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15 - Um Juramento (B)

     Naquela noite antes do treino procurei por Crisella. Suas vestes se misturavam à escuridão noturna dando à garota uma camuflagem quase convincente.
   Kurt estava próximo como um fiel cão de guarda, e assim que me viu seus ombros relaxaram.
   Acenei para que nos desse privacidade, porém não entendi se por incompreensão ou simplesmente falta de vontade, ele nem sequer se mexeu. Avancei até a tenda onde Cris tomava seu chá.
     - Precisamos conversar. - Arqueei a sobrancelha tentando imaginar como uma mãe faria naquela situação...
    Minha nossa, não conseguia nem imaginar o desespero da mãe dela naquele momento!
     Cris ergueu os olhos para mim como se só então tivesse me notado. Sua falta de percepção era notável, mais um motivo pelo qual não deveria estar ali.
     - Anne, antes que me dê a maior bronca do século, me deixe explicar. - Respirei fundo e indiquei para que prosseguisse. Ela tomou ar como se já  tivesse ensaiado o discurso. - Bom, eu sei que o papai teria vindo com vocês se não fosse pela saúde frágil de minha mãe. Sei que para ele é doloroso não poder fazer nada por algo que luta há tanto tempo. Breanne, eu nasci aqui, nesse mundo totalmente fora dos eixos. Assim como você, passei a minha vida toda ouvindo que estávamos desse lado com um propósito, que tínhamos a missão de reerguer a nação, que devíamos lutar. Acha que não é doloroso para mim ver o único lar que conheço sob constante e iminente ameaça? Acha que consigo pregar os olhos a noite enquanto me sinto incapaz de fazer qualquer coisa? Sei que você mesma não dorme! Te ouço rolar de um lado para o outro em sua tenda.
    Pisquei algumas vezes. Eu entendia Crisella. Entendia verdadeiramente, mas ela não podia de repente resolver que é responsabilidade dela salvar o mundo.
     - E em quê exatamente acha que pode nos ajudar? Consegue manejar uma adaga? Imobilizar um inimigo? Dar um soco fatal?
    Sabia que aquilo a afetaria e naquele momento, eu precisava que afetasse.
     - Só não sei todas essas coisas porque Walter nunca me deixou tentar! - Deixou que as mãos caíssem sob a coxa - Você não sabe como é... Ninguém nunca te impediu de aprender práticas de combate. O seu pai te ensinava desde criança! Fomos criadas de formas completamente diferentes, e imagine só como é um saco ter que ficar naquela maldita tenda todo santo dia, aprender a cozinhar e à caçar pequenos pássaros.
     - Cris... - Comecei, mas ela continuou falando :
     - Sei fazer uns mil tipos de chá diferentes. Conheço todas as ervas e raízes dessa floresta e sei como usar cada uma delas. E quando penso no futuro só consigo me enxergar como uma das anciãs curandeiras ao leste do monte Northan. Não quero viver como elas, Anne. Não quero viver com elas. Parece triste, solitário e vazio.
    Ela tinha razão. Parecia mesmo triste, solitário e vazio. As anciãs eram mulheres extremamente sábias que se juntaram e montaram acampamento no centro da floresta, onde recebiam pessoas de todo o canto do Vale da Escuridão. Eram proibidas pelos deuses de se casar ou lutar em guerras. Sua missão na Terra se limitava a servir, curar e ajudar aqueles que necessitavam. Eu sabia que Jaenna havia criado a filha para aquele destino, pois julgava ser o mais seguro. Diziam que as anciãs recebiam poderes dados pela mãe Gaia quando iniciavam seu propósito. Eu não sabia até onde isso era verdade. As anciãs não falavam. Não podiam falar. Elas apenas escutavam, assim como a floresta.
     - Como acha que seus pais estão nesse momento sem saber o seu paradeiro? - Perguntei com uma dureza necessária na voz.
    Cris olhou para a palma das mãos e suspirou novamente.
     - Deixei uma carta explicando. Minha mãe nunca irá me perdoar, mas se o papai não revirou cada canto dessa floresta até agora à minha procura, quer dizer que ele entendeu o meu recado.
     - E Walter? O que acha que o impedirá de arrastá-la de volta para casa?
     Ela sorriu de um jeito que me fez imaginar o que estava por vir antes que dissesse.
      - Você.
    Me levantei de súbito deixando bem claro que a ideia de entrar no meio dos seus conflitos familiares não era algo que eu almejava, no entanto, já havia muita participação minha em toda aquela história.
      - Não posso te ajudar dessa vez, Cris. - Umideci os lábios. Uma brisa fria soprava, deixando minha pele e garganta secas. - Vamos falar com o seu irmão. Não posso lidar com essa responsabilidade sozinha.
    Os olhos dela se arregalaram e em um instante, Crisella estava diante de mim segurando meus ombros.
     - Por favor, Anne... - À suplica lhe chegava aos olhos. - Eu amo Walter e entendo seus motivos para me proteger mas estou cansada disso... - E começou a chorar.
    Sem pestanejar, a abracei forte, notando o olhar de Kurt em nós duas, vigilante como um cão de guarda. Aparentemente ele estava levando aquele trabalho à sério.
     Ponto para ele.
     Os ombros de Cris tremeram enquanto soluçava por cerca de dez minutos até que se aquietasse e finalmente voltasse a me olhar nos olhos.
     - Sei que acredita que eu não possa ser útil. Que vou atrasar vocês ou algo do tipo, mas consigo aprender rápido, Anne. Só me dê a chance de tentar. Por favor... - fungou.
     Ela estava me pedindo algo que nunca lhe fora dado. E se eu concedesse aquilo à ela, me tornaria responsável por qualquer mal que a acontecesse, mas se negasse a oportunidade estaria sentenciado Cris a uma vida da qual ela nunca se orgulharia.
    Havia um impasse. Um impasse dos grandes e gostaria muito que outra pessoa, além de mim, pudesse tomar a decisão final.
    Uma parte minha sabia que se quisesse que Cris fosse embora, poderia mandar e ela obedeceria. A questão é que outra parte a entendia bem demais para fazer tal coisa.
    Antes que pudesse proferir uma palavra, Kurt apareceu ao meu lado e me olhou com pura solenidade antes de limpar a garganta e dizer com uma postura impecável :
     - Juro, Breanne Lookword, com a minha vida, proteger Crisella Pye de qualquer mal que possa lhe assolar durante nossa jornada.
     O olhei intensamente procurando por qualquer razão que o fizesse proclamar um juramento daquela forma. Não encontrei nada além de seriedade em seus olhos.
    Cris parecia tão surpresa quanto eu quando a avaliei. Ela o encarava como se o visse pela primeira vez.
    Pigarrei, dando uma última fitada no garoto alto parado ao meu lado como um general jovem demais, mas habilidoso.
      - Descanse, Crisella. - Falei olhando para seu sorriso hesitante. - Partiremos em algumas horas.
   

     Esperei que Cris se retirasse para sua tenda. Ela estava animada e ansiosa, mas tratei de lembrá-la que o que estávamos prestes a fazer não era nenhuma brincadeira.
    Quando notei a calmaria da barraca, imaginei que finalmente tivesse caído no sono.
     Me virei para Kurt.
     - O que foi aquilo? - Questionei com uma sutil aspereza na voz.
     Ele não pensou muito antes de responder a pergunta.
     - Sei o que é estar em um lugar onde você não se encaixa. - Seus pensamentos pareciam distantes agora. - Eu me sentia prisioneiro do sistema, Crisella se sente prisioneira da própria família. Acho que a liberdade que ela busca é a mesma que busquei quando deixei toda a minha vida antiga para trás e vim parar aqui.
    Minha mente criou automaticamente uma imagem de Kurt jogado na floresta. Deixado lá para morrer pelos Iluminados, pelo povo que jurou protegê-lo. O povo que seus pais serviam e confiavam.
     Tentei deixar explícito em meu semblante todo o respeito que tinha por sua história.
      - Sabe que no momento em que Walter descobrir você se tornará um inimigo, não sabe? - Apesar de ser verdade, tentei manter uma leveza ao tocar no assunto.
   Kurt sorriu como se fosse um desafio.
     - Sei bem com o quê estou lidando.
    Rimos por um momento. E por aqueles breves segundos pude fingir que o mundo não estava prestes à desmoronar sob nossas cabeças.
   
   

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