Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

12 - Sem Rastros (D)

   Donovan Batchelor

A cabana não passava de madeira podre e vigas caídas e mofadas. Não parecia seguro lá dentro. O cheiro também não era mais agradável do que o das estruturas da cidade abandonada.
    Poderia facilmente haver algum outro animal em seu interior. E visto a recente experiência com lobos, não sabia ao certo se teríamos sorte outra vez.
     - Vamos entrar aí? - Questionei torcendo o nariz, todos ignoraram  totalmente a pergunta.
    É, íamos mesmo entrar.
    Breanne foi quem deu o primeiro passo. Aquilo parecia ter algum valor sentimental para ela, caso contrário não estaria tão afetada. Sua respiração oscilava entre serenamente calma e extremamente rápida. Procurava manter a postura, percebi.
    Passei tanto tempo observando as pessoas que as vezes me pegava vendo  coisas que ninguém mais via.
   Antes que Breanne pudesse avançar, Iron se postou à sua frente, impedindo que continuasse.
      - Se isso aqui cair em cima de você, vão ser cinquenta quilos de ossos frágeis esmagados no chão. - Disse. - Mas bem... Se cair em mim, fará apenas uma poeira danada.
     De onde estava não consegui ver sua expressão mas pela forma como os punhos se fecharam, ela não gostou muito de ceder, no entanto, deu alguns passos para trás, retornando para o lugar ao lado de Walter que lhe apertou o ombro em um gesto solidário.
    À minha esquerda, Trevor se inclinou e sorriu tomando minha atenção.
     - Foi legal o que fez com os lobos. - Dei de ombros esboçando um curto sorriso de agradecimento.
    Entre todos ali, Trevor era o que menos se encaixava. De alguma forma me lembrava um dos filhos da luz. Não parecia ser um guerreiro, e duvidava que sequer soubesse lutar. Gostava dele pois sempre me lembrava que existem armas muito maiores, o conhecimento é a prova disso.
     - Posso te perguntar uma coisa? - Indagou.
     Assenti esperando que prosseguisse.
      - Por quê queria vir até aqui?
     Engraçadamente ele era a primeira pessoa que questionava aquilo. Cocei a cabeça pensando em algo que não soasse completamente estúpido.
     - Queria conversar. Pedir para que consertassem seja lá o que tivessem dessintonizado. - Respondi.
     Trevor exibia uma expressão de compreensão que fez com que eu me sentisse confortável.
    - Se for realmente isso, sr. Batchelor, se suas intenções forem realmente puras, tudo ficará bem no final.
     E naquele momento Iron entrou na cabana, pisando duro com o intuito de testar se ela nos suportaria.
      Trevor já não olhava mais para mim mas sua fala otimista me lembrava um pouco a minha própria no departamento, quando todos riram de mim por acreditar que tudo pudesse ser melhor.
     - Parece aguentar. - Iron anunciou  pressionando as botas contra o chão.
     Todos se calaram, olhando atentamente para Iron e Walter que estavam postos sobre as tábuas podres do casebre.
     - Primeiro preciso saber quais são as dúvidas de vocês quanto ao que faremos. - A muralha de ossos cruzou os braços atrás do corpo esperando que sua legião se manifestasse.
     Alguém levantou o braço.
     - O que exatamente faremos? - Uma voz feminina inquiriu.
     Walter se apressou para responder a grande questão.
      - Bem aqui existe uma passagem que nos levará à Taberna do Demônio, um bar que atualmente não está mais em funcionamento. - Fez uma pequena pausa, como se esperasse algum questionamento, não houve nenhum. - Bem, um grupo irá acompanhar Donovan Batchelor que vai conseguir roupas para que o resto de nós possa entrar sem chamar atenção.
   "Existem armamentos escondidos na própria Taberna e os usaremos para entrar em Dawn Village. Quando entrarmos marcharemos até o grande departamento geral e exigiremos explicações plausíveis.
   A forma como Iron disse "exigiremos" não me passou despercebida. Haveria violência.
   Respirei fundo. Aquilo me fazia cúmplice e não tinha ideia de que maneira explicaria isso ao Sistema. Precisava virar o jogo a nosso favor o mais rápido possível.
     Nunca havia sido muito bom em planejamentos rápidos, por isso sempre começava meu trabalho com antecedência. Naquele caso, sentia que não possuía aquele tempo do qual tanto precisava. A sensação de inércia me consumia de forma implacável e cruel.
    - Estão deixando que o próprio povo pereça! O que farão com a gente? - perguntou uma voz feminina no meio da multidão.
    Breanne avançou um passo para a frente para que se tornasse visível entre as duas tochas.
    - Posso oferecer treinamento a vocês durante esses poucos dias. Sei que a maioria já possui porque não se pode sobreviver ao vale das sombras sem que tenha preparo, mas há muito tempo não enfrentamos uma ameaça desse nível. Sei que podem estar precisando... desenferrujar.
    As pessoas concordaram e percebi alguns olhares masculinos desconfiados. Pareciam céticos em relação às habilidades de Bree.
    - Quando todos entrarmos, vamos nos equipar com armamento. - Walter continuou repetindo o que já sabíamos - Não será tolerada violência gratuita, portanto atirar sem que atirem na gente está fora de cogitação. - E foi bem firme quanto a isso. - Lembrem-se, não estamos lá para começar uma guerra. Estamos indo para evitar uma.
     Pela primeira vez admirei Walter, embora não acreditasse em seu discurso senti uma leve pontada de inveja pela coragem e bravura. Ele era um líder, alguém que eu jamais seria.
   Mais alguém levantou a mão. Não era fácil enxergar os rostos no escuro.
      Iron tomou a palavra. Sua voz era um trovão :
      - Batchelor nos ensinará a usar as armas. - Levantei as sobrancelhas surpreso. Não tinha concordado com aquilo. - Tenho experiência com armamentos simples mas aquelas coisas do lado de lá... - Balançou a cabeça. - Não quero dispará-las. Porém se for preciso desejo saber como fazer direito. - Olhou pra mim ao dizer essa parte.
      - Por quê? - Dessa vez a pergunta partiu de mim.
     Um sorriso duro se formou nos lábios de Iron
    - Porque Batchelor, não sei se você percebeu mas não está em uma colônia de férias.
     Agora todos olhavam em minha direção como se esperassem que eu retrucasse. Era o que eles sempre faziam, e eu não era um deles mas uma ideia passou pela minha cabeça e dei um passo à frente juntando toda a coragem que consegui para parecer firme :
     - Ensino vocês a manejar as armas se Bree me ensinar táticas de combate.
      Algumas pessoas riram mas não me importei. Breanne, no entanto arqueou uma sobrancelha, um tanto surpresa, um tanto curiosa.
     - E por quê eu faria tal coisa? - Perguntou cruzando os braços no peito e semicerrando os olhos.
    Sorri. Precisava começar a agir com a autoconfiança que eles emanavam.
    - Receia que eu me torne melhor que você? - A plateia soltou uma espécie de uivo.
     Pude jurar que os olhos de Breanne brilharam de ódio e... Algo mais.
     - Em três dias duvido que você já terá conseguido assumir uma posição de combate, Batchelor. Quem dirá desferir algum golpe.
     - Isso diz mais sobre a qualidade da professora do que sobre o aprendiz. - Falei. - Aparentemente você não é tão boa como se diz ser.
   Não precisava olhar para Walter pra saber que ele me dirigia um olhar mortal mas Breanne levantou o queixo torcendo o narizinho arrebitado e disse :
     - Você treinará comigo. - Sorri vitorioso apesar de uma parte minha saber que ela não pegaria leve nos treinos e que me faria pagar pela ousadia e despeito.
     - Iron. - Thalia chamou atraindo a atenção de todos e então gesticulou para onde eu estava. - O bracelete. Vão nos encontrar pelo bracelete dele.
     O Co-capitão assentiu.
     - Trevor e Kurt já estão cuidando disso, não é mesmo rapazes? - Trevor chegou um pouco mais perto da primeira fileira.
    Eles estavam?
      - Precisamos fazer os últimos ajustes. Estará pronto em questão de poucas horas. - Ele mantinha as mãos atrás das costas enquanto tentava equilibrar o tom de voz calmo, no entanto notei que fazia séries batendo com os dedos. Duas repetições de seis. Uma de quatro. Duas de três.
     - Façam os ajustes agora. Não podemos perder esse tempo. Pessoas estão morrendo e continuarão se não agirmos. - Walter tomou a palavra. - Onde está Kurt?
    Breanne que se encontrava próxima a mim se virou pra trás com um olhar preocupado, procurando Kurt em meio aos outros. Havia algo errado.
     Não os conhecia bem mas sabia que ela e o garoto não eram exatamente amigos. Breanne na verdade, não parecia ser amiga de ninguém ali. Talvez nem mesmo de Walter.
      - Estou aqui! - Se pronunciou atravessando a multidão.
    Sua aparição repentina desanuviou a sombra que se formava nas íris tempestuosas da mulher.
      - Ótimo. - Iron respondeu. - Blayde, Gordon, Matt e Thalia, montem algumas tendas.
      - Não estamos de partida? - Thalia perguntou como se já não entendesse mais nada.
      - O primeiro grupo sai em algumas horas. Imagino que alguns gostarão de aproveitar o tempo para se preparar. - Explicou, Iron. - Tudo ficará mais claro em breve. Por ora só faça o que mandei.
   Senti de longe a fúria de seus olhos que eram de um azul gelo cortante. As tochas os iluminava deixando-os quase etéreos.
   Thalia e os mencionados começaram a erguer acampamento.
     - Você vem com a gente. - Kurt apareceu ao meu lado me puxando pelo cotovelo até o outro lado. Trevor nos seguindo logo atrás.
     - Vamos servir um assado dentro de alguns minutos. - Walter anunciou, a voz já distante conforme nos afastávamos. - Aproveitem esse tempo livre para descansarem... Vocês aí atrás da árvore, parem com isso, gastem energia com algo que possa salvar nossas vidas! E por tudo o que é mais sagrado, sejam mais discretos! - Bradou com alguém. Provavelmente um casal atrevido.
    Kurt riu ainda segurando meu cotovelo.
     - Queria eu ter a glória de uma boa transa. - Suspirou com ar sonhador.
     Acabei rindo também.
     - Isso não parece ser um problema pra você. - Comentei observando a feição proporcional e o cabelo caramelo. Ele fazia aquele tipo: "penso, logo conquisto". O perfil de homem que tinha uma certa popularidade e que deixava uma orla de corações partidos por onde quer que passasse.
    - E claro que não é um problema, Batchelor. - Me deu dois tapinhas no ombro, acompanhado por uma piscadela. - Mas no momento temos maiores preocupações, aliás, vou culpar os Iluminados por essa privação também. - Deixou claro.
      - Ah, claro! Não esqueça de mencionar quando estiver nos acusando. - Avisei em tom de brincadeira. - Diga : "Vocês são responsáveis por inibir minha ânsia carnal". - Fiz uma imitação patética de sua voz.
    Kurt revirou os olhos pra mim. Havíamos nos distanciado o bastante para as vozes próximas à cabana saírem abafadas. Trevor já nos alcançava com uma tocha quase maior que ele.
     - Calado você seria um Shakespeare da atualidade, Donovan. - A declaração me deixou curioso.
     - Pensei que Apagões não tivessem acesso à cultura literária antiga. - Até onde eu sabia, alguns tinham conhecimento histórico baseado em seus ancestrais, mas estava intrigado com relação a livros.
      - Nem todos têm. - Esclareceu - Durante o inverno, muitos costumam trocar calhamaços antigos por cobertores, roupas ou comida. - Não tinha passado pela minha cabeça como seria o inverno ali na floresta. A chuva era gelada e tóxica, muitas famílias deviam morrer em decorrência da estação. - Mas não foi no Vale da Escuridão que li a respeito de Shakespeare. - Kurt completou.
    Esperei que continuasse. Agora havíamos parado em cima de uma pedra bem grande, alguns equipamentos estavam postos na parte superior de um pano.
      - Nasci em Dawn Village. - Minha expressão deve ter sido impagável pois ele soltou um suspiro como se dissesse "É uma longa história". Mas como era possível? Deixaria para perguntar outra hora já que Trevor me conduzia para um banquinho próximo à rocha.
     - Não posso deixar que o tirem. - Falei com a mão sobre meu Essencial.
     - Se fosse bem esperto, iria implorar para que tirassemos. Olhe só os números, se tirar, a contagem para. - Kurt referiu.
    Um pouquinho tentador... Mas se o tirasse, seria considerado um traidor, não me ouviriam quando eu retornasse. Me tornaria um Apagão.
    - Não se preocupe. Não sabemos como tirá-lo. - Trevor tranquilizou, o que pareceu deixar Kurt insatisfeito.
     - Então o que vão fazer? - Interpelei, sentado no banco de madeira verniz. O engenhoso do grupo se abaixou para pegar um dos apetrechos em cima do pano verde. Uma espécie de micro imã.
     - Vamos enganá-los dando uma falsa localização. - Trevor respondeu, se ajoelhando na pedra e puxando meu braço. - Se souberem que você está lá, vão saber que conseguimos passar.
     Prendeu o imã em um chip minúsculo e passando uma fita, fixou no bracelete.
    Kurt esquentava a lâmina de uma navalha com o esqueiro e em seguida a pressionou contra a parte de baixo da fita, grudando-a no meu Essencial.
      - Está dando certo, Trevor? - Questionou com uma certa apreensão, como se tivesse pressa para concluir logo o serviço.
    O garoto passava os dedos por um Tablet. Onde conseguia rede?
      - Estou instalando um VPN, ele vai aumentar a velocidade de streaming e conseguiremos alterar a localização.
   Virei meu pulso observando o imã prateado. Ainda estava quente, conclui depois de queimar a ponta de um dos dedos.
     - Como consegue conexão?
    Ele olhou pra mim por cima dos óculos de armação quadrada.
     - Construí um satélite. - Uau! Aquilo era realmente impressionante. - É um pouco lento mas funciona...
     - Tem noção do quanto isso é incrível? Você é uma espécie de gênio! - Nem em Dawn Village tínhamos alguém como Trevor. Ele poderia ser de extrema importância no Sistema.
    - Bem... Obrigado. - Esboçou um sorriso. - Sou apenas alguém movido a curiosidade.
     - O Blayde também, e olhe só a grande diferença entre vocês! - Meu comentário o fez rir.
    Kurt pigarreou de onde estava.
     - Vou deixá-los finalizando. - Sua ansiedade era evidente.
    Olhava em direção a fogueira com mais frequência do que o necessário, como se esperasse ver alguém.
   Parecendo notar que deixara transparecer bem mais do que devia, emendou :
    - Não durmo há alguns dias mas temo que se ficar aqui, me renderei ao sono diante do primeiro assunto tedioso abordado por Trev.
     Essa foi sua deixa. O acompanhei com os olhos até que ele se misturasse em meio ao movimento dos corpos no acampamento.
   Até que se tornasse uma das sombras em volta da fogueira.
     
    
    
   
    
  
     
   
    
    
      
     
    

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro