Capítulo 2 - A Encruzilhada Sombria
— Eleanor Davenport, você convocou minha presença. Você está disposta a pagar o preço pelo seu desejo? — Sua voz era como um murmúrio, carregada com uma promessa de poder e perigo.
Eleanor sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas ela se manteve firme. Seu coração estava decidido, não importava o que aquilo custasse.
— Estou disposta — respondeu ela, sua voz trêmula, mas determinada.
O homem sorriu novamente, um sorriso que carregava um conhecimento profundo e sombrio.
— Muito bem, Eleanor. Seu desejo será concedido. Em troca, você deve dar algo de valor. Algo que nunca poderá ser recuperado.
Eleanor assentiu, um nó de apreensão se formando em sua garganta. Ela sabia o que estava prestes a fazer, o que estava prestes a sacrificar.
Com um movimento fluido, o homem estendeu a mão para ela. Eleanor olhou para ele por um momento, um conflito intenso em seus olhos. Mas, em seguida, ela ergueu a mão trêmula e colocou-a na dele.
O toque foi elétrico, uma onda de energia percorrendo seu corpo. E então, o homem inclinou-se para ela, seus lábios encontrando os dela em um beijo que parecia carregar todo o poder do mundo sobrenatural. Eleanor sentiu como se estivesse caindo em um abismo de escuridão e êxtase.
Quando o beijo finalmente terminou, Eleanor sentiu uma mudança, uma sensação de algo profundo e inabalável se enraizando dentro dela. O pacto estava selado.
O homem recuou, seus olhos brilhando com uma satisfação sombria.
— O preço foi pago, Eleanor. Agora, você é eternamente jovem, mas a cada prazer imoral que você buscar, a cada passo mais fundo na escuridão, você se entregará um pouco mais à minha influência.
Eleanor sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas a sensação de poder e juventude que a envolvia a fazia ignorar qualquer hesitação.
— Eu aceito — sussurrou ela, sua voz ecoando no silêncio da noite.
O demônio sorriu, um sorriso que carregava o peso de segredos insondáveis.
— Então, Eleanor Davenport, seja bem-vinda à escuridão eterna.
Com essas palavras, o demônio desapareceu nas sombras, deixando Eleanor sozinha na encruzilhada, seu coração acelerado e sua mente repleta de emoções contraditórias. O pacto estava feito, o preço pago. Agora, ela teria que enfrentar as consequências de suas escolhas, mergulhando em um abismo de prazeres e sombras, onde sua busca pela juventude eterna a levaria a caminhos sombrios e desconhecidos.
Uma semana havia se passado desde o pacto sombrio na encruzilhada. Eleanor Davenport vivia agora em um estado de êxtase constante, seu corpo parecendo pulsar com uma energia nova e revitalizada. Sua pele estava mais suave do que nunca, suas rugas desaparecendo gradualmente como se nunca tivessem existido. A beleza eterna que ela ansiava estava finalmente ao seu alcance, mas as sombras da escuridão que a cercavam eram mais profundas do que nunca.
A mansão Davenport estava mergulhada em um clima de luto, as janelas adornadas com cortinas negras e os corredores ecoando com soluços abafados. Lorde Richard Davenport e Lady Victoria haviam sido encontrados mortos em seus aposentos, seus corações silenciosamente parando em seus peitos. O médico declarou que foi um ataque cardíaco, uma tragédia que abalou a todos.
No entanto, enquanto os criados e parentes choravam a perda dos amados senhores da mansão, Eleanor permanecia aparentemente impassível. Ela observava os rituais funerários com um olhar vago, seus olhos azuis fixos no vazio. Seu coração não sentia nada pela morte dos pais, pois a busca pela beleza eterna havia eclipsado qualquer emoção humana.
Enquanto ela caminhava pelo corredor escuro em direção ao quarto dos pais, suas mãos não tremiam, seu peito não doía. Ela empurrou a porta e entrou, o quarto agora envolto em escuridão e silêncio. Seus olhos se fixaram nos retratos de seus pais que adornavam as paredes, as imagens congeladas em sorrisos felizes.
Eleanor se aproximou da cama onde seus pais uma vez dormiram, seu olhar caindo sobre seus corpos agora imóveis. Seus olhos não se encheram de lágrimas, seu peito não se apertou de tristeza. A beleza eterna que ela alcançara havia custado o último resquício de sua humanidade.
Ela tocou o rosto de sua mãe com dedos frios e sem emoção, sua mente já tão distante daqueles que uma vez foram sua família. Ela não sentia remorso, não sentia tristeza. Tudo o que importava era a juventude que ela agora possuía, a juventude que ela acreditava valer mais do que qualquer vínculo familiar.
Eleanor se afastou da cama, sua expressão vazia refletindo a escuridão que agora a cercava. Ela saiu do quarto, fechando a porta atrás de si, e as sombras a seguiram como companheiras silenciosas. O demônio havia cumprido sua parte do pacto, e agora era o dever de Eleanor cumprir a dela. A busca por prazeres imorais a aguardava, uma jornada que a levaria cada vez mais fundo na escuridão que ela escolhera abraçar.
Enquanto a mansão Davenport permanecia mergulhada em luto, Eleanor Davenport seguia em frente, sua mente focada em sua busca pela beleza eterna, mesmo que isso significasse deixar para trás qualquer resquício de humanidade que um dia possuíra. A beleza eterna era sua obsessão, sua maldição e sua salvação, tudo ao mesmo tempo.
O dia do enterro chegou, e a mansão Davenport estava envolta em um silêncio solene. O jardim, uma vez tão cheio de vida, agora estava repleto de figuras vestidas de preto, os rostos sombrios e abatidos pelo luto. O céu estava nublado, como se até mesmo a natureza compartilhasse a tristeza que envolvia a mansão.
Eleanor Davenport estava parada diante das sepulturas recém-abertas, olhando para os caixões de seus pais que descansavam lado a lado. Sua expressão permanecia imperturbável, seus olhos azuis refletindo uma frieza que não combinava com a ocasião.
O pároco proferiu palavras de consolo e esperança, enquanto os presentes se reuniam para prestar suas últimas homenagens. Eleanor observava a cena com um olhar distante, como se estivesse observando de longe, desconectada da dor que a rodeava.
Quando chegou a hora de jogar as rosas sobre os caixões, os convidados começaram a se aproximar, seus rostos contorcidos de tristeza. Eleanor pegou uma única rosa branca, sua beleza contrastando com sua expressão imperturbável. Ela se aproximou dos caixões e olhou para as faces inexpressivas de seus pais. Não havia lágrimas em seus olhos, apenas um vazio gélido.
Com um gesto lento e mecânico, ela deixou a rosa cair sobre o caixão de sua mãe, e então sobre o de seu pai. O toque suave das pétalas contra a madeira ecoou como um último adeus, uma despedida que não estava acompanhada de lágrimas ou dor.
Enquanto os presentes se dispersavam após o funeral, Eleanor permaneceu junto às sepulturas, o vento agitando seu cabelo dourado. Ela não sentia a tristeza que aqueles ao seu redor sentiam. Para ela, a beleza eterna que ela buscava era mais importante do que qualquer vínculo familiar, mais importante do que qualquer emoção humana.
Eleanor permaneceu lá por um momento, olhando para as sepulturas silenciosas, antes de se afastar lentamente. Ela voltou para a mansão, as sombras da escuridão que a cercava parecendo mais densas do que nunca.
O luto havia terminado, mas as sombras da sua escolha sombria persistiriam, uma lembrança constante do preço que ela havia pago pela beleza eterna. Eleanor Davenport estava agora presa entre a promessa de juventude eterna e a escuridão que a acompanhava, uma prisão que ela havia escolhido com olhos abertos, mesmo que sua humanidade tivesse sido deixada para trás nas encruzilhadas da sua decisão.
O sol estava começando a se pôr, lançando tons dourados sobre a paisagem, quando Lord Sebastian Thornton chegou à mansão Davenport. Ele era um nobre de porte imponente, com cabelos escuros e olhos que pareciam esconder mistérios. Sua presença era marcante, e sua reputação de ser um homem atraente e carismático era conhecida por toda a alta sociedade.
O luto ainda pairava sobre a mansão, mas Eleanor Davenport estava sentada nos jardins, olhando para o horizonte distante com um olhar vago. Ela não notou quando Lord Sebastian se aproximou, seu olhar fixo em sua figura solitária.
— Uma paisagem tão bela, mas carregada de tristeza — disse ele, sua voz suave e cativante.
Eleanor virou o olhar lentamente em sua direção, seus olhos azuis encontrando os olhos escuros de Lord Sebastian. Ela o reconheceu como um nobre respeitado da sociedade, mas sua mente parecia distante, como se estivesse em outro lugar.
— Lorde Thornton, agradeço sua presença — disse ela, sua voz revelando pouco mais do que indiferença.
Lord Sebastian sentou-se ao lado dela, sua postura elegante contrastando com a expressão preocupada em seu rosto.
— Ouvi falar da tragédia que atingiu sua família. Meus pêsames, Lady Eleanor.
Eleanor olhou para ele por um momento, seus olhos sem emoção encontrando os olhos cheios de simpatia dele.
— Perdi meus pais, mas eles não eram mais do que sombras do que costumavam ser — disse ela, sua voz soando quase como um sussurro distante.
Lord Sebastian estudou-a por um momento, como se tentasse entender o que se passava em sua mente. Ele sentiu uma atração irresistível por Eleanor, uma curiosidade que não conseguia explicar.
— O luto é uma emoção complexa. Às vezes, nos afasta do mundo, mas às vezes também nos aproxima das almas que compartilham nossa dor.
Eleanor olhou para ele novamente, seu olhar ainda vago, mas algo nos olhos de Lord Sebastian parecia despertar uma centelha dentro dela. Ela viu a simpatia genuína em seus olhos, uma oferta de compreensão que ela não havia experimentado desde que a beleza eterna a havia transformado.
Por um breve momento, Eleanor sentiu uma pontada de algo que há muito havia esquecido: a sensação de ser vista e entendida como uma pessoa real, não apenas como um símbolo de beleza. Mas então as sombras da escuridão que ela havia abraçado vieram à tona novamente, e ela afastou aqueles sentimentos.
— Não existe compreensão real da minha dor. A beleza eterna é o que importa agora.
Lord Sebastian olhou para ela com uma expressão intrigada, como se soubesse que havia algo mais por trás de suas palavras. Mas ele não insistiu, apenas deixou um olhar de simpatia e respeito enquanto se levantava.
— Se precisar de alguém para conversar, saiba que estou à disposição. Às vezes, a beleza esconde segredos que só podem ser revelados quando confiamos em alguém.
Eleanor observou-o enquanto ele se afastava, uma mistura de sentimentos confusos percorrendo sua mente. Ela tinha alcançado a beleza eterna que tanto ansiava, mas o encontro com Lord Sebastian a havia deixado com uma sensação de inquietação, uma pergunta silenciosa sobre o que ela havia deixado para trás nas sombras da sua busca pela juventude eterna.
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