09) Uma guerra chegando
Rick nos mandou para a torre principal, Carl sentou-se ao meu lado enquanto vigiava com binóculos.
— Você tinha razão... — ele dizia.
— Sobre o quê?
— O acordo, ele é um monstro, nunca aceitaria isso.
— Eu não queria ter — sussurrei para mim, queria que pudéssemos sair dessa sem lutar, talvez Rick estivesse certo e escolher o caminho em que ninguém tivesse que morrer seria o certo, mas isso não se aplicaria ao governador — Tem uma guerra chegando... e estamos bem no meio dela.
— Está com medo? — Carl perguntou, assenti e engoli em seco.
— Tenho medo por vocês... não quero perder mais ninguém, vocês são o que me restou de uma família.
— Não diz isso — Carl pediu, chateado, deixei o binóculos e virei para ele.
— Por que não? É a verdade vocês são o que restou de uma família para mim, Rick é como um pai e-e você... — corei hesitante, mas era a verdade — não suportaria perder nenhum de vocês.
Ele se aproximou me fazendo sentir borboletas no estômago, segurou minha mão.
— Você não vai nos perder, ninguém vai morrer e nós não vamos perder você.
O abracei forte e ele retribuiu.
— Espero que esteja certo...
Carl e eu nos sentamos e encostei a cabeça em seu ombro enquanto o mesmo analisava sua pistola, acabei adormecendo e acordei com o Sol queimando meu rosto, Carl havia caído com a cabeça em meu colo.
— Carl! Carl acorda! — chamei.
Ele levantou atordoado e confuso, também havia apagado de cansaço.
— O que? O que aconteceu? — perguntou olhando em volta, eu sorri.
— Acho que... dormimos aqui.
Carl franziu o cenho e ambos começamos a rir até que sentir dor de barriga, devíamos estar vigiando só espero que ninguém tenha notado nossa ausência, corremos até o bloco de celas onde encontrei Rick arrumando seu uniforme de xerife.
— Aonde vocês dois estavam tão cedo? — perguntou disfarçando um sorriso.
— Nós estávamos n-na... — olhei para Carl procurando uma resposta.
— Na torre, vigiando é claro. — confirmou, Rick riu alto.
— Bom, é minha vez agora — disse e nos deixou — descansem.
Soltei o ar que não sabia que estava prendendo e Carl riu, ele gostava de quando eu ficava nervosa e por isso dei um soco em seu ombro irritada e entrei em minha cela, precisava descansar depois de passar a noite literalmente em um chão frio, não me senti mais tão segura desde que o governador anunciou que não queria o acordo, pensava todos os dias em qual seria a melhor forma para mata-lo, flecha, faca, arma...
🔫
Mais um dia e sentia a guerra cada vez mais próxima, achava que estava até demorando demais para acontecer o que era estranho, fui verificar a pequena Judith e Beth estava cuidando dela como sempre, me aproximei e deixei um beijo em seu rostinho.
— Podemos conversar? — a loira perguntou.
Dei de ombros e Beth deixou Judith com Carl antes de me levar para uma cela para conversar.
— Sei que não gosta quando Carl e eu conversamos — cruzou os braços.
— N-não é verdade.
— É sim, não quero que sinta raiva de mim — explicou.
— N-não sinto.
— Sei que está com ciúmes.
— Não é verdade... por que eu estaria? — neguei e cruzei os braços.
— Eu não sou boba Trinity, consigo perceber que gosta dele.
Senti meu rosto queimar irritada, cerrei os punhos e deixei ela batendo os pés.
— Não sei do que está falando — resmunguei.
Beth estava completamente errada, não fazia ideia do que queria me tentar me dizer, Carl me fazia feliz mas porque crescemos juntos como família, gostava muito dele mas o que ela dissera me deixou confusa, e quanto ao Carl? Ele gostava de mim desta forma?
Encontrei Carol com Judith e para minha infelicidade Merle estava com elas, ótimo, era tudo que eu precisava... alcancei meu arco e aljava junto com as outras armas, ninguém se atreveria a usá-lo, sabiam que pertencia à mim.
— Ei praguinha, por onde você andou? — disse tentando puxar assunto.
Coloquei uma flecha no arco e mirei nele pronta para atirar, o Dixon mais velho recuou surpreso.
— Se me chamar assim de novo vou fazer da sua vida um inferno.
— Trinity abaixa isso, infelizmente Daryl se importa com ele e vai ficar chateado se você machuca-lo — Carol explicou.
Ela estava certa, algo que nunca entenderia, como ainda consegue se importar com Merle apenas por serem irmãos, por compartilharem do mesmo sangue. Baixei o arco soltando o ar em meus pulmões decepcionada.
— Calma, estava apenas brincando — ele respondeu.
— Você também não ajuda — Carol retrucou.
Era quase impossível suporta-lo, sua presença me lembrava de cada momento em que estive presa e que fora sua culpa o que aconteceu, Merle poderia ser irmão de Daryl mas não era nada como ele, era nojento e desprezível desde a primeira vez que o vi, em Atlanta tentando criar o caos discutindo com o resto do grupo, felizmente Rick deu um fim nisso e felizmente está aqui caso Merle tente de novo.
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Quando saí de minha cela avistei Hershel, Beth e Maggie juntos em volta de uma mesa rezando, saí em silêncio para não atrapalhar o momento juntos, não queria estragar um momento em família. Entrei na primeira sala que encontrei para não chamar atenção aonde assustei-me com Merle apertando as amarras de Michonne no chão, tirei lentamente a arma do coldre e a destravei fazendo o click estalar pelo cômodo.
— Merle... o que está fazendo? — perguntei e engoli em seco agora apontando a arma para ele.
— Droga — praguejou assim que me viu — você sempre aparece nas horas erradas.
Estava pronta para atirar nele, o odiava, não tinha nenhum motivo além de Daryl para não puxar o gatilho... não poderia fazer com ele, apenas um tiro e tudo acabaria e Daryl poderia ir embora de ver, me odiar pelo resto de nossas vidas.
— Escuta garota, o governador disse que pode aceitar o acordo... mas somente se entregarmos Michonne — dizia, não era verdade, recuei negando cada palavra.
— Rick teria nos contado. Isso não é certo — olhei para Michonne no chão, ela parecia desesperada por ajuda.
— Rick concordou com isso — neguei novamente segurando minha arma firme.
— Ele nunca aceitaria esse acordo!
— É por isso que eu tenho que fazer para o bem de vocês, — quando percebi ele estava perto demais, pegou a arma de mim e apontou para minha cabeça — agora entra naquele armário. E-eu não quero te machucar, mesmo que me odeie.
Michonne se revirou no chão, Merle esperou e eu não me movi senti sua paciência acabar em seus pés ansiosos.
— Você não vai atirar — tentei aproximar-me dele mas Michonne tentou gritar de onde estava.
— Chega. Minha paciência acabou. — ele bateu a arma em minha cabeça e não vi nada além da completa escuridão, quando acordei ouvi as vozes de Rick e Daryl, estava vasculhando o local... senti algo seco em meu rosto parecido com sangue, Merle havia me acertado forte.
— Aqui! — bati da porta do que parecia ser um armário.
Daryl abriu a porta e antes que eu pudesse cair ele me segurou, tentei não tocar a ferida em minha cabeça mas doía demais.
— Tenho que parar de baixar a guarda — praguejei.
— Você está bem? — Daryl perguntou olhando o ferimento.
— Merle, Michonne, você os viu? — Rick perguntou nervoso, assenti.
— Merle à levou para o governador, disse que se você não fizesse ele teria que fazer.
Ele praguejou, Daryl saiu sozinho e irritado atrás de Merle queria tentar impedir ou convencer ele.
— Merle disse que o governador...
— Quero que saiba que não concordei com o que ele propôs, nós vamos lutar sem entregar ninguém. Isso não é certo — Rick queria que eu soubesse diferenciar o certo, por isso achou tão necessário me explicar sua decisão, de qualquer forma eu acreditava nele não seria capaz de fazer isso com ninguém, entregar para o governador seria pior que enfrentar uma horda de mortos.
Assenti, Hershel fez um pequeno curativo no corte acima de minha cabeça para não infeccionar e Rick reuniu o resto do grupo do lado de fora do bloco.
— Por onde você andou? — Carl perguntou ao sentar do meu lado.
Antes que pudesse responder Rick começou a falar, não podia interromper o que ele tinha à dizer precisava de silêncio e atenção, ele contou a verdade sobre o acordo que o governador sugeriu e então voltamos a decisão mais difícil que tivemos que tomar, se ficaríamos para lutar por nosso lar ou deixávamos a prisão mas isso significa que teríamos que abandonar o que conquistamos para voltar para a estrada, para um recomeço que talvez não estivesse pronta para aceitar.
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