E assim a semana passou, Sol e Sirius se tornavam mais próximo a cada dia, sempre conversando e se conhecendo, compartilharam conhecimento, sonhos e ideologias, Sirius sempre com disposição para imergir na cultura de Sol que por sua vez também aprendeu bastante sobre os hábitos humanos. Tinham coisas em comum e também opostas. Em quase todas as noites acabavam se encontrando no terraço onde tinham conversas triviais ou simplesmente sentavam para admirar  a vista. Os vendo assim ninguém diria que eles se conheciam a apenas uma semana. 

Como de praxe se encontram no terraço, não havia conversa dessa vez, estavam sentados lado a lado, mas não se olhavam, estavam de 

olhos no céu. Nenhum dos dois queriam tocar no assunto inevitável que pairava sobre eles, vinham adiando o assunto desde aquela manhã. Porém não havia mais como ignorá-lo.

-Hoje foi meu último dia como sua guia. - Disse Sol. - Não nos veremos amanhã, e talvez nunca mais… 

-Então isso é um adeus definitivo? - Perguntou Sirius, não querendo ouvir a resposta. - Não quero que seja. Quero continuar te encontrando aqui no terraço sob as estrelas, - o tom melancólico era inevitável - Quero continuar seu… amigo. 

Sol continuou em silêncio ela queria dizer que também deseja continuar ao seu lado mas as palavras não saiam, para ela nunca foi tão difícil se despedir de alguém. Havia algo de diferente no que sentia, quando estava perto de Sirius era tudo mais intenso. No fundo Sol sabia o que era, ela tinha todos os indícios, mas não se permitia assumir nem para si mesma, passou os últimos dias se enganando, mas diante da separação iminente esse sentimentos se tornaram inegáveis. 

-Não vai dizer nada? - Sirius perguntou pois esse silêncio era ensurdecedor. - Despreza tanto assim minha espécie que não me quer como amigo?

Sirius não acreditava nisso, depois da semana que passaram era impossível que Sol o detestasse, não entendia por que ela estava agindo assim. 

-Não é isso…  - As palavras parecem tê-la abandonado. - É o contrário, eu me diverti muito essa semana, você me faz entender melhor os seres humanos e acreditar que talvez não sejam tão maus como pensei. Mas ainda assim somos, literalmente, de mundos diferentes, tem todo um universo entre nós…

-Eu não me importo com isso, não ligo se você é nativa ou terráquea. Você poderia ser de outra dimensão, que mesmo assim eu teria me apaixonado por você… -A voz de Sirius foi sumindo até se tornar um sussurro. - Lembra quando me perguntou o porquê de eu ter vindo para Spes e eu disse que não sabia? Agora eu sei, vim para esse planeta distante só para te encontrar.

Suas palavras acertaram Sol como uma flecha veloz e certeira, por um segundo ela se esqueceu de como se respirava, o turbilhão de sentimento fazia seu estômago se revirar. Só muito tempo depois que ela tomou coragem para olhá-lo, Sirius olhava para os pés e seu rosto estava corado, Sol sorriu ela adorava esse lado inocente de Sirius, ela finalmente aceitou seus sentimentos, não havia para onde fugir. Ela tinha encontrado seu par, e não poderia ser nenhum outro. Sol pegou a mão de Sirius, quente e úmida, entrelaçando seus dedos, ele se sobressaltou com o gesto inesperado, a olhava direto nos olhos a procura de uma explicação.

-Eu coloco a minha mão na sua, - começou ela, e terminaram em uníssono, - para que juntos façamos o que não conseguimos fazer sozinhos. 

Sirius não se conteve e a abraçou, foi a primeira vez em que estiveram tão próximos, e durante o abraço  tiveram certeza de que estariam sempre juntos.