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006

Aquela viagem parecia não ter fim. Quando pensei que estava perto do meu destino, chegamos num aeroclube e fomos direcionados por um dos funcionários até um jato empresarial, particular. Andei a passos curtos, escabreada a cada segundo seguinte.

— Suba senhorita.

A forma como Alfredo falava comigo era estranha. Ele me tratava como se fossemos diferentes, muito além da idade. Era uma espécie de respeito funcional. Desolada, subi a escadaria acoplada ao pequeno avião e entrei.

Na parte interna era ainda mais luxuoso, com detalhes marrons nas laterais. Poucas poltronas, porém, largas e espaçosas. Televisão, música... Música? Desconfiei que o velho estaria enfeitando uma preliminar nos ares, promovendo um ambiente sonoro e "confortável" para mim.

Senti tanta repulsa que cheguei a arrepiar. Aquilo era vergonhoso demais. Mas embora minha mente tivesse previsto todos os detalhes do horror, Alfredo não agiu diferente de como estava no carro. Ele se sentou perto da porta do piloto, estirando uma folha de jornal, depois de me pôr na última poltrona, no lado oposto, continuando a indiferença. Era como se eu nem estivesse lá. Internamente, rezei e supliquei que aquele comportamento perdurasse até o ultimo dia da minha vida. Meus pais, onde quer que estivessem, sentiriam um pesar enorme em me ver passando por tudo aquilo, tão longe do que acreditaram para mim. Eu ia concluir o último ano do ensino médio e logo em seguida partiria para cursar medicina em alguma universidade próxima da nossa cidade.

Encolhi os joelhos, mesmo com aquele vestido quase transparente, e os pus sob a poltrona. Recostei a cabeça no apoio lateral e chorei em silêncio, inibindo qualquer ruído. Cochilei por alguns minutos e só acordei quando, pegando em meus ombros, o homem alertou nossa chegada.

Olhei para o casaco de pele que estava jogado sobre mim e o encarei de forma desconfortável. Alfredo não precisou me dizer que tinha sido responsável por aquilo, pois seu semblante o denunciava facilmente.

A minha peregrinação continuou, e de novo fui posta noutro carro. Dessa vez era uma limusine prateada "estranho, porque até onde eu achava todas eram pretas". Naquela altura eu não fazia ideia de pra onde ele me levaria, mas tinha certeza que estávamos bem longe do calabouço. O caminho foi mais curto do que pensei. Logo chegamos frente um terreno amplo, com grades de ferro desenhadas e dois seguranças. Eles liberaram a passagem, e só depois de alguns metros era possível ver a casa de fundo, cercada por jardins e pinhos. Ela era muito exuberante, mas de uma forma delicada, longe da agressividade de casebres antigos. Aquela construção era antiga e atraente.

Estacionamos próximo das escadarias que levavam para a entrada da casa, e Alfredo desceu, indo para o meu lado da porta, abrindo-a com um gesto em cumprimento. Franzi o cenho e andei para fora, apertando cada vez mais o casaco contra o meu corpo. Era como se pudesse me esconder dos possíveis olhares que viriam, já que o mesmo alcançava meus joelhos.

Ele veio perto de mim, mostrando o caminho por onde seguir. Obedecendo, só parei de caminhar quando passei pela porta e dei de cara com a figura masculina de pé, com os braços cruzados e um paletó engomado. Ele guardou o celular no bolso assim que nos viu entrar. Aquele homem era certamente o mais bonito que vi em toda minha vida.

— Vocês demoraram. — disse como numa canção afinada.

— Desculpe senhor Wayne, fiz o possível para não fazê-lo esperar.

Alfredo reverenciou aquele homem, e as peças começaram a se encaixar na minha cabeça.

Olhando-me dos pés à cabeça, ele conseguiu me intimidar de uma forma descomunal. O tal Wayne parecia tão frio quanto Alfredo. O som do toque do celular interrompeu sua desconfortável análise visual, e sua mão aborrecida arrancou o objeto de dentro do bolso. Pondo as digitais sobre o local onde sua voz seria ouvida ele olhou para o velho.

— Alfredo, leve-a para o quarto.

Simplesmente disse, e sumiu da minha vista.

Eu não sabia o que acontecia, nem onde estava, ou que quarto era esse que pretendiam me levar. Me manipularam de um lado ao outro, me movendo e me trocando de lugares como se eu apenas respirasse, ao invés de ter consciência. Talvez porque eu só tivesse feito isso desde que ele me viu "respirar". Segui o homem que já subia as escadas, e me aproximei dele apressada pegando o seu braço e em posição de enfrentamento.

-— Para onde vai me levar?

Alfredo virou e olhou para o lugar que toquei, nervoso, como se aquilo fosse extremamente desagradável. Estamos empatados, porque eu também não tinha gostado nada de ter que fazer isso para ser notada.

— Para os seus aposentos.

Afastando-se de mim, sua vista voltou ao caminho, e ele andou.

Quando notei, já estava dentro daquele cômodo espaçoso e feminino. Tudo parecia arrumado como se me esperasse, ou podia ser aquela a decoração de todos os outros quartos da casa. Lá deviam ter muitos, a julgar as quatro portas pelas quais passei entes de chegar no que ele denominava meu aposento.

— Senhorita, acho justo esclarecer as coisas, já que ainda parece bastante assustada — me surpreendeu, enquanto ainda olhava para os lados, deslumbrada.

— O dinheiro era daquele homem — me adiantei, indo para perto da janela — Isso já deu para perceber.

— Sim. Minha única função nessa casa é servir ao patrão Christopher, e agora, à senhorita também. Sou o mordomo dele há muitos anos.

— Me servir? — perguntei achando aquilo surreal. — Ele me comprou, porque ia querer que alguém me servisse.

— A senhorita não está em perigo aqui, precisa compreender isso.

Mesmo que ele me dissesse aquilo com certa convicção, as palavras de Leonor ecoaram na minha cabeça. Eu não podia arriscar ainda.

Voltei a me recuar temerosa e virei o rosto para olhar um quadro na parede perto da cama.

— Vou deixa-la à vontade.

Deixando-me sozinha no quarto, a primeira coisa que senti necessidade de fazer foi me dirigir ao banheiro. Lá havia duas toalhas brancas disponíveis para mim. Repuxei a roupa sem nem um tipo de cuidado, rasgando alguns detalhes de propósito. Aquilo cheirava ao lugar assombroso que vivi e fui leiloada. Precisava tirar todo o aroma desgostoso que impregnava minha pele. Debaixo do chuveiro, esfreguei o corpo com tanta força que o feri, mas não dei significância a isso. A água caia na minha cabeça, alimentando meus olhos de lágrimas salgadas, quase amargas. Pensar que Red ainda estava lá, com a perna machucada, suja, enquanto eu me banhava num lugar elegante me dava desgosto.

Amarrei uma toalha na altura do busto e outra nos cabelos, e pela primeira vez em dias, me vi no espelho, limpa de verdade. Mas minha face demaquilada denunciava muitas coisas, entre elas, as olheiras e o inchaço ao redor dos olhos ocasionados por noites mal dormidas.

Aquela não se parecia comigo. Não me reconheci. Eu tinha cor, vida, e agora só restaram as migalhas. Me isolei na cama e não consegui parar de chorar pelo restante do dia.

Alfredo voltou uma hora para deixar o jantar, notando que o lanche servido anteriormente ainda estava do mesmo jeito. Ele me olhou repreensivo, mas não se manifestou, voltando a preservar minha privacidade.

Acreditando ou não, passei os dias seguintes fazendo refeições sozinha, sem sair daquela zona. Meu único contato acabava sendo com Alfredo, que de forma inusitada me conquistou confiança, segurança, por sua gentileza transparente. Ele era a única pessoa que entrava naquele quarto.

— Bom dia senhorita — o sorriso largo dele instigou o meu. Sorri rígida, desacostumada a fazer aquilo — Vim trocar suas cobertas.

E ele fazia algo além de troca-las em dias alternados, e trazer comida para mim?

— O que ele faz da vida para ter conseguido tanto dinheiro? — iniciei o diálogo, atenta.

— Ah, o patrão Christopher é muito cuidadoso com finanças — respondeu o mordomo ainda separando os lençóis e colchas. — Ele herdou tudo do pai quando o perdeu, e soube o que fazer. Mas o seu dom com filantropia o fez manter um império.

— Filantropo?

— Sim. O senhor Wayne é muito conhecido por suas obras beneficentes tanto no nosso país como em outros menos desprovidos. — ele falava feliz, como um pai orgulhoso.

— Você falou que o pai dele morreu, mas e a mãe... Ele não tem?

— Senhorita. Eu não tenho permissão para esses tipos de assuntos, então se me permite, já terminei. Caso necessite de algo, pode me chamar.

Ele correu da conversa feito um rato ao ver o gato. A reação desesperada de Alfredo parecia discreto demais. Talvez a sua lealdade fosse o que mantinha sempre aquele ar de ser humano confiável que ele carregava. Eu era a única estranha ali.

O meu quarto era agradável, com uma bela janela longa e larga, envidraçada, bem iluminada e coberta por uma cortina em tom pastel. Caminhei até ela, afastando o tecido que a recobria e olhei para fora, mas necessariamente os jardins da parte lateral da casa. Homens trabalhavam ali, regando e podando a grama e as roseiras, cada um no seu lugar, concentrados em suas designadas funções. Meu olhar foi percorrendo todo o lugar até ser atraído pela silhueta de Wayne. Seus lábios movimentavam ordens, observando cada detalhe do serviço feito pelos jardineiros. Ele fazia aquilo com uma aparência rotineira, tanta que me despertou certa surpresa. Não fazia sentido um homem como ele se ocupar com detalhes tão desnecessários, eu tinha certeza que existiam funcionários para se ocupar daquilo.

Mas o meu olhar estava tão fixo, que mesmo à distância, os olhos dele se ergueram para me fitar, confusos. Afastei o corpo da janela imediatamente após ser flagrada, e com o coração agitado, segurei o peito para prender o fôlego "ele me viu!" não foi o que planejei. Não era nada bom imaginar o que aquele homem poderia pensar sobre a minha reação. O temor foi tanto, que decidi fechar as cortinas novamente, fugindo até mesmo da luz.

***

O soco deferido contra o rosto da mulher fez um respingo de sangue flutuar no ar.

— O que você pensa que fez sua idiota?!

Ela não podia falar, os lábios estavam inchados e secos pelas agressões que antecederam aquele diálogo. O ar dos pulmões rasgando sua garganta, o peito dolorido pelos chutes, tudo incomodava.

— Eu pensei que o valor fosse compensar... — disse, cuspindo outra bola de sangue — Ela era conflituosa.

— Não pago você para pensar no meu lugar! — gritou o homem, ao mesmo tempo em que passava as mãos pela cabeça ausente de cabelos — Tinha que vende-la logo para ele? Justo ele?! Você não tem noção do que fez.

O chute que ele lhe deu a fez cair mais uma vez, de joelhos, segurando o estômago. A mulher não podia reclamar, muito menos pedir pausa. Somente o fato daquele homem deixa-la com vida era o bastante.

Leonor sabia o quanto o velho poderia ser mortal se quisesse, e embora perante toda a sociedade ele mantivesse uma aparência de bom samaritano, inofensivo, no fundo, na verdade, era o demônio em pessoa. Ela mesma o viu matar muitos por motivos fúteis, negligentes, sem nem um tipo de amor a uma vida que não fosse a sua. Ele conseguia ser pior que ela.

— Juntem essa vagabunda imbecil do chão e a levem de volta para o calabouço. Aquele lugar não pode ficar sem administração por muito tempo.

Arrastada pelos braços, era notável que o corpo desfalecido e machucado não se parecia em nada com o fino e elegante que Leonor sempre utilizava. Todos os capangas em volta observavam a agressão, acostumados, sem nem sequer piscar os olhos. O homem velho andou contra eles e saiu de dentro da choupana abandonada, irritado ao telefone, dando ordem para a voz do outro lado.

— Recuperem ela, peguem-na de volta, ou eu mesmo, pessoalmente, vou matar cada um de vocês.

Desligando a ligação, ele baixou a cabeça para entrar no banco detrás do Jaguar.

***

Feliz Natal a todos! Boas festas e muito amor!

Logo que essas datas passarem, vou postar com mais frequência "todos os dias".

Beijos de Luz :*

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