13) Novos horizontes
Dias se passaram e Carl já havia melhorado, depois do acidente ele mudou, não nos falamos desde que acordou, nunca fiquei tão ansiosa, pensei que algo tivesse acontecido com seu cérebro e que tivesse afetado sua capacidade mental de se comunicar, mas não, por mais que tenha levado semanas para se recuperar ele só não queria falar comigo. Eu me perguntei todos os dias depois daquele se havia feito algo para ele.
Alexandria parecia estar voltando ao que era, com exceção das perdas, Rick realmente gostava de Jessie mas o fato de Ron ter atirado em seu filho dificultou tudo, bom, agora não fazia diferença, todos morreram.
[...]
Faziam três dias, Carl ainda estava inconsciente, limpei a bancada ao lado de sua cama e deixei um copo de água, trocava todos os dias, caso fosse o dia que ele acordaria. Ajeitei seus cabelos e deixei um beijo em sua testa implorando para que acordasse logo, fazia isso todos os dias no fim de tarde, Rick entrou no quarto.
— Obrigado por tudo. — Agradeceu, apenas assenti.
Deixei o quarto e sentei-me no sofá ao lado, alcancei meu livro e continuei a leitura. Rick saiu do quarto, sorrindo feito bobo, ele segurou meu ombro sabia o que isso queria dizer. Corri até o quarto, Carl estava sentado, o abracei forte.
— Cuidado — Rick disse e riu, afastei-me. — Vou chamar Denise.
— Carl? Se sente melhor? Eu fiquei tão preocupada...
— Você está péssima — disse depois de muito silêncio, ambos rimos, respirei aliviada, pensei que algo estivesse errado.
Denise voltou, ela verificou como ele se sentia, não tinha febre e parecia bem, só um pouco faminto. A loira foi em direção dele para retirar a faixa que cobria seus olhos, quando retirou, tive visão do machucado, tentei não ficar surpresa mas conseguíamos ver dentro da cabeça dele. Carl ficou envergonhado, ele pareceu chocado ao ver o ferimento através do espelho.
— Quero que repouse. Ainda não cicatrizou completamente, e quando sair, precisa voltar aqui uma vez ao dia para trocar o curativo. — Ele concordou, Rick estava ao lado ouvindo tudo.
Assim que saiu Rick foi logo atrás, sentei-me ao lado de Carl.
— Todos voltaram sabia? Ab, Glenn, Maggie, até Enid. — Ele assentiu, ainda estava surpreso com seu ferimento.
— E o Ron? — Perguntou, ao menos se lembrava do que aconteceu.
— Ele morreu. Todos eles, Jessie, Sam... — Ele era tão jovem, fiquei triste por ele.
[...]
— Garota, estou saindo, Denise pediu ajuda na enfermaria! — Ab avisou, vesti minhas botas e saí do quarto. — Daryl e Rick vão buscar suprimentos se precisar de algo.
Assenti, desci as escadas rapidamente, procurei pelo meu toca fitas, Eugene havia me ensinado a usar. Me disse que era um conversor, e usou algumas outras palavras mais difíceis. Não estava encontrando, praguejei e corri para alcançar Daryl à tempo, Ab estava de vigia, ele havia pego o meu toca fitas, ao menos não havia perdido.
— Ei Daryl! — Chamei, ele estava limpando a besta. — Consegue encontrar algo para mim, se não for demais?
— O que você quer pirralha? — Perguntou, ele devia adorar o apelido, sempre o fazia sorrir.
— Pode procurar fitas novas? Por favor... eu não aguento mais escutar a mesma playlist. — Ele soltou uma risada pelo nariz e encarou o chão, podia jurar que estava segurando um sorriso. — E doces!
Ele concordou já de costas para mim, ao lado de Rick, estava indo para a enfermaria quando avistei Carl e Enid, ótimo, primeiro ele diz que me ama e depois foge com outra garota, de repente me senti a garota mais idiota em toda a Alexandria.
[...]
Carl estava me ignorando, eu devo ter dito algo oara ele na enfermaria, mas não mencionei nada demais, se não estivesse machucado lhe daria um belo soco. Certo, se ele não vai falar comigo, eu mesma vou fazer com que fale. Fui até sua casa em passos fortes e irritados, estava sem paciência, ele estava em seu quarto lendo gibis.
— Vamos conversar. — Exigi, Carl deu de ombros, indiferente. — Certo, por que está me ignorando? Disse algo errado? Te fiz algo? Porque você me deu gelo o suficiente pra fazer uma limonada.
Que merda, lembrei dos trocadilhos idiotas de Glenn. Ele largou o gibi e encarou o chão.
— Eu não... não quero mais te ver.
— O que? Que merda você ta falando? — Recuei, surpresa com o pedido. Ele continuou calado.
— Eu sinto que... perdi uma parte de mim. Você viu, o jeito que me olhou.
— Qual é Carl, acha que me apaixonei por você por causa dos seus olhos? — Ele continuou quieto, concordei com seu silêncio. — Esta bem, se é o que você quer.
Como Daryl me dissera uma vez, deixar que te vejam demais, é a fraqueza e Carl já sabia muito de mim. Ele precisava do seu tempo, e se isso fosse um problema então não queria força-lo a fazer nada que o deixasse desconfortável.
[...]
Quando entrei na enfermaria, Denise e Tara estavam aos beijos, fingi tossir e elas se afastaram.
— Desculpe, não queria atrapalhar. — Disse meio envergonhada, estava corada.
— O-oi Trinity. — Tara acenou, retribui.
Ela deixou a namorada, Denise começou a repor uma caixa de remédios da busca de suprimentos, não era muito mas levava tempo fazer algo tão organizado.
— Triny, eu terminei aqui, pode cuidar da enfermaria por algumas horinhas? — Perguntou, concordei. — Deixei uma lista de coisas que você pode fazer naquela mesa!
Ela saiu antes que pudesse ler os itens na lista, haviam coisas como limpar, organizar, aplicar injeção de insulina e...
— Trocar o curativo do Carl? Só pode estar brincando. — Ri, Denise havia armado para mim.
Peguejei diversas vezes enquanto fazia as tarefas, Maggie bateu na porta chamando minha atenção.
— Vim pegar o remédio para o bebê. — Disse, ela estava feliz. E eu estava ainda mais por ela.
Fui até a prateleira, havia um com bilhete e o nome dela, alcancei e entreguei.
— Aqui está. — Respondi.
— Obrigada. Como está indo? — Perguntou sobre meu novo trabalho.
— Acho que aprendi muito em pouco tempo, espero poder ajudar todos.
— Confiaria em você no meu parto. — Disse dando-me ainda mais esperança.
— É sério? Maggie eu... eu adoraria estar com você nesse momento.
Ela sorriu, precisava ir, tinha muito o que fazer naquele fim de tarde. Estava rabiscando um pouco em meu caderno de notas, Enid bateu na porta.
— Oi. — Ela disse, fiquei confusa, pensei que Carl estivesse com ela.
—
Tudo bem? — Perguntei, ela assentiu. — O Carl está bem?
— O bobão de sempre — respondeu, gargalhei.
— Acha que ele vai me deixar fazer isso? — Mostrei-lhe a lista, ela negou e ambas rimos novamente. — Bom, espero que ele esqueça de vir aqui.
— Quer ajuda com algo? — Perguntou olhando em volta.
— Não, tudo bem, dou conta.
Ela concordou, finalizei quase todos os itens da lista, estava ficando ansiosa e Carl não chegava logo. Quando ouvi outra vez a porta bater, para minha sorte, era Denise. Respirei aliviada, ela me liberou de minhas tarefas, estava saindo da enfermaria quando esbarrei no garoto, não esperei que dissesse nada, apenas continuei.
Era tarde e estava morrendo de fome, depois do jantar tomei um banho quente e sentei-me na varanda, queria ouvir as músicas novas que Daryl havia me trazido.
— Tudo bem? — Rô chamou minha atenção da porta. Apenas concordei. — Não vá dormir tarde!
Fiz sinal de sim com a mão, Abraham saiu de casa, faria o turno da noite hoje.
— Quer ir comigo? — Perguntou, por que não? Levantei e caminhei com ele.
— Vocês! Preciso de ajuda! — Denise chamou, corremos até ela.
A loira nos levou até a casa de Rick. Carl, Maggie, Glenn e Daryl apontavam suas armas para um estranho sentado na varanda.
— Onde estão Rick e Michonne?
— Se vestindo — o estranho respondeu.
— Cala a boca. — Carl resmungou, o homem riu.
— Desculpa garoto, deve ser péssimo encontrar os pais assim, é uma coisa que você nunca vai esquecer.
Eles estavam sem roupa? Juntos? Coitado de Carl. Segurei a risada, sua cara estava hilária. Passamos a noite discutindo sobre o estranho que invadiu a casa, Jesus, tinha barba e cabelo grande e olhos azuis, como o Jesus Cristo. Era uma grande piada interna, ele até que era bonito, muito mais velho que eu. O mesmo tentara nos convencer de que estávamos do mesmo lado.
— Olha, me escuta, se eu fosse um dos caras maus, teria feito muito mais do que apenas andar livremente pela comunidade de vocês. Venho de uma comunidade, vi que vocês tem muito aqui, funciona bem.
— O que isso tem a ver? — Rick perguntou.
— Nós negociamos com outras comunidades, só, me escutem. É um convite, quero que conheçam a minha comunidade e o que o nosso líder tem a dizer.
Decidimos partir, só alguns, avistei Rick conversar com Carl enquanto eu me preparava. Não conseguia parar de rir de sua expressão séria.
— O que foi? — Michonne perguntou-me.
— Não falei nada.
— Seu olhar diz muito. — Ela respondeu, envergonhada, gargalhei alto atraindo o olhar dos Grimes. Fiquei quieta, como se nada tivesse acontecido.
Me despedi de Judith no colo de Carl, segurei sua mãozinha e sorri.
— Que saudade pequena. Espiou seu irmão por mim? Ele está bem? — Sussurrei e olhei para Carl, ele desviou o olhar.
— Ele está bem. Não queria que você fosse. — Carl resmungou, escondeu o sorriso.
— Olha, ele fala. Eu preciso ir. A gente se vê... xerife. — Deixei o apelido escapar de propósito, Carl corou.
— Vamos garota! — Ab chamou, entramos no trailer, me encostei e coloquei os fones, fechei os olhos.
🔫
Havia um acidente de carro no meio da estrada, impedindo nossa passagem, Jesus parecia surpreso, era um de seus veículos. Ficamos apenas eu, Maggie e Jesus no trailer, os outros foram ajudar o pessoal dele com o acidente, ver se haviam sobreviventes. Minha mão já estava cansando de segurar a arma, abaixei, respirando fundo.
— Se fizer algo, corto sua garganta com meus dentes. — Acrescentei, ele levantou as mãos fazendo sinal de rendição.
Maggie abaixou sua arma também, Rick retornou com alguns sobreviventes, ele não estava a mentindo afinal. Voltamos oara a estrada, os sobreviventes conversavam conosco durante a rota, o carro atolou na lama, mas felizmente já havíamos chegado. Daryl desceu atolando o pé em lama pura, praguejei por ele.
— Vem logo garota. — Me surpreendi, ele me ofereceu para subir em suas costas. Sorri e pulei em suas costas. — Droga, está pesada.
— Foi ideia sua. — Acrescentei, Daryl me carregou até o portão.
Alguns riram da cena, me senti importante, não era algo que Daryl faria para qualquer um. Jesus nos apresentou Hilltop, sua comunidade, era enorme e bem diferente de Alexandria, nossa casa parecia uma casa, Hilltop parecia mais um estacionamento de trailers cercados por uma grande barreira de madeira. No centro estava uma grande mansão, nunca vi uma casa tão grande.
— Ual.
— Jesus! Trouxe visitas.
— Oi Gregory, trouxe membros de outra comunidade para negociar. — Jesus explicou a um homem velho.
— Eu sou Gregory, o líder, por assim dizer. — Dizia, Rick foi até ele e estendeu a mão.
— Rick Grimes.
— Porque não tomam um banho? — Ele disse, ignorando o cumprimento de Rick, gosto de manter tudo limpo por aqui...
Estávamos sujos? Posso jurar que já estive mais suja que isso, ele nos fez tomar banho.
— Soube que Michonne e Rick estão juntos? — Ab dizia ao Daryl, ele deu de ombros, não fazia ideia.
— Eu vou dar uma volta, conhecer a comunidade.
— Não vá muito longe. — Rick alertou, assenti.
Jesus havia dito que havia um médico pediatra, ele estudou especificamente bebês, crianças e adolescentes e poderia fazer o parto de Maggie, ou até ajudar ela durante a gravidez. Esperava aprender com ele, talvez assim pudesse me tornar uma também.
— Olá? — Disse ao bater no trailer que disseram que estava, um homem atendeu. — Deve ser o doutor. Sou Trinity, visitante de Alexandria. Podemos conversar?
— Claro! Quer entrar ou prefere aí fora?
— Aqui fora está bom.
Saímos, expliquei para o doutor que estava aprendendo um pouco de medicina, e que gostaria de aprender um pouco mais.
— Já ensinou alguém antes? — Perguntei curiosa, enquanto caminhávamos.
— Meu filho, Caleb, ele era um pouco mais velho que você.
— Desculpe a pergunta mas... o que aconteceu com ele? — Perguntei, paramos de caminhar.
— Um grupo o levou, precisavam de um médico e ele mentiu por mim, sabia que precisavam de mim aqui. Gregory concordou, era ele, ou nós.
Ouvimos sons de briga, apressei o passo até lá, Ab estava no chão sendo enforcado por um homem. Daryl me impediu de intervir e outros o ajudaram a separar a briga. Dois homens estavam mortos, Jesus estava assustado com toda a situação, ajudei Ab a levantar.
— Levanta, você está bem?
— Estou. — Levantou-se. Quando entramos na casa, Rick estava conversando com Gregory.
— Quem é Negan? Daryl e Abraham já os encontraram algumas vezes na estrada. — Dizia, continuei quieta, prestando atenção.
— Ele é o líder de um grupo, Os Salvadores. Matou alguns de nós, Rory, um menino de dezesseis anos, e levou outro quase da mesma idade. Para entendermos o quanto ele era sério. — Jesus dizia, não podia ser sério, ele matou um garoto da idade de Carl...
— Caleb? O filho do doutor? — Acrescentei, ele concordou.
— Então, se matarmos esse tal de Negan, vocês dividem suas coisas conosco? — Rick sugeriu.
— Preciso falar com Gregory. — Ele parecia mais líder que este Gregory.
Jesus ficou um bom tempo com Gregory, ele estava tentando convencer ele de que seria melhor, quando voltou, parecia meio constrangido.
— E então?
— Ele quer falar com a Maggie.
— Por que ela? — Michonne perguntou.
— Ela é mais... agradável.
Nojento, já estava começando a ver sua personalidade, Maggie pediu para ir com ela, a acompanhei. Gregory nos encarou dos pés a cabeça e começou a dialogar com a mais velha sobre um quadro antigo na sua sala, eu o encarava, era algo histórico.
— Vamos direto ao assunto. — Ela estava perdendo a paciência, talvez se sentisse enojada. — O acordo é o seguinte, nos dá parte de suas coisas e lidamos com Negan pra você, talvez até mais.
— O Negan não é uma pessoa fácil, falam dele como se fosse qualquer um. — Ele dizia colocando bebida em seu copo.
— Não me importa quem ele é, damos um jeito nele. — Maggie retrucou sem medo. — Mas tem uma condição, precisamos de uma garantia de que vai cumprir com o acordo. Levamos metade de tudo que vocês tem agora, ou nada feito.
Gregory bebeu um gole da bebida e virou-se para a janela pensativo, ele parecia impressionado com a lábia de Maggie.
— Feito.
Comemorei, antes de sairmos, Maggie foi falar com o doutor, enquanto ele a preparava para uma sessão especial eu o contava que íamos salvar seu filho, Caleb. Nos conseguimos ver o bebê de Maggie através do ultrassom, então era assim que eu parecia... ele lhe deu uma foto, ela levou para o trailer e mostrou para cada um.
— Ele é lindo Maggie. Mal posso esperar pra conhecer ele! — Ela sorriu, era como quando Lori estava para ter a pequena Judith, assim como ela foi nossa esperança, este bebê também seria.
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