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30 • pôr-do-sol

Música:  Luv(sic)pt3 do Nujabes feat. Shing02

[a música está na mídia e na playlist de "sol." no Spotify (link na minha bio), mas vocês vão notar que tem um momento certo pra colocar!]

14.06.2020

Isso não é uma despedida, as palavras meneavam em meus pensamentos, um mantra, uma prece, quase como uma oração, enquanto caminhava em sua direção. Os meus passos eram apressados e ansiosos, ainda que desejasse poder estender o tempo ao máximo, dobrar cada minuto, se o fim do dia pudesse não chegar.

Apertei a embalagem pequena em minhas mãos e por um momento senti vergonha, era loucura querer presentear alguém que acabara de conhecer. Mais louco ainda era sentir o coração expandir no peito só de reconhecer, de longe, aquele que até alguns dias não passaria de um estranho ocupando um banco de praça qualquer, concentrado na sua música, o sorriso relaxado pelo som que emanava dos fones, encarando despreocupado a paisagem. Poderia ser qualquer um, mas deu de ser você.

Quem diria que seríamos apresentados como estranhos para, em tão pouco tempo, nos tornamos quase antigos conhecidos, amanhecendo juntos pelas ruas vazias, mãos entrelaçadas, corpos cansados, mentes embriagadas. Eu não podia dizer do seu, mas o meu coração estava baqueado desde que você procurou meus lábios de manhãzinha. Encostados no portal de entrada para o metrô, em meio a pessoas bêbadas voltando para casa, pessoas sóbrias indo trabalhar.

Tão romântico, lembro de ter sido irônica, mas eu pouco me importava com o contexto, qualquer um deles seria ideal com os seus braços em volta do meu corpo, em que você se permitiu, finalmente, me ter como sua. Roubei uma risada gostosa para os meus ouvidos em resposta ao meu comentário, antes que sentisse a pontinha do seu nariz roçar minha bochecha e, em seguida, ser silenciada por seu lábios em um toque calmo. Um beijo sonolento na cidade que acabara de acordar.

Eu respeitei todos os seus movimentos, o seu tempo tão descompassado do meu, mostrando que, de fato, vínhamos de fusos diferentes. Eu observava curiosa como você queria se aproximar e tentava demonstrar de forma implícita às pessoas na boate que você estava comigo, sem ousar, efetivamente, tocar em mim, me franqueando um espaço que eu queria dividir com você.

Mas eu não estava com pressa, não dessa vez. Na primeira noite eu acompanhava o seu sorriso amplo e os olhinhos ficando pequenos a cada golada de álcool bebida, sua mão que apertava a minha, me puxando por entre as ruas cheias, construindo um caminho nosso naquela cidade, dos lugares que eu precisava conhecer.

Nossa comunicação, por vezes, truncada e insuficiente, nos rendia boas risadas. Com você eu aprendi a relevar o significado das palavras, em detrimento do corpo que falava por si, ao menos o seu. Eu não sabia muito bem como dizer que, sim, eu quero passar todas as minhas noites nesta cidade com você, mesmo que isso significasse não dormir, em uma tentativa de multiplicar horas contadas até o fim da minha viagem. E, mesmo que tivesse tentado evitá-lo, o nosso tempo encerrava-se junto com esse dia quente de verão. Cortando o azul do céu em tons avermelhados, os raios de sol pareciam também querer se eternizar no fim da tarde.

Interceptei sua vista acenando e encontrei o seu sorriso. Você se levantou, mesmo que eu tivesse dito que não era necessário, e me abraçou rápido, um cumprimento um tanto incomum, mesmo para nós, que estávamos vivendo uma espécie bem mais breve de romance de verão, até porque nossas bocas geralmente só se encontravam depois de horas conversando, madrugada à dentro.

— Que horas? — tocou o relógio e disse algumas palavras soltas em inglês e eu entendi que você perguntava sobre o meu vôo.

— Tenho que pegar o trem às sete. — repeti a palavra "sete" que entendi que era a única que você tinha sido capaz de compreender e relaxei no banco de madeira, os olhos fixos no céu que descrevia de forma literal a passagem do tempo.

— Ouve... — com toque da sua mão no meu ombro, me virei para encarar a personificação perfeita de outro astro brilhante, o seu sorriso, e você me estendia um dos seus fones de ouvido. — Nujabes.

Você mostrou a tela do celular para que eu encontrasse a palavra que você havia acabado de proferir: o autor da música "Luv(sic) pt3". Era uma melodia preenchida por um piano e uma batida, acompanhado de um rap. Eu realmente não me lembrava de ter ouvido nada como aquilo.

Curiosamente, eu senti uma identificação instantânea pela música que só poderia ser comparada, ao menos na minha cabeça, ao que senti quando nossos sorrisos se encontraram e você me ofereceu ajuda, perdida entre as ruas lotadas naquela quinta-feira.

— Eu amei... — disse sincera e você me estendeu mais uma vez o telefone, depois de digitar algo no ícone de pesquisa. — De verdade.

— Muito bom, não é? Olha só. — depois de algum tempo a tela carregou um buscador da Wikipédia que você selecionou que fosse traduzido para o inglês. Nele encontrei a página que se referia ao Nujabes, produtor musical japonês. Li rapidamente sua bibliografia, mas meus olhos foram atraídos rapidamente para a data de nascimento e falecimento.

— Nossa, 34 anos. — apontei para o visor depois de perder alguns segundos calculando. — Tão novo...

— Muito triste, mas... — você apertou os olhos e escondeu o sorriso, antes de fazer um sinal com as mãos para que eu esperasse. Na sequência, recolheu o telefone, adiantando-se em digitar algo. Continuei concentrada na música e transferi meus olhos novamente para o céu entre um suspiro fundo e batidas eletrônicas produzidas pelo fone de ouvido que poderiam ser confundidas com as do meu coração.

Ainda era cedo para entender o que estava acontecendo comigo ou já era tarde demais?

Os tons de azul, lilás, rosa e vermelho, seguiam uma ordem ao passo que se aproximavam do sol, deixando-se afetar por sua despedida no horizonte. Me perguntei se você também. Será que se deixava afetar por minha despedida?

Será que seria até logo ou adeus? Quando eu poderia atravessar o globo, 12 horas, alguns fusos, de novo? E por qual razão o faria? Para encontrar de novo a cidade a que me afeiçoei em tão pouco tempo ou pra te encontrar? E se viesse, você ainda estaria aqui?

As perguntas eram infinitas e atravessaram o fim da música que deu espaço para outras do mesmo álbum, enquanto você seguia concentrado em digitar algo no telefone.

Ao menos hoje o céu, em uma confusão de cores, parecia não estar alheio aos meus sentimentos: o vermelho insistindo em não se dissipar por entre os tons de azul, permanecendo e lutando contra a passagem do tempo. Talvez ele entendesse o que sentia. Minha alma espelhada nesse pôr-do-sol.

"Ele morreu novo, é verdade, mas quando eu escuto essa música eu tenho a impressão que ele entendeu tudo, mesmo que em pouco tempo. Eu penso que algumas coisas são assim, podem ser vividas e compreendidas ainda que em um curto período de tempo." A tela do celular exibia essas palavras traduzidas pelo aplicativo.

— Como amor. — você completou se fazendo ouvir por mim. Mesmo em outro idioma em que o vocábulo de quatro letras parecia ter seu uso constantemente banalizado, meu coração sentiu sua potência e, sem saber o que fazer com tudo aquilo que sentia, transbordei em um sorriso.

— Eu concordo. — peguei o meu telefone no bolso da calça jeans e abri no aplicativo do tradutor, para terminar de verbalizar o que precisava.

"Eu acho que temos uma tendência em querer que as coisas sejam eternas, por isso lidamos de forma tão dolorosa com a morte... E também por isso valorizamos tanto a duração dos momentos." Estendi o telefone em sua direção, mostrando minhas palavras, ainda que faltasse dizer que, com certeza, por isso, eu não queria ir embora.

A conversa tinha tomado um caminho interessante, entre os silêncios das palavras que você não sabia pronunciar e a tela do tradutor, falávamos sobre o tempo. Ousamos discutir sobre o quanto a duração das coisas é subjetiva, sobre tempo psicológico, enquanto o álbum do Nujabes era nossa trilha sonora.

— Esse pôr-do-sol pode durar para sempre. — você exemplificou fitando o horizonte e eu só consegui sorrir, notando que a paleta de cores ainda insistia no céu, talvez estivéssemos mesmo parados no tempo e não sabíamos. Ou só você e seu sorriso tranquilo soubessem.

Quem sabe. — disse em minha língua materna, despreocupada com sua compreensão, e notei no visor do meu celular, porém, a inexorável passagem do tempo, 17: 15. Falando em partida, lembrei-me do embrulho que segurava em mãos e tomei coragem para estendê-lo, colocando-o em suas mãos. — Espero que goste.

Você sorriu e apontou para si mesmo como se não acreditasse que era mesmo para você e senti minha bochechas esquentarem de vergonha. Certamente era precipitado comprar um presente para alguém que mal conhecia. Talvez você até pudesse pensar o mesmo, mas seu sorriso pareceu sincero ao encontrar a correntinha prata adornada com o pingente de sol.

Eu não planejava comprar nada, mas aquele pequeno objeto parecia tão seu e caiu exatamente da forma que imaginei no seu pulso fino, já que você fez questão de colocá-lo imediatamente.

Você quis me abraçar e eu aceitei seus braços em volta de mim. Senti minha bochecha ser aquecida por um beijo e minha vista foi iluminada quando você se afastou para me olhar, como se de fato me visse. Como se sobre este olhar eu pudesse mais que só existir, eu poderia ser. Ali eu era com você.

Paradoxalmente ao brilho que enxergava em seus olhos, o sol despontava e o céu escurecia, cada vez mais rápido. Quando nossos lábios se tocaram e fechamos os olhos, anoiteceu.

Como se premeditado, a mesma música voltou a tocar, e tive a impressão de que do seu lado o tempo fosse capaz de voltar. De olhos fechados, desejei estar em um looping eterno entre as batidas de Nujabes e a do meu coração, sintonizados em você.

E, enquanto o sol. se despedia no céu, o tempo estava parado para eternizar um amor que nunca se põe.

"It's funny how the music put times in perspective
Add a soundtrack to your life and perfect it
Whenever you are feeling blue keep walking and we can get far
Wherever you are"

Nujabes, Luv(sic)pt3

hello sunshine!

Esse  foi o último capítulo de sol.!

Agradecimentos e surpresa no próximo capítulo!

Vamos lá!   >>>>

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