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Esperança

No andar de cima vimos que Thomas se encontrava abraçado a Diego, ainda chorando, e provavelmente já sabendo sobre o ocorrido. Diego assim que nos viu se levantou sabendo que Maria com seu jeito protetor iria querer ficar com o garoto um pouco.
    Eles ficaram juntos e chegaram a lembrar de uma família, certamente se nós sobrevivermos eles adotariam Thomas.
    - Como Alex está? - Diego perguntou me abraçando próximo a janela que eu olhava.
    - Tentando entender, se despedir, provavelmente inconformado - respondi sem vontade - E Thomas?
    - Assustado principalmente - ele respondeu - Seria bom ir embora logo, estamos a muito tempo parados e ficar aqui agora não seria muito confortável.
    Podemos deixar eles descansarem e arrumar as coisas a noite.
    - Essa seria uma boa ideia - ele respondeu.
- Vamos fazer isso então,
assim que nós nos reunirmos e decidirmos sobre o que fazer com o corpo da Nicole.
    E depois disso vamos deixá-los descansar um pouco enquanto nós arrumamos a casa.
    - Creio que agora seria melhor seguirmos em um carro só - ele acrescentou.
    Nesse momento então Maria se desfez do abraço e foi em direção ao guarda-roupa espelhado as peças que encontrava.
    - O que você está procurando? falou Pedro.
    - Algo para podermos colocar o corpo - respondeu para ele - Pensei que poderíamos enterrar.
    Há um grande Jardim na casa vizinha.
    - Não deve ser uma boa ideia ficar tanto tempo lá fora - respondeu Diego.
- Então o que devemos fazer? Manter o corpo em casa? - ela perguntou.
    - Vamos então logo - disse Alex aparecendo pela porta -Estávamos planejando isso há algum tempo mesmo.
    Já estamos há muito tempo no mesmo lugar. Vamos cobrir o corpo e o jogamos no litoral.
    - E você tem certeza que ficaria bem se fossemos agora?
    - Vamos ficar bem.
    Também não sei se seria bom para nós continuarmos na sua casa.
    Concordamos então começamos a fazer os preparativos para nossa nova viagem.
Alex passou algum tempo no quarto com Thomas, enquanto Pedro e Maria cobriam o corpo de Nicole com os lençóis.
    Eu e o Diego ficamos responsáveis por arrumar os carros.
    A sensação de estar fugindo mais uma vez era repugnante. Como se fôssemos criminosos se vivêssemos em uma constante fuga dia após dia sem destino.
E cada vez que fugimos encontramos cada vez menos sinais de vida.
    Era claro que nosso mundo estava sendo devastado rapidamente e provavelmente logo chegaria a nossa vez.
    Diego achou que seria melhor que ele dirigisse  enquanto Pedro pudesse descansar um pouco juntamente com o Alex e Maria. Thomas apenas esperava quieto.
Eu ocupei o lugar do passageiro para vigiar e atirar.
    Fomos andar confortavelmente na estrada por 15 minutos até que o barulho começou a chamar a atenção das Sombras que começaram a nos perseguir.
    Diego acelerou ao mesmo tempo que Pedro iria se colocar a postos também armado preparado para o caso de precisar ajudar.
    Há pouco mais de uma hora do litoral, mais delas começaram a aparecer.
    Não havia como acelerar mais e eles estavam cada vez mais próximos. Evitei atirar ao máximo pois nosso estoque de balas deveria ser guardado para os últimos momentos para tentar chegar em segurança. Diego se esforçava ao máximo tentando fazer com que o carro fizesse mais do que seria possível. Logo foi necessário começar a atirar.
    Assim que chegamos à costa Diego andou praticamente em direção ao mar mantendo as
rodas até o limite aceitável sem causar danos ao carro.
Então esperamos pacientemente para ver o que aconteceria.
    Percebendo que de alguma maneira as sombras não chegavam perto do mar esperamos mais alguns minutos parados cautelosamente.
    Pedro abriu a porta do seu lado indo para fora do carro já com os pés no mar, chegou a chamar mas nada chegava perto. E aos poucos elas se afastaram e foram embora.
    Um misto de alívio e felicidade pôde preencher um pouco do que havia sido estilhaçado dentro de nós.
    Um pouco de tudo aquilo que tínhamos perdido em tão pouco tempo poderia agora estar se recuperando com um pequeno fio de esperança que foi descoberto neste momento.
Cuidadosamente o corpo de Nicole foi retirado no carro.
Achamos que um pouco de solidariedade e humanidade nos caberia muito bem nesse momento. Era uma amiga, era nossa amiga mas neste momento representava muito mais do que isso.
    Era todos aqueles que perdemos, eram os pais do Diego, era Sam, eram as pessoas que vimos morrer na nossa frente, eram todas as vidas que se foram em tão pouco tempo. Era uma era velha se despedindo e o desconhecido começando.
    Alex era certamente quem mais se preocupava em fazer uma despedida digna para Nicole. Era período de alto sol na praia e não tínhamos ornamentos usuais de um velório como velas ou um caixão, mas seu corpo foi estendido na areia de uma maneira que parecesse que ela estava apenas em um sono profundo. A planície trazia próximo ao mar algumas plantas que cobriam as pedras próximas da água seguindo até o final da orla. Neste espaço Alex colheu pequenas flores que desabrocham ali, juntamente com plantas que ele torcia formando um pequeno arco que colocou na cabeça de Nicole.
Passamos um tempo ao seu lado, velando o seu corpo, refletindo e esperando por algo melhor. Alex foi quem levou mais tempo para se despedir. Não sabíamos como proceder, alguns de nós fizemos breves orações.
    Ao passar de algum tempo os rapazes levaram o corpo de Nicole até o mar, quando a água estava próximo acima de seus troncos eles a soltaram, empurrando-a delicadamente seguindo o caminho das ondas.
Ainda passamos alguns minutos olhando ela indo embora até que seu corpo sumisse. Após isso voltamos aos nossos lugares assumindo uma posição silenciosa e de reflexão. precisávamos decidir o que faríamos então.
    - Aparentemente eles não nos seguem no litoral, pelo menos não muito próximos, talvez tenha a ver com a água, podemos continuar nosso caminho um pouco mais e ver se conseguimos achar alguma praia que tenha um barco, qualquer veículo aquático para fugirmos, será mais fácil sair daqui se atravessarmos para outro país - Pedro disse.
    - O que te faz ter certeza que eles não irão nos seguir na água? - Maria perguntou.
    - Não tenho certeza, mas estamos aqui, fizemos barulho e nada se aproximou, e de qualquer maneira continuar de carro representaria um risco maior já que ele pode apresentar problemas no caminho.
    - E não teríamos problemas na água? - ela insiste.
    - Pelo menos se pararmos seremos só nós e não algo nos perseguindo - eu respondi concordando com a ideia de Pedro que me fazia muito sentido.
    - E por acaso algum de nós sabe pilotar um barco ou algo parecido - Alex perguntou se juntando a nós.
    - Eu tenho uma vasta experiência de um dia pilotando uma lancha - Diego disse me fazendo sorrir um pouco.
    - Quanta experiência, agora me sinto segura - Maria disse irônica.
- É o que eu posso oferecer, mas não é nada muito difícil, podemos tentar ao menos ver como vão as coisas - Diego respondeu.
    - Vale a pena tentar, não temos mais outros planos mesmo, e voltar não é uma opção - Alex também concordou.
    - E para onde iríamos? - perguntei.
    - Temos a opção de Porto, pelo menos sabemos que haverão barcos lá - Diego sugeriu.
- Temos Newport também, mas creio que o porto realmente deve ter mais chances de ainda ter barcos atracados, além de mais opções - Pedro concordou.
    - Então nossa caminhada para o sul nos leva a um retorno? - Alex perguntou.
    - Se for um retorno sem ninguém nos seguindo já estarei satisfeita - Maria respondeu.
    - Podíamos tentar comer algo diferente agora já que temos uma opção não condimentada - sugeri e eles me olharam rindo - Eu disse algo engraçado?
- Você acha que vai pegar um pedaço de madeira e conseguir fazer uma lança decente, e ainda depois disso ter mira e prática para acertar um peixe? - Pedro riu de mim - Eu conheço sua pontaria.
    - Eu acredito que nós juntos poderíamos,e de qualquer maneira era pra tentar pescar com uma rede improvisada, temos coisas para fazer isso - respondi.
    - Sempre ouvi propagandas de barcos e excursões de pesca nesse lugar, deve ser possível - Alex concordou comigo.
    - Pelo menos alguém concorda comigo - respondi.
    - Também achamos que é possível, apenas é engraçado que você tente fazer isso, conhecemos você, sabemos que não tem pontaria - Diego disse me abraçando.
    - Podemos decidir isso na prática, Simone e Alex se juntam para pescar enquanto Pedro e Diego também tentam, quem trouxer um antes vence - Maria disse.
    - E você faz o que? - Pedro perguntou.
- Caso algum de vocês consiga eu preparo ele para comermos, Thomás me ajudará.
    Assim que concordamos com sua ideia fomos pegar equipamentos no carro. Pedro e Alex tentavam seguir a ideia que eles tinham sobre fazer uma lança, usavam as facas que trouxemos para cortar um pedaço de galho que estava jogado na praia. O trabalho parecia bem feito, mas apesar de tudo acho que teriam menos sucesso usando a arma que estavam tentando fabricar.
    Por outro lado Alex que concordava comigo achou que fazer uma rede poderia ser mais fácil, porque saberíamos como manipular ela na água.
    Usando algumas cordas que trouxemos e alguma habilidade em fazer tranças, eu fiz uma sequência de emaranhados que poderiam ser suficiente para segurar um peixe não muito grande.
    O trançado permitia que houvesse um espaçamento entre as cordas e nas pontas Alex me ajudou fazendo nós para que houvesse mais corda nesses pontos para que pudéssemos segurar a nossa rede improvisada e depois puxá-la assim que houvesse peixes dentro.
Como nosso trabalho era um tanto quanto artesanal pela produção da rede, demoramos um pouco mais do que os meninos, e os observamos de perto enquanto começavam a ir para a água pensando em como atirar, assim que eles começaram eu pude perceber que até com nossas mãos apenas seria mais fácil pescar, pois eles não conseguiam acertar nenhum peixe, e o impacto da lança na água causava uma fuga rápida dos peixes para outra direção.
Foi incrível ver o esboço de uma risada no rosto de Alex, mas ficamos mais felizes ainda quando a nossa rede deu certo, e conseguimos pegar um peixe primeiro. Claro, este ato teve que ser refeito por diversas vezes já que só conseguimos peixes com no máximo um palmo, e precisaríamos de muito mais para uma refeição decente.
Mas Maria vendo que tinha dado bons resultados foi com Thomas acender uma pequena fogueira para assarmos os peixes.
Enquanto acabávamos de pescar, nos juntamos e Pedro e Diego acabam nos ajudando. Um tempo depois eu peguei a lança deles para tentar atirar uma vez ao menos e ver se eu seria realmente um desperdício tão grande assim. Diego veio do meu lado para me ajudar, e tentou me ensinar como fazer.
-Você realmente acha que eu vou ouvir seus conselhos sendo que vocês não conseguiram pegar nada? - perguntei a ele.
- Admita, você também não sabe como fazer isso - ele retrucou.
     - Assim como você também não, então eu vou tentar apenas uma vez e sozinha - disse atirando a lança que nem ao menos caiu de pé perfurando a areia, indo totalmente deitada para a água enquanto Diego ria alto de mim. Eu apenas ri junto e tentei dar uma desculpa qualquer.
- Diego, você me atrapalhou, eu estava concentrada até você chegar - eu disse e ele só me abraçou e me beijou rindo ainda.
- Vocês são um lindo casal, mas que tal me ajudarem agora? - Maria nos perguntou.
- Estamos indo - Diego respondeu e fomos até onde ela estava com Thomas para ajudá-la a limpar algum espaço para que pudéssemos colocar os peixes já assados.
Comemos quando era tarde já e ficamos conversando por um tempo, tentamos relembrar algumas músicas, notei que fazia dias que não cantava nem ouvia nada, para quem praticamente viveria de música alguns dias antes isso era realmente muito estranho, a lei do silêncio obrigatório quase me fez esquecer o quão bom era isso.
Pela noite procuramos nos revezar novamente, principalmente porque nesse momento não havia nenhum meio de nos proteger, estávamos totalmente desprovidos de uma casa ou qualquer abrigo para nos esconder.
Era perigoso correr de sombras escuras durante a madrugada, então assim que nasceu o sol, estávamos prontos para seguir viagem. Thomas, que estava exausto  dormiu mais do que os outros dois na noite passada, ainda estava triste pela perda de Nicole, mas acordou cedo e nos ajudou a arrumar o carro.
    As bagagens ficavam mudando de tamanho de acordo com as nossas necessidades, alguns alimentos estavam se acabando e as roupas começaram a ser deixadas conforme fomos perdendo pessoas.
A maioria do que tínhamos seria levado, demos atenção especial aos objetos como cordas, facas e qualquer coisa que pudesse ser usada a nosso favor para alguma eventualidade.
    Entramos no carro, Diego foi a frente com Pedro, eu Maria e Alex atrás, Thomas estava no colo de Maria ainda um pouco cansado apesar de mais animado agora.
    - Então, preparados para fugir de novo? - Perto perguntou colocando a chave no contato pronto para ligar o carro.
    - Não é como se houvesse outra opção - Maria respondeu.
    - Então vamos lá - ele ligou o carro e assim que o fez eu e Alex nos posicionamos virados para trás com armas prontas para nos defender. Mas dessa vez, felizmente, como previsto por Pedro eles não se aproximaram, nos dando certo alívio durante o trajeto.
    O caminho para o porto de Los Angeles era tranquilo e em sua maior parte retilíneo, facilitando o andar do carro, mas ainda assim era possível ver que chamávamos atenção das sombras mais uma vez, tentamos de diversas maneiras chegar o mais perto possível da orla, e elas em nenhum momento nos seguiam neste local. Tentamos então por outras vezes ir um pouco mais ao centro da estrada buscando uma melhor performance do veículo, porém neste ponto éramos sempre seguido de perto, então para evitar risco seguimos a opção anterior durante o resto do percurso.
O caminho nos faria passar pouco tempo na costa, mas os minutos poderiam se tornar algo maior do que o planejado, passar pela ponte do Rio Los Angeles foi uma parte complicada, elas sabiam que havia água embaixo mas não se importavam de nos acompanhar por cima, chegando muito próximas então o carro derrapou que uma maneira perigosa, quando sendo atirado ao rio. Estávamos assustados e Alex atirava com raiva nas sombras, Pedro já não tinha um controle perfeito do carro e algo atingiu o pneu traseiro do lado de Alex.
Thomas queria gritar e era calado por Maria, seguimos sem conseguir para o carro e correr para outro lugar durante mais alguns segundos, sabíamos que haveria uma nova ponte para atravessar mas não queríamos mais arriscar essa estrada, então Pedro decidiu contornar o caminho e descer pela costa para o porto de serviços, sabíamos que a chance de um pequeno veículo de passeio era menor aqui, mas preferimos não ir diretamente até conseguirmos afastar algumas delas.
O porto era em partes bem reservado e grande, mas apenas para um público específico, como foi fácil notar ele não nos proporciona um barco do modo que queríamos, então optamos por seguir, agora depois de ter atirado muitas vezes estávamos quase sós, e as poucas sombras que haviam ficado se mantinham mais distantes, era a hora certa que tínhamos para atravessar a ponte.
    Quando chegamos ao final da ponte o carro foi arremessado para o lado, Pedro perdeu o controle e o carro foi em direção a água, batendo em uma  das pilastras de segurança da ponte, de onde voltamos a ter controle do carro e correr mais, assim que estávamos perto da cidade litorânea onde havia locais onde poderíamos entrar uma sombra se aproximou ao lado onde Pedro estava sentado dirigindo, fazendo com que ele jogasse o carro para o outro lado, nos mandando atirar.
Conseguimos seguir com este plano até que nosso estoque de balas estava acabando e precisamos nos manter abrigados, paramos então próximos a alguns comércios pequenos que haviam nos arredores litorâneos a meio caminho do porto, o que nos ocuparia aproximadamente mais cinco minutos de carro pelo menos, assim que paramos descemos rapidamente, Diego ajudou primeiramente Maria e Thomas enquanto eu descia na frente deles, quando Pedro foi sair uma sombra se aproximou do carro, ele voltou para dentro do carro tentando sair pelo outro lado, mas não conseguiu, eu corri até ele mas ele apenas acelerou o carro, era sua única opção.
Pedro tentou correr o máximo que podia, mas estava sozinho e sem ter como lutar. Peguei a arma rapidamente e apontei em direção a elas, porém antes de conseguir atirar Diego me deteve.
-O que você está fazendo? Eles vão matar o Pedro - eu gritava me debatendo, Alex o ajudou a me segurar.
- Se você atirar pode atingir o carro, não podemos arriscar - Alex respondeu.
- Mas vão alcançá-lo, precisamos chamar sua atenção de alguma maneira - eu dizia chorando.
- Ele está fugindo, vamos atirar para o outro lado, ver se elas seguem o barulho - ele tirou a arma das minhas mãos e tentou fazê-lo ele mesmo, e as sombras começaram a se espalhar indo atrás dos sons altos.
Mais duas continuaram atrás de Pedro, íamos atirar de novo até que pudemos ver uma delas muito próxima. Os próximos minutos se passaram em câmera lenta, fazendo com que meu coração parasse para assistir a cena.
Não havia uma grande visão que permitisse dizer claramente o que ocorreu, mas logo após a aproximação da sombra o carro sofreu um leve desvio para a direita, onde havia outro carro estacionado, Pedro conseguiu desviar bem a tempo, porém a violência com que ele jogou o carro o levou quase de encontro a sombra, fazendo com que ele acelerasse e perdesse o controle da direção levando a um derramamento que virou o carro por duas vezes seguidas antes que ele explodisse.
Vazio.
Esse era o estado que definia o que eu estava sentindo agora. Diego tentava desesperadamente falar comigo mas eu me encontrava anestesiada, sem sentir nada, nada se movia ao meu redor, as palavras não saíam, era nada.
-Simone vamos entrar- Diego dizia.
Assim que eu percebi eles me empurrando contra um galpão eu me debati até me soltar e passei reto por eles entrando sozinha no local.
Diego me seguiu enquanto eu ia para os fundos do local, os outros se mantiveram à frente.
-Simone- ele me chamou.
- Não precisa vir atrás de mim Diego eu não preciso de você agora - eu dizia com raiva - Você não me deixou atirar eu podia ter acertado, você deixou ele morrer.
Ele abriu a boca para responder mas no final acabou não pronunciando nada além de um “sinto muito”, me deixando sozinha logo depois.
Eu sabia que não era verdade o que eu tinha dito, mas eu queria acreditar que havia um jeito de ter acabado bem, eu não conseguia aceitar o que havia acontecido. Eu estava transtornada e machucaria alguém caso se aproximasse.
Durante o resto do dia eu chorei tiras as lágrimas que havia guardado até agora, por mais que eu tivesse derramado algumas com Nicole, nada era igual ao que eu estava passando agora. Pela noite Maria entrou sem dizer uma palavra e deixou um pouco de água mas eu não me dei ao trabalho de olhar.
Mas algum tempo se passou até que Maria voltou.
    - Pelo menos beba água - ela disse me entregar no corpo - Vai te acalmar um pouco.
    Peguei o copo da mão dela e bebi alguns goles.
    Então você sentou do meu lado e começou a falar.
    - Sabe, eu acho que Pedro nunca deve ter comentado nada sobre mim, mas ele sempre foi um ótimo amigo.
    Quando estava no meu segundo ano, ele ainda tinha acabado de entrar.
    Como nossas casas sempre foram perto nós sempre estamos juntos e acabamos nos tornando bons amigos assim como Diego eu também.
    Na época eu tinha alguns problemas com o meu ex.
eu terminei e ele não conseguia aceitar muito bem a minha decisão.
    Numa sexta-feira à noite estávamos planejando fazer algo e eu estava esperando que Pedro e Diego chegassem na Sigma.
Meu ex então apareceu.
    Totalmente bêbado e alterado.
    Assim que eu abri a porta assustada ele começou a gritar e me fazendo ameaças.
    Eu não sei até hoje aquilo era real ou se era apenas o efeito da bebida eu não sei o que teria acontecido se ele tivesse feito tudo que ele me ameaçou mas eu sei que antes que ele pudesse fazer qualquer coisa Pedro chegou na Sigma.
    Ele me defendeu e bateu nele.Eu não tinha mais clima para ficar em casa nem para estar fazendo festa.
    Ele me levou para sair para não ficarmos perto deste lugar que eu não tenho.
Foi nesse fim de semana que nós dois sumimos. Pedro foi uma pessoa que cuidou de mim.
    Ele foi o melhor amigo que eu poderia ter tido - ela acabou seu monólogo
    Porque você está me contando isso agora? - eu perguntei a ela.
    - Porque você merece saber a pessoa maravilhosa que era o seu irmão. Você também tem uma pessoa maravilhosa cuidando de você, não desperdice isso. Eu perdi meu amigo. Você já perdeu o seu irmão. Não perca o seu amigo também. Diego está aqui ao lado caso você queira falar com ele - ela respondeu.
    -Obrigada - eu disse simplesmente.
    Assim que ela se levantou eu lembrei de chamá-lo novamente.
    - Maria - eu chamei ela me olhou curiosa - E o que houve com seu ex?
    - Ele nunca mais voltou.
    Assim que ela saiu eu percebi que não tinha chorado o suficiente, e as lágrimas me desfizeram por um pequeno período de tempo.
Eu chorei muito e quando percebi que certamente não iria parar tão cedo decidi ir da maneira que estava procurar por Diego.
    Assim que cheguei a frente do galpão onde ele se encontrava sentado em um canto, triste e reflexivo, sentei ao seu lado.
    Ele nada disse e apenas ficamos um ao lado do outro sem dizer por um tempo até que eu percebi que ele iria tentar falar algo mas eu não tive coragem de ouvi-lo ainda então falei primeiro.
    - Onde estão os outros? - perguntei vendo que o lugar parecia vazio.
    - Eles estão descobrindo o local, parece que há pequenos pontos corredores que ligam os galpões daqui, provavelmente são usados por quem trabalha no porto, devem armazenar cargas aqui - ele disse e eu concordei com a cabeça sem ter uma resposta.
    - Simone me desculpe eu ....
- Não - eu disse tomando a frente - Não me peça desculpas, eu quero somente que você consiga entender meu ponto de vista, eu sei que eu estava errada, me desculpe, não penso nada do que eu disse.
    - Eu não tinha como salvá-lo - ele disse abaixando a cabeça.
    - Eu sei, ninguém tinha como ajudar, eu não consegui aguentar isso sem surtar - eu disse e estava chorando novamente então ele me abraçou e ficamos assim um bom tempo até que adormecemos.
    Quando acordamos provavelmente já tinha se passado algum tempo, estávamos cobertos com alguns panos e deitados, eu não vi quando isso aconteceu, provavelmente Diego me deitou e apenas se encostou visto como eu estava deitada em seis braços.
    Assim que acordei estava assustada, por lembrar de tudo o que havia acontecido, eu olhava para todos calada e Diego me abraçou mais forte antes que eu derramasse algumas lágrimas solitárias que haviam restado.
        Era a primeira vez que eu acordava sem ter um irmão, totalmente só.  E era horrível.
    - Simone, você precisa se alimentar para podermos continuar, vamos tentar ir embora daqui e ir pra longe de tudo isso - Maria dizia tentando fazer eu me sentir melhor.
- Tudo bem - eu respondi automaticamente assim como tudo o que eu fiz nessa manhã.
    O tempo se passou devagar entre pegarmos as malas e sairmos dos galpões, tentamos andar a maior parte do tempo entre os corredores que mesmo abertos pareciam seguros.
    A outra parte final do caminho era rápida e poderia ser feita pela orla, o que nos poupou um grande esforço de ter que fugir, eu evitava olhar para o lado onde eu supus que estaria o carro, eu certamente não aguentaria ver as cinzas do que havia restado, se é que havia alguma coisa.
    Diego andou o tempo todo ao meu lado, e assim conseguimos finalmente chegar a uma praia onde havia barcos ainda ancorados.
    Chegar à praia foi feito através de um esforço maior do que o que deveria.
    As bagagens físicas eram poucas
mas o fardo do que estávamos carregando pensava como toneladas.
Estávamos carregando as mortes e destruições.
    Carregamos tristeza.
    Carregamos medo constante.
    Era possível perceber uma barreira física entre nós. Eles não passavam os seus limites, mas observavam e sentíamos o peso do seu olhar sobre nós a cada minuto.
Assim que o caminho começou a se tornar um pouco mais livre tomei liberdade de chegar a tirar os sapatos e ir andando pela água.
    Era a única coisa que me trazia paz nesse momento.
    O caminho que dava acesso ao deque onde estavam ancorados os barcos um pouco mais à frente.
    Embora houvesse muitos barcos nesse local as nossas opções se tornavam limitadas.
    O local era conhecido como porto onde atracavam grandes embarcações, então sabemos que a maioria está destinada para carregamento de cargas e não conseguiremos nem ao menos tirá-las de lá com poucas pessoas.
Os veículos pequenos que se encontravam lá poderiam ser escolhidos a dedo. Haviam alguns veículos de passeios como lanchas e Jet Ski, provavelmente pertencente aos moradores das proximidades.
    Alguns pequenos barcos com redes e instrumentos para pesca.
    Duas pequenas embarcações chamaram a atenção.
    - Vamos ver as embarcações para escolher as melhores - disse Alex.
    - Não seria mais fácil escolher alguma lancha?
    Deve ser mais simples de dirigir e um pouco menor - perguntou Maria.
    - Acho que seria um pouco arriscado pegar um veículo tão pequeno para atravessar o oceano - Alex respondeu.
    - Atravessar o oceano é uma expectativa grande demais para nós - eu falei.
- Podemos não atravessar o oceano inteiro, mas precisamos pelo menos ir um pouco longe do que essa costa, quem sabe até outro continente se possível - Diego respondeu.
    - Não é como se precisássemos atravessar para a Europa, até porque nós nem saberíamos fazer isso.
- Mas podemos percorrer o litoral seguindo de longe e vemos até onde conseguimos chegar, não precisamos nos afastar tanto assim - explicou Alex.
    - Até porque eventualmente precisaremos de mais Alimentos. Seria necessário voltar à Terra esporadicamente - Maria também argumentou.
    - Vamos dar uma olhada nesses dois então. Checamos sua estrutura por fora e o que ele pode oferecer por dentro para a gente escolher o melhor - Diego sugeriu.
    - Vamos ver tudo de qualquer forma - Alex disse indo a frente para entrar no primeiro.
    Entramos todos então na primeira embarcação vasculhando cada parte de sua estrutura percorrendo os corredores pequenos mas suficientes para um grupo agora pequeno como o nosso.
Tomás estava encantado e nós também.
Ele parecia suficiente para aguentar o caminho que faríamos. É confortável o suficiente para nós oferecer melhores condições do que o que temos agora.
    Assim como o primeiro, o segundo também foi explorado. As embarcações eram um pouco parecidas em seu interior. Mas seu exterior tinha uma cabine mais elevada e com uma visão melhor. O que nos fez optar por este. Parecia também mais fácil de manusear.
    Praticamente sem experiência alguma demoramos um certo tempo para conseguir movimentar o barco de maneira segura e tirá-lo de onde estava ancorados sem nenhum dano.
    Diego permaneceu à frente do comando. E então nós seguimos.
    Então estilhaçamos.
    De uma forma que nem sabíamos que seria possível desabar.
Estávamos perdendo aos poucos nosso mundo vendo tudo ser destruído diante dos nossos olhos.
    Tudo numa mistura de caos e esperança que se levantava.
    E então não havia mais um plano.
    Sabíamos onde poderíamos estar com segurança. Mas até onde conseguiremos isso?
    Não era como se estivéssemos preparados para isso ou tivéssemos qualquer habilidade para.
    Aqui na costa nós não encontramos nada  sofisticado, apenas pequenos barcos de pescadores ancorados próximos a superfície.
Não era esse também o final que desejávamos. Não havia um digno estoque de comida ou de roupas.
    Era só o que nos tinha restado.
    Somente isso.
    Sem pressa carregamos nossas coisas para o barco.
    Então seguimos um curso.
Sem mapa ou bússolas. Sem destino.
Sem um plano.
Esperando que um amanhã seja melhor do que eu agora.
Esperando por alguma misericórdia divina.
Aguardando apenas pelo amanhã.

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