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VI. Morgana

O sol nasce, e com ele, novas esperanças para o dia. É sábado,  o dia em que as crianças saem para brincar, adultos relaxam do trabalho, e alguns jovens tiram o dia para dormir até mais tarde. Este não era o caso de uma certa jovem mulher, na verdade, agora mesmo ela está em um ônibus de viagem intermunicipal, que tinha em seu destino a cidade suburbana de Henrysdale. Uma cidadezinha com, pelo menos, 7 mil pessoas.

Estava indo visitar um tio, irmão de seu pai. E com ela, também vinha sua amiga, Melanie Dudley.

— Então... Porque mesmo você quis vir comigo? — perguntou Morgana — O meu tio não é o tipo de pessoa que goste de... Você sabe, né.

— Sei sim. — respondeu, captando oque sua amiga quis dizer — De qualquer forma, não vou até ele. Eu vim com você para estudar algumas plantas do interior. Quem sabe elas possam ser úteis à Alana.

As duas eram um tanto distintas entre si. Melanie sempre usava muito preto, mesmo nas maquiagens, e suas roupas exalavam classe e elegância - mesmo não sendo exatamente uma dama - usava uma blusa com longas mangas de renda e uma calça flare de lã. Morgana, por outro lado, usava cores e combinações de roupas bem mais ousadas e rebeldes, com jaqueta de couro sobre uma camiseta de serpentes, bandana negra na cabeça, calças rasgadas e seu maior destaque, o cabelo vermelho vivo, como fogo em brasa, levemente espetado e cortado na altura dos ombros. Por mais incrível que pareça, a cor era natural, ela cresceu com isto.

As duas tinham uma história curiosa juntas: Melanie encontrou Morgana numa manhã, quando a mesma estava deitada no Lincoln Citizen Park. Morgie, por outro lado, estava com a cabeça latejando, e não se lembra porque estava ali naquele dia - e nem mesmo se lembra de ter bebido na noite anterior. Oque mais chamava atenção naquele momento, era que todo o gramado ao redor da garota estava completamente seco, com um leve aspecto de queimado. E desde aquele dia, Melanie se comprometeu a entender melhor a razão por trás daquilo.

O ônibus passa por uma longa estrada de seis vias, ladeada por campos verdes com poucas árvores e muitas colinas. Eram todas áreas de pasto, mas não haviam animais pastando, apenas aves por todo lado. Patos e garças nadam e sobrevoam em um lago muito extenso. No outro lado da margem, um grupo de abutres devora os restos de algum animal de quatro patas - que agora estava irreconhecível. A paisagem não mudou até chegarem na rodoviária; um lugar bem simples, com paredes de tijolos vermelhos e bancos de madeira muito gastos. Pareciam ter sido deixados ali desde os anos cinquenta.

Morgana e Melanie pegaram suas bolsas do bagageiro e rumaram até um hotel local, onde pegaram um quarto simples com duas camas, uma mesa de canto e uma pequena TV. O quarto estava repleto de manchas de infiltração na parede, o piso estava rachado e todos os cantos estavam repletos de poeira, muita poeira. Ao menos não está com algum cheiro estranho pensou Morgie. As duas tiveram um lanche rápido com cookies de chocolate e sanduíches, então a garota de cabelos vermelhos tomou sua bolsa e foi até a porta.

— Eu vou ir ver meu tio agora. Você vai ficar por aqui?

— Acho que vou ao mercadinho depois de examinar a flora. É uma cidade rural, deve haver qualquer coisa orgânica por aí. — disse ela em tom otimista.

Morgana pareceu meio apática com o comentário, já conhecendo o tipo de pessoa que ela veria nos mercados daquela cidade, e logo partiu.

O tio de Morgana, Wallace Franklin, não tinha uma casa faziam dois anos. Costumava morar num trailer, próximo ao bar & oficina do Motoclube. Até ser preso. Wallace foi sentenciado a trinta e oito anos de detenção, culpado pela morte de dois jovens envolvidos com a facção 'Real State Royalz', e ainda é suspeito de matar um outro - que foi visto assaltando uma loja de bebidas. Tomou um ônibus, um dos poucos que haviam na cidade, e após longos minutos, finalmente chegou no presídio; chamado Nuestra Madre de Saragosa - conhecido apenas por 'Casa de Saragosa'. Desceu, e caminhando, se identificou no portão principal, com grades altas de arame e uma guarita com três policiais - todos bem armados. As altas muralhas de concreto se erguiam a medida que caminhava para dentro do complexo. Ali no topo cercado de arame farpado, muitos policiais com rifles automáticos rondavam o seu contorno, passando por entre postos com luzes de holofote e câmeras de segurança. Os olhos de águia sempre atentos ao menor sinal de fuga ou de rebelião.

O interior era frio e úmido, com forte cheiro de desinfetante impregnando o ar. Haviam placas por toda a extensão do corredor, indicando as normas de segurança, regras de conduta e horários de visita - apenas de manhã ou no começo da tarde, sendo limitado a uma vez por semana. Morgana fazia essa visita uma vez por mês, à pedido de seu pai. Num balcão, entregou seus pertences e documentos, onde um guarda inspecionou a identidade com um olhar monótono; já a conhecia, não fez tanta questão, e logo lhe entregou um crachá com seu nome e a identificação de visitante. Então seguiu até a revista, um corredor de parede branca com uma parte central do piso sendo feito de um material reflexivo, como um espelho. Ali, um guarda levou sua bolsa para inspeção enquanto uma mulher passou um detector de metais pelo seu corpo, e apalpou com firmeza as juntas dos braços, pernas e cintura - Morgana sempre se sentiu desconfortável com essa parte, e diga-se de passagem, seus instintos a alertam para simplesmente dar um belo soco entre os dentes da guarda, mas acima de tudo a garota sabe como se conter. Não havia conversa entre os guardas, o clima ali era muito rígido e burocrático.

A sua bolsa ficou num armário de segurança, e Blüm segue para o salão de visitas. Um lugar dividido ao meio por um vidro grosso, blindado, cabines com divisórias de metal e um telefone ao lado. Havia uma outra pessoa na sala, estava numa cabine distante, conversando com algum ente querido, ou coisa parecida, que estava encarcerado. Ela se sentou e esperou até seu tio chegar, a todo momento com o constante sentimento de estar sendo vigiada; pelos guardas nos cantos da sala, pelas câmeras enormes e até por... Mais alguma coisa, talvez alguém atrás dela, ou que esteja fora do seu campo de visão. Não fazia diferença. Um barulho quebra o silêncio, um tipo de sino elétrico, o som da autorização para as grades se abrirem e levarem um prisioneiro para a sala - era Wallace.

Tinha uma barba grande e desgrenhada, cabelos pretos com duas entradas que estavam maiores do que Morgana se lembra. Todo o cabelo era salpicado de grisalho, e sua pele estava bem marcada com muitas tatuagens nos braços, eram cruzes e flechas em formatos estranhos, e até na nuca, onde o acrônimo ACAB se sobressai. O homem usava o uniforme cinza e branco da cadeia, e toda sua banha era visível, assim como seus braços igualmente grossos e gordurosos. Estava acompanhado de um guarda, e um aspecto desgostoso no rosto de Wallace deixava claro a relação que tinha com aquele homem de corpo robusto e moreno.

Se sentou, tendo as mãos livres das algemas. O guarda disse algo a ele - provavelmente avisando do tempo limite da visita - e então pegou o telefone, e a sobrinha também o fez.

Olha se não é a minha sobrinha querida! Andou aprontando muito? — disse num tom sarcástico.

Morgana fez uma careta — Não tanto quanto você, eu acho. — ele riu com o comentário — Papai mandou salsichas de frango pra você. Estavam inteiras quando trouxe, mas acho que quando chegar na sua cela vão estar trucidadas. Você sabe, aquelas medidas de segurança.

— Ah, aquela coisa tediosa... — ele debocha.

— Ele também quer saber como você está.

— Estou ótimo. Chegaram uns caras novos, uns legais, outros nem tanto... Chicanos, sabe como é, né? — comentou com desprezo.

— Sei...

— E o Tim, já te deu a sua moto?

— Vai me dar quando eu terminar a escola. Ele quer que eu seja melhor, seja lá como for. — ela desvia o olhar para o chão. Sempre quis entender oque seu pai queria dizer com isso.

— Heh. — um sorriso de canto atravessou seu rosto barbado — O pobre coitado, sempre esperando mais do que pode desejar...

Morgana cerrou o lábio. — Se você está bem, então eu já posso ir.

— Espera, Morgana. — ela já quase se levantava para encerrar a conversa — Olha, é muito importante que você saiba disso. Tem mais deles chegando, eu posso sentir isso. Aqueles Royalz são todos uns sujos, eles estão tramando algo, consigo ouvir os 'deles' por aqui cochichando sobre coisas do tipo por toda a parte. — com os olhos, ele apontou para o guarda que o trouxe, bem atrás — É bom você abrir os olhos, e fazer uma escolha.

— Escolha? — ergueu uma sobrancelha, curiosa.

— É. Escuta, esse país tá perdido, eles aceitam que todo tipo de gentinha ande por aí como se não fosse nada demais. É só você olhar pro nome desse lugar, se isso não é uma ameaça óbvia, então eu não sei oque é. Entenda, pessoas justas, como nós, que fazemos oque for preciso pela nossa pátria, precisaremos fazer uma escolha mais cedo ou mais tarde. Não sou eu quem começou com isso, mas sei que vou terminar, porque eu não tenho medo! Não, não, eu não vou me esconder como aqueles canalhas. E aí, você...

— Cala a boca, Wallace! — Morgana salta da cadeira batendo o telefone contra o gancho, o rosto franzido e vermelho de raiva, com o coração disparado. Vendo a visitante se retirar, o guarda prontamente se põe a levar dali o homem contra a sua vontade, o algemando, com ele ainda a berrar algo através do vidro blindado, mas inaudível para a garota que estava a sair. Até mesmo o outro preso e o seu visitante que estava do outro lado da sala se assustaram com a cena - o telefone havia se espatifado na parede.

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Na rua, as duas amigas se encontram. O sol ainda estava alto no céu, escondido atrás de algumas nuvens agora - oque era um imenso alívio do calor.

— Como foram as suas compras? — perguntou com certa severidade na voz, mas estava a se recuperar.

— Foram ótimas, comprei uma nova bolsinha de crochê, algumas frutas frescas e chocolate caseiro. Quer experimentar? — disse Mellie, sorridente.

— Claro. — respondeu, secamente.

Aquele doce chocolate leitoso com suaves pedaços de avelã fez as duas tocarem nas nuvens por um momento. Era doce no ponto certo, derretia na língua e seu sabor era grudento - de certo ficariam com aquele gosto na boca por umas boas horas. Morgana foi até um posto se gasolina, onde havia uma cabine telefônica não muito moderna, mas perfeitamente funcional. Colocou algumas moedas na máquina até chegar ao valor exigido. Melanie foi até a loja de conveniências, procurando sorvetes.

Águia de Ferro, Frank falando. — a voz era bem grossa, como a de um lenhador.

— Oi, pai.

Ah, é você Moranguinho? — a voz grossa pareceu se desmanchar como manteiga — Como foi a conversa dessa vez?

— Como você acha? Ele não muda, eu te disse. E é bom ninguém ter te ouvido me chamar assim! — exclamou.

Hahaha, tá tudo bem, tá só o Clube todo aqui e...

— Pai, qual é!? — as maçãs do rosto ficaram na cor de seu cabelo.

Brincadeira, brincadeira, haha! Sabe, queria muito que ele pudesse reconsiderar tudo isso. O Vovô Clint morreu exatamente por causa de coisas assim. Eu não quero perder o Wally desse jeito. Ele era melhor do que isso. — ele suspira, pesaroso.

Ela consente, apesar de tudo aquilo com seu tio. Não chegou a fazer boas memórias com seu avô, e isso, de certo modo, lhe causava desconforto. Muita coisa poderia ter sido diferente, se não fosse por um infeliz encontro a muitos anos atrás — Eu vou pegar o ônibus noturno. Devo chegar aí por volta das seis.

Certo. E a garota que foi com você, ela está bem?

— Melanie? Tá sim, duvido que um lugarzinho como esse consiga derrubar o astral dela.

Que bom. E tá se alimentando direito?

— Eu só cheguei faz umas horas, pai. A gente vai encontrar algum lugar com comida. Com sorte, não vai ter pedaços de gente no meio. — os dois riram com a piada.

Certo, certo. Ah, e não esqueça de fazer os deveres.

— Só se você não esquecer da moto...

Então, trato feito!

— Trato feito... — Morgana observa pela cabine. Algo parece errado na loja de conveniências. — Eu preciso desligar agora, pai. Eu te ligo depois.

Ok, até ma... — ela desliga e vai até a loja.

Lá dentro, Dudley parecia pegar algumas bebidas no freezer enquanto um homem alto e careca se apoiava sobre uma geladeira de sorvetes. Ele fazia insinuações obscenas e perversas, muito semelhantes com algo que o tio de Morgana faria. Melanie, no entanto, não parecia se importar com as suas palavras, simplesmente fingia que ele era inexistente, oque parecia irrita-lo.

— Mellie? Você tá bem? — perguntou Morgana, preocupada.

— Hum? Ah, eu fiquei com sede. Eles tem refrigerante de cereja aqui, sabe como essa coisa é velha? — se mantinha tão alegre quanto antes, disposta a beber algo que ela nem sabia a quanto tempo estava no fundo do congelador.

O homem parou com as insinuações quando viu a garota de cabelos de fogo entrar.

— Opa, agora isso sim é algo diferente. — havia um sorriso malicioso em sua boca de dentes tortos. — Afim de um homem de verdade, foguinho?

Seus olhos se incendiaram com o comentário, e já levantava o punho esquerdo em manifesto, quando Melanie interrompeu e sussurrou em seu ouvido: — As palavras só ganham poder se você lhes der esse direito. — e então Morgana hesitou.

— Anda, deve ter alguns filmes legais na TV, se ela estiver funcionando é claro. — guiou a garota ainda raivosa, metralhando o homem com os olhos até o balcão, onde pagou pelas bebidas e alguns pacotes de batatinhas. O balconista tinha um estranho olhar vidrado, parecia nem estar respirando. Ele pegou o dinheiro e a mercadoria, empacotou em sacolas de papel e entregou, sem piscar. Esse cara tem alguma coisa muito errada... Pensou Morgana, mas logo Melanie puxou seu braço em direção a saída.

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Antes de irem ao hotel, se dirigiram a rodoviária, afim de comprar suas passagens.

— Como você consegue ficar sem fazer nada, quando um idiota como aquele fica em cima? — pergunta Morgana, curiosa.

— Você não lembra nada do que eu disse? — ela levanta uma sobrancelha.

— Lembro, mas é que... Você tem tantos poderes mágicos, podia simplesmente transformar ele em algum inseto e depois pisar em cima. Isso é tipo, o mais óbvio a se fazer, não é?

Ela sorri — É exatamente por isso que eu não faço nada. Quando terminei meus estudos no Colégio de Artes Místicas, fiz um juramento.

— Juramento?

— Sim, de nunca usar magia de forma leviana em mortais. Sabe, existem coisas maiores para se preocupar do que pervertidos na rua. — ela se lembra de Alana, a primeira 'Vampira Tardia' que ela viu. Talvez a primeira e única a existir na história.

Morgana pondera. — É, talvez... Mas eu ainda iria dar uns chutes, só pra ele se tocar!

Quando chegaram na rodoviária, perceberam que estava muito mais movimentado que o normal. Haviam pessoas preocupadas andando de um lado ao outro, murmurando nervosas e fazendo ligações nos celulares e cabines telefônicas.

— Sinto muito, mas os ônibus com destino à South Meadow estão avariados. A empresa está mandando novos, mas só irão chegar em dois dias. — disse a atendente.

Dois dias, Morgana e Melanie teriam de ficar naquela cidade por mais dois dias até a chegada daqueles ônibus. Legal, vou perder a aula de segunda. Pensou Morgana. Logo quando eu não queria mais faltar...

— Presas num fim de mundo até segunda... — Morgana desaba num banco de madeira. — E nenhuma entrada pra Feira Granito em quilômetros...

— Podia ser pior. Imagina se tivéssemos pego o ônibus e ele enguiça no caminho? — comentou Mellie, tentando animar a amiga.

— Ah, sei lá... Dependendo da distância eu iria andando mesmo. Mas se eu tivesse a moto... — murmurou.

De repente, as duas sentem algo estranho, um calafrio de estarem sendo observadas.

— De novo? — diz Morgie.

— Como assim, de novo? Você já sentiu isso antes? — diz Mellie, olha do para os lados em busca da fonte daquela sensação.

— Sim, na cadeia, quando visitei o Wallace. — um sabor amargo surgiu em sua boca ao pronunciar seu nome em voz alta.

— Acho que... Ali! — exclamou, apontando para uma sombra que se moveu após um grupo de pessoas passar.

Passaram horas seguindo os rastros daquela sombra. Seja lá oque for, era rápido, mas ao mesmo tempo não era tão sutil, pois deixava rastros por onde passasse. Sinais claros que Melanie conseguia identificar. A perseguição às levou até um beco, um conjunto de bares, lojas e um terreno baldio fecham a rua completamente. Os últimos rastros as deixaram na sarjeta de um bar, mas não havia nada ali além de sujeira no chão, ratos, sacos e latas de lixo.

— Será que ele foi pelos esgotos? — pergunta Morgie. — Se tiver, eu é que não vou seguir...

— Não, ele passou aqui e depois se foi. — Mellie leva a mão ao queixo, pensando. Não poderia ser um Vampiro, o sol ainda está alto no céu, e poucos são os lobos que conhecem a arte de se mover pela escuridão.

Seguiram mais adentro, virando a esquerda numa viela e viram os fundos do bar, um lugar nada convidativo, onde se instalou um segundo estabelecimento. Diversas motos estavam estacionadas bem ali, e alguns homens fumavam, bebiam e conversavam do lado de fora. A porta estava fechada, mas vez ou outra alguém saia ou entrava. O cheiro era familiar para Morgana; cigarros, bebidas e urina. Mais cedo do que esperavam, elas encontram o possível motivo daquela sensação estranha na rodoviária, logo atrás delas.

— Mas olha só oque a maré trouxe! — era o homem careca da loja, e alguns cupinchas o acompanhavam. Eram tão feios, e quase tão carecas, quanto ele
— É salmão, rapazes! E dos bons... — seus olhos fixos em Morgana, mostrando aqueles dentes nojentos em um sorriso malicioso.

— Se toca, cara! — repreendeu Morgie, indo para o outro lado, mas foi impedida. Aqueles homens não a deixariam ir.

— Não, não, cabelinho de fogo! Não sem antes a gente se divertir. — ele se aproxima, pegando em seu braço direito. Morgana tenta se livrar, mas ele não permite. — Você tá raivosa agora, mas depois de umas doses, você vai ver oque é bem-bom.

— Me. Solta. Agora. — as palavras saltavam alarmantes e imperiosas.

— Você faz o tipo difícil, não é? Doci... — ele nunca mais pôde terminar aquela frase na vida, pois sua mandíbula foi preenchida com o faiscante cruzado de esquerda bem colocado de Morgana. Tamanha fora a força empreendida, que seu braço ficou livre no mesmo instante, e o careca cambaleou até cair pesadamente no chão com um baque seco, estava com a boca sangrando e havia perdido um dente, mas ainda consciente.

— Tá legal, cansei de ser bonzinho. Amarrem elas! — ordenou o homem, e assim os outros cinco fizeram. Pegaram correntes, cordas e se aproximaram de Morgana e Melanie.

Morgie, no entanto, não esperou ser cercada e desferiu o primeiro golpe, um chute faiscante que acertou a virilha do primeiro, que soltou um agudo gemido de dor. Os homens que estavam na entrada do estabelecimento assistiram a cena, e se condoeram por ele - que logo desatou a chorar em posição fetal no chão. O segundo, quase que no mesmo instante, rodou a corrente e a jogou por cima de Morgana, mas a jovem agarrou antes mesmo que a atingisse, e com a mão livre incendiou os pulmões do adversário com um jab no tórax, seguido de um direto no queixo. O homem caiu com a mandíbula sangrando horrores, enquanto o terceiro se aproximava para vingar seus companheiros. Os outros homens no fundo nada faziam, a não ser observar.

Melanie estava com dois deles em sua frente. Não tinha o mesmo físico de Morgana, mas compensava com um jeito diferente de lutar.

— Calminha agora, chocolate, não vai doer nadinha... — disse um deles, se aproximando lentamente.

A garota tira de seu bolso um ramo de oliveira dourado. — Não posso dizer o mesmo de vocês. — o ramo se estende em suas mãos, alongando-se até se tornar num cetro de oitenta centímetros que floresce na ponta.

— Um... Bastão de brinquedo? — questiona o homem, confuso.

— Quase! — ela responde sorrindo, enquanto aponta na direção da dupla. — Nuvem de horror, tempestade de temor, acabou-se o seu calor...

A ponta do cetro iluminou-se, e os olhos dos alvos estavam vidrados no mesmo, brilhando com semelhante intensidade. Em um momento, caíram gritando coisas ininteligíveis, as pupilas estavam dilatadas, a pele estava pálida e fria como gelo. Talvez vendo algo que suas mentes não compreendam.

Morgana acabou de desmaiar o último com um golpe das correntes na costela, impedindo-o de respirar corretamente. O mais alto - e mais feio - olha para a cena, temendo. Seria inútil fazer qualquer coisa agora.

— Você ainda vai ver, vocês duas, suas... Suas... — ele se levanta com dificuldade — Suas piranhas!

•━┅━┅━ • ━┅━┅━•

Enfim paz, ou algo próximo disso. O almoço foi em uma churrascaria tradicional, teria sido uma experiência normal se os garçons não fossem tão estranhos quanto o caixa naquela loja de conveniências. Já estava escurecendo. O chuveiro do hotel funcionava e a pressão da água era agradável, mas só tinha cinco minutos de água quente, então Melanie acabou tomando um banho frio - que é claro, ela não se importou. Na verdade, até aproveitou para hidratar os cachos. Vestidas para dormir, procuraram por qualquer coisa na TV, mas só encontraram reprises de séries policiais dos anos 2000. Era melhor do que nada, e ainda teriam vários salgadinhos esfarelados e garrafas de refrigerante sabor cereja velhos e quentes para acompanhar - infelizmente, o frigobar do hotel estava queimado. O gosto não estava tão ruim.

Alguém bate à porta. Morgana troca olhares com Melanie, suspeitando de algo, então veste sua jaqueta de couro por cima do seu cropped azul marinho e vai atender. Olhando pela fresta ela vê um homem, tinha um cabelo preto volumoso, roupas leves de seda esvoaçante e um sotaque muito peculiar.

— Hola, señorita. — ele diz, entre um sorriso misterioso. — Melantha está?

Morgana franze o cenho, suspirosamente cética, e volta os olhares para sua amiga — Mellie, por acaso você contratou algum stripper porto-riquenho esquisitão?

Ela pondera a questão, torcendo o lábio, negativa com a cabeça, e volta a beber sua garrafa de refrigerante. Tudo sem desviar os olhos da TV.

— Quarto errado, se manda — diz secamente, batendo a porta com força.

Já haviam assistido a quase uma dezena de episódios até a noite estar em seu auge, e o sono parecia fugir de seus olhos, quando uma estranha entidade rompeu pela janela, estilhaçando o vidro e rolando no chão com um baque. As duas se sobressaltam, e Melanie deu um grito, cobrindo sua camisola negra com as cobertas. A pele era pálida e fria, os olhos semiabertos tinham um opaco tom vermelho, e dos lábios se projetavam longos caninos - é um Vampiro. Ele geme de dor, se contorcendo no chão, em seu corpo e suas roupas haviam dezenas de cortes. Subitamente, uma lâmina curta deslizou verticalmente, rasgando o ar, e atingiu o centro da fronte da criatura, fincando-se ali, e a partir daquela cavidade formada, o corpo inteiro queimou, ardeu e se desintegrou em um amontoado de cinzas. As duas ficaram a processar toda aquela cena, sem entender nada do que acontecia, até que um homem surge da janela, escalando-a calmamente com habilidade. Era o mesmo que estava na porta. Se vestia como se fosse algum tipo de pirata do século 18, usando botas que chegavam no joelho, camisa esvoaçante e um cinto feito de diversos panos escarlate e carmesim.

— Mas que droga é essa? — Morgana protesta.

— Com licença, eu... — surpreso, o homem rapidamente leva o braço ao rosto, tapando sua visão. — Perdón, não foi minha intenção olhar.

— Me fala quem é você, e oque tá fazendo aqui, ou você vai perder mais do que a visão! — faiscando os punhos, Morgana já se encontrava em posição de luta.

— Mi nombre é Antonio Montana! — diz, fazendo uma reverência com a mão livre, sem tirar o braço do rosto.

A garota com cabelos de fogo pisca, confusa — Como... O cara do Scarface?

— Quase. — ele ri — Na verdade, não.

Ele procede a pegar a faca encravada em meio às cinzas do chão, e começa a explicar calmamente oque estava acontecendo - tudo com a visão tapada, pois era um cavalheiro e não se permitiria a ver a nudez de uma dama sem seu consentimento. O nome António, na verdade, é uma alcunha, um disfarce. Ele é um Caçador. Sua caçada o levou até aquela cidade no meio do nada, na costa leste dos Estados Unidos.

— É a Cabala, Melantha. — diz ele — Precisarei de tua ajuda.

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