Infernos, Eleu!
O Irlan sempre deixava as manhãs mais preguiçosas. O estômago embrulhando, a pálpebra pesada...
–Imediato, onde está o meu chapéu?
O silêncio durou apenas um por um instante.
–Já olhou embaixo da sua bunda? – Respondeu a voz de Eleu.
–Me respeita, garoto. – Sollis tentou ser ranzinza, mas riu.
– É difícil. – Eleu saiu de sob as mantas. – Muito difícil. – Com o rosto pintado de sol Eleu ficava ainda mais bonito. Beijou-o.
– Vá buscar um pouco de pão, irlan e o balde de cagar. Depois diga à Amadeu que...
– Sollis, precisamos falar...
– Agora não, moleque. Vamos deixar Bernardo pensar por mais um tempo e aí,se ele recusar mesmo então a gente vê o que faz.
O imediato bufando aborrecido era o som que mais andara ouvindo ultimamente, talvez por isso se habituara e aquilo já não o irritava tanto.
– Senhor?– A madeira gasta sacudia as dobradiças sob os punhos velhos de Miro. – Senhor! Rápido!
–Entra, criatura.
O Mestre de Velas obedeceu. E por um instante ficou apenas ali, em silêncio,olhando de Eleu para o seu capitão, uma touca de pano sendo nervosamente retorcida entre suas mãos e a boca coberta de barba grisalha entreaberta pela insegurança.
–Fala logo, demônio! Já viu Eleu aqui antes, não se faça de surpreso.
–Não é isso, senhor.
–Então o quê?
–Bernardo...
O efeito do irlan passou tão rápido quanto uma estrela cadente.
–Ele não...? Onde ele está?
–Ninguém sabe, senhor. Achamos que...
–Merda!
Que merda!Por que ele tinha que fugir sempre? Não podia simplesmente se sentar como uma pessoa normal e explicar os seus motivos? Pensara que Bernardo era um igual. Um pirata, um homem do mar. Que tinha sido feito para a liberdade e preparado para tudo, mas cada vez mais a razão de Eleu saltava ás vistas.
Bernado era um covarde! Um padre mesmo. Um filho de uma cadela que...Pela Sícy, tinha que queimar nos infernos!
–Senhor?
–O que que é, Eleu? – Refreou o punho que ergueu num impulso.
– Não desconte em mim! Eu só ia...
– Argh...É que ele me deixa louco de raiva! O que custava dizer que queria voltar? Eu poderia deixá-lo na Bansília! Ficaria seguro, talvez com um pouco de ouro para garantir sua....
– Eu disse pra você. Bernardo não é como nós. E você pode ir, Miro. Mande Amadeu trazer as cartas náuticas.
Mas Miro não se moveu. Parecia não ter terminado de dizer a coisa toda porque o pano remendado continuava sendo retorcido pelas suas mãos.
– O que é agora? – Insistiu o capitão, mas o outro hesitou ainda uns instantes, obrigando-o a gritar. – Fale de uma vez!
– A Marinha, senhor. Estão...
– O que? –Por algum motivo Eleu ficou de pé num salto e depressa começou a procurar sua faca.
– A que distância?
– Rato Maluco viu os espelhos no leste, mas o senhor sabe, aqueles coisas não são como o Gregórium. Eles parecem que têm força própria,cortam o mar como sardinhas.
– Os arrumadinhos da Imperatriz... O que eles podem querer? –Por anos se mantivera longe das tropas de prata, não seria capturado agora. – Eleu, eu o quero nos canhões.
–Mas senhor...
–Os canhões, Eleu!
–Não. Eu vou para o convés com você, Sollis.
–Garoto, eu disse CANHÕES!
–NÃO!
–Infernos, Eleu! – Cuspiu-lhe
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro