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04) Um homem doente

   O som da mão de Merle colidindo com o rosto de Glenn assustava-me, minha boca estava seca e a respiração ofegante tentava não chorar mas era quase impossível enquanto ouvia os gritos do meu amigo, de repente um homem entrou na sala fazendo-me estremecer, ele caminhou sério até mim e sentou-se em minha frente.

— Olá garotinha.

— Por que está fazendo isso com meu amigo?

— Olha isso não precisa acontecer, não se nos disser o que queremos saber.

— Vocês... querem saber aonde estão meus outros amigos.

— Isso. Só precisamos saber onde é a base de vocês.

Engoli em seco e continuei em silêncio, ele queria saber aonde estavam para machuca-los também, prometi a mim mesma que não colocaria a bebê em perigo e muito menos os outros, ele levantou-se sério.

— Se você me contar, não vou ter machucar mais ninguém — disse.

Senti meu rosto ferver de raiva então cerrei os punhos e permaneci sem mover um músculo, ele veio até mim e me encarou nos olhos.

— Porra me diz agora aonde estão ou eu corto a garganta da sua amiga bem na sua frente — disse sem piscar, estremeci.

Assim que saiu respirei aliviada, foi um blefe, se Maggie e Glenn não haviam soltado a resposta não seria eu quem entregaria o ouro ao homem mal. Sorri e ele me encarou de cima irritado, não desviei meus olhos nem por um segundos como um desafio, ele pôs uma das mãos em meu pescoço e apertou cada vez mais, de repente senti meus pulmões lutarem por oxigênio, minhas pernas começaram a se debater e meu rosto a ficar roxo, senti minha visão apagar-se aos poucos, ele puxou-me para perto.

— Vai me dizer ou vou fazer algo pior — disse e me empurrou na cadeira.

Recuperei o fôlego com uma tosse seca, quase desmaiei, mas senti o oxigênio voltando. Ele deixou a sala fazendo questão de bater a porta com raiva, ele era um monstro, ainda pior que os mortos. Tentei soltar-me da cadeira mas pareciam estar cada vez mais apertadas, segurei o choro o quanto pude, tudo que eu mais queria agora era que Rick entrasse pela porta e me salvasse, que tipo de homem doente tenta enforcar uma criança? Ele voltou, e toda a esperança que tinha desapareceu ao ver seu rosto sombrio.

— Não é como se fosse seu dia de sorte — sorriu, engoli em seco.

Ele cortou as cordas que me prendiam à cadeira com uma faca, meu coração acelerou e pulei em seu pescoço a tempo de morder sua orelha, quando a puxei sangue espirrou em meu rosto, ele me arremessou no chão fazendo-me bater a cabeça, senti dor vindo de trás de minha cabeça e assim que coloquei a mão senti algo pastoso, sangue.

Ele me puxou pelo cabelo enquanto gritava e me arrastou pelo corredor até outra sala, tentava arranha-lo mas ele puxava ainda mais, então trancou-me em outra sala minhas mãos tremiam e todo o meu corpo doía, avistei Maggie semi-nua escondida atrás de Glenn e senti alívio junto com uma imensa vontade de chorar, o coreano veio até mim e me ajudou a levantar.

— Vem comigo — disse chateado em me ver neste estado.

O abracei forte enquanto soluçava, tudo em mim doía mas o abraço de alguma forma me reconfortava, Glenn tentou tirar o sangue do meu rosto procurando por algum ferimento.

— E-estou bem. — disse sentindo a garganta arder.

Ele abraçou-me forte e aliviado, teve que tirar sua camisa para Maggie e então ficamos todos juntos, ela me abraçava forte tentando me proteger enquanto procurava o machucado em minha cabeça, havia o corpo de um morto não muito longe de nós, Glenn abriu o braço do cadáver e retirou um osso para que pudesse usar para se defender, meu estômago revirou ao ver a cena, ouvimos passos vindos do corredor de fora da sala e Maggie me empurrou para trás dela.

— Fique atrás de mim, mas não saia de perto — disse assustada.

Concordei e fiquei atrás dela como pediu, quando homens abriram a porta Glenn e Maggie os atacaram fazendo-os disparar as armas que tinham em mãos. Mais deles entraram e nos tracaram na sala, nos fizeram ficar de joelhos e Maggie segurou minha mão forte, colocaram sacos em nossas cabeças e não consegui ver nada além da escuridão. Nós fizeram andar praticamente cegos pelos corredores, ouvi um estrondo e caí no chão ofegante, senti passos pesados.

— Não não não — dizia para mim quase chorando, quando o saco foi retirado de minha cabeça avistei Daryl.

— Tudo bem. Sou eu — disse tentando tirar o sangue de meu rosto.

O abracei forte sentindo um alívio imediato, ele me guiou para perto dos outros e nos escondemos, estava confusa, assim que me viu Rick veio verificar, ele olhou em volta e verificou o machucado atrás de minha cabeça.

— Te machucaram? Está machucada?

Assenti deixando que as lágrimas escorrer, ele beijou minha testa e me abraçou tentando confortar-me.

— Eles vão pagar pelo que fizeram. Temos que ir.

Assenti e nos apressamos para sair, Daryl arremessou uma granada de gás e corremos para fora do prédio, tiros vinham de todos os lados deixando-me confusa, Daryl me puxou para o muro por onde devíamos passar para sair, ele não teve tempo para passar.

— Daryl! Não! Daryl! — comecei a gritar.

Maggie me pegou e levou para o carro mais próximo, queria poder voltar e salva-lo do monstro que estava prestes a enfrentar mas no momento só podia aceitar a derrota e a vingança que estava por vir.

— Temos que buscar o Daryl! — disse no carro.

— Ele vem logo atrás! Ele vai voltar! — Maggie respondeu, não senti firmeza em suas palavras, ela estava mentindo não sabia o que falava.

Maggie fechou a porta deixando-me sozinha, estávamos esperando Rick voltar, encarei minhas mãos com sangue seco e abracei minhas pernas deixando que lágrimas quentes molhassem meu rosto, soluçando, avistei pela janela uma mulher negra indo até Maggie, encostei minha cabeça no vidro e fechei os olhos cansada, só queria que Daryl voltasse, para voltarmos para casa.

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