era de fazer ceia de Natal, passou todos os últimos virado no álcool, comendo batatinhas e fazendo amor a noite toda com Han. No entanto, após a partida da irmã mais velha, sentiu-se obrigado a manter as coisas como a irmã costumava fazer. Mina preparava uma ceia modesta para os filhos todos os anos, para que eles permanecessem sempre unidos. O último natal passaram lidando com o luto, mas se passou um tempo, já era hora de superar.
— Tio, vamos fazer biscoitos para o Papai Noel? — perguntou Sunne, observando com curiosidade as comidas que Minho retirava da sacola de papel.
— Claro que vamos princesa. Como você acha que o Papai Noel vai gostar? — O mais velho perguntou, enquanto separava os frios para colocar na geladeira.
— O que acha de gotas de chocolate? — Perguntou Sunne, animada.
— Com muitas nozes e açúcar! — Completou Sunhee.
— Marshmallows talvez!
— Ei, assim o papai noel vai ficar doente! — Minho disse rindo, pensando que as garotas queriam deixar o Papai Noel diabético. — Sunmin, como vai querer os biscoitos? — Perguntou para o garoto, mas este o olhou desinteressado.
— Tio, isso é uma grande baboseira, eu não sou idiota. — Ele respondeu e sentou uma das banquetas do balcão.
Minho suspirou e ficou observando seu sobrinho. As coisas têm sido muito difíceis para Sunmin, no entanto, talvez com a presença de Jimin, elas melhorem. Ele adorava o pai, tinha consciência de que a criança não gostava do Han e que ele sentia muita falta da mãe. Minho pensou que, com o passar do tempo, Sunmin iria se adaptar, porém já se passou um ano e dois meses, e ele ainda continuou se retraindo.
— Amor, estou aqui também, oi. — Han se aproximou do namorido e selou os lábios dele, o que fez as gêmeas soltarem um "argh". — O que comprou de gostoso?
— Algumas coisas para casa e para a ceia e isso. — Minho retirou da sacola uma caixa toda adornada com lacinhos, chocolates importados que seu amado tanto gostava. — Vi e imediatamente pensei em você.
— Querido, esses chocolates são um pouco caros, não era necessário se preocupar. — Observou seu namorado que sorriu.
— Tudo bem, isso é apenas um pouco do que você merece.
As meninas continuaram a fazer cara de nojo enquanto Sunmin revirava os olhos. Han deixou um pequeno sorriso escapar e abriu a caixa, que logo foi assaltada pelas gêmeas.
Não eram pobres, porém estavam longe de ser ricos. O restaurante do Minho estava gerando uma boa grana, e, atualmente, eles estavam vivendo no antigo apartamento do Jimin. No entanto, o custo de vida em Seul é elevado e cuidar de três crianças não é uma tarefa barata. Han se preocupava muito quando Minho tentava agradá-lo de toda maneira com mimos caros. Embora ele concorde que, de todos os envolvidos nessa história, ele tenha sido o que mais se sacrificou, isso não implica que ele deseje ser mimado com coisas caras.
— Crianças, preciso ir correndo para o restaurante, porque não começam a montar a árvore de Natal com o tio Han? — Minho disse assim que terminou de guardar as compras.
— Ebaaa! Árvore de Natal! — Disseram as gêmeas em uníssono.
— Mas... Tio e o papai? Não íamos esperar por eles para montar a árvore? — Questiona Sunmin.
Minho tinha dito que Jimin tirou férias e passaria alguns dias com eles. E também afirmou que iriam montar a árvore juntos. O mais velho olhou para o sobrinho, e suspirou antes de dizer:
— Ah, ele disse que vai atrasar... Mas estará aqui, no máximo, até amanhã. Houve um compromisso em Hong Kong.
Minho sentiu o peso de dar a notícia, Sunmin ficou com o rosto triste e seus olhos se fixaram em suas mãos na bancada.
— Ele teve um compromisso, é claro. — Han falou de forma um tanto debochada, enquanto ajeitava seu óculos de grau.
— Agora não, Han. — Minho diz baixo.
— Não fale mal do meu pai na minha frente, Han! Você não sabe de nada! — Diz Sunmin com raiva para Han, que o olha assustado.
— Não estou falando "mal" do seu pai, só dizendo que ele é um irresponsável! — Respondeu, irritado.
— Não é verdade! — Respondeu o garoto, mantendo seu olhar furioso no mais velho.
— Já chega, Han. — Minho repreendeu seu namorado.
— Peço desculpas por ter dito a verdade! — Han disse bufando.
— EU ODEIO VOCÊ! ODEIO ESSE LUGAR, EU ODEIO! — Gritou Sunmin, fazendo com que as gêmeas se encolhessem em um canto.
O garoto levantou, foi em direção ao seu quarto e, em seguida, bateu a porta. Furioso, Minho olhou para o namorado, que dá de ombros e disse para as gêmeas, que ainda estavam encolhidas no canto da cozinha:
— Meus amores, por que não vão assistir televisão enquanto eu e o tio Minho conversamos, hum?
As gêmeas concordaram e caminharam de mãos dadas em direção à sala. Minho esperou que as meninas tivessem saído para começar a dizer:
— Qual é o seu problema? Por que você falou com o Sunmin dessa maneira? Já é a terceira briga entre vocês! Isso tem que parar!
— Você quer mesmo saber a real? — Talvez este fosse o momento para Han expressar tudo o que estava entalado em sua garganta há tempos. Ele tentou se segurar, mas agora tudo o que ele queria é falar. — Sunmin é um mimado! Nunca me respeitou, sempre foi indiferente a mim e, todas as vezes em que ele é presunçoso, você passa a mão na cabeça dele e diz "tem que ser compreensível com ele", mas ele já não é mais um bebê que não entende as coisas! Enquanto mantiver essa postura defensiva, ele continuará com essa marra!
Minho escutou, um tanto surpreso. Ele sabe que Sunmin também não facilita em nada, mas o que Han espera? O garoto acabou de completar onze anos, acha que uma criança de onze já vai ter maturidade para entender que está sendo "infantil"?
— Isso não te dá direito de falar do pai dele! — É tudo que ele disse, enquanto observou Han negando com a cabeça.
— Mas eu menti? Ou você também quer passar a mão na cabeça do Jimin? Há mais de um ano que a Mina nos deixou e quantas vezes o Jimin esteve aqui cumprindo o seu papel de pai? Enviar dinheiro não o torna o pai do ano, né?
— Concordo que o Jimin deveria visitar os filhos com mais frequência, mas o que podemos fazer? Sunmin idolatra o pai, e nós vivemos na casa do Jimin! Devemos respeitá-lo!
— Minho, fala o que você quiser, tá bom, não vai mudar nada. — Com um tom amargo, Han disse e foi até o armário para buscar um copo a fim de beber água.
Minho tem observado que Han tem andado distante há uns dias. Eles já discutiram por causa do Jimin antes, mas ele não acredita que a razão seja apenas essa. Han tem estado mais calado e tem evitado até mesmo os momentos mais íntimos. No começo, ele achou que estava apenas cansado, afinal de contas, cuidar das crianças e da casa é tão cansativo quanto passar o dia inteiro no restaurante. Mas agora, ao observar os ombros caídos do namorado e suas expressões vazias, não tem tanta certeza disso.
— Han... Está acontecendo alguma coisa? — Minho se aproximou e com carinho tocou o ombro de seu amado. — Estou sempre aberto a te ouvir, você sabe.
Com preocupação e medo da resposta, ele olhou para o mais novo. O amor que sente pelo seu namorado é imenso e tem medo de que a relação deles se torne ainda mais desgastada do que já parece.
Respirando fundo, Han virou-se e olhou diretamente para aquele par de olhos castanhos escuros que o fitavam com tanto zelo. Mesmo após dez anos juntos, ele ainda o achava o homem mais lindo do mundo, desde os tempos da escola. Sabia que era necessário ser sincero, Minho merecia saber o que pesava em seu coração. Então, decidiu deixar as palavras saírem, respirando fundo mais uma vez:
— Minho, eu estou cansado. Sinto falta do escritório... Sinto falta de sermos apenas nós, sinto falta até mesmo dos dias da banda, eu abri mão de tudo por você e assim... Amo os seus sobrinhos, inclusive Sunmin, que tanto me odeia, mas eu deixei de lado tudo para interpretar o papel da Mina, você entende? E agora estou sentindo uma falta imensa das oportunidades que deixei para trás... E para piorar, o Sunmin não me respeita, tem sido um ano muito, muito difícil...
Falar tudo isso foi como retirar uma tonelada de dentro de si. Quando começou a remoer esses sentimentos, achou que eram passageiros, mas agora não tinha tanta certeza assim.
Minho escutou tudo em silêncio. A vida de todos foi abalada, mas a vida do Han sofreu um baque. Lá no fundo, sabia ele que este momento chegaria, afinal o que o Han fez, ninguém mais faria tão facilmente. Pegou na mão dele e começou a fazer movimentos circulares, mostrando um pouco do seu carinho por ele:
— Amor, sei que está cansado, mas... Você insistiu pra cuidar dos meus sobrinhos quando tudo aquilo aconteceu... Não me interprete mal por favor, sou muito grato a você, mas... Eu disse que daríamos um jeito, eu poderia arrumar um emprego de meio horário e cuidar das crianças, mas você insistiu e disse que estava tudo bem. Não queria que essa situação acontecesse, deveria ter me escutado...
— Meu amor, não pude permitir que você desistisse! O restaurante é o seu sonho. Você se depenou para pagar quatro anos de faculdade de gastronomia, quase ficou careca de estresse trabalhando para aquele velho explorador lá no centro, sacrificou muita coisa para conseguir dinheiro e comprar seu espaço, e quando finalmente conseguiu, sua irmã falece e você teria que desistir de tudo? Que namorado eu seria se te deixasse carregar essa frustração?
— Assim como deixou a banda, quando eu estava formando na faculdade? — Arqueou a sombrancelha. E o encarou. Na época, Jisung jurou de pé junto que era a melhor decisão, pois a banda gerava mais despesas do que gastos e ele queria uma vida estável ao lado do namorado.
Han deu de ombros e lavou o copo que bebeu a água:
— Exato. Eu não estou arrependido, apenas estou cansado.
Minho deu um meio sorriso e apertou a mão de Han. Infelizmente, essa era mais uma das coisas que eles teriam que encarar e superar, afinal, são dez anos de relacionamento, já passaram por muita coisa juntos, e agora é mais um problema que surgiu.
— Mas e o home office? Não disse que estava trabalhando quando as crianças estão na escola? — Minho questionou, o olhando.
— Bem, pensei que conseguiria alguns trabalhos de freelancer realizando Design, porém não obtive sucesso. Tenho me dedicado a fazer Copyright, mas não foi para isso que eu estudei. Vou ficar bem, mas, pelo amor de Deus, pare de passar a mão na cabeça daquele garoto. — Han soltou a mão de seu namorado e caminhou em direção à sala, dizendo. — Preciso montar uma árvore de natal.
Ali parado, Minho sentiu a insegurança bater dentro de si. O olhar vazio do Han o fez pensar em muitas coisas. Ele já perdeu sua irmã, não podia perder também o amor da sua vida.
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Minho demorou a encontrar uma vaga para estacionar seu carro. Dirigiu-se rapidamente ao seu estabelecimento e começou a tatear os bolsos em busca das chaves. Depois de abrir, foi para a cozinha, onde já tinha que iniciar as atividades. O restaurante não era muito grande, com capacidade para trinta pessoas no máximo, e oferecia Kimbap, lamem e outros pratos simples e típicos coreanos. Para quem queria se tornar um chef renomado, era um bom começo. De vez em quando, testava alguns pratos diferentes, mas o que lhe proporcionava lucro eram essas refeições baratas que as pessoas ao redor consumiam.
Começou a selecionar os legumes, ia ao mercado dia sim e dia não para comprar os ingrediente, então estava abastecido com tudo que precisava para o dia. Picou os legumes para, em seguida, levá-los para cozinhar ao vapor. Pensava em Han e como poderia ajudá-lo enquanto picava os vegetais. Sempre será grato aos sacrifícios dele, e não desejava que ele sofresse mais. Talvez, se segurasse as pontas, poderia contratar mais alguém e, assim, poderia cuidar dos sobrinhos também. Mas mal conseguia pagar Raquel, uma brasileira que estudava em Seul e era a garçonete e caixa.
Nunca poderia imaginar que Mina faria o que fez, a vida se tornou tão dura. Ele ainda devia muito dinheiro ao banco pela compra do estabelecimento e sempre que as coisas apertavam, sentia um misto de raiva e angústia pela perda da irmã.
Mesmo quando seu relacionamento com Jimin chegou ao fim, ela sempre foi uma garota tão sorridente, mantendo-se firme e dizendo que "Se a vida te deu limões, faça limonada". Mina sempre foi muito paciente e cuidadosa com seus filhos e até mesmo com Minho, que se viu obrigado a amadurecer após o falecimento de sua amada irmã.
Nunca se esquecerá de quando recebeu a notícia. Era noite de quarta-feira, ele e Han estavam ensopados, devido à chuva que caía incessantemente, enquanto descarregavam as mesas e cadeiras do caminhão. Após concluírem a arrumação, Han esticou as costas e seu estômago roncou de fome.
— O recado foi recebido, vou preparar algo para a gente comer. — Minho disse sorrindo.
— Serei o seu primeiro cliente, que emoção. — Han respondeu sorrindo, dirigindo seu olhar ao namorado.
— O primeiro de muitos.
Han sorriu e, puxando Minho pela cintura, envolveu seus braços no corpo do amado e passou a língua em seus próprios lábios, desejando-o.
— Devíamos estrear esse lugar antes de comer!
— Safado!
— Vamos foder em cada canto e, depois, limpamos tudo, afinal, né, seus clientes não merecem.
Minho riu alto, no entanto, seu riso foi interrompido pelo beijo apaixonado e intenso que Han lhe deu. O mais novo puxou a barra da sua camisa para cima com as mãos e a arrancou, acariciando o abdômen definido do homem que mais amava nesse mundo. Os toques de Han eram acolhedores e não demorou muito para que estivessem sem roupas, ocupados atrás do balcão, deixando que aquele desejo queimasse em suas peles, enquanto gemidos altos eram dados, não precisavam se preocupar com nada, afinal, estavam sozinhos.
Após dois rounds perfeito, Minho foi cozinhar algo rápido, apenas para enganar a fome. Han estava sentado na mesa, observando o cardápio que seria apresentado aos clientes, sem camisa, pois ainda sentia calor. Olhava com orgulho para o restaurante e ficou muito feliz pelo namorado e por esse novo caminho que estava dando. Também iria contar ao Minho sobre a sua promoção e como isso seria bom para eles. Tudo estava indo muito bem, até que o telefone do Minho tocou, trazendo uma notícia que mudaria a vida deles para sempre.
A polícia estava lá quando eles chegaram no apartamento. Todos os vizinhos estavam cercando o local e aparentavam choque. Foi Sunmin quem encontrou a mãe no quarto, e estava no passeio abraçado às irmãs. Minho correu até as crianças e as abraçou, Sunmin chorava desesperadamente enquanto Minho acariciava seus cabelos e dizia:
— Vai ficar tudo bem.
Então saiu do prédio, vários policiais, segurando uma maca com um saco preto. Ao ver aquela cena, um frio percorreu todo o corpo do Minho. Jimin vinha logo atrás, parecendo estar transtornado. Ele conversava com um policial e negava com a cabeça, demonstrando claramente a sua confusão. Ele estava no Canadá da última vez que soube do seu ex-cunhado. Por que ele estava ali?
As próximas horas que se seguiram foram as piores de sua vida, nem a morte de seus pais foi tão traumática. Causa da morte: Hipóxia Cerebral, segundo os legistas, em menos de três minutos ela faleceu, logo não deve ter sofrido. Em seu pescoço, uma marca vermelha bem aparente indicando o uso de uma corda, e seus olhos estavam abertos. Não foi encontrada nenhuma carta de despedida, não havia indícios de arrombamento, nada que indicasse alguém que pudesse tê-la influenciado a tomar essa decisão.
Nada explicava, apenas fez aquilo enquanto as crianças estavam na escola. No entanto, tudo isso não fazia sentido para Minho, já que ele conhecia bem sua irmã. Ela não era do tipo que tinha alterações de humor, não era irresponsável ou desleixada consigo mesma, sempre estava sorridente e ajudando alguém. Como tiveram coragem de dizer que ela se suicidou? Mina nunca deixaria seus filhos desamparados, ela os amava muito.
Jimin disse que Mina tinha ligado e falou que estava passando por muitas coisas e precisava de ajuda. Quais eram essas coisas? Por que Mina nunca disse nada para ele? No entanto, tudo indicava que ela realmente teve a coragem de tirar a própria vida.
No começo, sentiu raiva, como ela pôde fazer isso? Como pôde deixar seus filhos assim? Depois, sentiu culpa, por não ter percebido que ela precisava de ajuda. Atualmente, o seu único desejo era que ela estivesse em um bom lugar, ao lado dos pais e vivendo uma vida eterna.
— Senhor Lee! Ooooi! — Raquel disse repetidas vezes, até que Minho observou a brasileira de pele morena e cabelos castanhos em sua frente. — Senhor Lee, cheguei! Como posso ajudar?
— Vai cortando a carne por gentileza, Raquel. — Ele sorriu para a moça que prontamente entrou na cozinha e foi atrás de uma touca para pôr no cabelo.
Por volta das onze horas, os primeiros clientes começaram a chegar e o dia acabou movimentado para uma terça-feira. O destaque do dia foi o Kimpab, e todos os clientes elogiaram a deliciosa pasta de pimenta caseira feita por Minho, uma receita que ele criou. No entanto, nenhum movimento o fez esquecer a discussão com Han. Ele queria ir até ele e descobrir se estava tudo bem. O restaurante não ficava tão longe de casa e tinha muitas coisas pré-cozidas. Talvez Raquel conseguisse cuidar de tudo. No entanto, ele não tem a possibilidade de ser tão irresponsável. Prometeu, no túmulo de sua irmã, cuidar de seus filhos e tem se esforçado ao máximo para proporcionar-lhes o melhor em tudo.
Finalmente a noite estava se aproximando, o restaurante fechava às oito e tudo o que ele desejava era receber um abraço de seu amado, expressar seu amor e encontrar uma solução para consertar a situação. É normal que as coisas se esfriem depois de mais de dez anos de relacionamento, principalmente porque eles tiveram que assumir uma união estável para cuidar dos sobrinhos. Não que eles já não morassem juntos antes, mas agora tudo era diferente.
Quando Raquel entrou na cozinha, ele estava terminando de lavar as vasilhas e ela disse:
— Senhor Lee, há uma mulher querendo falar com o senhor.
— Mulher? Está bem, estou indo já. — Perguntou espantado, pois não esperava ninguém.
Concluiu sua tarefa e dirigiu-se à área de vendas, onde ficou paralisado com o que estava vendo: Jae Kyung, bem na sua frente.
Jae era uma amiga da escola de Mina, até que deixou a escola para se tornar uma idol. Ela chegou a debutar em um grupo de kpop, mas depois de quatro anos a empresa desativou o grupo, já que não eram tão populares. Depois disso, Jae começou a namorar um jogador famoso da liga de baseball e, durante uma reunião escolar, reencontrou Mina. As duas se reaproximaram e Mina e Jimin chegaram a ter ela como madrinha de casamento. Depois de terminar com o jogador de baseball, ela iniciou um relacionamento com um produtor americano e partiu do país para viver lá.
Ela se tornou modelo e obteve um contrato vitalício para ser uma das Angels da Victoria's Secret. Ela foi duramente criticada, pois na Coreia não era bem visto ser modelo de lingerie e a última vez que ouviu falar dela foi através de Mina, quando sua irmã se divorciou com o apoio da amiga.
Jae continuava linda, com cabelos castanhos compridos e extremamente lisos, uma pele sedosa, lábios vermelhos, um corpo esbelto e roupas elegantes - um blaser comprido bege, um crop branco e uma calça jeans azul clara. Ao ver Minho, ela abriu um sorriso largo e levantou-se para cumprimentá-lo, curvando-se.
— Lee Minho, não é? — Ela diz e observou bem o homem à sua frente. Os dias já foram melhores para Minho, possuía olheiras profundas, suas roupas estavam um pouco amarrotadas e o cabelo necessitava de uma boa hidratação.
Mina se gabava de ter um irmão lindo, mas ele não se parecia em nada com o garoto esbelto e de roupas combinando que ela viu no casamento da amiga.
— Posso ajudar? — O homem perguntou, desconfiado. Não tinha nenhum assunto que pudesse tratar com aquela mulher.
— Podemos conversar? preciso falar com você.
— Claro... Aceita algo para beber? Não posso oferecer algo para comer, pois já encerramos a cozinha.
— Água com gás, limão e gelo seria perfeito, obrigada.
Minho assentiu e preparou a bebida. Observava a mulher atentamente e retornou, servindo o copo, se sentando em seguida:
— Bom... O que você queria falar?
— Primeiramente, queria dizer que soube recentemente da Mina... Mina e eu tivemos uma briga e passamos um tempo sem conversar... Fiquei sabendo através do Jimin.
— Esteve com o Jimin? — Minho arqueou a sobrancelha, surpreso.
— Em New York, nos esbarramos. Fiquei chocada, a Mina não poderia ter feito isso, sabe? Ela era cheia de vida, como poderia?
— Jae, com todo o respeito, já sei que minha irmã era incrível, mas aceite a realidade. Ela partiu, e de uma maneira terrível.
Minho disse querendo que o assunto se encerra-se. Não precisava que as incertezas de seu coração retornassem. Ele aceitou tudo que foi lhe dito com muito custo, pois Mina se foi. No entanto, Jae não estava disposta a deixar esse assunto morrer:
— Minho-ssi, compreendo que tenha sido difícil, mas... Eu recebi uma carta da Mina um mês antes do ocorrido. Decidi olhar e ver o que ela me escreveu, por favor, leia.
Jae mexeu em sua bolsa e, em seguida, entregou o papel para Minho, o qual analisou o conteúdo. No começo, não compreendeu bem do que se tratava, até que avistou a assinatura: Lee Mina. No papel, ela relatava que sentia falta da amiga e que desejava muito voltar a falar com ela. Que a sua vida nunca mais foi a mesma desde que pararam de conversar. A amiga desejou muita fama, sabendo que ela estava sendo bastante requisitada nos EUA, e relatou como sua vida estava ótima, como amava seus filhos e mencionou até mesmo Minho, dizendo que estava próximo de conseguir o restaurante.
— O que tem a ver esse papel? — Ele perguntou, enquanto observava a super modelo.
— Mina me contava tudo. Ela me contaria se estivesse deprimida e com pensamentos de morte. Desculpe, não achei que esse relato fosse coerente com alguém que tenha tirado a própria vida pouco tempo depois. Agora fica a pergunta, porque aceitaram isso sem problemas? Nunca se questionaram se algo estava errado? — De forma penetrante, a garota o olhou e Minho devolveu o olhar.
— Você acha que eu não perguntei? Que eu não tentei resolver com a polícia? Que não insisti por uma investigação? Eles investigaram e foi exatamente isso que descobriram: minha irmã atentou contra a própria vida. Ela faleceu! Deixou suas crianças sozinhas... O que mais você precisa? — A indignação na voz de Minho se fez presente. O que é que aquela mulher queria afinal?
— Será que alguém não queria que todos pensassem que ela se matou? Soube que foi Jimin e o filho mais velho que encontraram o corpo, sabia que Mina e ele viviam brigando? Não acha suspeito que, sem avisar, ele voltou e estava no apartamento antes dos filhos?
Minho levantou-se e observou a garota em sua frente com raiva por ela reviver esse momento doloroso de sua vida.
— Jae, acho melhor você ir embora. Agora.
Jae assentiu, terminou sua água e se levantou. Pegou sua bolsa e caçou algo, um cartão e entregou ao homem que lhe olhava com raiva:
— Gostaria de rever os filhos da Mina. Ficarei na Coreia para o natal, espero que não me impeça de rever os filhos da minha estimada amiga.
Ela deu um último sorriso e saiu desfilando rumo à porta, deixando Minho com aquele sentimento de angústia, teria sido ele um péssimo irmão que só aceitou a morte da irmã da maneira que foi? No final, balançou a cabeça e voltou a preparar tudo para fechar o local, já tinha problemas demais com o Han pra ficar reacendendo dúvidas do passado.
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O gameboy já não o tirava do tédio. Desde que brigou com o namorado do seu tio, ele não saiu do quarto e tentou fazer o que pôde para passar o tempo. No entanto, não tinha tantas opções, o seu computador estragou e Minho pediu que ele aguardasse até janeiro para consertar. Ele não encontrava mais diversão em brincar com a pilha de brinquedos que ficava no canto do quarto, detestava ler e sua mãe não permitia que ele tivesse um celular. Assim, Minho aderiu a todas as regras impostas por ela. Seu gameboy foi tudo que restou para ele.
Sentia uma raiva profunda de estar ali, contudo recordava-se da promessa que seu pai lhe fez, de que quando estivesse maior e mais independente, o levaria para viver com ele. Então, eles combinaram que ele iria bem na escola, a fim de evitar que ele fosse prejudicado pelas mudanças constantes. Ele amava o seu pai, amava muito e não sentia raiva por ele viver viajando, afinal, era o trabalho dele. Naquela noite trágica, apenas seu pai lhe deu forças, por isso odiava quando falavam mal dele, e aquele idiota do Han se sentiu no direito de ofendê-lo.
Quando ouviu três batidas na porta, seus pensamentos foram interrompidos. Já sabia que a porta seria aberta de toda maneira, então apenas mexeu a cabeça em direção ao objeto. era o Han, com seu cabelo cheio de badulaques como lacinhos e presilhas, coisas das gêmeas, e até mesmo um pouco de batom nos lábios.
— Eu ajeitei a janta, Sunmin. Venha comer antes que seu tio chegue. Você sabe que ele gosta que vocês comam cedo.
No entanto, o garoto não reage, limitando-se a virar para o canto, ignorando Han que respira profundamente.
— Sunmin, compreendo que não goste de mim, infelizmente não é possível agradar a todos, porém sou seu responsável e estou tentando tornar a nossa convivência o mais agradável possível, então por favor... Levanta daí e vai jantar com as suas irmãs, Elas estão preocupadas.
Citar suas irmãs era um golpe baixo por parte de Han. Ele se sentia na obrigação de cuidar e protegê-las por ser o mais velho. Lamentava que as duas tivessem presenciado a briga mais cedo, já que elas detestavam conflitos. No entanto, ele não saiu imediatamente; esperou até Han deixar o quarto para então sair da cama, colocar as pantufas nos pés e dirigir-se à cozinha, onde as irmãs já estavam brincando com a comida:
— Sunmin! — Disseram juntas e o garoto sorriu para elas.
— Sunmin, o tio Han é uma boneca. — Sunhee disse enquanto levava um enorme pedaço de batata doce na boca com as mãos.
As gêmeas ainda não sabiam como usar os pauzinhos (cheot-garak) para comer, então elas acabavam utilizando as mãos. O garoto olhou para o tio, que estava com um novo laço na roupa, e falou:
— É uma boneca muito feia.
— Ha-ha, muito engraçado. Sente-se e coma.
Sunmin obedeceu e começou com a carne, comendo rapidamente e deixando claro que estava cheio de fome. O garoto reparou que a árvore estava montada, porém notou que na árvore havia enfeites um tanto quanto peculiares:
— Por que tem uma colher de pau na árvore de natal? — Ele perguntou, curioso.
— Pra borboletinha fazer chocolate para o papai noel. — Sunne respondeu, como se a resposta fosse muito óbvia.
— E aquela caixa de cereal?
— É para o Papai Noel levar pros duendes. — Quem respondeu desta vez é Sunhee.
Sunmin sorriu pela inocência das irmãs. Ele desejava que elas nunca crescessem e entendessem as coisas como ele entendia. Pelo menos isso, Han podia fazer: cuidar bem das gêmeas.
Quando ouviram o trinco da porta, continuaram a comer, esperando que fosse Minho, porém a pessoa entrou e estava conversando em uma língua diferente no telefone. O homem entrou, tirou os sapatos e deixou sua mala em um canto. Sunmin se levantou e correu para a sala, sentindo seu coração palpitar: era Jimin, seu pai.
Hey, já sabe né?! Proibido passar sem deixar a estrelinha 🤸♀️
Aprendi com a Alicia a escrever capítulo gigante, ao todo foram 5222k de palavras, tô aprovada? 😂
(Eu sei que você vai ler)
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