
023
— Eu sei
Wayne respondeu a minha insinuação, pressionando a palma das suas mãos contra o volante, com força, sem me encarar.
A dormência entre as minhas pernas iniciou, anunciando que o meu corpo já respondia a ele, sem uma completa necessidade em ser tocado antecipadamente. Christopher excitava meus pensamentos, me deixando úmida sem esforço algum. Eu não conseguia organizar aquelas sensações tão intensas, e graças a essa imaturidade, minha boca deixou escapar os grunhidos desajeitados de uma menina insegura, mas completamente afogada no seu fluxo de feromônios exacerbados.
Quando ele parou em mais um dos semáforos da avenida principal, eu me ergui, movendo-me para o banco detrás do carro. Wayne fitou tudo, até a hora em que sentei no centro, mas em nem um momento pediu explicações.
Eu o mirei através do espelho no teto, cruzando nossos olhares antes de ser involuntariamente inspirada pela cena de um filme erótico que vi junto de algumas amigas em uma noite do pijama aos quinze anos. Fechando os olhos, deslizei uma das mãos pela nuca, passeando por ela até descer devagar, tocando o meu busto e abdômen, massageando-os, até por fim escorregar em meu sexo. Eu o segurei, aumentando ainda mais a pressão das pernas.
Christopher me acompanhava, através do retrovisor, fissurado, perdendo muitas vezes a sua atenção na direção. Eu sabia que estava sendo irresponsável em agir daquela maneira, porém, permaneci estimulando a paixão nele.
O roncar do motor soou intenso, e eu notei que o carro se movimentou mais depressa. Ele havia aumentado a velocidade, eufórico para chegar na mansão. Sorri mordendo o lábio inferior, para esconder a timidez, assim que o volume na sua calça estava maior. Wayne também estava reprimindo sentimentos.
Num curto momento de reflexão, duvidei da minha própria índole. Aquelas reações tão insinuosas não pareciam em nada comigo, eu não costumava pensar naquelas coisas, mas com ele sim. Com Christopher eu só conseguia manter aqueles pensamentos. E a curiosidade de vê-lo completamente nu. Qual seria o seu gosto, ou de que forma suas mãos me tocariam intimamente? Já tinha ganhado uma pequena previa do que ele seria capaz de fazer, mesmo assim não era o suficiente.
Começou uma chuva inesperada no meio do caminho, gradativamente, conforme nos aproximávamos das ruas que memorizei serem as que levavam a mansão. Quando olhei rapidamente pelo vidro, vi as árvores balançarem, recordando-me da vez em que ele me perseguiu, bem ali.
Wayne buzinou antes mesmo de entrar pelos portões, avisando aos seguranças da sua chegada. Os homens acionaram os mecanismos abrindo tudo bem depressa notando a pressa do patrão. Meus risos o instigaram a também sorrir, mesmo que em apreciação. Quando estacionamos na escadaria, ele desceu impaciente e praticamente me arrancou de dentro do carro. Segurando-me pela cintura, Christopher caminhou junto de mim, ignorando e desviando de todos os obstáculos a nossa frente, que eram especificamente: Alfredo, e as duas cozinheiras avisando sobre o jantar, para subir as escadas enquanto eu restringia a minha risada frenética com as mãos.
— Você acha isso divertido? — Ressoou ao meu ouvido, estreitando ainda mais o nosso espaço.
— Não estou fazendo nada.
Caçoei e ele arfou.
— Vai me pagar por isso Escobar.
No último rangido, já havíamos chegado ao quarto dele. Wayne fez questão de me levar para aquele lugar, empurrando o meu corpo com o seu para dentro, girando a chave. Eu esperei que ele me pegasse, e quando fez isso, fui lançada e pressionada contra o pilar. Christopher tirou a camisa e me olhou fixamente, com um discreto sorriso drogado de satisfação no rosto, e então sugou meu lábio inferior, pondo sua língua dentro da minha boca, ousando massageá-la com habilidade. Respirei com força, mas quase não tive tempo para isso a medida em que ele se afastou abruptamente, mordendo o meu pescoço enquanto desabotoava a minha calça jeans. Arfei, segurando suas costas, arranhando-as, conseguindo ouvir um grunhido feroz.
— Vou dar o que você quer — balbuciou — vou te comer, lentamente, até que desfaleça nos meus braços, baby.
Minhas unhas fincaram ainda mais na pele dele quando o sussurro transcorreu a minha imaginação. Céus eu queria mesmo ser comida. Desejei que ele deixasse de lado esse negócio de "cuidado" e me penetrasse de uma vez, bem a fundo, e que se danasse a tal dor. Depois de tantos acontecimentos eu já me considerava imune a dores.
Christopher se ajoelhou, conseguindo se livrar da calça. Eu não pensei que naquele dia iria passar por aquela situação, mas por sorte, algum anjinho sexual me fez optar pela calcinha branca e rendada, das mais bonitinhas, para usar naquele dia. Wayne se conteve um segundo, antes de deslizar o dedo indicador e médio por cima do púbis, depois, para dentro da minha calcinha. Ele topou algum ponto espetacular ali, que instantaneamente eu saltitei, soltando um gemido intenso, mesclado aos trovões e som de chuva batendo no teto, agarrando o pilar atrás de mim para tentar ficar erguida.
— Nossa baby, você está tão molhadinha — disse num suspiro orgulhoso.
Foi um terror, fantasiado de prazer, dar-me conta do quanto precisava daquele toque, feito com tanta sabedoria.
Wayne ousou ainda mais, descendo a peça rendada que mantinha a privacidade do meu sexo, passeando com a língua aos arredores, testando até que ponto eu suportaria a sua travessura. Ele recuava, sempre, do ponto sensível ao notar o meu envolvimento, me fazendo clamar.
— Você quer que eu te chupe Dulce?
— Christopher — murmurei tímida.
— Você quer? — Repetiu ele, movendo a língua novamente para próximo da minha loucura.
— Quero... muito.
Supliquei, rendida por completo.
Christopher me despiu de vez, movimentando a língua, e intercalando a velocidade sobre o meu clitóris. Eu gritei, e ele, num movimento rápido, me levantou em seus braços e me colocou sobre a sua cama, afastando as minhas pernas para se posicionar melhor. Não foi muito agradável me ver exposta daquela forma, mas a mistura de prazeres desapareceu com qualquer senso racional que havia em mim. Apoiei e encolhi os pés na beirada, sendo violada pelas lambidas e fricções gananciosas dele. Quando senti a onda de espasmos ao redor dos músculos do meu ventre, remexi o corpo eufórica e ele me penetrou com um dos dedos, tocando o hímen, numa dança provocante. Eu sabia que Wayne não romperia a minha virgindade com os dedos.
Ele jamais perderia a oportunidade de sentir a pressão do meu corpo na hora do ato.
Com gritos abados, por mim mesma, ressonei os múltiplos gemidos, até um deles sair constante, longo, denunciando o meu orgasmo violento. O primeiro.
Elevando-se para cima de mim Christopher apoiou os braços, um de cada lado da minha cabeça, na direção da orelha, olhando atento para as expressões finais do meu rosto extasiado.
— Seu gemido é tão gostoso de ouvir — murmurou próximo ao meu ouvido, esfregando o nariz nos pêlos ouriçados da minha nuca.
Degustando o sabor que ele tinha na boca durante o nosso beijo, ajudei Wayne a desabotoar sua calça, mas ambos fomos interrompidos pelo som da porta batendo, freneticamente.
Christopher revirou os olhos, ainda em cima de mim, visivelmente irritado.
— Merda — reclamou — Quem é?
— Alfredo, senhor.
— O que você quer?
Dei uma risada quando ele continuou cuspindo, em tom baixo, alguns xingamentos.
— Patrão Wayne, sinto muito, mas uma árvore caiu frente a entrada, e a fiação foi totalmente comprometida — gritou do outro lado da porta.
— Resolva isso Alfredo!
— Senhor, o segurança da frente foi atingido, ele parece gravemente machucado.
— Tudo bem, já estou saindo — vociferou.
Bufando puto da vida, Wayne continuou parado, cogitando a possibilidade de não parar o que estava fazendo.
— É melhor você ir — enfatizei.
— O que ele tinha que estar fazendo lá?
— Christopher, esse é o trabalho dele.
— Eu não quero ir — queixou-se mimado.
— Mas precisa — ressaltei, segurando seu maxilar — teremos tempo.
— Não foi fácil esperar...
— Vá logo, ele precisa de você.
Alguém precisava estar lúcido.
Depois de uma reluta determinada, ele se levantou e pôs a camisa, vagarosamente, captando a minha imagem e odiando o ocorrido.
Christopher saiu e eu permaneci jogada, sem calcinha, sobre os lençóis vermelhos de algodão. Passei quase meia hora sorrindo para o vento, e admirando a água escorrer pelo vidro da janela. Depois de passado o efeito de "tolice" levantei para procurar a minha calcinha, e aquela foi outra missão difícil. Vasculhei ao redor, minuciosamente, encontrando-a debaixo da cama. Feliz pelo objetivo cumprido, me abaixei e estiquei o braço para poder pega-la.
Inclinada no chão, minha vista se ergueu antes que eu ficasse de pé, até o meu campo de visão ir na direção de uma pequena alavanca escondida por trás de uma prateleira decorativa, distraindo-me.
Pus minhas roupas de volta, e andei até o objeto curioso, analisando-o antes de decidir baixá-lo. Quando fiz isso o chão tremeu por um instante, e uma parede no canto do quarto de moveu.
— Outra passagem? — perguntei de forma retórica.
Segui para o lugar, receosa, até visualizar uma escadaria. Dentro estava um breu, tanto que só era possível enxergar os quatro primeiros degraus da escada de pedra, em estilo rústico. Olhei em busca de algo que pudesse gerar luz, mas não havia nada. Então, mesmo com todo o medo, decidi descer os degraus, mas a porta voltou a bater.
Corri de volta para a alavanca, levantando-a com rapidez. A parede se moveu de novo, cerrando a passagem. Depois de apagar as provas do meu ato astuto, destranquei a fechadura, passando a mão no cabelo, tentando arrumar o que fosse possível.
Assim que a porta se abriu totalmente, meus olhos se arregalaram perante a forma feminina bem a minha frente. Tranquei o maxilar, engolindo a saliva seca, rançosa. Ela pareceu tão surpresa quanto eu.
A angustia de ver a mulher que foi casada com Christopher, tão de perto, ainda mais depois do que nós dois tínhamos acabado de compartilhar, me deixou imóvel.
— Hum, a garota do baile — disse depois de muita análise — pensei que você fosse mais velha. Realmente Wayne é um depravado.
— Você...
— Então me conhece.
— Não, mas ouvi falar.
— Me chamo, Beatrice — se apresentou apenas dizendo o nome, fingindo me ignorar.
— O que faz aqui?
— Oh, ainda é astuta — zombou olhando por cima dos meus ombros — Onde Wayne está?
— Ele saiu.
— Nessa chuva?
— Foi preciso.
Eu apenas respondia. Não consegui raciocinar nada além de: porque ele tinha uma passagem secreta no quarto? Porque aquela mulher estava ali? O que estava acontecendo?
A mulher pelo contrário não se intimidou nem um minuto. Ela esbarrou propositalmente em mim e andou para dentro do quarto, observando em volta.
— Pensei que tivesse ido embora do país — falei finalmente, depois de respirar duas vezes.
— Ele te disse isso?
— Não, mas eu...
— Talvez ele não ache necessário deixar uma garotinha como você tão envolvida em sua vida — interrompeu erguendo a sobrancelha, com um olhar de menosprezo — Christopher adora me provocar, só que dessa vez foi mais além do que eu pude imaginar — gargalhou forçada.
Dando uma última volta pelo cômodo, Beatrice veio na minha direção, causando uma atmosfera desafiadora entre nós.
— Você é bonitinha, atraente, mas nada disso o impede de deixar de me amar, criança. Christopher e eu temos uma história.
Meu peito doeu, porém, não dei a ela o gosto de ver alguma lágrima minha se exibir.
— Essas não parecem palavras de uma mulher tão segura de si — repeli áspera, segurando a lucidez.
Beatrice abriu outro sorriso pavoroso, indo para o corredor do lado de fora.
— Avise que eu vim vê-lo, e que amanhã o espero no mesmo lugar.
Esguia, ela andou para longe, e eu soltei a respiração com muita raiva, sentindo a necessidade de gritar milhões de palavras ofensivas.
Sem qualquer tipo de ânimo para debater aquele assunto no resto da noite, fui para o meu quarto disposta a me manter trancafiada mesmo que ousassem arrombar a porta.
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