
055
Meus olhos estavam cansados e com um desapontamento visível. Desde que retornei do hospital meu último contato mais próximo de Wayne foi no dia da visita de Samantha. Nós dois nos abraçamos com dor, mas após a troca de afago, o silêncio retomou o ambiente. Subi para o quarto, e desde então permaneci recolhida.
Ali, sentada naquela sala de procedimentos, aguardei a mulher retirar o gesso e avaliar a aparência da minha perna. Ela estava assustadoramente pálida. Notando a minha surpresa a mulher logo se pronunciou.
— Não se preocupe, essa aparência ruim vai mudar em alguns dias, assim que for na praia tomar banho de sol — disse com simpatia.
— Espero que sim — concordei.
Wayne me surpreendeu dando entrada na sala, cheio de papéis assinados.
— Como ela está?
— Pelo radiografia o médico confirmou o fim da lesão. Ela vai precisar fazer apenas alguns exercícios para retomar os movimentos comuns da perna, fora isso, tudo está muito bem. Parabéns, Dulce. Sua recuperação foi bem rápida!
Agradecemos e fomos dali. No meio do percurso, repensei a proposta da mulher com certa audácia.
— Quer me dizer alguma coisa?
Meus olhos se atentaram a percepção dele. Como podia notar minha inquietação enquanto dirigia? Sempre muito peculiar.
— Gostaria de ir até uma praia.
Ele parou o carro com pressa. Achei que fosse pelo pedido, mas na verdade o sinal havia fechado. Wayne aproveitou a chance e me encarou.
— Tem alguma preferência?
Confesso que pensei que ele questionaria o desejo repentino, porém, fui surpreendida pela sua descrição. Não era seu do perfil.
— Qualquer uma que tenha areia branca e sol.
— Tenho uma casa de praia em Maragogi. Acho que seria suficiente.
— Onde fica isso?
— No Brasil.
— Brasil?! — contestei — Wayne, eu só quero ir à praia. Não precisa ser tão longe.
— Dulce, de avião nem um lugar é distante — rebateu ligando o Bluetooth do celular conectando-o com o carro. A ligação iniciou junto do sinal verde no semáforo — Alfredo?
— Sim, senhor Wayne.
— Ligue para Carlos e Júlia, e mandem que preparem a casa. Amanhã estaremos lá.
— Claro, senhor. Quer as malas prontas?
Antes de responder, ele me olhou buscando confirmação.
— Precisa de algo em especial?
Reflete alguns segundo até obter a resposta.
— Alfredo, pegue dentro da minha caixa de joias, um colar com pingente de cor azul.
Christopher me olhou intensamente, já imóvel em outro sinal vermelho. Eu consegui surpreendê-lo mais uma vez.
— Sim. Mais alguma coisa?
— Não. Estamos indo até o aeroporto. — Continuou ele. Finalizando a ligação.
Eu devia imaginar que seria instigada a muitas perguntas, mas novamente o silêncio persistiu. Aquele colar tinha um propósito. O primeiro presente que ganhei dele antes do nosso primeiro evento social juntos. Eu me senti orgulhosa naquele dia usando uma peça tão refinada.
Chegamos no aeroporto, e logo me deparei com o jato particular dos Wayne que já estava de turbinas ligadas, com seu piloto e copiloto aposto prontos para iniciar a viagem. Antes de dar o passo inicial nas escadarias ele me segurou e carregou no colo para dentro da aeronave. Fiquei extremamente envergonhada com a presença dos homens ali. Nosso dialogo estava restrito demais, mal nós falávamos, e a atitude pareceu íntima demais.
Decidi dormir durante o percurso. Parte de mim nem acreditava que uma simples ideia seria realizada em tão poucas horas. Mesmo que para ele nada fosse impossível. Wayne era um homem de certezas, e não o contrário. Em alguns momentos reabri os olhos e notava a presença dele, bem longe e concentrada na leitura. Apreciar Christopher lendo era tranquilizador.
— Volte a dormir. Logo chegaremos.
— Que livro é esse? — perguntei, me forçando a quebrar o gelo.
— Os últimos dias de chuva. Fala sobre empreendedorismo.
— Boa escolha.
— Sempre — retrucou desafiador, de sorriso sugestivo.
Como algo dentro de mim ainda estava retraído, me reclui e olhei pela janela. Não era tão fácil fugir dele. Nós dois estávamos sentados frente a frente, a poucos metros, exalando empatia.
Fizemos uma parada para reabastecer, antes de novamente seguir viagem.
Algumas horas depois chegamos até Maragogi. Era fim de tarde, o pôr do sol nos recebei com a visão de um lugar realmente encantador. O casal que nos aguardava frente a bela casa de verão, obtinham um sorriso largo e receptivo. Eles tinham uma fisionomia conservada e elegante. Beiravam os seus quarenta anos.
— Sejam bem-vindos! Senhor Wayne, fico feliz em vê-lo.
O sotaque dele foi encantador. Eu gostava de sentir a diferença cultural. Além da fala, as roupas eram coloridas, de cor viva, alegre. Foi contagiante. O quarto que nos foi preparado era uma beleza a parte. Tudo tinha tons claros, os moveis eram rústicos, uma decoração peculiar. Meus olhos cintilaram. Por alguns segundos senti falta do que devia estar nos acompanhando naquele momento. Nosso filho seria feliz ali. Talvez durante as férias, já podendo correr e despejar amor por todos lados. O vazio lentamente esquecido me deixou nublada, até o homem brasileiro me abordar.
— Desculpe senhorita, mas isto é seu.
Nas mãos ele carregava um par de muletas douradas. Mas algo nelas era diferente. Notando a minha identificação, ele abriu um sorriso ainda maior.
— Tomei a liberdade de enfeita-las com algumas coisas naturais da nossa praia.
Em volta das muletas, estavam fitas coloridas e alguns artesanatos. O objeto realmente estava encantador. Agradeci e logo as utilizei para explorar um pouco mais o lugar.
Wayne já havia sumido após receber uma ligação.
Na varanda do quarto, ouvi o som do mar bater nas paredes de pedras seguidos do cheio de sal e areia fresca vindas com o vento massageando o meu rosto. Era prazeroso.
Eu estava prestes a enrolar os cabelos em um rabo cavalo quando a porta se abriu lentamente.
— Olá.
A voz suave, intimidada se fez presente.
— Olá, Christopher — respondi.
Nos dois estávamos deprimidos, a beira do caos. E eu tinha consciência de que não havia facilitado para ele nos últimos dias, mas foi algo necessário para mim. Aquela viagem repentina foi um grito de socorro abafado. De ambas as partes. Talvez ele só quisesse me entender.
— Você está muito ocupada?
Neguei com a cabeça, largando a escova de cabelo sobre a bancada. Minha atenção foi exclusiva ao homem, atormentado, a minha frente.
— Dulce, eu... —
Minha saliva secou.
— Posso interromper? — sem entender muito, ele concordou cauteloso — Quero me casar com você.
Nossas expressões se aliviaram novamente. Foi revigorante me sentir uma mulher forte. Christopher pareceu se livrar de um peso imensurável.
— Isso vai acontecer, baby.
— Você não entendeu, Wayne — continuei com um riso discreto, pegando as muletas e me aproximando dele devagar — Quero me casar com você, aqui.
Seus olhos acenderam, largos e alimentando seu ego dominante. Embora fosse algo único dele, foi lindo vê-lo ressuscitar sua luz. Aquilo que me deixava trêmula, apaixonada, viva. Ainda estático saltei sobre os seus braços e mecanicamente fui apanhada no alto pela cintura. Ele deu um riso frouxo, gostoso de se ouvir.
— Senti falta de você.
— Eu também. — ressaltei — Me desculpe...
Tentei me redimir, mas ele não aceitou, me fitado com os olhos flamejantes.
Larguei com pressa o objeto que me apoiava e envolvi meus braços em sua nuca com um beijo intenso. Nossos lábios se comunicaram novamente, firmes, com intimidade. O sabor deles era tão familiar e aconchegante. Mas para Wayne, um encontro daqueles não podia ser tão simples. Assim que nos afastamos o olhar dele já era outro. Ali tinha tanta ambição. A mesma que notava nos seus triunfos financeiros.
Ele me ergueu mais um pouco, agora apoiando minha bunda nas suas mãos longas e grossas. Caminhando pelo quarto, fui levada até o banheiro, sendo deixada ali, na parte interior do box de vidro. Meu vestido foi tirado e meu cabelo solto, até não haver mais nada que o impedisse de me ver. A casca de mulher indiferente e descrente sumiu. A casca de mulher indiferente desapareceu. Senti uma leve vergonha pela palidez que acometia meu corpo, mas ele não parecia notar nada além dos meus olhos.
Com agilidade ele me virou de costas e me apoiou na barra de madeira que havia ali. Não entendi a utilidade daquilo, mas para mim, serviu. Logo suas mãos acariciaram minha cintura em movimento único.
— Quero tanto sentir você, baby — sussurrou.
Meu coração acelerado pouco me deixava pensar. Christopher e eu tínhamos essa conexão além do compreensível. Eu estava dolorida, por dentro e por fora, mas ele era como morfina. Não havia explicação, só éramos aquilo. Um emaranhado de desordem e prazer. Alegria e dor. Era tão intenso que meus lábios balbuciavam palavras sem nexo.
Senti que estava pronta para recebe-lo. Soltei um suspiro quando aquela mão quente e forte apertou suavemente meu seio esquerdo, deslizando até o meio das minhas pernas. Wayne tocou ali com tanta segurança, soltando um gemido de satisfação ao perceber o quanto eu o ansiava.
— Por favor — supliquei como sempre o fiz.
Ele ligou o chuveiro, fazendo com que água morna aumentasse ainda mais a temperatura do meu corpo. Tudo queimava dento de mim. Ele me empinou e antes que eu pudesse pensar sua língua massageou-me lentamente no lugar mais frágil. Christopher sempre soube o que fazer. Era isso o que mais me deixava louca.
Soltei um gemido alto, descontrolado. Ele nunca fez daquela forma antes. A combinação da água quente junto dos beijos precisos, foi perturbador. Era o clímax se aproximando, mas ele queria mais de mim.
E fomos atingidos aolimite.
_______________________________
Boa leitura <3
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro