Capítulo 88
CAPÍTULO 88
Mônica merecia uma medalha de honra ao mérito pela extrema coragem de ser cúmplice de Samantha pelos últimos três meses. "Não tem sentido você se passar por uma outra pessoa para conseguir o garoto que você quer", aconselhava Mônica para a estabanada amiga. "Todo mundo tem uma vida amorosa. Eu também tenho direito de ter a minha, mesmo de um jeito torto", respondia a neta de Gina.
– Quando você vai confessar para o Leônidas que a fogosa do chat é você? – Perguntou a irmã de Mirella. – Ou você pretende se passar pela sua tia para sempre? Se você continuar assim, é perigoso estar no casamento do Leônidas com a Helionora ano que vem.
– Nunca. A tia Liô é apenas um avatar para os desejos que eu desperto no palhacinho. Além disso minha tia nunca vai se casar com ninguém, então nesse quesito estou tranquila. – Justificou-se a caçula de Ruthy. – E respondendo sua primeira pergunta: vou me revelar pro palhacinho quando eu estiver preparada para perder a boca virgem e tiver condições de partir para o sexo oral.
– Eu não preciso repetir que acho isso muito errado. E as pessoas podem mudar de opinião, sabe? O seu pai vivia falando que odiava bruxas e acabou tendo uma filha com uma. Sua tia Liô pode acabar se casando e uma pessoa que adoraria ser marido dela é o Leônidas....
– Vira essa boca pra lá... – Pediu Samantha. – E nem me lembre que o meu pai teve uma filha com Stella. Agora me sinto ignorada por dona Ruthy e seu Luís Cláudio simultaneamente. Só você é quem me entende.
Mônica realmente queria que Samantha fosse muito feliz, mas da maneira mais correta possível. Ela se cansara de ver sua irmã mais velha buscar a felicidade em coisas que não devia. Não. Não era pelo fato de Mônica ser uma católica fervorosa que ela julgava a nova religião da irmã, mas sim o que ela buscava entrando para essa nova religião.
Mirella sempre achava injusto o fato de ter nascido pobre e em parte isso era verdade. Mas o mundo era injusto com todas as pessoas em algum grau e não seria com mais injustiças que ela mudaria isso. Pior: a Injustiça seria uma deusa que ganharia cada vez mais força e se tornaria uma bola de neve praticamente imparável. Por que sua irmã quis usar a vida de Simonetta e sua filha para conseguir o sucesso? Simonetta tinha personalidade forte e às vezes intragável, mas era uma pessoa maravilhosa. Mirella. Esse nome não saía da cabeça de Mônica. Felizmente Samantha estava distraída demais com o assunto "palhacinho" para reconhecer a moça que se aproximava de ambas.
– O que você faz aqui? – Questionou Mônica ao avistar a melhor amiga de Mirella. – Aconteceu alguma coisa com a Mirella? A tal de Virgo matou-a?
– Não, a Mirella não morreu ainda. – Respondeu a portuguesa. – Mas eu queria falar com você mesma. Eu estou com muito medo de acontecer algo com ela. Ela não fala mais comigo desde que eu intercedi pela aquela menina e sua mãe. Eu não podia deixar ela morrer. Já dava pra ver da barriga que a menina tinha uma áurea azul quase branca. O menino também tinha, mas a da bebê já era mais especial. Ela também já era uma pequena bruxa antes de nascer. Vovó, quando era viva, me disse que era para valorizar este tipo de criança, por mais que seus pais sejam nossos inimigos. – Justificou-se. – Eu trouxe uma coisa pra você, pra você olhar pela Mirella e pelas duas crianças. Como eu sei que você é fã de Sananda, eu fiz uma espécie de Katoptris em forma de crucifixo pra ti. Você vai poder ver muita coisa por ela, mas depende da sua conexão com a pessoa. Como você é irmã da Mirella, eu pensei... Bem, eu preciso ir... – Finalizou a moça, deixando um pacote em cima das coxas de Mônica.
– Ei... você vai embora depois de soltar a bomba que minha sobrinha é uma bruxa? Agora só falta minha irmã ser. – Reclamou Samantha.
– Sim, sua sobrinha e sua irmã são pequenas bruxas! Elas têm esse potencial correndo nas veias. E a sua prima também terá um grande potencial. Se nascer uma quarta da linhagem das bruxas, ela será extremamente poderosa. – Contou a bruxa com os olhos brilhando. – Já falei demais. Tchau!
– Que prima? Eu não tenho primas... – Indagou a taurina. – Mônica, você poderia me emprestar esse pacote?
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Simonetta estava fortemente chateada com Gareth. Sim, fora ela quem deu a ideia de Gareth conciliar a pós-graduação em Relações Diplomáticas com a administração de Mercúrio Retrógrado. Não, não fora ela que propôs o mesmo a ouvir mais as reclamações de Donatello do que a da própria esposa. O estranho é que nos últimos três meses Donatello parecera tomar o lugar de melhor amigo de Leônidas no coração de Gareth. Mais estranho ainda era Gabriel, com então um ano e cinco meses, ter diversos arranhões e machucados pelo corpo e nenhum dos pais ou a criança saber como aquilo fora aparecer ali.
– Biel, por favor, pare de mexer nos livros do seu pai. Eu já te disse para mexer nos seus carrinhos... Biel, olha pra mim. – Ordenou a mãe da criança.
– Tiva... Cativa... – Respondeu o garoto em sussurros.
– Mona, acho que acostumei mal esse menino lendo O Pequeno Príncipe quase toda noite pra ele... – Comentara Gareth. – Na verdade essa é uma culpa do seu pai, que insistiu em usar esse apelido pra mim.
– Você também ensinou o seu filho a ouvir histórias sobre diplomacia entre países antes de dormir? Por que ele só parece se importar com os seus livros...
– Cativa, tiva... – Balbuciou o menino, organizando os livros do pai.
– Mona, ele só é um bebê virginiano em desenvolvimento. É normal ele gostar de livros e de arrumá-los de acordo com a largura...
– Ele é um bebê com menos de um ano e meio e você acha normal ele se interessar mais pelos seus livros do que pelos brinquedos dele?
– Mona, por favor, se acalme!
– Tiva, cativa, tiva... – Repetia Gabriel.
– Gareth, eu sei que você está muito atarefado, mas só quero que você preste mais atenção nos nossos filhos, tá? Hoje na igreja ele não parou um só instante... Semana passada ele estava com um corte na panturrilha que eu só vim perceber quando fui botar ele pra dormir... Gare, eu só quero ter sua atenção de volta... – Desabafou a também mãe de Olívia.
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Américo não sabia o por quê de Helionora querer falar com ele com tanta urgência. A psicóloga nunca fora pegajosa com o amante e ela fazia questão de deixar bem claro que a relação entre os dois não passava de sexo. Como Américo queria que ela mudasse de ideia... O professor de matemática já não suportava mais viver com o desprezo e os caprichos de Diana. Na verdade, só estava ainda casado com ela para manter o mínimo de segurança na vida de sua única filha, Alasca.
Preocupado, o irmão caçula de Asia, inventou uma desculpa qualquer para sair Vitória para Salvador ao entardecer. Talvez ela só quisesse desabafar com alguém que não fosse da sua família. Américo até suponha qual seria o motivo da angústia de Helionora e também ficaria angustiado se sua irmã casasse com alguém sem um pingo de caráter. Pegando um voo de última hora Américo conseguira chegar em Salvador, no lugar marcado por Helionora, às 23h08 da noite.
– Oi, Américo. Eu não queria te incomodar tanto... Mas acho que não tem mais pra que eu esconder minhas suspeitas...
– Eu que desculpo a minha demora. O trânsito estava infernal hoje. – Respondeu o virginiano. – É alguma coisa com a Maria Marta? Com algum de seus sobrinhos?
– Não, é com a gente. Diz respeito a nós dois, exclusivamente. – Confessou a capricorniana. – Antes de você chegar eu tive que ir ao banheiro. Eu não estava aguentando tanta ansiedade... Américo, eu estou esperando um filho teu.
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