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a noite – enorme
tudo dorme
menos o teu nome
Paulo Leminski
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14.o2.2019
Eu não aguento mais ficar aqui sentada e pensar em você.
Você entende isso? São tantas coisas acontecendo por aí, tantas coisas me angustiando: indecisões, meu futuro profissional, as outras pessoas, aquele cara que me chamou para sair e eu não quero aceitar, os boletos pra pagar, o que eu vou comer no almoço amanhã, eu devo ou não parar de comer carne, será que vai chover ou não, o que será do ano de 2019, qual merda esse novo presidente vai fazer, até quando viveremos em um sistema injusto, por que as pessoas gostam de vingança institucionalizada, como vai ser essa palhaçada de presídio vertical; pessoas que moram na rua, por que tanto ódio gratuito, pessoas sofrendo?
São muitas coisas. Eu nem arrumei minha cama quando acordei, eu nem li aquele artigo que tinha para ler. Eu não fiz nada do que eu planejava, eu já passei o dia todo sentada e por quê, ainda assim, continuo aqui e eu não consigo parar de pensar em você?
Como você consegue ser a minha razão e inconsciência? A razão da minha angústia e da minha paz (se é que eu sei o que é isso). Da minha raiva e da minha calma (eu sei menos ainda o que é isso). Eu quero ouvir um rap pesado e, ao mesmo tempo, um lo-fi hip hop bem softzinho. Quero beber algo bem forte que me faça esquecer você e beijar outras pessoas, mas também quero um chazinho de hortelã pra conseguir dormir bem. Quero dormir tarde, mas quero acordar cedo.
E por qual razão você está no meio de tudo isso?
Quem é você e por que não me deixa parar de pensar em você?
Como a minha cabeça que atravessa o universo em poucos segundos vai aterrissar no mesmo sorriso? Não é possível. Tem que haver outro portão de embarque que não o seu abraço. Eu preciso parar de fazer metáforas com você.
Eu esperava chuva pra noite, mas não veio nem chuva, nem lua, nem nada, não veio você. E eu continuo sozinha, mas só rima com... Não, espera. Não. Eu já usei essa metáfora muitas vezes.
Chega.
Eu preciso levantar daqui, ainda tem tanta coisa pra fazer, eu ainda nem separei a roupa que vou usar amanhã, nem sei se vou levar almoço ou gastar mais dinheiro comendo fora. E a minha saúde onde fica nisso tudo? Comendo fora, não fazendo nada além de... Ah, droga. Eu não estou pensando nisso de novo.
Eu preciso parar.
Mas eu continuo sentada aqui e, droga...
Você sabe, não é? Sabe que minha coluna está doendo, que eu preciso melhorar a minha postura, mas eu queria mesmo era um abraço seu. Dormir na minha cama pequena com você e acordar com mais dor nas costas ainda.
São tantas coisas que se diluem e eu não aguento mais: as pessoas na rua, a chuva que deveria ter caído e não caiu, as misérias do mundo, o vazio da minha casa. É tanta coisa e, droga, tudo se dilui em...
Ah, não.
Você de novo não.
Pelo menos eu consegui sair dessa cadeira, pausei o lofi hip-hop, desliguei o computador, deitei na cama, fechei os olhos e dormi.
Mas, plot twist da minha vida... Esqueci a cortina aberta.
Ah, não.
Você de novo não.
sol.
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alguém pelo amor de Deus coloca a Maria Clara pra dormir? hahaha
Obrigada por verem o sol. comigo
beijos da Maria ❤️
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