
09) Um amigo
Rick e eu continuamos imóveis, a voz do homem parecia um delírio, uma alucinação.
— Vocês estão vivos?! — a voz dele saiu do rádio alta e sem paciência.
Rick levantou-se desesperado e bateu a cabeça no teto do tanque desajeitado, alcancei o rádio e entreguei para ele que ainda tinha suas mãos trêmulas.
— Oi! Estamos aqui! Nós estamos vivos! Estamos cercados e são muitos. — avisou sentindo o suor escorrer pelo seu rosto pálido, mas deixando escapar um riso aliviado.
Sorri, de repente meus olhos voltaram a brilhar com esperança.
— Ah... ainda bem, fiquei preocupado. — o homem disse aliviado — escuta, vocês tem que sair daí ou vão morrer.
— E-eu não posso. Não podemos. T-tem muitos deles — Rick dizia, e estava certo, um passo fora e nos matariam em segundos como fizeram com Caramelo.
Rick olhou para mim tentando pensar em uma forma segura de sair do tanque.
— Você tem alguma ideia?
— Eu sugiro que saiam os dois correndo logo daí...
— Não. É perigoso demais. É perigoso para ela.
— Ou saem e tentam sobreviver ou ficam e morrem, — ele finalizou — não é tão difícil escolher.
Minhas mãos ainda tremiam, Rick olhou para mim como se perguntasse: quer fazer isso? Não tinha muita escolha, mas o som dos mortos lá fora ainda me assustava, assenti sem tempo para pensar.
— Nós vamos sair. — ele finalizou.
Rick conferiu o que havia no tanque e aproveitei para limpar meu canivete e prendê-lo ao meu cinto com minha arma.
— Esta bem, os mortos estão distraídos mastigando os restos do cavalo, não sobrou muito então precisam ser rápidos.
— Certo. Garota o que temos? — perguntou estendendo as mãos.
Mostramos um ao outro o pouco que tínhamos, Rick tirou uma granada do bolso que achara mais cedo no tanque, meus olhos quase saltaram do rosto olhei para ele como se dissesse: não está mesmo pensando em usar isso, está? Rick a guardou no bolso pegou o rádio.
— Estamos prontos, alguma ideia de para onde podemos ir?
Ele não respondeu.
— Por favor, estamos ficando sem tempo.
Novamente sem resposta, respirei fundo tentando conter minha ansiedade.
— Ainda está aí?
— Certo. Estou aqui. Vocês descem a esquerda do tanque, perto vai ter um beco, vão para lá rápido! — avisou.
Antes de ter certeza de que estava pronto para enfrentar a morte fora do tanque, Rick respirou fundo.
— Qual é o seu nome? — perguntou.
— Só pode estar brincando! O seu tempo está acabando, vocês tem que sair rápido! — ele finalizou, Rick desligou o rádio e levantou-se.
— Eu vou sair primeiro e te puxo lá de cima está bem? — perguntou.
— Sim. Entendi. — levantei-me concordando com cada palavra.
Foi o que fizemos, Rick alcançou uma pá de emergência e saiu por cima do tanque, conseguiu matar um dos mortos que estava mais próximo de subir logo atrás dele, logo me puxou, como combinado pulamos à esquerda do tanque e corremos até o beco, Rick segurava minha mão forte para não nos perdermos enquanto com a outra atirava nos mortos à nossa frente, quando viramos a esquina para dentro do beco demos de cara com um garoto asiático um pouco mais baixo que Rick, ele usava um boné de uma pizzaria local.
— Vamos! — gritou nervoso com a quantidade de mortos.
O garoto nos levou até uma escadaria onde não esperei para subir rapidamente, Rick ganhou tempo para nós atirando em alguns mortos antes de subir, era uma longa escada de incêndio e quando finalmente chegamos ao topo todos paramos para recuperar o fôlego.
— Cara você é xerife? O que você tem na cabeça para trazer sua filha pra cá?! — o asiático perguntou também ofegante.
— Não... eu não... eu não sei. — respondeu recuperando o fôlego.
— Oi garota, eu sou o Glenn, você tem coragem qualquer outra criança estaria se borrando agora. — disse fazendo-me sorrir.
Ele se abaixou e estendeu a mão.
— Trinity. — respondi e apertei sua mão.
Glenn logo percebeu que os mortos estavam tentando nos alcançar pela escadaria, ele olhou para cima e percebeu que ainda havia muito para subir.
— Bom, pelo menos é a queda que vai nos matar. — disse confiante, neguei com a cabeça, mas ele não estava errado, seria uma morte rápida.
Glenn começou a subir rapidamente, Rick fez sinal para mim ir e depois ele, demorou alguns minutos para chegarmos ao terraço Glenn se apressou e nós o seguimos.
— Por que decidiu nos ajudar? — Rick perguntou, como se já não bastasse ser salvo.
— Eu achei que nessa situação, outros me ajudariam e além disso você tem ela. Nenhum ser humano deixaria uma criança pros mortos. — ele respondeu olhando para mim.
Glenn não estava errado, mesmo tendo sobrevivido do meu jeito sozinha, era apenas uma criança, ele abriu um alçapão no terraço e entrou sem pensar, descemos outra escadaria que tomou mais um pouco de nossa energia, corremos por corredores extensos me fazendo perder o foco de para onde estávamos indo, minhas pernas estavam tão cansadas que por um momento pensei que ia cair mas Rick puxou-me pela camiseta e me manteve de pé até que saímos do prédio para outro beco, um limpo, Glenn puxou um radio do bolso.
— E-eu voltei! Encontrei duas pessoas e tem mortos no beco. — avisou para seja lá quem estivesse ouvindo.
Os mortos também ouviram a voz dele e vieram em nossa direção, foi quando duas pessoas usando roupas protegidas saíram de dentro do prédio à frente com tacos nas mãos prontas para acabar com os mortos que nos perseguia, eles acertaram em cheio a cabeça dos mortos acabando com eles, Rick segurava-me pelos ombros na tentativa de me proteger, segurei sua mão firme mas as pessoas até então não haviam nos feridos.
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