Capítulo 30
Vários meses se passaram, desde a invasão. Abigail fez o que tinha dito, reforçou a segurança aqui no instituto. Agora a noite se via diversos seguranças rodando a casa em diversos turnos. No começo a segurança era vinte quatro horas e sete vezes por semana, mas com uns dois meses sem ataque ou nenhuma tentativa de invasão as rondas foram diminuindo, e são apenas 3 vezes por semana durante a noite.
Durante esse período eu e Tate nos aproximamos ainda mais, que dizer mal nos desgrudamos. Mas a noite, em que eu sempre tinha que ficar sozinha, sentia as lágrimas caindo, traçando um trajeto de dor por todo o meu rosto, cheios de saudade. Saudade dos meus pais, de amigos, sinto falta de Laurel, sinto falta até mesmo de Tiny, que era um pouco irritante, mas ao mesmo que tinha seus momentos divertidos.
Então para diminuir tamanha saudade, eu ficava com Tate, ele era o único capaz de me fazer esquecer de tudo.
Já Abigail, nunca mais teve informações sobre a investigação da morte de meus pais.
Até hoje.
- Eu vou ter quer ir agora é urgente. Temos uma pista de uma fonte segura, que sabe onde está o paradeiro de George. - disse Abigail, com algumas malas já prontas e pegando o casaco de frio que estava perto da porta de entrada.
- Eu vou com você!
- Não pode, é perigoso demais, fique aqui e estará segura. Eu e os professores fizemos um feitiço em volta da casa, nenhum mago pode entrar aqui.
Eu ficava com ódio quando as pessoas decidiam as coisas por mim, eu que estou passando por isso, EU que sofri com toda a perda, não ela. Mas apenas me resta assentir com a cabeça. Ela pega suas malas e sai de casa, no jardim da frente ela se vira, olha nos meus olhos uma última vez e vejo ela sumindo dali, literalmente no passe de mágica.
- Nós temos que fazer uma festa! Hoje é dia das bruxas, tecnicamente nosso dia!
A voz de Rebecca, fez-me ir até a sala de estar onde todos estavam sentados em círculos, com exceção de mim e Tate, que seguia logo atrás de mim. Quando chegamos vejo que Rebecca está em pé no centro.
- Abigail viajou de novo, tem tudo pra dá certo, eu e Tiny arrumamos tudo. Vocês só vão ter que ser...- Ela olhou pro rosto de todos nós - Normais!
Todos ficaram contentes e sorridentes com a notícia de uma festa na casa, Leonard deu um pulo, e fez uma dancinha, fazendo-me segurar um riso. Noto o quanto Tiny está próxima de Rebecca, que me fez ter um certo nojo daquela cena.
- Eu acho que não é uma boa idéia.
Essas palavras saíram de minha boca e todos se voltaram para mim. Eu literalmente cortei o clima, mas tinha meus motivos
- Ninguém quer saber sua opinião! - Rebecca diz olhando severamente para mim - Você é nova aqui não tem direito de opinar em nada.
- Mas... Pode ser perigoso, Se essas pessoas detonarem a casa? Abigail pode descobrir tudo. - Tate disse.
Parecia que ele estava concordando com essa ideia louca.
- Somos magos, acho que conseguimos limpar uma casa de forma bem rápida. - Rebecca lança um sorriso vencedor no rosto.
Ela se vira para Tiny e já começam a planejar tudo para hoje à noite. Todos estão animados com as expectativas para uma festa em que pessoas normais viram para cá. Consigo ver o sorriso estampado nos seus rostos, mas não consigo ter o mesmo entusiasmo, essa situação me faz lembrar exatamente da última festa que tive. Saio daquele recinto rápido e subo as escadas apressadamente até meu quarto, porém sou seguida por Tate que para logo atrás de mim quando minha mão toca na maçaneta. Ele se encosta na parede do meu lado e me encara.
- Vai ser bom pra descontrair, você mesmo viu como ficou esse instituto, deixa eles se divertirem um pouco. - é óbvio que ele está tentando me convencer, mas ainda sim acho que não era uma boa idéia. - Além do mais, você mesma disse que temos que tentar fazer coisas normais, e ir a uma festa pode ser uma dessas coisas.
"Merda, fui pega mas minhas próprias palavras." Penso enquanto reviro os olhos para ele.
Eu não tinha muito alternativa se não aceitar, todos já concordaram, eu não queria ser a estraga prazer de tudo.
- Tudo bem - disse por fim - Mas se Abigail descobrir alguma coisa eu nego toda a minha participação - lanço um sorriso divertido para Tate que retribui sorrindo abertamente e fazendo aquelas convinhas aparecerem.
- Eu venho aqui umas sete para a gente descer junto, ok?
- Ok!
Dou-lhe um beijo breve e entro em meu quarto. Está na hora de buscar alguma roupa para eu usar.
***
Me olho no espelho fixamente encarando esse vestido preto de mangas longas e completamente justo que estou usando. Tudo isso me faz lembrar do fatídico dia, em como me arrumará, achando que seria a noite mais feliz da minha vida, mal sabendo que seria a pior.
Lágrimas se formam ao redor de meus olhos e pisco sem parar até elas sumirem
- Hoje não é dia disso, sem choro. - digo para meu reflexo no espelho.
Escuto uma batida na porta que me puxa de volta para o meu quarto novamente. Abro-a e me deparo com Tate, com calças pretas um pouco justas e uma blusa preta com a frase "Normal people scare me" super combinando com ele.
Vejo seu queixo abrir, formando um perfeito "o" e seus olhos passeiam por todo meu corpo.
- Acho que não precisamos ir a essa festa, não é bom ser normal, podemos só ficar aqui eu e você. - ele dizia isso, mas o sorriso estampado em seu rosto. - Você está muito linda!
Vou onde ele e bato levemente em seu queixo fazendo fechar a boca.
- Você que concordou com essa festa, poderíamos está fazendo outras coisas! - sorrio provocando-o - Agora vamos.
Ele vem logo atrás de mim e fecha porta do meu quarto. Passo meu braço em volta do seu e encosto minha cabeça em seu ombro, trazendo seu cheiro já familiar.
A casa está bem decorada com alguns morcegos de papel posicionado perfeitamente no teto que dão a impressão que estão voando. Os jogos de fumaça faz com que vejamos poucas coisas nitidamente e noto que há alguns jogos de luzes espalhados na sala e no corredor e obviamente, para entrar no clima do Halloween, a casa está bem escura. Na mesa da cozinha tem diversas bebidas em travessas com gelo, juntamente com os salgados. Fico impressionada por Rebecca ter feito tudo isso muito rápido.
Ao poucos a casa começa a ficar cheia de pessoas que eu nunca vi na vida. Percebo que Tate segura minha mão com força, obviamente nervoso. Ele, entre os demais, foi o que menos teve contato com esses tipos de pessoas e, principalmente, em ambientes festivos assim.
Retribuo seu aperto gentilmente e acaricio sua mão com meu polegar, querendo assim que o acalme.
Abigail levou consigo, particularmente, todos os professores para ajudá-la, pois nem ela sabia o que poderia encontrar, então devia está preparada para qualquer situação complicada. À mesma deixou a casa na nossa responsabilidade, confiando somente que esse escudo pudesse nos proteger, mas ainda assim eu temia que algo ruim acontecesse.
Tate e eu, fomos até a sala, onde está a pista de dança e para a minha surpresa descubro que as meninas conseguiram alugar um dj, que nunca ouvi falar. Isso me fez lembrar da festa da noite do incêndio, principalmente por causa dessa música pulsante.
Algumas pessoas estão dançando loucamente e outras quase fazendo sexo em público, se beijando em cima do sofá, montados um em cima do outro. Há algumas pessoas dançando com copos vermelhos nas mãos enquanto garotos puxavam conversas com meninas lindíssimas que sabíamos perfeitamente que não daria em nada.
Definitivamente essa festa está normal, como todas as outras festas que eu já fui. Essas pessoas eram do tipo que não dispensam uma festa, mesmo se for de um completo estranho, como era o caso da nossa. E durante quase toda a festa Tate e eu só ficamos parados encostados na parede com copos de refrigerante nas mãos, sem fazer absolutamente nada, sem dançar, sem beijar e sem conversar. Todos pareciam se divertir menos nós e tudo isso porque Tate está tímido pela presença dessas pessoas. Toda vez que incentivo ele a dançar, ele simplesmente se retraia e dizia que agora não, pois não sabia dançar. Até que, para minha sorte e azar dele, o dj colocou uma música lenta, que eu conhecia perfeitamente.
Aos poucos vou escutando o ritmo já familiar de Give me love. Sua instrumental calma que aos poucos se torna eletrizante parecia me preencher por completo, fazendo meu coração bater no ritmo da música. Sem pensar, puxo Tate com toda força e insisto para que ele dance comigo. Vejo em seus olhos o desespero por algumas pessoas estarem olhando para nós e, para afastar esse sentimento dele, coloco minha mão em seu rosto.
- Olhe somente para mim! - movi os lábios lentamente para que pudesse lê-los
Ele apenas assenti nervosamente
Ficamos no meio da sala e começamos a dançar e para minha sorte ele começa a se soltar. Coloco minha mão em volta do seu pescoço e encosto minha testa na sua enquanto dançamos.
"Give me love like her"
A letra da música começava a surgir enquanto dançámos. Ele me lança seu sorriso de tirar o fôlego - que sempre me faz rir junto - e me rodopia fazendo-me sorrir ainda mais. Estou feliz, muito feliz e isso é algo que já estava com saudade. Eu sorria verdadeiramente, sorria com toda a minha alma.
"Give a little time to me, we'll burn this out" (refrão)
Tate puxou-me segurando fortemente minha cintura fazendo nossos corpos ficarem colados um no outro e, predominantemente, seus lábios ficam bem próximos dos meus. Desço minha mão até seu ombro e depois vão até sua nuca. Um sorriso escapa pelo meus lábios.
Estou sentindo uma felicidade tremenda em meu coração. Sinto como se esse fosse o meu lugar, como se todas as flechas do destino me guiaram para esse momento específico. Obviamente sinto que não estou completamente livre do luto e dá perda, talvez eu nunca fique, mas aqui e agora com Tate, sinto que vou sobreviver, vou conseguir ser feliz um dia.
Talvez um dia tudo volte a entrar no eixos.
Algumas outras pessoas, aos poucos, se juntaram a nós, meninas puxavam alguns meninos e dançam essa música lenta conosco, pude ver até Tiny dançando com Leonard e todos pareciam se divertir verdadeiramente. Fico feliz por eu mesma não ter acabado com essa festa, Tate tinha razão, nos precisávamos disso.
"Give me love like never before
'Cause lately I've been craving more"
Deitei minha cabeça em seu peito e ele passou os braços ao redor de mim, encostando sua bochecha em meu cabelo, eu sentia que todos ao meu redor tinham sumido e estava somente eu e Tate.
As batidas do seu coração fazia um som tão calmo, que se fez formar um sorriso em meus lábios. Afasto minha cabeça e olhei em seus olhos, que me encarava com certa ternura. Seus olhos pareciam sorrir para mim.
"Como eu amo esse garoto" penso.
Encaro o rosto de Tate, olhando cada um de seus olhos tempestuosos, pensando que foi esse rosto lindo e cheio de amor, que sempre me deu motivos para me levantar da cama. Tate foi a pessoa que me trouxe de volta à vida, que me fez sorrir quando tudo estava triste, que me mostrou a luz, mesmo ele sendo a escuridão.
Eu o amava, amava muito, meu coração parecia que ia explodir de tanto amor.
"Give a little time to me, we'll burn this out
Encostei meus lábios nos dele delicadamente.
We'll play hide and seek, to turn this around...
Senti que tudo poderia ir se danar, que poderíamos morrer agora, que poderíamos queimar no inferno, sofrer na mãos de todos, mas eu só precisava beija-lo, só precisava sentir ele, sentir seu amor.
Depois que pareceu ser uns 30 minutos de dança, disse a Tate que ia na cozinha pegar alguma coisa para beber, ele apenas assentiu com a cabeça sorrindo e continuou a dançar a música eletrônica que o dj colocou.
Ele já está se acostumando está na presença de todos, dançou junto com eles sorrindo e parece estar realmente se divertindo. Aquela cena me fez sorrir, enquanto vou até a cozinha, em busca de algo para beber. Entretanto, durante a caminhada, sinto como se alguém estivesse me seguindo e me observando de longe, mas decido ignorar, deve ser paranoia minha, já que a muito tempo não fico em ambientes lotados como esse.
Mas eu estava enganada.
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