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Capítulo 7

Saio do banho e encaro o espelho embaçado. Meu reflexo, ainda que distorcido, não esconde o que já sei. Os olhos inchados e avermelhados, as olheiras profundas e o cansaço estampado em cada traço do meu rosto. O luto em mim é evidente como o sol lá fora. Visto-me rapidamente: uma calça jeans clara e um suéter preto, algo confortável o suficiente para encarar o mundo sem muita pretensão. Olho que meu celular está pousado na mesinha de cabeceira e, só nesse momento, tenho a noção que simplesmente ignorei a existência dele desde que tudo isso aconteceu. Pego o celular e vejo que há várias chamadas perdidas de Caitlin. Meu peito aperta ao ver seu nome, mas não tenho forças para retornar. Por mais que eu quisesse contar para ela as coisas horríveis que rolaram comigo depois da festa e com Miles, sinto que não seria capaz. Pois qualquer coisa que me remeta ao incêndio vai esvair tudo de mim, deixando-me esgotada antes mesmo de tentar. 

Suspiro, resignada, ao notar que já está quase na hora do almoço. Coloco o aparelho de lado e me dirijo à porta, mas antes que possa abri-la, ouço batidas leves do outro lado.

— Vamos, eu vim te buscar para o almoço — anuncia Tiny, assim que abro.

Sua presença enérgica é quase um choque contra meu estado letárgico.

— Tudo bem, mas eu posso ir sozinha... — começo a dizer, mas Tiny já passa o braço pelo meu e me puxa antes que eu consiga terminar.

— Você vai amar a sala de jantar, vai adorar as pessoas também. Bom, algumas delas — diz, com um sorrisinho. — Mas, de qualquer forma, vai ser ótimo!

Eu só balanço a cabeça, tentando evitar o confronto. Secretamente desejo que ela falasse menos ou, de preferência, ficasse em silêncio.

Chegamos na entrada da sala de jantar ainda com os braços entrelaçados. O cômodo é espaçoso, iluminado por algumas janelas altas que deixam a luz do dia inundar o ambiente. Em cima da mesa comprida de madeira escura bem no meio da sala, está um lustre ornamental. As paredes estão recheada de pinturas clássicas. Há um contraste entre o ar solene dos móveis antigos e aristocrata que a sala emana com o barulho de talheres e risos casuais. Minha avó está sentada à cabeceira da mesa, como uma rainha observando seu reino. Ao dar o primeiro passo para dentro, todos os olhares se voltam para mim, e sinto cada par de olhos me examinando curiosos. Sou coelho entrando na toca das raposas.

— Pessoal, esta é Carly. Ela ficará conosco por um tempo, e espero que a recebam bem. Por favor, digam olá para ela — diz Abigail, com a voz firme e autoritária de sempre.

Um uníssono de "olás" ecoa pela sala, mecânico e desconfortável. Meu rosto esquenta, e caminho até uma cadeira vaga. Tiny se acomoda ao meu lado, enquanto noto que o assento à minha esquerda permanece vazio. Os olhares das pessoas a a mesa ainda recaídos em mim é perceptível. Afundo na cadeira, encarando meu prato com vigor, implorando para ficar invisível de algum jeito, mas, infelizmente, não faço ideia como realizar um feitiço como esse.

— Desculpem o atraso, pessoal! — uma voz masculina quebra o silêncio.

Viro-me para ver quem é. De imediato, visualizo um rapaz de cabelos loiros desgrenhados com as pontas onduladas entrando apressado, vestindo uma calça de moletom cinza e uma regata branca por baixo de um cardigã escuro folgado. Está descalço, e a maneira despojada como caminha transmite uma confiança irritante. Ele sorri para todos da mesa, e suas covinhas aparecem.

— Tate, isso é inadmissível! — Abigail o repreende antes dele se sentar, franzindo o cenho. — Temos uma nova integrante conosco e você me aparece assim? — Ela faz um gesto com a mão, apontando para suas roupas com um olhar de desgosto. — Cadê os modos?

— Ah, qual é? Já somos quase uma família. Preciso mesmo me arrumar pra almoçar com meus irmãos? — retruca ele, sem perder o sorriso, como se o olhar severo dela não fosse capaz de abalá-lo.

Abigail solta um suspiro exasperado, mas há um brilho contido no canto dos olhos, como se estivesse acostumada a essas respostas. Alguns risos abafados percorrem a mesa, enquanto Tate se senta casualmente ao meu lado, sem se importar com os olhares curiosos dos outros. Ele pega o purê e arroz com uma despreocupação e sem cerimônia e, sinceramente, isso é quase reconfortante. Para ele, sou apenas mais uma pessoa na mesa. Seu ato de se servir, fez que, temporariamente, as pessoas desviassem sua atenção da minha insignificância e voltassem agir com mais naturalidade. É um alívio.

— Prazer, sou Tate — ele diz de repente, estendendo a mão, com a boca parcialmente cheia de comida.

Por um momento, fico surpresa com a falta de formalidade. É quase... engraçado.

— Carly — respondo, cumprimentando-o.

Ele sorri de canto enquanto me olha, as covinhas aparecendo de novo, mas logo retorna sua atenção para o prato. Há algo quase tranquilizador na sua maneira despretensiosa. Enquanto os outros me fazem sentir como uma peça de museu, ele me faz esquecer, por um instante, que sou uma intrusa.

Enquanto ele come, sinto uma inquietação crescente. Talvez seja curiosidade, talvez seja outra coisa, um desejo inexplicável de entender quem ele é. Tate parece uma peça fora de lugar ao mesmo tempo que se encaixa perfeitamente com cada detalhe daqui.

— Você sempre chega assim... despreocupado? — pergunto, tentando soar neutra, mas minha voz carrega um peso que nem percebo. Sai mais ácido do que planejei.

Ele para por um momento, garfo no ar, e olha para mim. Suas sobrancelhas se arqueiam ligeiramente, e há um brilho de diversão em seus olhos. Ele dar de ombros.

— Quase sempre. Formalidade nunca foi meu forte — responde, com um sorriso fácil. — Mas você parece mais o tipo "não gosta de ser o centro das atenções". Acertei?

Meu rosto esquenta. 

— Talvez — murmuro, desviando o olhar para o prato à minha frente  

Ele ri baixinho, um som leve, quase íntimo.

— Sei que é difícil ser a "pessoa nova", mas é só fingir que nada importa. Assim como eu. — ele põe as mãos atrás da cabeça com falso ar de convencido. É engraçado

Antes que eu possa pensar em algo mais para dizer, Tiny se inclina e cochicha alto o suficiente para todos ouvirem:

— Até parece Tate, você adora bancar o engraçadão do tipo "tô nem aí pra nada", mas no fundo é o que mais se importa, é um cara normal como todos nós. — ela diz como se fosse uma observação casual — "Normal" além de sermos bruxos, é claro — acrescenta com um sorrisinho.

— Nossa, Tiny, obrigado pela análise. Muito profundo — responde ele, balançando a cabeça enquanto pega mais purê. — Se precisar de mais conselhos sobre quem sou eu, te chamo viu? Sabe tudo.

Percebo que essas últimas palavras parecem irritar Tiny. No mesmo instante, ela ergue a mão disfarçadamente e murmura algo em um tom baixo, quase inaudível. Num piscar de olhos, o purê no prato de Tate voa direto para o rosto dele, se espalhando por completo. A mesa explode em risadas, e até eu sinto meus lábios se curvarem levemente.

— O que tá acontecendo aqui? — pergunta Abigail severa.

Ninguém a responde, o silêncio preenchendo a sala de jantar enquanto Tate pega um guardanapo calmamente, limpa o rosto e olha para Tiny com um sorriso enviesado.

— Ah, então é assim que vai ser? Tudo bem. — Ele murmura algo em resposta, gesticulando levemente com os dedos. Em segundos, os lábios de Tiny se colam, como se tivessem sido grudados com cola invisível. Seus olhos se arregalam, e ela tenta falar, mas apenas sons abafados escapam.

Abigail bate a mão na mesa, chamando a atenção de todos. 

— CHEGA! — Sua voz soa cortante. — Já basta dessas infantilidades! — Ela lança um olhar gelado para Tate e Tiny, e ambos baixam os olhos como crianças pegas no flagra.

Tiny faz um gesto desesperado, apontando para os lábios. Tate murmura outra palavra, e o feitiço se desfaz, permitindo que ela finalmente respire aliviada.

— Mais uma dessas, e vocês dois estarão de castigo — ameaça Abigail, antes de retomar sua postura ereta e digna. — Agora, alguém pode me passar o sal? — completa, como se nada tivesse acontecido.

Tate pega o vidrinho e entrega para ela. Automaticamente, desvio minha atenção para os demais que estão ali presente. Noto a garota ruiva quase imediatamente. Ela está sentada de frente para mim, seus olhos verdes brilham com uma intensidade que não passa despercebida. A expressão no rosto dela é de uma concentração quase exagerada, como se estivesse absorvendo cada movimento de Tate, admirando-o de uma maneira que não consegue disfarçar, sempre voltando a observá-lo com um interesse contido. Sua pele branca parece quase translúcida sob a luz suave da sala, e o cabelo ruivo, que cai em ondas naturais, reflete um brilho quente. 

Ao lado dela, está um rapaz moreno, com um corpo robusto que se destaca na multidão. Seus braços são largos e ele tem uma postura relaxada, como se estivesse sempre à vontade no ambiente, seja lá qual for. Seu cabelo é raspado, e a barba rala não faz questão de esconder sua expressão amigável. Ele sorri com facilidade, o tipo de sorriso que vem sem esforço. É o tipo de presença descontraída que traz um pouco de leveza ao ambiente.

Logo depois, no outro lado da ruiva, uma menina de cabelo preto entra no meu campo de visão. Sua presença é mais forte, mais pesada, talvez pela maquiagem carregada que destaca seus olhos escuros, e a postura gótica que não deixa dúvidas sobre quem ela é. O olhar dela é difícil de ler, mas é como se estivesse observando tudo ao redor com um distanciamento sutil, como se estivesse fora de lugar, mas ao mesmo tempo, completamente no controle de seu próprio espaço. Ela se destaca da multidão com facilidade, não porque queira, mas porque a maneira como ela se apresenta torna impossível ignorá-la.

Tiny, sentada ao meu lado, parece perceber meus olhares curiosos, e começa a cochichar baixo, só para que eu possa ouvir:

— A ruiva ali é Alice, mas cuidado, ela consegue ser bem insuportável quando quer. O grandão é Leonard, super tranquilo, e a de preto é Bianca. Ela pode parecer assustadora, mas é legal depois que você interage com ela. Somos muito amigas. Posso te apresentar ela mais tarde.

Faço um som de confirmação, sem me comprometer muito. 

Leonard, que se senta à frente de Tate com um sorriso caloroso, passa a me olhar. 

— Então Carly, bem-vinda a esse maravilhoso caos. Aposto que já deu pra perceber que somos meio... diferentes. — Ele aponta para si mesmo, depois para os outros à mesa. — Bom, cada um de nós acabou vindo pra cá por motivos diversos, por assim dizer. Tipo, meu pai percebeu que tinha algo errado comigo quando simplesmente fiz a água da piscina levitar e cair sobre nossa casa. Então ele soube desse lugar e me trouxe para cá.

— Legal? — respondo, com um sorriso contido que não chega aos olhos. Meu peito ainda pesa com a sensação de ser uma estranha. Temo para onde essa conversa fiada vá chegar.

— E você? — ele pergunta, inclinando a cabeça levemente. — O que te trouxe aqui?

— Coisas da vida — respondo sem intenção de prolongar o assunto. 

— Hm, profundo — comenta ele, com um tom brincalhão, quase irônico. — O que nos move é sempre coisas da vida afinal.

A falta de apetite se instala, remexo a comida no prato mecanicamente enquanto sua fala ainda paira na sala. Sinto-me vazia de certa forma. A diversão momentânea se dissipou rápida demais. 

— Sim e não. As coisas da vida nos arrasta até um fim, sem que a gente tenha escolha de nada— digo sem olha-lo, a voz quase sussurrada. — Então... meio que estamos no fim aqui.

Leonard, sem palavras, simplesmente concorda com um aceno e volta ao seu prato, o silêncio tomando conta novamente.

Sinto que fui uma estraga prazer. Ele só estava sendo educado, me inserir no meio deles. Mas sinceramente, não me sinto preparada para isso. Só queria deitar, sentir minha dor intensamente ao ponto de me consumir e, talvez aí, eu possa cogitar me sentir parte deles. 

Percebo que Tate, ao meu lado, dá uma risadinha baixa, quase inaudível, e sussurra:

— Resposta meio trise. Gostei disso.

Olho para ele de soslaio e ele apenas sorri, como se me desafiasse a rebater. Mas, em vez disso, volto minha atenção ao prato, encerrando o assunto antes que avance. Ignoro a provocação e observo a mesa novamente. Abigail ainda mantém uma postura impecável na cabeceira, agora em silêncio, mas claramente atenta a tudo. O almoço segue com mais algumas conversas soltas, mas eu me limito a responder apenas quando necessário. Ficar na minha parece a melhor estratégia por agora. 

***

Quando o almoço termina, levanto-me antes que alguém tenha a chance de perguntar mais coisa. Tiny me segue até a sala de estar, mas desvio da sua tentativa de me incluir na rotina dos outros, que agora se reúnem para assistir TV. Não tenho energia para fingir que me importo. Quando vejo Abigail desaparecer por uma porta ao lado da escada — provavelmente seu escritório —, decido explorar o quintal.

A porta dos fundos me leva a um jardim amplo, onde uma árvore imensa domina a paisagem. No alto, uma casa na árvore surge como um refúgio esquecido do tempo. Há uma escada de corda balançando suavemente com o vento. Meus pés se movem por conta própria, aproximando-se.

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