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Como vou comemorar a virada de ano na praia <3 aproveitei para postar mais um capítulo ^.^ Feliz ano novo meus amores \o/ Beijoos de luz :*
Está gostando da Fanfic? Então que tal expressar seus sentimentos e opiniões?! comente.
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Balançando os pés no peitoril largo e estofado da janela do meu quarto, busquei passar o tempo lendo mais um exemplar de filosofia que estava na estante de livros.
"Dulce lembre-se das lições de casa"
"Já fiz todas"
"Muito bem meu amor! "
"Vamos viajar hoje, de novo? "
"Sinto muito pela sua peça de amanhã, mas não podemos deixa-la sozinha aqui na cidade. É para a sua segurança minha filha"
"Tudo bem, eu entendo mãe".
Dulce...
Senhorita Dulce...
Saltei, despertando bruscamente do sonho que me levou a recordação de uma manhã ao lado de minha mãe quando ainda estávamos juntas, em West-Coast.
— Desculpe por acorda-la, mas a senhorita não parecia bem.
Ainda em delírio, peguei no meu rosto, sentindo a umidade dos meus olhos. Eu estava chorando. Me limpei, recostando a cabeça na coluna.
— Estou bem agora.
— Vim necessariamente para lhe deixar isto aqui.
Alfredo estendeu o Iphone e me entregou.
— Porque esse celular?
— Ordens. E veja, já tem uma mensagem.
O mordomo apenas fez o seu dever e voltou a me deixar sozinha.
Abri a pasta de e-mails, já com uma conta criada, e li o único que existia.
De: Christopher Wayne
Assunto: Um pouco mais de liberdade
Data: 27 de maio de 2014
Para: Dulce Escobar
Olá Escobar,
Te enviei esse celular para ficar mais fácil a nossa comunicação. Entendo que deve estar se sentindo entediada durante esses dias e também lembro bem de ter negado essa liberdade a você, mas, Alfredo vem me relatando a sua constante frustração. E apenas por esse motivo vou liberar algumas saídas. Lógico, que todas serão apenas pela extensão da casa e acompanhada por um dos seguranças. Eu também vou regrar todas essas saídas.
Hoje você pode explorar alguns arredores. Aproveite essas duas horas, e volte ao seu quarto quando o seu segurança avisar o fim do passeio.
Tenha um dia melhor.
Christopher Wayne
CEO, Wayne Enterprises, inc.
Liberdade? Como aquele homem podia considerar liberdade o simples fato de me conceder algumas horas longe daquele quarto?
Realmente eu me sentia indignada com a felicidade interna que senti só pelas migalhas que ele me oferecia. Christopher achava mesmo muito prudente me manter presa dentro daquele lugar e me soltar de vez em quando, assim que sentisse necessidade disso.
Tanto faz, eu ia aproveitar essas duas horas ao máximo e de qualquer modo ver como seria aquela fortaleza.
Assim que saí do meu aposento, o segurança parecia já estar ciente da minha permissão. Claro, se eu tinha um celular daqueles, era obvio que Wayne tinha feito o mesmo com seus funcionários.
Depois de perceber que estava do lado de fora do quarto, liberta para ir onde quisesse:
— Posso ir numa sorveteria? — Perguntei olhando com pesar para o homem parado do meu lado.
— Não.
— Somente nos arredores da casa — repeti a frase escrita no e-mail de Wayne num tom infantil e me relaxei.
Aleatoriamente comecei a caminhar. Fui primeiro para o andar de baixo, e entrei em alguns cômodos, entre eles, uma sala ampla com sofá e um piano marrom. Mexi nas teclas fazendo um som exagerado e desafinado soar. Eu ri alto daquilo. Continuei o percurso, aproveitando que era de tarde, para ir aos jardins.
Como era época de primavera, me encantei com cada rosa que havia brotado. Eram muitas espécies de plantas enfeitando os jardins da casa. Nem sei se devia chamar casa ou mansão. Aquele lugar era enorme.
Me ajoelhei e comecei a tocar em uma das roseiras que tanto admirava a distância, e quando me dispus a olhar para cima, vi a minha janela.
Era bem melhor vislumbrar de perto.
Chamei um dos jardineiros e pedi que me cedesse uma das suas tesouras de podar. Mesmo que desconfiado, ele me cedeu.
Comecei a escolher cada uma, tirando rosas individuais. Depois de conseguir, fui atrás de algum vaso perdido por lá, que por sorte encontrei, plantando-a novamente.
Arrumei o adubo, enfeitei ao redor com pedras roubadas da fonte extravagante que tinha no jardim, e me ocupei com isso durante ás horas estabelecidas.
O segurança ficava do meu lado, silencioso como se nem soubesse falar, mas nem lhe dei atenção, estava ocupada demais com o meu objetivo de fazer uma boa plantação.
Minha mãe adorava plantas, e com o passar do tempo ao lado dela, vendo-a tratar, conversar e planta-las, acabei aprendendo a lindar com essa parte tão bela da natureza. Aquilo caiu numa bela hora e conseguiu, com um poder sobrenatural, aliviar toda a minha tensão.
— Está no horário.
Ainda jogada na grama, o encarei desagradada, porém feliz demais para manter esse sentimento. Porque o tempo tinha que passar tão rápido?
Levantei e retornei para o meu quarto, carregando nas mãos o vaso que logo enfeitaria os meus dias. Eu faria de tudo para manter aquela planta viva.
Olhei em volta de tudo, tentando encontrar o melhor lugar para pô-la até optar pela mesinha de centro. A mesma em que Alfredo servia minhas refeições.
Ela estava bem no centro do meu quarto, soltando um aroma limpo. Ou era apenas a minha mente exagerada e empolgada.
Saltitante fui tomar banho, e me trocar, tirando as roupas sujas de terra.
Depois de limpa e vestida, deitei na cama e peguei o celular de cima do criado mudo ao lado da cabeceira.
De: Dulce Escobar
Assunto: Um caso a se pensar
Data: 27 de maio de 2014
Para: Christopher Wayne
Eu devia te detestar, muito, principalmente pela sua incapacidade de não me agradar em nada. Mas convenhamos Sr. Wayne, eu adorei minhas duas horas livres.
Obs: Ainda pretendo negociar uma extensão dessas horas.
Dulce Escobar
Prisioneira do senhor Wayne, inc.
Terminei de digitar com um sorriso divertido no rosto. Ele obviamente ia se irritar muito com a minha atitude.
Mas antes mesmo de terminar minhas gargalhadas em paz, o celular bipou.
De: Christopher Wayne
Assunto: A pressa é inimiga da perfeição
Data: 27 de maio de 2014
Para: Dulce Escobar
Cuidado com a audácia Srtª Escobar, ela pode fazê-la perder esses curtos momentos.
Espero que este vaso florido lhe proporcione um pouco mais de calmaria.
Christopher Wayne
CEO, Wayne Enterprises, inc.
Desgraçado! Era um absurdo ele saber tudo o que fiz durante a tarde. Wayne tinha mesmo que me monitorar sempre com tanta veemência?
Deixei o telefone de lado e acabei cochilando.
Acordei praticamente as oito horas da noite, e dei de cara com a silhueta de Alfredo perambulando pelo quarto como se eu não estivesse lá. Cheguei a me assustar com a presença dele.
— Boa noite, temo que tenha lhe acordado. Peço perdão por isso.
— Não foi sua culpa.... Despertei sozinha — respondi durante um bocejar.
O homem sempre se desculpava, mas fazia aquilo o tempo todo.
Espreguicei o corpo e me recostei na cabeceira, sentando-me.
— Como foi sua tarde?
— Muito divertida. Foi maravilhoso sair daqui.
— Eu disse que o Patrão Christopher era bom.
— Não é para tanto, Alfredo. Ele apenas me cedeu algumas horas fora daqui, mas isso não o alivia de ser louco.
O mordomo se permitiu dar um sorriso educado, terminando de guardar algumas coisas no meu armário.
— Só você trabalha na organização dessa casa? — Questionei intrigada por sempre vê-lo cuidando de detalhes tão simples, corriqueiros, sempre.
— Na verdade não, temos muitos empregados aqui, mas o senhor Wayne incumbiu apenas a mim para ter acesso ao seu quarto e cuidar da senhorita.
— Percebe como ele é louco? — Enfatizei revirando os olhos e cruzando os braços. Quando Alfredo ia mencionar alguma coisa, eu o interrompi deduzindo o que seria dito — Já sei, o patrão sabe o que faz e porque faz.
Ele riu novamente pela minha forma zombeteira de dizer aquilo.
— Devia ir jantar. Não se alimentou durante a tarde.
— Porque você não me serve mais no quarto?
— Ordens.
— Estou cansada de ouvir sempre a mesma coisa.
Alfredo não deu muita atenção para a minha birra, mas também não me demorei em descer, estava com muita fome e queria ver o infortúnio. Tínhamos que negociar aquelas horas a mais.
Quando me sentei na mesa de jantar, me serviram alguns camarões mergulhados numa pasta branca, cheirosa, e logo comecei a comer.
Wayne não estava lá, mas deduzi que ele chegaria em breve.
Os minutos se passaram e ele não apareceu. Fiquei sozinha, sentada naquela mesa de doze lugares, avistando apenas os empregados de sempre. Bebendo o resto do suco de morango, fui pega pelo som da voz alta e estridente de Christopher, vindas do cômodo ao lado, necessariamente, a entrada. Titubeante, levantei depressa seguindo o barulho, até o volume aumentar e eu chegar perto o suficiente.
Ele estava acompanhado de um homem negro, alto e ombros largos. Aparentando ter seus quase cinquenta anos.
Recuei rapidamente, me escondendo detrás da parede, para que não desse tempo deles notarem minha presença.
— O que você quer que eu faça, Lucius? Estou tentando pôr todos na cadeia, mas a organização é muito grande!
— Eu sei disso, Wayne. Estamos trabalhando com provas no momento, e você tem uma peça fundamental que facilitaria.
— Não! Já falei que quero ela longe disso! Dulce está sob minha proteção.
Eu? Minha respiração ficou veloz e o ar começou a sumir. O que estava acontecendo.
— Então será mais difícil.
Desastrada, acabei sendo flagrada quando bati a cabeça num dos quadros pendurados na parede.
Rejeitei minha falta de atenção.
Os dois homens me fitaram surpresos, e como não havia mais porquê me esconder, sai do esconderijo, com um sorriso disfarçado e as maçãs aquecidas.
— Olá, Dulce. — O desconhecido tinha a mesma expressão tranquila de Alfredo.
Me distrai por um segundo com a calmaria dele, mas logo fui pega pelo olhar enfurecido de Christopher.
— O que faz aqui? Quem permitiu sua saída?
— Eu estava jantando e ...
— Não importa! Volte para o quarto!
— Christopher...
— Não, Lucius. Nossa conversa termina no escritório. Vá para lá.
E como todos, o homem obedeceu, mesmo que visualmente aparentasse estar preocupado com o comportamento de Wayne.
Soltei o ar, sabendo que ele descontaria sua ira agora em cima de mim.
— Ainda não me respondeu. Quem deixou você sair?
— Eu fui comer, Wayne. Foi você que ORDENOU, como sempre faz, para que eu fizesse as refeições aqui fora.
— Na sala de jantar, não aqui.
De forma treinada um dos meus seguranças apareceu e foi agilmente para o meu lado.
— Terminou de jantar?
— Sim — grunhi.
— Então volte para o quarto.
Jogando a cabeça para trás, arfei devastada. Aquela situação estava começando a ficar fora de controle.
Não tinha como alguém viver daquele jeito, muito menos levar algum tipo de vida. Aquilo era crime, principalmente contra a minha sanidade.
Eu viajava, via gente, conhecia lugares, sempre divertida. E agora todos os meus passos eram cronometrados. E o pior era não conseguir compreender o sentido de tudo o que acontecia ao meu redor. A conversa com Samantha, agora a de Lucius. Tudo muito as escuras.
Wayne me escondia alguma coisa, e séria.
Eu tinha que descobrir o que era, ou estaria fadada a viver daquele jeito para sempre.
****
Como dormi por um bom tempo durante a tarde, fiquei o resto da noite com insônia, sentada no peitoril da janela, mais uma vez olhando as estrelas. Tentei encontrar as duas maiores nas constelações, mas lamentavelmente não consegui.
Em meio a solidão, visualizei meu interior, tentando decifrar a dor de estava sentindo. Pensei em Red e em todas aquelas faces amedrontadas igual a minha, jogadas no escuro do sótão. Só de lembrar daquele lugar meu corpo eriçou.
***
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